Educação e RPG #01 – Origem

Este escrito faz parte de um série de pergaminhos da biblioteca urcêsca, os quais trazem relatos referentes as minhas experiências com RPG na educação. Seja ensino, aprendizado, propostas ou testes. Narrarei toda a Jornada, desde o Condado até Mordor e futuras perspectivas. Talvez tais dizeres posso agregar mais uma ferramenta aos mestres, ideias aos aprendizes ou simplesmente entretê-lo caro leitor. Então sem mais delongas, agracie-se!

O Mago Bate à Porta

Já possuía a experiência de jogar e mestrar RPG, cursando início da graduação de Licenciatura em física, estava adentrando o fantástico mundo dos eventos acadêmicos. Tive a possibilidade de participar do VI Encontro Estadual de Ensino de Física nas longínquas terras de Porto Alegre em meados de 2015. Lá, sábios mestres antigos estavam ministrando um culto para que estudiosos pudessem aprender a utilizar a antiga arte do RPG nos coliseus sanguinários conhecidos como salas de aula. Esses sábios eram conhecidos como Diego Sabka e Alexsandro Pereira. Trovadores de alto poder carismáticos devotos da utilização de novas práticas mais lúdicas no ensino.

A Proposta

Sua proposta era simples, mas geniosa! Usar o Role Playing Game como uma ferramenta de ensino. Mas como fazer isso? Como inserir aqueles seres infames do alunado no conteúdo por meio do RPG? E é bem isso mesmo, inserir eles, inserir em um mundo imaginário baseado no real. Os sábios trouxeram e testaram em nós um cenário de Revolução Industrial. Tal ambiente fora disposto na Inglaterra, durante a segunda metade do século XVIII. Ó! Que cenário rico de eventos, fenômenos e relações, bárbara escolha.

O Jogo

Os sábios incumbiram a nós de formar os personagens condizentes com era estabelecida baseado em nas funções de cada um. Algo similar as classes dos sistemas mais tradicionais. Alguns eram Patrões, outros mecânicos, jornalistas, operários e por aí vai. Enfim, vivemos um RPG puramente focado no Role Play, sem dados e in live. Se não estiverem todos de acordo, a história não evoluía, puramente cooperativo, mas com suas mudanças e evoluções.

Evoluções estas que podem ser percebidas nos mais variados e abstratos fenômenos e detalhes. A organização da recente profissão de operários, greves e acordos com patrões, culminando até nos primeiros sindicatos desses profissionais. Bem como o aperfeiçoamento de mecânicos gerando consequentemente o aperfeiçoamento da tecnologia, o que possibilitou surgimento das interações de engenheiros. A mostra do imenso poder político da imprensa, ainda mais em uma época na qual gazetas diárias são a principal fonte de informação geral da população.

O avanço da história causada pelo progresso de ações dos personagens é guiado, pelos mestres sábios. Eles apenas fazem questionamentos, simples questões que não passam de três frases por intervenção. Isso para que interferissem o mínimo possível nos acontecimentos ali representados por uma guilda de estudantes aspirantes a mestres.

As Percepções

Os grãos da ampulheta escorriam rapidamente pela sílica antes aquecida e limitava o tempo que tínhamos. Devido a isso os sábios optaram por fazer uma aventura com passagem acelerada da linha temporal afim de ainda poder analisar em conjunto o exercício recém realizado. Muito se foi feito ali, mas já era hora de sentarmos ao redor da fogueira e prosear sobre tudo que acabamos de viver. Em meio a prosa, pensamos, concluímos e demos ideias para que os próprios sábios alterassem seus métodos dentro de suas vertentes na educação.

Em meio ao exercício já ficara claro que as áreas a serem estudadas eram história e relações sócio-políticas. Informação que não obtivemos antes do jogo e esse foi o primeiro ponto destacado. Não é preciso alertar sobre tudo o que será vivido, nós perceberemos aos participar, de forma orgânica e em um pensamento próximo do real, compartilhando áreas, até pode-se dizer que seja multidisciplinar, não está claramente separado como as gavetas de um empoeirado arquiva da velha biblioteca élfica que muitas vezes a educação comum nos leva a crer.

A Alquimia

Naturalmente surgiu a possibilidade de agregar mais áreas de conhecimento nessa forma e mesmo cenário de estudo. O exemplo citado foram as próprias ciências naturais, contemplando física, química e biologia no funcionamento das rústicas máquinas térmicas movidas a vapor pressurizado extremamente presentes no cenário.

Outra questão levantada fora a necessidade de instruir os alunos sobre classes as quais iriam jogar previamente para que possam se localizar no jogo. Contudo, isso não ocorreu conosco pelo pequeno arco solar que nos era disposto e por serem todos graduandos ou mestrandos. Estes considerava-se já possuir tais conhecimentos. Indicamos a possibilidade de que as escolhas de funções serem lançadas à sorte. Assim e com um acompanhamento próximo buscar evitar conflitos que podem ocorrer devido a falta de maturidade de certos aprendizes. Isso é compreensivo já que o quarto ponto ressaltado foi que devido a flexibilidade da ferramenta ara vários objetos de estudo e ensino, é possível utilizar com diversas faixas etárias e séries graduais.

As Referências

Apontamos referências da cultura pop que poderiam ser relacionadas para facilitar o entendimento dos aprendizes, ou indicar e até mostrar a eles. Sem dúvida nenhuma o icônico filme “Tempos Modernos” de 1936, dirigido pelo gênio mudo Charlie Chaplin foi o mais indicado e comentado para ser repoduzido em sala de aula. Muitas vezes utilizado dentro da educação formal, exatamente para ilustrar essa época de uma forma um tanto cômica. Colegas citaram várias outras obras de temática SteamPunk, incluindo literaturas áudio visuais e escritas.

A Continuação

Se dependesse de nossa guilda, brevemente formada, e de nossos mestres sábios, as conversas perdurariam numerosas luas, contudo o evento precisava encerrar. Ali finalizamos com algumas citações e pensamentos interrompidos. Tentamos trocar endereços de corujas mensageiras, mas infelizmente não foi o suficiente. Perdi o contato tanto dos sábios quanto dos demais colegas daquele curso, mas os ensinamentos levei comigo. Eventualmente, modifiquei metodologias, adicionei conteúdos, criei cenários e os apliquei. Preparei e planejei alguns, mas não foram botados a prova…. Ainda!

Este escrito é apenas introdutório, um prólogo de aventuras que trarei aqui no Movimento RPG. Logo teremos mais composições referentes a jornada que percorri e percorro utilizando essa bela magia capaz de ensinar por meio do RPG. A Educação é um dúbio de ciência e arte, então acredito que podemos considere-la uma área de magia. Se quiser um pouco de spoiler dessa série basta escutar o Dicas de RPG #30

Até a Próxima Viventes!

Mais Vale uma Pedra na Mão do que duas nos Rins! Bebam Água e Doem Sangue!


Educação e RPG #01 – Origem

Autor: BearGod
Revisão de: Isabel Comarella

Um Sistema Prático e Dinâmico – Laser e Sentimentos

Laser e Sentimentos, ou Laser and Feelings no original em inglês é um sistema de RPG que preza pela simplicidade e criatividade, logo possibilita uma jogatina extremamente livre. 

John Harper desenvolveu o sistema para uma aventura espacial de sessão única, ou seja, nosso famoso OneShot. Por isso buscou ter pouca mecânica e muita interpretação, sendo de rápido aprendizado. Portanto, uma das ideias fundamentais é que os jogadores e o mestre possam explorar todos os limites possíveis. 

Ele é tão simples que é possível que esse artigo ser ironicamente mais longo que o próprio livro. Estamos acostumados com livros de RPG com cerca de 300 a 400 páginas. Perto de clássicos como Dungeons & Dragons, Vampiro ou até mesmo Gurps, o livro de Laser & Sentimentos acaba sendo um panfleto, um escudo do mestre com suas incríveis 2 páginas dispostas em forma de tópicos bem dinâmicos.

O sistema

Neste breve opúsculo, além de trazer como jogar, como criar o personagem e a nave, que serve como cenário e personagem de certa forma, também traz a possibilidade para o mestre gerar a própria trama rolando alguns dados nas listas de pontos para a trama. Para cada dado rolado podemos montar uma trama com uma ameaça, o que ela pretende, com ou contra quem ou onde e a consequência da derrota.

Criando o personagem

Criar o personagem é bem rápido e simples. São apenas quatro passos que devem ser seguidos. Para começar deve-se escolher um estilo de personagem que vai de alienígena, a androide sensual. Depois escolhe-se a função dele, que pode ser cientista, piloto e até diplomata. O terceiro passo é escolher um número de 2 a 5 ou rolar um d6. Esse número vai determinar as características proficiente do personagem. Números altos significam que ele será dos Lasers, ou seja, tecnologia e calma, se for baixo, será dos Sentimentos, emoções, ações selvagens. Daí o nome do Jogo. O quarto passo e não menos importante é escolher, como o próprio livro diz, um nome bem irado de aventura espacial, e indica Faísca da Silva por exemplo.

A nave

A nave é para ser o cenário do jogo, contudo, o mestre pode utilizá-la até mesmo como um personagem pela forma com o que o sistema a traz. Para a criação dela é necessário o mestre fazer três escolhas: uma qualidade, um defeito e um nome para ela ou ele. A nave pode conter uma inteligência artificial como Jarvis do Homem de Ferro, sendo extremamente inteligente para estratégias e mapeamento do universo. Mas a nave pode ficar com medo e congelar quando há alguma batalha. O defeito e qualidade não necessariamente devem ser interligados, pode ser simplesmente uma nave muito rápida, mas que tem má reputação ou as fiações são gambiarras e as luzes ficam piscando. O que vale aqui é a criatividade. A Nave pode ser o cenário de toda a trama, mas também podem haver batalhas com outras naves, isso vai depender do mestre e dos jogadores.

Como jogar

Depois de criar tudo de forma bem maneira bora para o game. Boa parte do jogo será no Roleplay, na Interpretação. Apesar disso haverá momentos de complicações, em que será necessário rolar os dados para conquistar o sucesso. Nesse caso, qualquer um pode rolar 1d6, mas se for em algo que esteja preparado de certa forma ganha 1d6 adicional e se for especialista na função, ganha outro 1d6 adicional. Lembra daquele número do seu personagem? Então, para ações de Laser a ideia é tirar no dado um valor menor que o seu número para sucesso, se for ação de Sentimento precisa de um valor maior que o seu número. 

Com 3 dados eu somo os valores?

Não! Assim ficaria muito fácil, mandrião! São contados individualmente. Se nenhum dado alcançou sucesso, obviamente é uma falha; se um dado conquistou sucesso é uma falha com alguma complicação, dano ou até custo; dois dados é um sucesso decisivo, sem falha nenhuma, nota 10; se conseguir a proeza de ter sucesso em três dados, além do sucesso o mestre narra um efeito positivo a mais. 

Se porventura em algum dado acertar exatamente o número do seu personagem, é como se tirasse um 20 natural, você terá um Sentimento Laser. Isso é quase como um estalo, um vislumbre de percepção completa do momento e então o mestre te responderá uma pergunta de forma honesta. 

Ah! Se alguém do grupo quiser ajudar a pessoa, deve avisar antes que ela lance os dados, porque adicionará um 1d6 a mais na rolagem.

Combates e armas

Bom esse sistema não prevê combate, pontos de vida, ou outras complexidades.

Mas RPGista é RPGista! 

A comunidade desenvolveu algumas mecânicas e adereços que podem ser adicionadas ou fazer modificações. Uma das ideias é utilizar o sistema para um RPG investigativo que pode ser OneShot ou levar diversas sessões. Trazer para cenários atuais, anos 20 e até idade das cavernas. Apenas alterando os estilos e papéis dos personagens. Introduzir uma mecânica de Combate definindo dano prévio por dado e quantos dados a arma lançará, sendo que cada acerto a mais, incluí mais dano, como mostra a tabela abaixo, sendo o primeiro acerto antes da barra e os adicionais depois da barra:

Fonte: Guaxapédia

Use essa tabela para se basear e criar novas armas próprias! 

Pontos de vida

Os pontos de vida, todos começam com 4 e se atingirem metade, receberão penalidade de -1 nas rolagens para deixar ainda mais simples pode utilizar o Mecânico Vs. Mental, em que para ser ação física tem que rolar abaixo do número e ações mentais acima do número do personagem. O que facilita bastante em aventuras policiais. Como todo RPG o mestre definirá esses termos de acordo com os jogadores.

Particularmente eu sou apaixonado por esse sistema pela possibilidade de criar, de agir, de interpretar. Pela liberdade que ele dá. Como a ideia é ter mesmo pouca mecânica para ter mais Roleplay e ser fácil de aprender, tomo como o melhor sistema de entrada para um RPGista Novato. Sinto que o que mais falta para a galera nova é a possibilidade de interpretar, o incentivo a isso. Como começam em jogos que já tem um certo nível de mecânica ficam, infelizmente, presos a isso. Como o nome já diz… Role Playing Game é um jogo para se interpretar, não para ficar preso a números e dados. Por isso digo que quanto mais simples e mais dedicado ao Roleplay for o sistema, melhor ele será para introduzir um iniciante no maravilhoso e deslumbrante multiverso do RPG. 


Laser e Sentimentos – um sistema prático e dinâmico

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Autor: BearGod. Siga o Twitch do autor também.
Revisão de: Isabel Comarella

 

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