Um Mundo de Sonhos: Parte 04 – Histórias de Changeling

Olá novamente aventureiros, Victor Alonso mais uma vez na área. Trazendo hoje Um Mundo de Sonhos: Parte 04 e hoje começo falando da Guerra da Harmonia.

A Guerra da Harmonia

“O poder de sonhar e reger

De livrar o planeta dos tolos.

Vamos decretar o governo do povo…”

Patti Smith, em People Have the Power

Lorde Dafyll

A reposta dos plebeus ao massacre veio por meio da insurreição que ganhou o nome de Guerra da Harmonia. Intensas batalhas envolveram nobre e plebeus, acabou com a destruição de muitos kithain. E ainda ameaçaram com a ruina de toda a estrutura da sociedade changeling. Por três anos a guerra civil devastou a paisagem quimérica e transpassou para o mundo dos mortais causando revoltas e violência entre gangues. A guerra em si contrastava o ímpeto e vontade dos plebeus com a experiencia militar dos sidhe que lhes dava organização acima de tudo.

Os sidhe recebia as ordens do Lorde Dafyll, da Casa Gwydion, um guerreiro feroz e brilhante estrategista. Que inspirava uma ardente devoção dos seu comandados e um ódio mortal dos inimigos. Dafyll levou a hoste resplandecente entre a costa do Pacifico até Nova York, vitória atrás de vitória. Mas na grande maçã os plebeus confrontaram o exército de Dafyll com mais ímpeto nos seus batalhões.

Na grande batalha na Ilha de Manhatan encontraram as forças do Exército Troll do Leste e a Quarta Infantaria Plebeia de Trolls. A Batalha de Greenwich se deu inicialmente me Strawberry Filds no Central Park. Porém, rapidamente se direcionou ao centro de Manhattan e se tornou dispersos episódios de brigas de rua. O trolls urbanos colocaram as tropas do Lorde Dafyll nas cordas e elas acabaram forçadas a bater em retirada. Sendo uma tentativa de reagrupar, bem na estação do metrô da Times Square.

Grandes Perdas

Na sequencia de caos e desordem Lorde Dafyll veio a óbito, ferido de forma fatal por uma arma feita de fero. A espada de Dafyll a Caliburn desapareceu, se perdeu em algum ponto dos túneis escuros sob a cidade. Os plebeus buscaram incessantemente pela espada, com a esperança que ela inspisse as tropas. Alguns defendem a ideia de que Dafyll enfeitiçou a espada para que ela ficasse escondida dos indignos até que um sucessor legitimo e a altura apareça.

Com o perecimento de Lorde Dafyll, umas turbas de radcaps e nockers foram às ruas ávidas pelo sangue de todo e qualquer nobre que passe ela sua frente. Em meio a essa balburdia um novo líder emergiu dos sidhe. A forma da sua chegada e aparição trouxeram um meio de dar fim a Guerra da Harmonia.

 

Rei David, Caliburn e Morwen

A Ascenção do Grande Rei David

O hospedeiro humano de David Ardry, nasceu junto aos anos 1960, no interior de Nova York. O infante David, junto a sua irmã Morwen tiveram a companhia de outros infantes nobre durante seu período de tutela. Logo protegidos dos horrores da Guerra da Harmonia por Thomas, o Leal, bardo-mor das fadas. Quando Thomas ficou sabendo da morte de Lorde Dafyll, ele sabia que seus protegidos corriam muito perigo. Afinal os plebeus queriam o sangue de todos os nobres. Na fuga, Thomas e seus tutelados se dirigiram para o amago do campo inimigo, com a intensão de se esconderem bem a vista de todos, para passarem despercebidos.

Nessa empreitada chegaram à Times Square na véspera do Ano Novo. Onde uma patrulha de redcaps percebeu Thomas no meio da multidão que já toma conta da praça para o réveillon. No meio da festa, o valoroso bardo fez uso de todos os seus poderes para defender seus pupilos de um grupo bem equipado de inimigos. Em meio a essa batalhe desigual, David Ardry atendeu a um enorme chamado de uma fonte de Glamour, sem conseguir resistir a tentação de encontrá-la, ele foi ao seu encontro.

Assim, o jovem sidhe retornou ao campo de batalha com uma cintilante espada em punho ─ a “perdida” Caliburn ─ e lutou ao lado de Thomas rechaçando os agressores. Amedrontados com o surgimento da lendária arma. Que nas mãos de David emitia uma luz dourada muito intensa, os redcaps bateram em retirada de forma desordenada e confusa. “Contemplai!”, bradou Thomas a amigos e inimigos “Vede agora vosso rei!”

Thomas, o Leal

Encontro com o Destino

Após esse encontro com o destino, Thomas, o Leal, levou David, Morwen e seus outros pupilos até a Rainha Mab, na segurança do Reino das Maçãs. Noticias de Caliburn havia sido encontrada e que seu portador era o predestinado Grande Rei das fadas já haviam chegado. A Rainha Mab, obviamente não levou a sério e zombou dessa, para ela, bravata. Mas quando Thomas o apresentou para a corte, a Rainha ordenou que o infante fosse removido de sua presença. Foi então que um esplêndido grifo cinzento, símbolo da Casa Gwydion, se materializou ao redor de David, protegendo-o debaixo de suas enormes asas. “Você vai negar agora o cumprimento da profecia?” As palavras de Thomas, o Leal, ressoaram coma força de seus geas de dizer sempre a verdade.

“O filho do Grifo e a espada perdida serão reunidos no retiro das maçãs.” Diante de tal prova irrefutável, a Rainha Mab reconheceu David Ardry ap Gwydion como O Legitimo Grande Rei das fadas.

Empenho e Dedicação do Escolhido

Por três anos seguintes, David e Morwen viveram no Reino das Maçãs juntos à Rainha Mab em seu palácio de Caer Loon. Nesse tempo o aspirante a rei com muito empenho, se esforçou para estabelecer o direito de governar plebeus e nobres. Inicialmente houve oposição de ambos os lados. Com a Guerra da Harmonia ainda em voga apesar do fato de que David tinha encontrado Caliburn acabou com causa dos plebeus. Mesmo com pouca idade, ele demostrava tino político inato. Mas principalmente uma profunda simpatia por absolutamente todas as fadas, que fossem moradores de longa data até os recém-chegados sidhe. Tendo várias vezes feitos testes e desafios de raciocino e de combate pelos nobres que insistiam que ele não era capaz de governar as fadas e sempre passou com maestria.

Enviou de forma insistente emissários para manter contato com a liderança plebeia, sempre os convocando a participar do governo como uma aliança em prol da sobrevivência mutua de nobres e plebeus e manter suas forças congregadas com o intuito da além da sobrevivência também da prosperidade de todas as fodas. Sua visão igualitária e seu respeito pelos feitos dos plebeus que lutaram para manter o Sonhar durante o Interregno fez com que o povo o apoiasse e seus inimigos mais fervorosos também deram o apoio ao Rei David.

Fim da Guerra

Logo que depois de três anos de batalha em campos e de negociações em cortes e nas propriedades livres das mixórdias, a Guerra da Harmonia teve seu ultimo dia. A real “harmonia” entre nobres e plebeus deu início ao ratado de Concórdia, que manteve o direito de governo na mão dos sidhe, porem com direitos dos plebeus chegando a patamares nunca vistos. Com monarcas dos reinos feéricos concordando em dar lugar nos seus conselhos privados aos plebeus e a aceitação de deliberações de grupos de fadas plebeias. O Tratado de Concórdia também exigiu dos nobres que apontassem representantes dos Kith plebeus para ocuparem posições em suas cortes.

A boca pequena as fadas diziam que a paz, com tanta cautela foi forjada com demasiada perspicácia, representando na integra o sonho do Grande Rei David. Impossível tirar do jovem rei o papel principal como arquiteto do Tratado de Concórdia. Unindo os sete reinos da América do Norte sobe seu domino, David deu o nome de Concórdia ao seu grande reino, honrando assim o tratado e o espírito de união que ele carregava.

O Presente

Atualmente, Concórdia se mantém sob o governo do Grande Rei David, que governa de sua fortaleza de Tara-Nar, um palácio quimérico espetacular construído através de seus próprios sonhos repletos de Glamour. Conhecido como “o Leão de Tara”, “o Rei dos Plebeus” e “o Filho do Grifo”, David Ardry ap Gwydion, personifica os básicos princípios de ferocidade na batalha, liberdade de pensamento e como guardião de todas as fadas. Com sua sabedoria lendária e honra inabalável conquistou a afeição de súditos e transformaram seus mais ferozes e obstinados inimigos em aliados. Sempre com Caliburn ao seu lado, ela simboliza sua autoridade e comprova que ele está cumprindo seu destino.

Aconselhado por sua irmã, Morwen governava na ausência do irmão, o Grande Rei David busca e luta para ser o monarca benévolo e pacífico de todas as fadas de Concórdia fazendo com que os frágeis filamentos do sonhar muito mais fortes nas suas terras. Mas sempre havendo discordância em relação a sua forma de governar, por considera-lo muito conciliador com os plebeus ou muito parcial com a nobreza, mas a maioria das fadas vive com a liberdade para se dedicar aos seus próprios sonhos.

A Natureza das Fadas

“Eu não vejo fadas,

Eu sonho elas.

Nenhuma fada consegue se esconder de mim;

Eu continuo sonhando até achar:

Aí está você, Prímula! Já vi você, Asa Negra!”

─ Hilda Conkling (seis anos), “Fairies”

Sendo parte sonho e parte matéria, a aparência dos changelings refletem a dualidade de sua natureza. Eles veem uns aos outros como realmente são, com a personificação do Sonhar que se materializa por conta do Glamour da magia das fadas. São seus semblantes feéricos.

Entretanto, a Banalidade esconde essa forma, mantendo-os com aspecto humano, ou quase, para os humanos, chamam de aspecto mortal. Os changelings não mudam entre uma forma e outra como os metamorfos. A sua aparência depende de quem os observa e da sua proximidade com o Sonhar.

A Crisálida

“Ah, como é que vim parar aqui e continuei a flutuar,

Sem nunca chegar ao fundo e só cair,

Sossegado e atento?

Todas as minhas fronteiras bidimensionais se foram,

E foi com alegria que perdi

E vi o mundo desmoronar e pensei estar morto,

Mas descobri que meus sentidos ainda funcionavam…”

─ The Byrds, “5D (fifth Dimension)”

Os changelings tanto nascem como são feitos. Muitos nascem nos corpos dos bebês humanos e passam as primeiras partes de suas vidas como crianças normais às vezes chegando à adolescência ou até a adultos antes de manifestarem seu lado fada. Não importando quando ─ muito menos como ─ o espirito changeling emerge, essa mudança inicia com um despertar interno explosivo sendo muitas vezes traumático é conhecido como Crisálida.

Sinais do Sonhar

A Crisálida, ou transformação, metamorfose, como queira chamar rompe a concha de banalidade que mantem escondia dos mortais a verdadeira natureza dos changeling. Da mesma forma que o Big Bang gerou o universo a Crisálida impele o changeling recém-desperto na direção do seu primeiro contato com o Sonhar. Bombardeado por todo e qualquer lado por visões, sabores, sons, odores, experiencias táteis que contradizem tudo o que a realidade fria e cruel que permeava suas vidas até esse momento. Esse novo changeling pode acreditar estar enlouquecendo. De certa forma esteja mesmo, ou não. Mas de acordo com as definições de sanidade do mundo mortal. Por outro lado, nas profundezas da sua psique de fada, ele se sente acolhido, realmente em casa.

Muitos changelings são vistos como desajustados na sociedade, inclusive enquanto crianças são envolvidos por uma essência indefinível, acarretando nos rótulos de “incomuns”, “dotados” ou apropriadamente chamados de “fadados”. Durante a infância provavelmente tinham amigos imaginários (que nem sempre são imaginários né) ou acreditam em um mundo mágico repletos de dragões e super-heróis bem depois de seus colegas já se interessarem por esporte e namoros. Enquanto crescem esses futuros changelings mantém suas famílias, amigos e colegas estarrecidos por serem excêntricos e conservarem uma singularidade impar que simplesmente os impede de se adaptar completamente ao mundo moderno. Esse deslocamento surge na alma do kithain, mesmo que adormecida porem já iniciando o agitar do seu interior para sair da casca mortal, esperando o momento ideal de se revelar.

Mudanças em Crisálida

Da mesma forma que um vulcão dá sinais que vai entrar em erupção a Crisálida anuncia sua chegada com alterações sutis (ou nem tão sutis assim) na realidade dos changelings. Podem ser vislumbres repentinos ─ obviamente para olhos mortais ─ de paisagens impossíveis, criaturas mitológicas em lugares improváveis, (um unicórnio na sala do chefe), períodos de dissociação de personalidade ou a sensação de que outro individuo tomou conta da sua mente. Nesse momento muitos changelings entendem o ocorrido e por muitas vezes recorrem a ajuda médica psiquiátrica.

Chego ao fim com a quarta parte de Um Mundo de Sonhos, no próximo falarei da transformação em si, a real mudança que ocorre no físico e na alma de um changeling no Sonhar e que as vezes se mostra no mundo mortal, ou não, isso fica a cargo do narrador.


Até lá, boas rolagens e muitos acertos críticos para vocês. Mas não deixem de conferir mais postagens do MRPG aqui no Liga das Trevas e outros mais.

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Autor: Victor Alonso
Montagem da Capa: Raul Galli

O Livro de Nod IV: A Anciã

“Beba meu sangue esta noite, Caim, Pai dos Imortais, e volte na próxima. Então lhe ensinarei a sabedoria da Lua.” – A Anciã, para Caim

Uma das figuras mais enigmáticas do Livro de Nod, cuja história traz implicações muito interessantes sobre a história dos vampiros. Vamos falar um pouco sobre ela hoje.

Laço de Sangue

Como em outras passagens do Livro de Nod, a história da Anciã serve para explicar algumas facetas sobre os vampiros, notadamente o laço de sangue e o fato de serem paralisados por uma estaca cravada no coração.

Segundo o conto, Caim pede ajuda à Anciã para conquistar o coração de Zila, a Bela. A Anciã então engana Caim, fazendo-o ficar preso em um laço de sangue por um ano e um dia e obrigando-o a abraçá-la. Caim questiona a Anciã sobre como poderia se proteger de seus inimigos, e ela ensina que uma estaca de madeira viva no coração de um vampiro pode paralisá-lo. Caim, como vingança, engana a anciã, perfura o coração dela com uma estaca e a deixa para morrer ao Sol.

Perceba que isso traz questionamentos importantes sobre o que conhecemos a respeito da mitologia vampírica. A Anciã consegue submeter Caim a um laço de sangue antes de ser abraçada, o que poderia indicar que ela própria é uma criatura sobrenatural. Além disso, nada no conto indica que ela foi realmente destruída, o que poderia indicar que temos pelo menos mais um membro da segunda geração andando por aí.

Afinal, se ela já tinha poderes antes mesmo do abraço, uma estaca no coração é mera tecnicalidade.

A Anciã como Símbolo

Como tudo no Livro de Nod, uma interpretação literal pode ser um tanto limitada e confusa. Beckett, um estudioso importante dos textos nodistas, apresenta a teoria de que a Anciã é um símbolo para a fome incontrolável que escraviza os vampiros. Ela surge depois dos primeiros goles e só é verdadeiramente controlada com a destruição do vampiro.

Outra perspectiva interessante é pensar na Anciã como uma faceta da Deusa Tríplice do Neopaganismo, em conjunto com as outras duas figuras femininas proeminentes no Livro de Nod (Lilith e Zila). Uma interpretação possível, seguindo as ideias de Robert Graves em seu livro The White Goddess, é a de que as três figuras representam as três fases da mulher na vida de um homem: Lilith como a mãe vampírica que ensina Caim sobre sua nova condição, Zila como a noiva a quem Caim estende seu abraço e a Anciã como a embalsamadora que prepara Caim para a morte.

Além disso, a figura da velha é associada à bruxaria. Inclusive, mesmo no cenário de Vampiro, Baba Yaga também é apelidada de Anciã.

Claro que isso é apenas a visão de homens falando sobre figuras femininas, mas é importante ressaltar que o Livro de Nod escreve sob a perspectiva do próprio Caim. Uma perspectiva do ponto de vista de Lilith pode ser encontrada em Revelações da Mãe Sombria. E falando nele…

A Segunda Esposa de Adão

O antigo suplemento Gehenna traz um cenário que coloca a Anciã como sendo a “segunda esposa de Adão”, criada depois de Lilith e antes de Eva. Leitores de Sandman devem lembrar dessa história: após a expulsão de Lilith, Deus decide criar outra mulher para Adão. Mas Adão, ao ver os ossos e carne dessa mulher se formando de dentro para fora, repudia-a. Então Deus coloca Adão para dormir antes de criar Eva. Essa história é baseada em uma interpretação de textos judaicos conhecidos como Midrash e adaptados no Alfabeto de Ben-Sira.

Sandman também utiliza a história das três esposas de Adão.

Por Fim

A Anciã é uma figura única e misteriosa da mitologia cainita de Vampiro: a Máscara. Defini-la com precisão é algo que pode enfraquecer a força simbólica que esta personagem possui (assim como várias outras coisas do Livro de Nod). Contudo, símbolos, mitos e lendas surgem por uma razão, e no caso das religiões vampíricas não seria diferente. Que segredos ocultos existem por trás de todas essas histórias?

E não esqueça de conferir nossos outros posts da Liga das Trevas!

Bom jogo a todos!

A História do Reino Sombrio de Ferro: Parte 3 – Histórias de Wraith

 

Olá novamente aventureiros do MRPR, Victor Alonso aqui novamente, retornando com Aparição – o Esquecimento, agora com a terceira parte da História do Reino Sombrio de Ferro.

O Primeiro Grande Turbilhão

O Mundo Inferior foi governado pela loucura durante o período de batalhas. Com a pressão no seu auge um som enorme e estridente rugiu do centro do Labirinto. Sob o comando de Caronte, as sentinelas bateram enormes gongos como u alerta, para avisar os mortos sobre o que estava por vir. Mas Estígia não conseguiu se preparar para a chegada do Primeiro Grande Turbilhão, que chegou como um furacão incandescente e atingiu em cheio o coração ilha. Com ventos em brasa e uivantes foram acompanhados onda após onda de tsunamis de fogo. A ilha rachou, ferveu, abrindo fendas enormes foram abertas na própria rocha estruturas sacudiram até o seu âmago.

A tempestade que fez esse estrago ganhou pela primeira vez o nome de “Grande Turbilhão”, Estígia ficou em frangalhos. A tempestade deixou rastros, e neles vieram Espectros, que atacaram ferozmente a Ilha da Lamentações e não houve alguém que pudesse impedir que o os Espectros rompessem as muralhas. O que ainda se mantinha de pé foi totalmente destruído pelos Espectros, que queimaram e saquearam, destruíram monumentos, templos, casas, não desguiam nada, destruíram absolutamente tudo que sobrou, sem nenhuma resistência até saquearam o palácio de Caronte, a Torre de Ônix.

Caronte, obviamente não estava, havia saído com os Barqueiros então nada podia impedir as forças do Oblívio. No fim, o triunfo foi dos protetores de Estígia, mas a vitória foi amarga.

E a até então gloriosa cidade se tornou um lugar destruído pela cruel tormenta, praias acessas como piras acesas, o Rio da Morte acabou represado com as águas poluídas transbordado pelas margens, estradas que ligavam o Mar Sem Sol até as Terras das Sombras estavam rachadas e destruídas, manchadas, pela tormenta. Quase todos os Barqueiros foram destruídos, o Senado, com o próprio livro diz foi esmagado e os Mortos Inquietos se amontoavam como crianças apavoradas, esperando novos ataques e quem sabe o que mais. A Republica estava destruída.

Ressureição

Em meio ao que sobrou do grande sonho de Estígia, Caronte mais uma vez assumiu a tarefa dessa vez de reconstruir tudo. Jurando que a cidade seria renovada, iria criar uma Estígia ainda mais forte, poderosa e brilhante que a anterior. Onde os Inquietos encontrariam segurança e paz na nova república reconstruída dos ossos dos que morreram. Elevando-se acima do desespero, Caronte e seus tenentes cataram as pedras gastas e quebradas da antiga Estígia. Criaram uma nova cidade, com esperança modelada com base nos novos impérios que surgiram no mundo dos breves. Porém, fizeram com as mesmas diretrizes da Dama do Destino.

Dos Césares, Caronte pegou a ideia de se autoproclamar Imperador. Os sete senadores restantes se nomearam Senhores da Morte. Cada um deles se tornou o administrador de um grupo específico de almas. Essas almas passam a ser enviadas para os Senhores da Morte depois de serem definidos na seleção que era definido pela forma que morreram, o Senhor que recebe a alma se torna então seu dono, tem total autoridade sobre essas almas. Dessa forma, diferentes Senhores da Morte supervisionam os idosos, os doentes, as vítimas de violência, os mortos pela natureza e os apanhados pela guerra. Essas divisões se tornaram as Legiões – cada uma delas composta de almas que tiveram o mesmo tipo de morte em particular. Sete das Legiões foram lideradas por sete Senhores da Morte, a Dama do Destino assumiu a oitava legião. Assim, para simbolizar suas novas funções, cada Senhor da Morte passou a usar uma máscara, agora, cada Senhor da Morte deixou de ser uma aparição individual e se tornaram, cada um deles, o guardião de muitos, o símbolo andante que marcava cada um deles com a forma da sua morte e como cada um entrou na vida após a morte.

Com o passar do tempo, o termo “Senhor da Morte” se transformou no título, na função, no cargo em si e não no indivíduo que o ocupa. Alguns dos Senhores da Morte têm séculos de idade, outros não, vão mudando, com novas aparições assumindo o cargo do anterior. Mas para a maioria das aparições não importa o indivíduo e sim o ofício, na verdade, o que importa é a Legião em si.

Os Barqueiros se Rebelam

Nem todos adularam Caronte pelo seu novo posto. Os Barqueiros ficaram indignados por ele se chamar de Imperador, acabaram se recusando a servi-lo depois disso. Muitos aborrecidos pela morte dos irmãos no campo de batalha e com a sensação de que Caronte tinha abusado de sua autoridade e foram os primeiros a abandonarem seus postos, outros muitos vieram depois. Eles se recusaram a transportar as almas para os novos Senhores da Morte.

Caronte, tomado pela fúria de repúdio aos juramentos dos Barqueiros, retaliou com o banimento da Ilha das lamentações e retirou seus prêmios e direitos. Além disso ordenou que os nomes dos Barqueiros fossem removidos dos registros. Ele pensava, que já que eles não queriam cumprir seus deveres, tinham então que se expulsos para cuidarem de si próprios. Alguns se juntaram aos Renegados, que sempre desafiaram a liderança de Caronte, outros seguiram para as Costas Distantes, muitos, acabaram tristemente se renderam ao Oblívio, por terem perdido seus propósitos. Com o intuito de evitar nomas perdas, os maiores e mais sábios dos Barqueiros se uniram para reivindicar uma nova cidade, para torna-la um lugar de refúgio, onde os que carregavam a lanterna e a foice poderiam encontrar um novo propósito. Chamaram esse lugar de “Dis”.

A Cidade de Dis

Esta cidade é o lar e sede dos Barqueiros. Encontrada na Tempestade, as origens de Dis estão ocultas até na Sociedade de Barqueiros. Os Barqueiros tomaram a cidade e a fortificaram contra Turbilhões. Cavando profundamente no Labirinto onde se encontrava, os Barqueiros e seus servos criaram túneis e aposentos ocultos, e depois construíram grossas portas de aço Estígio para barrar o caminho para o Labirinto. Três vezes essas portas foram violadas por inimigos vindos de baixo, mas a cidade não caiu.

 

À medida que os Barqueiros recuperaram relíquias e Artefatos misteriosos, muitas das salas ocultas passaram a servir de locais de armazenamento para esses tesouros. Outras servem como câmaras privadas para os Barqueiros residentes. Algumas salas são usadas para iniciar novos Barqueiros em seus deveres e responsabilidades. E outras servem de forja, onde mantos, lanternas, armas e barcos de junco são criados a partir de Espectros alterados com o uso de Modelar para uso dos Barqueiros.

É quase impossível entrar nos caminhos ocultos para ir até Dis e circular por ela sem o consentimento da Sociedade dos Barqueiros. Inúmeras armadilhas e desvios dissuadem os mais curiosos e os hostis de obter facilmente entrada. Esta cidade antiga é o único posto avançado a se manter entre a caótica Tempestade e a área reivindicada pelos servos do Oblívio.

Essa é a transcrição da imagem ao lado.

Reconstrução

Ao longo do tempo que nunca parou, nem do nosso lado, nem do lado de lá, Estígia foi se reconstruindo, lentamente. Esse intento, obviamente sendo interrompido de tempos em tempo por outras tormentas, que selvagemente destruíam parte do que havia sido reconstruído – remanescentes do Grande Turbilhão que não aceitavam o desvanecimento, e seguiam, como se atraídos por uma força que não podiam repelir, sempre acabavam chegando em Estígia. As aldeias construídas pelo Renegados, ao longo do rio, mas as estradas, eles mesmos destruíam com seu descontamento. Aparições maliciosas, furavam a Mortalha em vários locais e surgiam para mortais disfarçados de demônios e diabos, exigindo tributos e sacrifícios. Mas Estígia se manteve de pé.

Após séculos e mais séculos de luta, os “recém” chegados, mas como o livro descreve, regurgitados pelo primeiro Grande Turbilhão foram destruídos ou forçados a retornar o Labirinto. Com uma pausa breve do conflito, Caronte foi prontamente homenagear os bravos Inquietos que haviam cumprido seus deveres se mantendo firmes contra os Consumidos pela Sombra e o colapso da República. A homenagem abrangeu a todos, inclusive os Barqueiros os Eqitaes que não abandoaram a Estígia com a violação das mortalhas, Caronte então, instituiu a Ordem Imperial da Foice. A milicia recebeu o reforço de muitas almas, na esperança de um dia, quem sabe, se tornarem membros da prestigiada nova Ordem. Atualmente essa ideia se mantem, pois algumas amas podem ascender na Ordem por bravura notória, grande prova de liderança ou por meio da realização de grandes obras para aumentar o sucesso e a posição de sua Legião. Além disso, consegue um lugar cobiçado nas Crônicas da História do Reino Sombrio de Ferro, uma espécie de prêmio que confere umas pequenas e outra e=nem tão pequenas recompensas.

Como o breve período de paz, os mortos passaram a reparar nas estradas e edifícios destruídos pelo Turbilhão. Decidiram reconstruir a Torre de Ônix. Com as almas recém-chegadas uma força de trabalho maior foi empregada (sem mencionar mais matérias-primas para a forja), Nhudri e seus novos aprendizes criaram novas estruturas, inclusive um paredão ao redor da Ilha das Lamentações que resistiria a qualquer tormenta.

O Retorno dos Pescadores e o Tratado do Paraíso

Durante a reconstrução de Estígia os Pescadores voltaram. Seu navio dourado, que foi usado para o transporte das aparições para a Costa Distante que eles deram o nome de Paraíso, foi notado ao largo da Ilha das Lamentações. Eles pegaram passageiros esperançosos e construíram um templo magnífico em uma das colinas na própria Ilha. Enfim se chegaram em Caronte, exigindo que ele, Caronte, o criador de tudo ali, pagasse dízimos ao templo. Mesmo tendo ouvido o que eles disseram, recusou. O argumento se baseou em ele, Caronte, servir a Dama do Destino e a toda a terra dos mortos e não a qualquer Costa Distante em particular e fez uma contraproposta.

A proposta foi aceita e ficou conhecida como o Tratado do Paraíso. Pedia aos Pescadores o dizimo das relíquias que eles coletavam e, em troca, Caronte fez a promessa de manter sob os cuidados dos Pescadores todas as aparições que buscassem o Paraíso. O tratado iniciou uma nova era cooperativa e ordeira em Estígia, o que ocasionou um crescimento continuo do número de Pescadores.

A Hierarquia

Nas terras do Breves, as Cruzadas fizeram com que milhares de aparições – cristãos e muçulmanos – entrassem nas Terras das Sombras, vitimado nos campos de batalha e cidades sitiadas, junto com as doenças e fome que acompanham as guerras. No fim das contas tentaram continuar as guerras de seus dias de vida, mas as explicações chegaram rapidamente sobre o novo estado de seus seres. A maioria resolveu se unis a Nhudri e seus seguidores na reparação das estradas, ou sob contrato das milícias de Estígia, convergência entre ex-inimigos e pensamento convergente sendo encontrado permitiu que agora, todos juntos seguiriam na batalha contra Espectros ou Renegados.

À medida que as mudanças aconteciam nas Terras da Pele, Caronte remodelou Estígia para refletir os reinos da Europa. Assim aconteceu a fundação da Hierarquia, com Caronte e seus Senadores da Morte no topo. As Legiões e os Eqitaes, agora nomeados Cavaleiros, estavam localizados logo abaixo na hierarquia, junto aos Barqueiros, que seguiram fieis a Caronte. O posto em seguida era dado ao equivalente aos serviçais – aparições conhecidas como Servos, que eram presos nas correntes de aço Estígio e usados como escravos ou como pagamento entre as classes mais altas.

A Fundação das Guildas

Nesse período, muitas das antigas organizações de aparições que mantinha um pensamento em comum se reuniram em Guildas, sociedades surgidas pelo modelo de associações comerciais dos vivos. Elas pretendiam proteger e aumentar o conhecimento dos seus poderes únicos, chamados Arcanoi, e encontrar descobrir formas desses poderes poderem ser compartilhados, claro, por um preço para a população da cidade. Vinculado a isso, também tinha a responsabilidade de evitar abusos dos referidos poderes. Cada Guilda desenvolveu algumas práticas e rituais, e aparições com poderes demonstráveis se uniram a elas, mesmo com os círculos internos de cada organização se mantivesse restrito a poucos escolhidos. Caronte posteriormente reivindicou para si o crédito por ter organizado as Guildas, o que nos momentos de revolta dessas organizações foi sempre lembrado. Mas independente disso, as Guildas ocupavam um lugar diretamente abaixo dos Cavaleiros e Legiões na sociedade das aparições.

Nesse período, tudo se manteve aparentemente normal, mas de uma forma contínua o descontamento se manteve e o ressentimento de Caronte pela sua Hierarquia e pelas Guildas que tentaram restringir o uso livre de seus talentos. Essas aparições insatisfeitas atravessavam seguidamente na Mortalha, surgindo na frente de mortais, vistos como demônios ou diabos e exigindo tributos ou sacrifícios, com a premissa de receber um recurso para brecar essas práticas, com isso Caronte instituiu o Dictum Mortuum.

Fico por aqui, na próxima postagem falarei sobre o Segundo Grande Turbilhão, até lá desejo a vocês muitos acertos críticos e que o RP seja bom. Não deixe de conferir outros textos do Movimento RPG e da Liga das Trevas

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Um Mundo de Sonhos: Parte 03 – Histórias de Changeling

Olá aventureiros, Victor aqui outra vez, vamos segundo com Changeling – O Sonhar vamos seguindo que os Portões de Arcádia vão fechar em breve.

A Fragmentação


Ela chegou, os fios que conectavam o Sonhar ao mundo mortal ficaram tão tênues que começaram a se romper, pouco a pouco, um a um, mas o rompimento definitivo ficou conhecido pelas fadas com a Fragmentação, pois não só quebrou os laços entre Arcádia e o reino humano como também despedaçou o sonho de os laços serem atados novamente.

O termo “Fragmentação” tem como propósito remeter a ideia acontecimento repentino e cataclismo, como um terremoto, uma erupção de vulcão ou uma bomba atômica estourando, selando todo o acesso ao Sonhar em todos os pontos que restavam.


A maior parte dos estudiosos aponta o surgimento da Peste Negra, em 1347, como catalizador da Fragmentação. Entra 1347 e 1351 75 milhões de pessoas foram mortos por toda a Europa sendo que nisso inclui um terço da Inglaterra, A doença vitimou essa gente. O medo, o desespero varreram o planeta nesse período e ecoou do lado das Brumas e nos reinos das fadas.


No século XIV, o mundo foi açoitado pelas dores do parto de uma nova era. Os profetas da razão, que resultaram na Renascença, e no embrião das teorias cientificas modernas, na tentativa de racionalizar os acontecimentos que não podiam ser controlados e desmistificar os mistérios, como as pandemias. (Não se refere ao Covid 19, ele surgiu muitos anos depois do lançamento do jogo.) O populacho se refugiou na religião, renegando antigas crenças no sobrenatural em troca do consolo recebido da Igreja, uma instituição que não dava nenhum espaço para a magia, a não ser a própria.


À medida que um portal atras do outro foram sendo destruído eles se fragmentavam-se em vários pedaços que desapareciam tendo seu primeiro contato com a mortalidade em estado bruto, os filhos do Sonhar notaram que a isso os destruiria. No período abraçado pela Fragmentação, as fadas tomaram uma de três decisões que determinariam o destino por toda a eternidade.


Uns voltaram para seus locais de poder, suas propriedades livres ou clareiras, e nesses locais realizaram grandes rituais de magia feérica para isolar o mundo das Brumas do mundo mortal. Mas com isso seres encantados como os Perdidos, ainda se mantêm nesses lugares esquecidos, imersos em sua própria realidade imutável.


A maior parte dos Sidhe, com mínimas exceções, fugiram para Arcádia pelos Portais que restavam, em alguns pontos batalhas violentas foram travadas nos limites dos portais pois os sidhe frenéticos lutavam pelo direito de entrar no sonhar antes que as passagens se fechassem por completo. Ledas contam que o Portal de Prata e a propriedade livre a ele associada, a Corte de Todos os Reis, foi o ultimo a ruir, e seu fechamento assinalou o marco fúnebre da Idade das Fadas.


Kith plebeus, muitos deles, como os Exus, Trolls, Pooka e Boggaans se viram presos no mundo mortal, abandonados por conta do pânico da nobreza que notoriamente se importavam mais com sua própria segurança que com o bem estar dos seus súditos feéricos. Eles tiveram que se adaptar a uma realidade cruel sem magia. Quando a Banalidade começou a varrer o mundo, afinal ela não era mais impedida pela magia das fadas que mantinham os antigos elos com o Sonhar, as fadas que não conseguiram ou não quiseram fugir para Arcádia se submeteram a uma transformação desesperada para mascarar sua verdadeira natureza com uma camada de Banalidade, o que acabou permitindo sobreviver num mundo que não acreditava mais em fadas. Assim, se tornaram os changelings e, nos séculos seguintes lutaram avidamente para manter vivos os fragmentos do Sonhar.


O Interregno


Após a Fragmentação, iniciou o período conhecido como Interregno testemunhou grandes mudanças na realidade humana e feérica. A humanidade redescobriu a antiga sabedoria de pensadores gregos e romanos e pouco a pouco foi dando as costas às superstições religiosas e voltando-se às experimentações cientificas e o racionalismo. Deu-se início a Idade das Explorações que acompanhou a Idade das Invenções funcionou como uma simbiose, uma se alimentando da outra. Novos mundos foram descobertos, novas ideias levaram a realizações seminais que tornaram a vida mais fácil, camponeses foram se tornando trabalhadores e monarcas se tornaram barões da indústria. A humanidade entrando numa era de progresso rápido, cada vez mais rápido e uma espécie de convulsão social.


Os changelings, gora encerrados na carene morta e só superficialmente conectados com suas identidades feéricas, passaram por mudanças ainda mais devastadoras, e não menos desafiadoras. A partida dos shidhe privou os plebeus das estruturas sociais das quais eles dependiam. Deram adeus as casas nobre, lordes e ladies, os cavaleiros feéricos e o sistema feudal que unia a sociedade das fadas. Abandonados à própria sorte, os changelings se uniram em pequenos grupos para proteção mútua ou tentaram se misturar com a sociedade humana, se escondendo da humanidade entre a própria humanidade, e vez ou outra dos seus próprios semelhantes, das suas próprias naturezas.


Com o surgimento das cidades que substituíram as fortalezas feudais levaram muitos changelings a cair na estrada. incapazes de se adaptar à urbanização atroz da vida humana, iam de vila em vila, juntando-se com circos itinerantes, saltimbancos e menestréis. Na companhia desses dessas figuras algumas vezes marginais ou desajustados sociais, os plebeus encontraram refúgio assim como formas de vazão dos impulsos criativos que tinham. No submundo dos artistas, changelings descobriram uma quase infinita fonte de Glamour, suficiente para preservar as frágeis conexões com os fragmentos do Sonhar que ainda restavam, apesar da determinação do mundo em extingui-los. Muitas das tradições que atualmente caracterizam a vida dos changelings remetem a esse período de tempo, onde andanças e redefinições e nomes de inúmeras Artes e muitos costumes pegaram emprestado termos teatrais e circenses.


No entanto, velhos hábitos não se extinguem tão fácil, assim muitos deles ainda sentem a necessidade de uma casa nobre para ditar as normas e manter uma certa estrutura para as suas vidas fragmentadas. Ascendendo de classe alguns kithain assumiram os títulos anteriores e reivindicaram os feudos abandonados, criando uma subcultura que tomou o lugar os shidhe fugidos.


O Acordo


Antes da Fragmentação, fadas Seelie e Unseelie viviam numa disputa constante e rivalidade sem fim. Mas apesar dos acordos entre as duas cortes que dividiam o ano em duas partes, Seelie e Unseelie dominavam por sua vez as metades do verão e o inverno respectivamente, mas os conflitos eram frequentes. A Fragmentação também mudou esse aspecto na vida dos changelings. Com a intensão de sobreviver fadas Seelie e Unseelie deixaram de lado as desavenças. Numa conciliação sem precedentes, conhecida como o Acordo, cortes em trégua e concordando em cessar as antipatias, sim, mas “por ora”, com o próprio livro explica, é uma trégua momentânea. Territórios governados pelos Seelie permitiam que changelings Unseelie andassem livremente dentro de suas fronteiras e propriedades livres dos Unseelie abriam-se para os visitantes Seelie.


A medida que as duas cortes começaram a se misturar, uma acabou adotando alguns costumes da outra, assim a sociedade changeling logo se tornou uma emaranhado de conceitos e comportamentos Seelie e Unseelie. A lei, a formalidade e a honra aprenderam a coexistir com a desordem, o caos e impulsividade, uma combinação um tanto dinâmica de opostos que se mantém até hoje em dia.

O Expediente dos Changelings

Para o meu canto fiz manta

 

Bordada com fantasias

De antigas mitologias

O Ressurgimento

– Willian Butler Yeates, “Uma manta”

 

Para sobreviverem num mundo saturado de Banalidade e separado do Sonhar, as fadas aprisionadas no reino dos mortais pela fragmentação arranjaram um meio de proteger seus espíritos frágeis. Esse processo, conhecido como o Expediente dos Changelings, 

consistia em criar uma concha mortal que abrigasse o espírito feérico. Dá mesma maneira que os seres humanos usavam roupas para se protegerem dos elementos, os changelings se vestiam com a pele dos mortais para diminui

r o impacto da Banalidade.

A primeira geração de fadas terrestres simplesmente assumiu 

um disfarce humano, cobrindo suas naturezas feéricas e puras com camadas de Glamour e pequenas doses de Banalidade. Desse modo, elas podiam se passar por seres humanos, ainda que fossem exemplos excêntricos da espécie. Esse método funcionou bem enquanto as fadas camufladas limitaram seu contato com mortais, minimizando, assim, sua exposição à descrença humana.

Para se adaptarem completamente ao novo ambiente seria necessário encontrar uma solução mais permanente e durável.

Por tentativa e erro, as fadas aprisionadas descobriram como implantar seus espíritos nos corpos de crianças pequenas ou bebês, misturando-se à mortalidade dos hospedeiros sem desalojar a alma dos mesmos. Ao iniciar suas vidas como seres humanos, os changelings evitavam a destruição imposta pela Banalidade. Todavia, para conseguir isso, os kithain tiveram de abrir mão de conhecer de imediato sua verdadeira natureza, obrigadas a permanecer dormentes até que pudessem emergir em segurança durante a Crisálida.

Texto integralmente tidado do print acima, para mostrar a forma como foi feita na visão dos criadores do jogo.


O Ressurgimento


Os séculos foram passando sem interrupção e de forma lentamente. Para os humanos a ciência e a razão preparam caminho para a Idade da Tecnologia. Um após o outro, os mistérios do universo foram sucumbindo perante às investidas do microscópio e do telescópio, que revelaram o microcosmo da teoria atômica e o macrocosmo de uma galáxia descoberta e em expansão. Os principais caminhos para o maravilhamento foram aos poucos se fechando, explicações feitas por descobertas uma após outra, e os changelings se reunindo em pequenos bolsões de Glamour que ainda permaneciam e sussurravam a chegada do Inverno Perpétuo, o momento do triunfo da Banalidade.


Aí surgiu o milagre, era 1969, milhões de aparelhos de TV ligados e sintonizados para ver os astronautas pisarem pela primeira vez Lua. O Glamour tomou conta do Globo, o mundo liberto, depois de séculos confinado, mas o redespertar simultâneo da sensação de maravilhamento de toda a humanidade. Do útero de ferro da ciência renasceu a magia, ao menos por um instante.


Um instante foi suficiente. O jorro de Glamour abriu passagens para Arcádia e reabriu os trods que estavam dormentes desde a Fragmentação. (Trods são portais que levam para Arcádia ou para outras Propriedades Livres, servem de estradas do e para o Sonhar). As propriedades livres perdidas reapareceram, com a glória restaurada pelo poder dos sonhos da humanidade que começou a imaginar uma mudança para a lua.


Do outro lado, no Sonhar, o ressurgimento de Glamour no mundo foi notado também Arcádia percebeu e as hostes resplendentes dos sidhes voltaram ao mundo, passando pelos portais recém abertos para confrontar uma realidade bem diferente da que haviam abandonado séculos atrás. A maior parte desses novos imigrantes eram compostos de exilados, resultado da sublevação em Arcádia que provocou o banimento de cinco das treze casas que haviam deixado o mundo mortal. As Brumas nublaram as lembranças dos que voltaram, ficou somente a recordação de que foram expulsos de Arcádia como punição pela participação de uma grande confusão na terra das fadas.


Infelizmente o vislumbre de Glamour provocado pela chegada na lua, não foi suficiente para vencer uma descrença de séculos que ficou acumulada e impregnada no mundo e a chegada a lua acabou não rompendo essa casca. As portas de Arcádia se fecharam novamente. Os sidhe agiram rápido e evitaram que a Banalidade os destruísse por completo. Assim, recorreram ao método usado, testado e aprovado de trocar de corpos com mortais e assim fazendo um band de seres humanos desavisados passar pelos portais que haviam momentaneamente reaberto. Desde o Ressurgimento, muitos sidhe que entraram no mundo como proscritos e exilados ainda utilizavam esse antigo método de proteção contra a Banalidade, apoderando-se de corpos mortais, convenientes para hospedarem seus delicados espíritos. Apesar de o verdadeiro destino das almas humanas desalojadas ser incerto, a maior parte dos sidhe acredita que esses mortais desfrutaram de um despertar no Sonhar. Em outras situações, os sidhe recém-chegados se aproveitam da presença de crianças bem novinhas ou até mesmo fetos e introduzem suas essências nas psiques desses seres impressionáveis, onde passam a coexistir em simbiose, em vez de tomar posse total de almas mortais.


Apesar do Ressurgimento, como ficou conhecido o retorno dos sidhe, ocorrendo em todos os lugares, a maioria da nobreza feérica retornou ao mundo nos locais em que a influência do Glamour era mais forte. A Irlanda, as Ilhas Britânicas e outros locais da Europa ainda emanavam a magia das fadas o suficiente para a maioria dos sidhe, mas os nobres emergiram, em sua maioria nos Estado Unidos da América, por que não né, afinal o jogo é americano, mas acho que eles poderiam ser menos egocêntricos nesse sentido. Em 1969, a Costa Oeste passava por uma revolução na consciência. Em São Francisco, o Verão do Amor teve seu ápice, fazendo da cidade um marco e um farol de Glamour para os sidhe que voltaram.


Desde que os sidhe chegaram, se espalharam rapidamente por um mundo mortal revitalizado. Um toque de clarim soou, convocando os kithain plebeus a deixarem suas tocas para novamente servir aos nobres. Reivindicaram suas propriedades livres, os sidhe Ressurgentes agiram com confiança e senso de autoridade inato. Apesar de o planeta ter passado por seis séculos de mudanças, os sidhe tentaram reestabelecer os antigos reinos feéricos, tão precipitadamente abandonados durante a Fragmentação. Mas foram recebidos com uma inesperada recusa dos kithain.


Durante séculos, os plebeus haviam sobrevivido sem a liderança dos sidhe. Novos lideres preencheram o vazio deixado pela nobreza, e acabaram aprendendo a viver sem qualquer tipo de liderança, quase todos na verdade. O sistema feudal, tão caro aos sidhe Ressurgentes, se tornou obsoleto. As novas formas de governo humano, baseado em pluralidade, na democracia, no socialismo e em todos os outros sistemas de governo que surgiram e morreram nesse meio tempo minaram a rígida hierarquia de nobres e plebeus.


Apesar de alguns plebeus apoiarem a nobreza, outros foram terminantemente contra e se rebelaram. Seguiu-se um período inquieto de movimentos políticos que acabou num acontecimento que ficaria como um borrão de tinta eternamente na reputação da nobreza. No Estados Unidos, os Lideres plebeus, convocaram uma reunião para estabelecer um acordo com os sidhe, durante um Beltane, mas foram assassinados, massacrados pelo ferro frio numa carnificina que foi conhecida como a Noite dos Punhais de Ferro. Toda e qualquer possibilidade de acordo entre nobre e plebeus morreu juntos com os plebeus no massacre.



Pois bem moçada, fico por aqui, na sequencia falarei da Guerra da Harmonia, e outros eventos mais. Até lá, boas rolagens e muitos acertos críticos para vocês. Mas não deixem de conferir mais postagens do MRPG aqui no Liga das Trevas e outros mais.

Por último, mas não menos importante, se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo PicPay, PIX ou também no Catarse. E com isso, torne-se um Patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos! Ou então, apoie nossa revista digital, a Aetherica através deste link! 


Autor: Victor Alonso

Montagem da Capa: Raul Galli

 

A História do Reino Sombrio de Ferro: Parte 2 – Histórias de Wraith

Olá povo do Movimento RPG, novamente Victor aqui, continuando aqui com a segunda parte da História do Reino Sombrio de Ferro.

A Primeira Descida

Novamente a Dama do Destino aparece para Caronte, assim convence que ele deve descer no Labirinto e enfrentar o Oblívio cara-a-cara. Ele entendeu o que deveria ser feito e foi em direção ao que a WW chama de Escada Venenosa, recebeu esse nome por causa dos seus degraus de mármore com veios de um vermelho sangue que pulsa com a ira do Oblívio. Levando um lanterna e uma foice, Caronte entrou no grande labirinto, na completa escuridão, nenhum barqueiro o seguiu, porem todos, absolutamente todos ouviram o som das grandes batalhas que eram emanados de dentro do Labirinto e apenas se perguntaram qual seria o destino do seu líder.

Nhudri

De volta do Labirinto, Caronte trouxe com ele uma aparição, um ferreiro chamado Nhudri, ele estava sendo feito de prisioneiro no Oblívio. Há muito ele carregava uma vasta experiencia na arte da forja, Nhudri sabia como criar itens usando as almas dos mortos como matéria prima. Reconhecendo o valor disso tudo, tanto para criação de itens necessários quanto para evitar que almas fracas caíssem no Oblívio, e as tornando algo “útil”. Mas para quem?

O Retorno dos Iluminados

Chegando do Labirinto, Caronte navegou pelo Rio da Morte até a Ilha das Lamentações e soprou um grande chifre com o intuito de convocar os Barqueiros para contar da jornada e o confronto na escuridão. Disse com muitas ênfases que o Oblívio estava crescendo e descreveu um terrível poço para onde a alma daqueles que eram fracos ou desprotegidos além, é claro, dos Inquietos, que tinham recusado o chamado para fazerem parte dos Barqueiros, acabaram presos e jogados no Vácuo abaixo.

Caronte mostrou sua decepção com o Barqueiros por eles não terem vigiado com afinco para evitar isso, eles responderam redobrando os esforços. Muitos se espalharam pelo Mundo Inferior, buscando uma forma melhor de combater o Oblívio e dar uma salvaguarda para as almas que os mantinham. Após a partida dos Barqueiros em sua missão os Iluminados retornaram e contaram sobre o que descobriram nas Costas Distantes. Contaram sobre maravilhas e Salões dos Mortos majestosos. Que abrigavam guerreiros caídos, pensadores famosos e almas virtuosas de todos os tipos, que festejavam juntos e encontravam a paz que tanto buscaram em vida.

Com os mapas fornecidos pelos Iluminados, Caronte partiu pelo Mar Sem Sol até as Costas Distantes para ver por si mesmo o que existia naquele local. E muitos anos se passaram, os Barqueiros se mantiveram vigilantes e em vigilância guardando o Oblívio na ausência de Caronte.

A Fundação do Império e a Construção de Estígia

O retorno de Caronte das Costas Distantes foi concluído com durante a Ascenção da República Romana nas Terras da Pele. Ele trouxe sete sinais que foram dados a ele pelos Iluminados que permaneceram do outro lado do Mar Sem Sol, tomando os reinos daquele lado sob sua proteção. Por esses sinais, Caronte foi reconhecido como o Senhor que tem poder sobre os mortos. Foi dado a ele e somente a ele o poder de único magistrado, capaz de julgar e decidir o destino de todas as almas na Terra das Sombras (e as que ainda não morreram).

Ele pegou os sete sinais e os pôs em uma enorme tábua de ferro, que montou nas Terras das Sombras. Com sua autoridade, criou a base para uma nova cidade ser o centro da civilização no Mundo Inferior. Ele pegou os fantasmas das pedras mais fortes das grandes cidades de que haviam caído anteriormente – de Mênfis a Babilônia, Jericó, Esparta e Atenas, como o próprio livro diz – para construir sua fortaleza na Ilha das Lamentações. No centro da sua nova cidade, no topo do ponto mais alto de seus sete picos, um imponente farol foi erguido. Sua luz brilhando se tornou um sinal de esperança e segurança para todas as almas e com um monumento a Caronte pelas grandes obras que realizou. Então, esta grande e nova cidade, fundada sobre as sete colinas da Ilha da Lamentações, foi dado o nome de Estígia.

A República de Estígia

Como líder reconhecido dos Inquietos e portador do mandato dos Iluminados para ser o Juiz, Caronte formaliza o primeiro governo do Mortos Inquietos. Feito com a utilização do modelo da República Romana que ansiosamente foi descrito pelos recém chegados da época, Caronte os nomeou seus Tenentes mais confiáveis. Cada senador recebeu o domínio de uma parte da terra dos mortos e Caronte assumiu com título de Cônsul.

O Senado, no seu primeiro ato, o Senado destinou terrar aos Iluminados, perto do Mar Sem Sol. Ali eles construíram templos que serviriam de refúgio aos mortos que esperavam partir para as Costas Distantes.

Também receberam emissários de outras partes, reinos distantes que governavam seus mortos, da mesma forma que Estígia governava os Europeus. Ficaram conhecidos como:

O da Ásia foram chamados pelos Estígios de reino Sombrio de Jade e o da África que foi chamado de Reino Sombrio de Marfim. Por sua vez, esses embaixadores apelidaram Estígia como Reino Sombrio de Ferro. Caronte e o Senado se reuniam com frequência com a Rainha de Marfim, que governava o Mundo Inferior da África e com o ministro do Imperador de Jade, para discutir as necessidades, problemas e negociações comuns aos três reinos.

A Era Dourada

Nas Terras da Pele, Roma se tornou o Grande Império, o comando dos Césares dera a Roma praticamente o controle do mundo conhecido. Nesse tempo Estígia se tornou uma República sob o comando de Caronte. Inicialmente como pequeno posto avançado até se tornar uma cidadela maciça construída para desafiar o Oblívio, Estígia amadureceu como uma república justa e forte, séculos atras após séculos, esse período ficou conhecido como Era Dourada de Estígia.

De acordo com o que foi determinado pela Dama do Destino, Caronte tirou o dízimo de todos os mortos que entravam nas Terras das Sombras. Os dízimos foram destinados a Nhudri para que p ferreiro criasse as primeiras armas e armaduras forjadas em Estígia, o equipamento foi dado aqueles que defendiam a cidade. Nhudri criou três projetos especiais e de suma importância, ele fundiu: Siklos – a lâmina de Caronte, que ele usou como bastão de ofício, símbolo de sua autoridade, Lumen – a Lanterna de Caronte, usada para iluminar o farol central, no coração de Estígia e as máscaras dos senadores. Quando ele criou as máscaras, Nhudri pegou um pequeno pedaço de cada para fazer a máscara de Caronte. Como último ato teve um ato simbólico, afim de mostrar aos senadores e a todos os mortos que Caronte era um deles e ele por sua vez também tinham uma parte dele.

Caronte recrutou mais uma vez Nhudri em outro grande projeto, a criação de uma rede de estradas que atravessariam a Tempestade e iriam até o Mar Sem Sol. À medida que o Oblívio crescia e fraturava as Terras das Sombras com seus Espectros, Caronte lutou contra ele criando estradas que permitiam a passagem segura a todos os cantos do Mundo Inferior. À medida que as Legiões Romanas se espalhavam pelas Terras da Pele, Caronte deu instruções para Nhudri segui-las – para a Grã-Bretanha, Gália, Trácia, Jerusalém, Damasco, Península Ibérica e Egito – para todas as terras que foram conquistadas por Roma e fizeram parte do Império. Soldados Romanos, que morreram em batalha na conquista desses locais longínquos tornaram-se soldados nas fileiras da Estígia.

Lux Veritatis

A Dama do Destino incumbiu Caronte de combater o Oblívio em todas as suas frentes, não apena no campo de batalha. Mas, principalmente com a mente e o coração. Sendo esse seu objetivo, Caronte fez seu segundo pronunciamento depois que recebeu o Consulado: Lux Veritatis, ou a Luz da verdade. Com isso Estígia começou a coleta e preservação das obras da humanidade. Todos foram amplamente encorajados a colecionar as melhores obras de arte, esculturas, as maiores obras, pensamentos e filosofias da humanidade, e belos tesouros, onde quer que pudessem ser encontrados. Estes foram trazidos para a cidade imperial, arquivados e armazenados nas profundezas do Senado, em cofres especialmente confeccionados para esta finalidade. Com isso Caronte esperava preservar a beleza e a sabedoria das eras para que elas fossem uma inspiração para todos na República de Estígia. Tesouros perdidos para os breves, mas os mortos nunca sentiriam falta deles.

O Declínio

A República e sua grandeza impressa em Estígia eram o espelho do Mundo Inferior, com seu paralelo nas Terras da Pele era o Império Romano. Ele serviu como referência absoluta com uma espécie de garantia de segurança para os que buscavam Transcendência e um tipo de proteção contra o Oblívio. Porém, com o declínio de Roma, seus atacantes e descontentes caíram e descontentes caíram e chegaram em Estígia. Lá, eles se recusaram a aceitar a derrota ou se curvar ao governo de Caronte, espalhados pelos Atalhos e atacando os Barqueiros e seus passageiros.

Isso fez com que várias almas inocentes tivessem que se defender por conta própria contra Espectros, que as acharam presas fáceis. Esses coletores descontentes e saqueadores ficaram conhecidos como Renegados. Como represália, Caronte enviou um bando de cavalaria chamado Equitaes. Esses cavaleiros da morte foram empoderados para escoltar as caravanas de almas dos Barqueiros e para patrulhar as ruas, fazendo a limpeza de Espectros e cabeças-de-lobo (os fora da lei).

Apesar desses esforços, o descontentamento não parava de crescer entre os mortos. Quando Roma caiu, o Grande Império teve um desafio diferente pela frente, os seguidores de Cristo. Estígia seguiu o mesmo padrão, chegando ao seu limite de capacidade, tendo que governar e proteger incontáveis almas sob seus cuidados.

Os seguidores de Cristo surgiram também entre os Inquietos, Chamaram a si mesmos de Pescadores, ficaram à beira do Mar Sem Sol e construíram suas próprias embarcações usando os destroços coletados. Recusaram toda e qualquer oferta de orientação dos Barqueiros e saíram em busca do que chamavam de “Paraíso” com aspas no livro original e tudo. Esta Costa Distante não era conhecida por Caronte nem nenhum Barqueiro, embora os Pescadores aparentassem certeza que iriam encontrar.

A Queda da República

Nas Terras da Pele, Roma estava à beira do abismo, bombardeados por pressões sociais, governos insanos e bárbaros invasores. Nas Terras das Sombras não foi diferente, um numero crescente de Espectros ganhou forma, se espalhando por cada canto do Mundo Inferior, deixando pelo caminho um rastro de destruição, ódio e um aviso da proximidade do Oblívio. Eles se voltaram para o Mundo dos Breves e usaram poderes de possessão nas tribos bárbaras enquanto atacavam Roma e as propriedades romanas. Após sua morte, os bárbaros chegaram às Terras das Sombras e mantiveram seus ataques porque achavam que Estígia era Roma.

Quase como um enxame atacaram a cidade da mesma forma que haviam invadido Roma e aos urros, na cola dos bárbaros os Espectros virem aproveitar o ataque de forma selvagem e feroz. Em resposta, os Equitaes atenderam ao chamado da defesa de Estígia e os Barqueiros pegaram as armas contra os saqueadores também. Caronte empunhou Siklos, entrou no campo de batalha com seus legionários, atravessou amplas faixas entre as fileiras inimigas. Embora os invasores tenham sido expulsos, muitos Legionários foram perdidos e os Espectros conseguiram montar um cerco ao redor de Estígia.

Exatamente nesse momento ano 476 DC, Roma cai. Grandes templos, prédios do governo e lugares de memória e aprendizado foram destruídos e queimados, as pessoas morreram, se feriram ou foram escravizados. Esses prédios e os Inquietos que as usavam apareceram de forma repentina nas Terras das Sombras, criando um caos ainda maior, exigindo o máximo as habilidades dos Barqueiros de transportar todas as novas almas com segurança e para as Costas Distantes. Eram almas demais, realmente demais, e muitos soldados e Barqueiros tinham se perdido entre seus afazeres e a defesa de Estígia.

Fico por aqui e desejo a todos ótimas rolagens, no próximo, chegaremos ao Primeiro Grande Turbilhão. Aguardem, e recomendo lerem outros textos da Liga das Trevas e do Movimento RPG.

Assamita – Clãs de Vampiros: Idade das Trevas

Assassinos, guerreiros e juízes, o clã Assamita é temido e difamado pelos cainitas europeus como um ninho de diableristas.

Eles são, de fato, assassinos, e seu Caminho do Sangue prega a diablerie fora do clã. Mas os Assamitas são muito mais do que o estereotipo europeu molda, pois, eles acreditam que a missão sagrada deles é julgar todos os outros clãs e trazer justiça.

De sua fortaleza em Alamut, o santuário do clã na Anatólia, eles planejam meticulosamente o tempo que vai se erguer e destruir os cainitas infiéis que se desviaram do caminho.

Juízes e Executores

Os Assamitas acreditam que seu fundador, o enigmático Haqim, incumbiu eles de julgar e executar os outros clãs por suas transgressões. Essa doutrina, delineada no Caminho do Sangue, é ensinada a todos os neófitos do clã que são escolhidos entre aqueles com capacidade de entrar nessa guerra.

As cruzadas há muito não são ameaças reais a Terra Santa, mas suas depredações estão frescas na mente de muitos do clã. A maioria dos neófitos são muçulmanos, apesar dos mais velhos do clã verem com desprezo ter uma religião mortal e não apenas o Caminho do Sangue. Assamitas mais jovens ainda possuem sua fé, e o desejo de vingança pelas cruzadas arde forte neles.

O sangue, Haqim ensina, deve ser retomado de cainitas desprezíveis, pois neles é desperdiçado. Assim, um Assamita que diableriza outro cainita o pune por suas transgressões ao mesmo tempo que se aproxima de Haqim.

Três Partes de Um

O clã é dividido em três seitas: Os feiticeiros, assassinos e vizires.

Os assassinos são os mais facilmente encontrados por outros clãs e grandes responsáveis pela infâmia do clã. Eles são os caçadores, assassinos e executores do clã e tendem a serem os mais absolutistas ao Caminho do Sangue, levando o julgamento de Caim impiedosamente.

Os feiticeiros estudam as propriedades do sangue e sua mágica, além de cuidar das proteções de Alamut. Eles são mais moderados que os assassinos, mas são os menos vistos fora do clã, já que são estudiosos dedicados e isolacionistas.

Os vizires são os diplomatas e arautos do clã. Eles são os mais moderados para com suas políticas com outros clãs e muitas vezes são vistos com desprezo pelos guerreiros, já que suas concessões são vistas como fraqueza.

Julgamento

A Guerra dos Príncipes que varre a Europa traz muitas oportunidades para os assassinos carregarem seu dever sagrado com aprovação secreta de cainitas europeus. Quando um príncipe deseja um rival eliminado com sutileza, ou um vampiro cai em desfavor na corte, é aí que os assamitas aparecem, se aproveitando das rivalidades para satisfazerem suas obrigações sagradas sem oposição.

Muitos vampiros europeus não percebem esse engodo e entregam seus inimigos e rivais aos Assamitas sem remorso, mas logo o clã se erguerá e a retribuição pelos abusos dos outros clãs será célere e terrível.

Despedidas

Me despeço agora, trazendo a vocês conhecimento sobre os infames assassinos. Que seus inimigos nunca o peguem desprevenido e que a Besta nunca obscureça sua razão. E não se esqueça de conferir os demais posts da Liga das Trevas.

Até mais.

Um Mundo de Sonhos: Parte 02 – Histórias de Changeling

Olá aventureiros, sou Victor Alonso, escrevo sobre Changeling – O Sonhar, Aparição o Esquecimento e estou começando uma nova sessão sobre Star Wars – As Fronteiras do Império. Hoje, trago para vocês a segunda parte de Um Mundo de Sonhos. Lembrando que de nada infantil esse jogo se trata, e sim de troca, mudança, metamorfose e transmutação. Basicamente, são bebes que foram trocados ao nascer por seres metade fadas e metade humanos.

“Eu sempre acho que, se pudesse, deixaria de acreditar na magia, pois passei a enxergar ou a imaginar, nos homens e nas mulheres, nas casas, nas artes, em praticamente tudo que se vê e ouve, um certo mal, uma certa feiura, que advém, através dos séculos, da lenta deterioração de uma qualidade de espírito que tem tornado comuns, mundo afora, essa crença e suas evidências.”

William Butler Yeats, “Magia”

A Idade Mítica

No passado, na Era das Lendas, o mundo dos sonhos existia em parceria com o nosso, lado a lado com o reino mortal. Não havia barreiras para separar as duas realidades, e a magia corria livremente pelas terras dos mortais. Toda vez que uma pedra, árvore, terra, animal ou planta fossem tocadas por uma energia mágica surgiam ali criaturas fantásticas e fabulosas. As fadas – Os filhos do Sonhar – passavam de lá para cá sem nenhum problema. As fronteiras eram misturadas e abertas para os dois reinos e humanos e fadas percorriam o mesmo terreno.

O sonhar foi ensinado pelas fadas aos humanos e os de vida breve aprenderam que os sonhos não têm limites, que é uma arte. Essa capacidade de dar forma a coisas novas surgindo das esperanças e visões fragmentadas criadas durante o sono mais profundo foi uma ajuda e tanto na preservação da força e do elo com Arcádia, o reino dos sonhos. Compartilhar o segredo de sua força vital – Os Sonhos – com a humanidade era uma tentativa de as fadas garantirem sua sobrevivência e proliferação. Nascidos dos sonhos, eles tiravam sua existência do poder da imaginação pra serem criados.

Fadas e Humanos

Vez ou outra os filhos do sonhar se mostravam aos mortais em vários aspectos. Suas formas eram inconstantes, tanto quanto os sonhos dos quais surgiam. Em algumas regiões as fadas se tornaram divindades para os Filhos de Adão e as Filhas de Eva. Seu poder de iludir e encantar faziam os mortais amarem as fadas, mas temer também. Na Irlanda as fadas tomaram o nome de Tuatha De Danaan, e inspiravam terror e admiração nos corações mortais, o que levou à criação de lendas que persistem ainda hoje.

Muitas fadas viam os humanos como meros fantoches, como simples canais para se extrair os sonhos ou até mesmo pesadelos. As mentes impressionáveis dos mortais não podiam se defender da paixão e ira inconstantes dessas criaturas quase divinas. Assim como aprenderam a sonhar os humanos também aprenderam a temer os sonhos. Esse medo acabou se tornando a ruina das fadas, pois, a medida que a Idade de Ouro dava lugar a Idade de Prata, Bronze e Ferro que vieram na sequência, os humanos foram aprendendo a se proteger de seus temores. Esse ato de segregação do Sonhar em relação ao reino dos mortais e produziu o fenômeno conhecido como a Separação.

A Separação

Tem quem diga que a Separação iniciou na Idade de Ferro, quando os seres humanos aprenderam a arte da forja e manufatura de armas duráveis que eram capazes de infligir ferimentos atrozes aos inimigos, tantos mortais quanto imortais. Outros juram que, logo ao aprenderem a sonhar, os humanos aprenderam a duvidar dos sonhos e a negar durante todo o dia os fantasmas que assombravam as noites. Tribos foram se tornando comunidades sedentárias e as cidades passaram abrigar os humanos em um só lugar, cercando-os com casas de pedra ou madeira.

A própria realidade passou a se acomodar a uma forma imutável. Os Sonhos – e os Verdadeiros Sonhadores – tornam-se a exceção, e não a regra. Pouco a pouco o reino dos mortais e o Sonhar começaram a se distanciar conforme os humanos ergueram barreiras de descrença e muralhas de explicações entre eles mesmos e as criaturas produzidas por suas próprias imaginações. Porém, o mal já estava feito.

Uma vez que o poder de sonhar foi dado aos seres humanos, não era mais possível tomar de volta com facilidade. Outrora as fadas eram responsáveis por controlar as visões dos homens e das mulheres, mas agora se viam ligadas eternamente aos sonhos dos mortais. Suas vidas passaram a imitar a sociedade a sua volta e logo começaram a espelhar os sonhos da humanidade em desenvolvimento. Os chefes tribais das fadas se transformaram em reis, os guerreiros feéricos assumiram o aspecto de cavaleiros, e as terras das fadas passaram a ser feudos e estados. Do mesmo modo, as guerras e os conflitos entre as tribos humanas – agora nações emergentes – jogaram seus reflexos sombrios no Sonhar.

As Brumas e a Separação

Por fim, as fadas lançaram defesas para se proteger das visões indesejáveis da sociedade mortal. As Brumas vieram anuviar as mentes dos mortais para que os sonhos não infiltrassem em Arcádia. Isso acabou separando ainda mais.

Até que chegou a Inquisição, em 1233, a Separação nunca foi tão forte, pois os puristas doutrinários da Igreja eliminavam da existência todos os elementos sobrenaturais indesejáveis onde existia qualquer menção ao mundo das fadas. Com o intuito de se proteger da forca e da fogueira, as fadas se deslocaram para os confins do Sonhar. Em alguns casos até se isolavam completamente do mundo mortal ou limitavam o trânsito entre as fronteiras dos dois reinos a certas épocas do ano. Por exemplo, durante o Samhain (Véspera do dia de Todos os Santos), Beltane e a Véspera do Solstício de Verão. Outras fadas tentaram a sorte nos trods, abandonando seus lares na Europa em busca de novas terras ainda intocadas pela Banalidade.

Por fim

Fico por aqui, no próximo continuo a falar sobre a Fragmentação, temos muito caminho até o fechamento dos Portões de Arcádia. Que os dados sejam bons com vocês e não deixem de conferir outros textos do Liga das Trevas no Movimento RPG.

Crônica O Legado de Dédalo Capítulo 5

“O Legado de Dédalo” é a crônica “crossover” de “Mago A Cruzada dos Feiticeiros” com “Mago A Ascensão” e tem como proposta se passar permutando entre o Renascimento e os tempos contemporâneos. Eu fiz essa crônica, para ser a minha crônica de Mago da Tecnocracia e Ordem da Razão definitiva. E ela tem alto padrão de qualidade, sendo bastante superior a da “Tecnocracia do Rio de Janeiro”, minha primeira crônica de Mago, que foi interrompida.
Dessa forma, Crônicas são ótimas referências de jogo e oportunidades de curiosos aprenderem sobre Mago (e RPG de forma geral) de uma maneira imersiva e divertida.

Sinopse

Em 1494 a França entra em guerra com a Itália e a cidade de Florença é atacada. A capela da Ordem da Razão “Asas de Ícaro” esconde em suas vastas bibliotecas o segredo da localização do Santo Graal. Após um ataque das Tradições, uma cabala de Dedaleanos florentina é formada para procurar o artefato. Mais de 525 anos (2020) depois, em São Francisco, Califórnia, EUA, a Tecnocracia reúne um Amálgama de agentes Iluminados para se conectarem ao Animus, uma máquina que permite eles reviverem as memórias de seus ancestrais e tentarem assim descobrir a localização do perdido Santo Graal nos tempos atuais.

Detalhes 

A crônica ignora os RPGs “Changeling O Sonhar”, “Aparição: O Oblivion” e “Demônio A Queda” tratando esses sobrenaturais como Umbróides e tendo um lore diferente dos RPGs citados. O sistema usado na época da Renascença é o “Mago A Cruzada dos Feiticeiros” com as Esferas do Mago Revisado, já nos tempos atuais é usado o sistema do “Mago A Ascensão” Revisado com algumas regras do M20. Foram usadas em ambas as épocas mecânicas de combate “da casa”.

A Esfera Dados foi resumida a um paradigma de Correspondência; assim como Ciência Dimensional e Utilidade Primordial foram resumidos a paradigmas de Espírito e Primórdio respectivamente. A Tempestade de Avatares (também conhecida como Anomalia Dimensional) não afeta a Penumbra nesta crônica.

Outro detalhe é que foi dada muito mais liberdade com relação ao paradigma Dedaleano do que é permitido oficialmente no livro Order of Reason. Então não estranhem se virem uma mistura de ciência com misticismo.

Aviso: O texto desta página contém sátiras. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Link do Capítulo 1

Link do Capítulo 2

Link do Capítulo 3

Link do Capítulo 4

Capítulo 5

A sessão começa mostrando o que aconteceu com Boca Torta enquanto o resto do Amálgama conduzia a investigação. Michael havia ficado sabendo sobre um acidente de carro envolvendo sua irmã adotiva, Jocasta, e dirigiu para o local para ver o que tinha acontecido. Enquanto a ambulância levava a irmã para o hospital, ele utiliza suas deduções investigativas (efeitos de Tempo e Correspondência) para entender o motivo do acidente e conclui que Jocasta estava alcoolizada. Depois, no hospital, os dois conversam sobre o acidente e Jocasta se defende ofendendo Boca Torta e dizendo que ele era o queridinho dos pais e por isso não tem o direito de mandar na sua vida.
Michael Boca Torta

O encontro com o Controle

Boca Torta adormece em frente à cama de Jocasta e acorda em uma sala de interrogatório escura com uma câmera o observando e um braço metálico com uma seringa conectado. Ele é interrogado pelo que parece ser o Controle enquanto está imobilizado e eles fazem perguntas referentes ao sonho de Michael e o Santo Graal. Depois, injetam algo em seu braço. O pesadelo termina com Boca Torta acordando no hospital. Ele checa seu ombro e não vê nenhuma marca, mas sabe que algo aconteceu em um lapso de tempo naquela noite. Sem mais o que fazer, parte para a Oxford Analytics.

O Contato de Elias

Entrementes, Elias Romb, médico Progenitor liga para seu contato na TI do exército, o sargento Guile e pede para que ele investigue o paradeiro de Vidic. Guile por sua vez pede todas as informações que eles já têm para poder fazer progresso.

O vídeo da segurança

Bizongoo, retornando de seus afazeres, e Boca Torta, vindo do hospital, chegam ao Laboratório de Carter. Ambos são deixados a par das últimas informações e assistem ao vídeo da segurança do prédio de Vidic em que o agente Johnson aparece, dessa vez com legendas para a leitura labial realizada pelos Espiões de Carter. Johnson no vídeo diz que Vidic precisa vir com seus agentes, pois o Controle acredita que ele está em perigo.
Guile retorna para Elias com a notícia de que não apenas identificou a placa do cadillac preto do vídeo de segurança de Vidic como descobriu que aquele carro sofreu um acidente quase duas semanas atrás. Pegando as informações do acidente, Boca Torta revive mentalmente como aconteceu e supõe que foi a batida de uma caminhonete que matou os homens de preto que estavam no carro. Vidic sobreviveu.
Depois de muito ponderar o grupo planeja a investida contra o rancho de Campbell. Eles cogitam usarem a polícia mortal ou se dividirem em duas equipes de forma que uma distraia Cole enquanto eles entram no rancho e resgatam Vidic. Mas, acabam decidindo infiltrar o Agente H munido de Procedimentos antidetecção de Mente e Primórdio, enquanto ele entra invisível e em forma etérea. Através de um Instrumento fornecido por Timelaw depois de o grupo fazer um último pedido de Requisições, eles planejam teleportar Vidic quando o encontrarem.

O Vampiro

Antes de saírem da Oxford Analytics o Amálgama se sente “observado” e verifica se algum efeito de Correspondência está ativo ali ou nas redondezas, mas nada é detectado.
Partindo em dois carros, a equipe é parada na estrada de São Francisco por uma caminhonete e um carro e criminosos disparam contra os veículos dos Tecnocratas, enquanto um fantasma de um homem pálido gordo de aproximadamente 60 anos envolto em sombras aparece para dar um comando para Bizongoo matar Boca Torta. A Dominação falha, e em ato reflexo, Boca Torta volta no tempo com “Dobra Temporal” e pega um desvio antes de ser atacado pelos bandidos. O fantasma do vampiro repete a mesma ação e obtém uma falha crítica, deixando Bizongoo imune pelo resto da noite. Os Tecnocratas escapam se afastando do local.

No rancho

Horas depois eles chegam a dois quilômetros do rancho de Campbell e despacham o Agente H. Este vai até o rancho e encontra um garoto, um padre, e um homem de bigode além de Cole na sala de estar. Ele desce para o porão para procurar Vidic, mas não encontra o Iterador lá. Apenas uma algema presa à adega e solta na outra extremidade. Vasculhando o rancho todo o Agente H não encontra nenhum sinal de Vidic, depois de 2 horas de investigação.
Paralelamente, Ângela, namorada de Carter e atriz de cinema liga para o agente do Sindicato, mas não é atendida. Ele responde em mensagem que está trabalhando e ela fica irritada. Os Tecnocratas suspeitam que Vidic não esteja mais lá na casa, já que Drake está demorando. Boca Torta usa um Procedimento de Tempo para deduzir que a caminhonete e o carro que estão estacionados lá só entraram com Vidic e não saíram. Elias desconfia que eles retiraram Vidic do rancho por Correspondência (Física Quântica).
O Agente H retorna e sugere que eles voltem para o Laboratório e só retornem a 1 da manhã do dia seguinte, enquanto ele vai ficar de olho em Cole…

Para ler mais posts de Mundo das Trevas clique aqui, e para ler mais posts de Mauricio Canavarro acesse o blog Torre Tecnocrata. Lá você também pode encontrar o resto da história da Crônica.
Confira também os livros que estou vendendo na loja da Torre Tecnocrata

O Livro de Nod III: Lilith

Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo e ser dominada por ti? […] Eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.” – Alfabeto de Ben-Sira

Continuando nossa série sobre o Livro de Nod, hoje vamos falar sobre uma das figuras mais misteriosas do lore do Mundo das Trevas: Lilith.

Há uma forte associação entre Lilith e a cosmogonia descrita em Gênese. 

A Mãe Sombria

Lilith é uma figura associada à mitologia judaica, com raízes que podem remontar até a cultura mesopotâmica e se estendem até a cultura europeia ocidental, ao ocultismo moderno e, por que não, à cultura pop.

Porém, há uma razão para eu ter usado a palavra “podem” no parágrafo anterior. A verdade é que a figura de Lilith não é tão sólida quando se trata de referências da antiguidade. Seu nome aparece poucas vezes em textos religiosos, e em certos textos aparece no plural (liliyyot), como se fosse um tipo de criatura, e não um ser único. Algumas vezes esta palavra aparece traduzida como “coruja”, “pássaro noturno”, “vampiro”, “animal noturno”, demônio noturno” e até “lâmia”.

A fonte mais conhecida e que dá origem ao mito mais ou menos como chegou até a cultura pop vem de um texto árabe medieval escrito entre os séculos VIII e XI chamado Alfabeto de Ben-Sira. O texto apresenta Lilith  como primeira esposa de Adão, que foi expulsa do Éden ao se recusar a ficar por baixo na hora do sexo.

Porém, o Alfabeto de Ben-Sira é um texto satírico. Uma espécie de paródia do estilo religioso de vários textos sagrados, temperado com um pouco de heresia e sacanagem. Não é a fonte mais confiável para saber como Lilith era retratada oficialmente pelas religiões medievais, apenas que possivelmente estava viva em alguma tradição oral não registrada.

Lilith chega a ser apresentada como uma deusa tríplice no suplemento Gehenna. Suas três faces são Sofrimento, Intuição e Escuridão.

Lilith e Caim

O Livro de Nod trata Lilith como uma entidade única, que acolhe Caim durante seu exílio (já falamos sobre isso). Ela compartilha com ele seu poder através do sangue, e ensina algumas disciplinas vampíricas. O livro inclusive lista Ofuscação, Dominação e Presença como dádivas ensinadas por Lilith. No caso, Caim teria desenvolvido Potência, Rapidez, Fortitude, Proteanismo, Animalismo e Auspícios após despertar com o sangue dela.

Uma coisa que o texto parece sugerir o tempo todo é que Lilith é uma espécie de mago. Ela diz coisas como “ao contrário de você (Caim), eu despertei”, e “eu enxergo as linhas fiadas ao seu redor”. Inclusive, ao falar dos poderes dela, ele usa a palavra “Mágicka”, do mesmo jeito que é grafado em Mago: A Ascensão.

Porém, uma teoria mais ousada poderia sugerir que a palavra “Lilith” realmente se refere a um tipo de criatura, talvez uma classe de demônios, e que os vampiros conquistaram seus poderes após contato com estes supostos seres. Nem tudo no livro de Nod deve ser entendido literalmente, afinal. Além disso, a história dos anjos aparecendo para Caim e amaldiçoando-o com as fraquezas vampíricas aparecem exatamente no momento que Caim bebe o sangue de Lilith.

Nem demônio nem mago, na verdade Lilith é um final boss roubadão!

Por Fim

A história de Lilith no Livro de Nod é, assim como na historiografia dos livros religiosos da antiguidade, incompleta, fragmentada e misteriosa. O ponto de vista dela aparece em outro texto sagrado dos vampiros chamado Revelações da Mãe Sombria (quem sabe, no futuro, podemos fazer uma série de textos sobre este livro também). Até lá, você pode conferir nossos textos sobre Demônio: A Queda para temperar suas crônicas “Lilithescas” .

Bom jogo a todos!

A Inquisição das Sombras – Idade das Trevas

Vampiros espreitam, caçando sangue pulsante. Lobisomens criam seus cultos pagãos nas florestas e lugares ermos. Magos e bruxos conjuram feitiçarias em claro desafio a Deus. Fantasmas e demônios possuem os inocentes. A noite medieval é cheia de perigo sobrenatural para os meros mortais.

Mas eles não estão completamente indefesos. A Santa Inquisição Contra o Diabo e Outros Demônios é um braço secreto da Santa Igreja, ordenada pelo Papa e liderada pelo Cardeal Marzone. Os santos guerreiros da Inquisição tem a difícil tarefa de salvar as almas do rebanho das tentações dos demônios e abater qualquer um que se atrever a vagar fora do Inferno.

Treinados, e armados de astucia, aço, fogo e fé, esses homens e mulheres são a única chance que muitos mortais na Idade das Trevas têm contra o sobrenatural.

Santos e Pecadores

Os inquisidores são divididos em ordens: três monásticas, duas seculares, que cooperam entre si para lutar contra as trevas.

As três ordens monásticas são:

Cavaleiros do Acre: Os Pobres Cavaleiros da Cruz do Acre, como são oficialmente chamados, são guerreiros monges, geralmente recrutados de filhos da nobreza que se destacam marcialmente, eles são as espadas e escudos da Inquisição.

As Irmãs de São João: As irmãs são abençoadas (ou amaldiçoadas alguns dizem) com visões e premonições terríveis, uma ordem benevolente, muitas irmãs enlouquecem devido a seus dons.

A Ordem Vermelha: A Ordem de São Teodósio é conhecida pelos seus estudiosos e curiosidade, curiosidade que muitas vezes pode ser considerada corrupção. Se não fosse pelo fato que muitos dos seus membros são estigmatas, um sinal de aprovação divina, eles provavelmente seriam dissolvidos.

As duas ordens seculares são:

A Casa Murnau: Uma casa nobre originaria da Bavária, seus membros são capazes de sentir e farejar o mal e criaturas sobrenaturais, amaldiçoados por isso, eles se juntaram a Inquisição para fazer útil seus talentos.

Oculi Dei: A Espada de São Santiago era uma organização espiã dedicada a catalogar e encontrar as criaturas do mal, mas recentemente foram convocadas a servir a Inquisição, emprestando seus talentos e suas vastas redes de contatos.

Fé e Danação

A Fé é essencial aos inquisidores e muitos deles são capazes de manifestar milagres ou fenômenos que hereges poderiam chamar de sobrenaturais. Cavalheiros do Acre são capazes de sobreviver uma lança trespassada no corpo, Irmãs de São João são capazes de curar com seus coros e nobres Murnau farejam mal e corrupção sempre que ela encontram.

Mas, ironicamente, esses mesmos dons trazem maldições. Irmãs de São João são avassaladas por frenesis proféticos, monges da Ordem Vermelha tem as palmas da mão feridas como as palmas de Cristo, além de muitas outras ocorrências.

Não é certo porque isso ocorre com aqueles que mais tem fé. Muitos acreditam que é um sinal da desaprovação de Deus com os pecados do Inquisidor. Outros acreditam que é apenas um martírio a mais no caminho da Santidade.

Convicção e Piedade

Além de todas essas coisas, aqueles que lutam contra o mal tem que tomar cuidado para não caírem nas trevas também. Um inquisidor sempre tem que equilibrar seu amor por Deus e seus dogmas contra a ardente luta contra o mal e o pecado,. Caso contrário, ele se torna insensível e cruel, a missão importando mais que os ensinamentos da escritura, destruir os demônios mais importante que os inocentes no caminho.

Essa é a grande tragédia dos inquisidores. A constante luta para manter aFé e humanidade enquanto luta com males que nenhum homem ou mulher deveria testemunhar.

Despedidas

Me despeço agora, educando a vocês sobre esses mortais armados de fé. Que seus inimigos nunca o peguem desprevenido e que a Besta nunca obscureça sua razão. E não se esqueça de conferir os demais posts da Liga das Trevas.

Até mais.

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