Rpgista desde os saudosos anos 90, mais Narrador que Jogador.
Podcaster do Machinecast, Filósofo e metido a escritor.
Lupino da Liga das Trevas e aventureiro do mundo fantástico de Arton.
Prefere Lobisomem a Vampiro, tem preguiça de D&D e considera 3D&T um dos melhores sistemas de jogo.
Matilha (do original Pack, que seria mais Alcateia na verdade…) é a junção ou grupo de Garous, abençoados por um Totem em comum, e que se unem em prol de um objetivo maior.
Muito diferente dos clássicos grupos de RPG medieval, as Matilhas são ao mesmo tempo uma ferramenta narrativa e uma forma de socialização da Sociedade Garou.
A MATILHA
Enquanto Tribo, Raça e Augúrio são determinações do nascimento, a Matilha é uma determinação da vivência.
Uma Matilha é uma união forte, poderosa, e acima de tudo, opcional.
Mesmo que eventos intrínsecos levem Garous a se unirem, essas “uniões momentâneas” não são de fato consideradas a criação de uma Matilha, e sim apenas um grupo.
Uma Matilha é para a Sociedade Garou como a família que acolheu e aceitou Garous como irmãos/irmãs e extensões de si.
Uma Matilha é coesa, harmônica, confiável, funcional.
Formar uma Matilha não é simplesmente juntar os personagens e pronto, está formada.
É uma ótima oportunidade para fortalecer laços, criar vínculos, explorar pontos fracos e fortes e focar na narrativa individual de cada pessoa jogando.
TOTEM DA MATILHA
Em termos de regras, quem de fato faz a junção da Matilha é o Totem.
O Totem é um poderoso Espírito, seja ele animal, elemental ou força primordial que guia, aconselha e protege a Matilha.
O Antecedente Totem pode ser usado tanto para personagens de forma individual, quanto para toda a Matilha.
Para pontuar o Totem da Matilha os pontos de todos os personagens no Antecedente são somados e utilizados para determinar o nível de poder do Totem da Matilha.
Vale lembrar que, assim como dogmas que precisam ser cumpridos referentes ao Totem da Tribo, os dogmas referentes ao Totem da Matilha também devem ser seguidos por todos os personagens que fazem parte dela.
Um Totem será tão poderoso quanto o investimento em pontos que a Matilha fizer nele (e abordaremos os Espíritos um pouco mais à frente por aqui).
MAIS DO QUE MIL, SOMOS UM
Entre as vantagens de ser uma Matilha, podemos colocar o fato de como as personagens se encontram no mundo.
O cenário de Lobisomem: o Apocalipse apresenta muitas formas de quebrar e fragilizar ao extremo as personagens de jogadores em geral.
Subitamente as personagens veem seus mundos mudar por completo, perdem a ligação com o “mundo humano”, se encontram com seu lado espiritual, e são jogados em uma batalha que até então desconheciam.
E como se isso tudo não bastasse, ainda se veem enfrentando preconceitos de Tribos, Augúrios, Raças e até mesmo particularidades de sua prévia vida humana/lupina.
Dessa forma, a Matilha se torna a “família” de fato.
Esse nível de aceitação, cumplicidade e parceria supera os “vínculos afetivos” do mundo humano ou que previamente poderiam ter sido estabelecidos.
DIFERENTES, MAS NEM TANTO
Embora muitas pessoas pensem que o que forma uma matilha funcional sejam as diferenças, a prática é muito diferente disso.
O que muitas vezes forma uma Matilha funcional e assertiva, são a capacidade de aceitar as diferenças, a humildade de reconhecer os pontos fortes e a confiança de que o restante da Matilha estará lá para cumprir seu papel.
Muitas vezes as matilhas são formadas por Garous de diferentes Augúrios, de forma que suas funções e seus papéis sejam bem definidos e delimitados.
Mas nada impede que uma Matilha de um único Augúrio exista e se fortaleça.
Ao fim, o que pode ser notado é que muitas vezes uma Matilha é formada mais por personagens que se assemelham e se completam, que por personagens que “tapam buracos com suas diferenças”.
Espero que esse texto tenha te ajudado a entender a ideia das Matilhas, e já que você está por aqui, que tal acompanhar a primeira parte da nossa jogatina de Kult: Divindade Perdida? Ou então dar uma conferida no artigo do Diemis Kist sobre Shadowrun que tá muito bacana!
Saudações, Rpgista! Vocês já se preocuparou com Gatilhos durante as sessões ou narrativas?
Recentemente aqui no Movimento RPG começamos uma mesa de Kult – Divindade Perdida, com narração do Raull Galli, e um dos pontos que necessitamos debater antes de começar foi justamente sobre os possíveis gatilhos.
Esse debate fez parte do “Contrato do Horror”, que o Gustavo “Demon” explicou melhor AQUI.
O QUE SÃO GATILHOS?
Gatilhos são menções, atos, referências ou abordagens que “despertam” algum tipo de lembrança ou sensação, geralmente de forma negativa.
Lá no primeiro Off-Topic, falando sobre o Bleeding, mencionei sobre uma narrativa em que o tema Estupro foi abordado, e como isso gerou um Gatilho e um Bleeding que, por fim, acabaram sendo positivos.
E já comentei bastante sobre Bleeding aqui nos Off-Topics, e até lá no Podcast Dicas de RPG.
A grande questão é que nem sempre abordar ou trazer à tona algum elemento de Gatilho pode ser benéfico ou produtivo para as pessoas presentes.
Todos nós, enquanto seres humanos, temos nossas lembranças e momentos ruins, que preferimos esquecer.
Não raras vezes, nosso próprio subconsciente nos impede de acessar tais memórias para preservar nossa sanidade sentimental e psicológica.
E não existe uma fórmula do tipo “Gatilhos são assim e assado”.
Cada pessoa tem seu Gatilho, seus temas que prefere não abordar, suas limitações, e isso é normal!
ESTABELECENDO GATILHOS
O ideal é que, antes de iniciar uma sessão, ou de começar uma narrativa com novas pessoas, seja feito um bate-papo para que os limites e pontos frágeis sejam estabelecidos.
Não é nenhum demérito deixar claros assuntos, temas ou cenas que te deixam desconfortável de alguma forma.
O intuito do RPG é sempre o de divertir e alegrar, e convenhamos que ficar flertando com gatilhos não é nada divertido, né?
Reúna todas as pessoas que vão jogar, dê uma ideia do cenário e do tom de narrativa, estabeleça os principais elementos que serão abordados durante a jogatina.
E não se esqueça de pedir à todas as pessoas que vão jogar para que definam seus limites, assuntos e temas que devem ser evitados, e qualquer tipo de conteúdo que seja “desagradável” ao bom andamento da jogatina.
FUGINDO DE GATILHOS
Existem gatilhos que são inesperados.
Muitas vezes nós não sabemos que algum elemento ou cena podem nos fazer mal de alguma forma, e isso é normal.
O autoconhecimento é um processo constante, e muitas vezes é quando estamos submetidos à determinado evento ou fator que conseguimos de fato perceber o que nos faz mal ou não.
Se durante uma sessão algum ponto causar o mal estar, não se reprima: deixe bem claro que o ponto é incômodo, e se possível o por que desse incômodo.
Como eu disse antes, não é nenhum demérito estabelecermos esses pontos.
Evitar gatilhos em momento algum deturpa ou impede um bom desenrolar narrativo ou de jogo.
Precisamos prestar atenção nas pessoas ao nosso redor que estão jogando conosco, seja presencial ou online, para que tudo caminhe da melhor forma possível, e principalmente, de forma divertida.
COMO IDENTIFICAR GATILHOS?
Identificar os gatilhos é mais simples do que parece.
Sabe a sensação ao ver uma cena de um filme que causa desconforto?
Aquela sensação de choque ou perturbação que estragam a experiência de assistir a um filme?
Esse é um claro sinal do Gatilho!
Toda e qualquer situação, tema, cena, narrativa, uso de palavras ou termos que cause uma sensação de mal-estar e desconforto, que te tire da sua situação de tranquilidade, é um Gatilho.
Como esses Gatilhos variam de pessoa a pessoa, e alguns nós nem sabemos que temos, cabe a cada um de nós também prestar atenção a esses pequenos detalhes.
Nos causa incômodo, devemos deixar isso claro!
Para algumas pessoas são assuntos que envolvam políticas, para outras são os ligado à algum tipo de crime, e muitas não gostam de violência por exemplo.
O mais importante é identificar a sensação de desconforto. Ela surgiu, sinal vermelho!
VIDA LONGA À DIVERSÃO
Agora que os Gatilhos estão “na mente”, e que já temos a noção que precisamos prestar atenção neles, vamos colocar isso em prática.
Reúna-se com as pessoas que vão jogar com você, estabeleça os limites, verifique os pontos.
Defina sinais para notar gatilhos durante a sessão, ou sinais para parar.
Preservem sua diversão!
E já que falamos de Kult, conheça lá mais sobre o jogo AQUI, e confira também o que saiu na Liga das Trevas essa semana, que tá bem legal!
Dons são os poderes sobrenaturais que os Garous são capazes de usar.
Enquanto Vampiros podem fazer uso das Disciplinas e os Magos possuem suas Esferas para usar seus talentos sobrenaturais, os Garous aprendem seus talentos diretamente dos Espíritos e os chamam de Dons.
Os Dons variam de acordo com a categoria e tipo de Espírito que os ensina, mas podem rivalizar facilmente com outras habilidades do Mundo das Trevas.
DONS – PRESENTES DE GAIA
Como Garous são seres híbridos entre o Físico e o Espiritual, nada mais coerente que seus talentos e habilidades viessem diretamente de sua herança espiritual.
Sua harmonização com os Espíritos os permitem aprender o que chamam de Dons, habilidades que ultrapassam as capacidades comuns do mundo físico.
Ensinados pelos mais diversos Espíritos, os Dons variam nas mais diversas formas.
A critério de regras, os Dons são divididos em 3 categorias: Raça, Augúrio e Tribo.
Essa divisão é mais para ajudar a direcionar a narrativa e foco de conhecimento e afinidade espiritual, para “categorizar” quais habilidades e ensinamentos mais se assemelham aos ideais.
Isso é uma regra mais comum para a criação de personagem, e pode ser facilmente alterada durante as narrativas, já que dos Dons são ensinados, e não herdados.
Outra divisão dos Dons se dão quanto a seu nível de poder. Variando de 1 a 5, os Dons são limitados pelo Posto do Garou.
Um Garou iniciante (Posto 1) está limitado a aprender Dons de Nível 1, mesmo que possa aprender Dons que não sejam de sua Raça, Augúrio ou Tribo durante a narrativa.
O APRENDIZADO DOS DONS
Os Dons são habilidades e poderes que são, literalmente, ensinados pelos Espíritos.
É possível sediar toda uma história em torno de aprender um novo Dom específico, que pode ser essencial para alguma missão ou feito heroico.
Cada tipo de Dom está condicionado ao tipo de Espírito que o ensina, e por isso mesmo podem ser tão variados.
Enquanto Espíritos ligados à Weaver ensinam Dons que podem afetar a tecnologia e equipamentos humanos, Espíritos ligados à Wyld por exemplo podem conceder habilidades de manipular elementos da natureza ou até outros Espíritos.
Uma forma interessante de lidar com isso é fazer uso da jornada de aprendizado.
Para aprender o Dom, primeiro é necessário descobrir o tipo de Espírito capaz de ensiná-lo (o que por si só já pode ser um grande desafio).
Espírito encontrado, é necessário convencê-lo a ensinar essa habilidade. Espíritos tem vontade própria e visões de mundo que diferem dos Garous, e nem sempre estão dispostos ou aptos à ajudar.
E uma vez convencido a ensinar a habilidade, é necessário que o Garou aprenda. E se tem uma coisa que nem sempre é fácil, é dominar um novo poder ou uma nova habilidade.
Todo Dom pode requer tempo, estudo e prática para ser aprendido. Algumas vezes isso pode mudar, mas é sempre interessante explorar a jornada d aprendizado, principalmente para Dons de níves mais elevados.
USANDO OS DONS
Cada Dom é uma habilidade, técnica ou poder diferente.
Alguns Dons podem ser ativados através da Fúria, outros são abastecidos com Gnose, e outros necessitam do empenho da Força de Vontade.
Alguns Dons necessitam de um preparo ou de um tempo de ativação, como o Dom Garras Afiadas, que requer 1 turno para afiar as garras e aumentar o dano, e pode ser usado na forma Crinos.
O Dom que um Garou usa dita muito sobre quem e como ele é, dado a afinidade necessária com cada tipo diferente de Espírito para o aprendizado.
Diferentemente dos Fetiches, que são abastecidos com o poder dos Espíritos, os Dons são abastecidos com os atributos do Garou que o utiliza, e estão limitados à quanto esse Garou pode investir para serem usados.
DONS X OUTRAS HABILIDADES
Invariavelmente, esse questionamento apareceria: qual é mais forte? Dons de Garous ou alguma outra habilidade do Mundo das Trevas?
Minha humilde opinião? Não existe um mais forte.
Todos os poderes do Mundo das Trevas são, de certa forma, equilibrados.
Tudo vai depender muito da habilidade e inteligência de quem usa cada poder.
Vamos pegar por exemplo o personagem Noturno, dos X-Men.
Enquanto nos quadrinhos seu poder é mais explorado na sua versatilidade para furtividade e invasão, nos games vemos ela mais sendo usada para o combate.
Nas animações vemos pouco uso da habilidade de teleporte do mutante em combate, mas no filme X-Men 2, temos uma variação totalmente diferente do uso do seu poder.
E é o mesmíssimo poder, variando apenas a forma como ele está sendo utilizado.
Levando isso em consideração, o mesmo Dom pode ser fútil nas mãos de um Garou, e uma arma mortal nas mãos de outro, de acordo com a forma como é usado.
Os Dons são uma ferramenta narrativa excelente para aprofundar backgrounds, conduzir narrativas, gerar conhecimento sobre o cenário e familiarizar jogadores iniciantes no sistema!
Faça um bom uso dos Dons e dos Espíritos, e uma narrativa simples pode se tornar uma campanha épica!
Se quiser ver mais sobre as Disciplinas e os Vampiros que eu comentei, dá uma olhada no artigo do Raul Galli sobre Criação de Personagens. E se quiser variar um pouco a jogatina e conhecer outro cenário, que tal conhecer o Castelo Falkenstein? Por acaso eu fiz uma resenha do livro que você pode conferir aqui!
“No topo de uma montanha da Bavária, existe de fato um castelo, construído por um rei louco.
Um rei que imaginava histórias, com personagens reais e lendários que viviam grandes aventuras, travavam ferozes batalhas, criavam máquinas fabulosas.
Essa é a história de um mundo fantástico, onde você pode viajar no Nautilus com o Capitão Nemo, ajudar Sherlock Holmes a desvendar um mistério ou perseguir o Conde Drácula pelos becos sombrios de Londres.”
Castelo Falkenstein
Quando li essa descrição, devo confessar que minha empolgação subiu a níveis astronômicos!
Que cenário poderia ser mais divertido que um steampunk na Era Vitoriana, lado a lado com grandes nomes da literatura mundial?
Meu “Eu” criança que viveu altas aventuras ao lado desses personagens fictícios, que passou por vários sustos, se sentiu como um “pinto no lixo”, como diz o ditado.
E foi assim que resolvi me aventurar no mundo de Castelo Falkenstein para fazer essa resenha. E me perdoem fazê-la dessa forma, mas peço que acompanhem, pois em breve tudo será explicado.
CASTELO FALKENSTEIN
Falando sobre a parte técnica, Castelo Falkenstein foi originalmente lançado no mercado em 1994.
Escrito por Mike Pondsmith, mesmo responsável por Cyberpunk 2020, o jogo ganhou um Origins Award, além de ter sido um grande sucesso em seu lançamento!
Com um sistema de regras inovador (que logo logo já comento sobre), um cenário cativante e marcante, e ideias originais e inspiradoras, Castelo Falkenstein veio na contramão do que era explorado até então no mercado RPGista.
Dentre seus méritos, posso incluir sua originalidade. Ter um diferencial em um mercado tão vasto, além de oferecer uma nova forma de jogar RPG, sem dúvidas fez do jogo uma das melhores e mais inusitadas obras de todos os tempos.
Sim, isso mesmo: inusitada! Assim como essa resenha, o jogo é muito inusitado em sua proposta como um todo.
Desde a escolha da paleta de cores do livro à linguagem usada na escrita, passando pelo trabalho artístico e desenvolvimento de cenário, tudo no jogo é, no mínimo, inusitado, mas muito longe de ser ruim!
Castelo Falkenstein pode ser facilmente considerado um item obrigatório nas estantes de quaisquer RPGista que queira uma experiência diferenciada e divertida, com uma proposta de jogo única e original.
O CENÁRIO
O cenário de Castelo Falkenstein é a Nova Europa, um lugar que, em todos os seus detalhes, é um retrato real e oficial da nossa Europa no período conhecido como Era Vitoriana.
No nosso mundo real, a Era Vitoriana foi o período em que o Reino Unido foi governado pela Rainha Vitória.
Esse reinado, que durou entre os anos de 1837 e 1901, foi também conhecido como o período da Pax Britannica, época na qual uma grande paz tomou conta do reino, proporcionando assim a ascensão de inúmeros cientistas, pensadores e artistas.
O jogo, que se baseia exatamente nesse período histórico, toma a liberdade de imaginar como poderia ser o desenvolvimento desse mundo se a história corresse de uma forma levemente diferente.
A tecnologia steampunk tomou conta do mundo. Enormes e engenhosas máquinas à vapor fornecem todo tipo de funcionalidade, desde transportes às mais elaboradas engenhocas.
Como se isso não fosse o suficiente, figuras históricas reais, como Arthur Conan Doyle e Mary Shelley podem ser encontrados normalmente vivendo nesse mundo. Mais incrível ainda, é ver suas criações (como Sherlock Holmes e o Monstro de Frankenstein, respectivamente) ao lado deles!
E não apenas escritores e seus personagens podem ser encontrados! Grandes nomes da política (como Karl Marx), ciência (Charles Darwin) e medicina (Sigmund Freud), por exemplo, também estão lá presentes.
Isso já foi o suficiente pra eu me apaixonar por esse cenário e por essa ideia de jogo. Mas qual foi minha surpresa ao descobrir que até mesmo as figuras mitológicas mais famosas dos mundos de RPG também estariam presentes?
Além de todas as figuras históricas reais (e suas criações fictícias), é comum encontrar dragões, elfos, anões e muito mais por toda a Nova Europa.
REGRAS
Eis aqui o divisor de águas do jogo.
Claro que a proposta do cenário apresentada até então já é altamente convidativa e divertida. Porém, cenário sem regras é algo incompleto. E no quesito regras, assim como no cenário, o jogo quis fazer algo inovador e diferente do apresentado na época até então.
Serei obrigado a pedir desculpas a você que está lendo… vai parecer que meu testemunho de tudo que presenciei na minha jornada ficou incompleto, mas posso garantir que não!
Diferente de tudo que até então já havia sido proposto nos games de RPG, Castelo Falkenstein dispensa dados e fichas de personagens.
Sim, isso mesmo! Sem dados! Sem fichas!
No lugar disso, o jogo usa um sistema de cartas, que casa muito com o clima inventivo e explorador da Nova Europa.
Quanto as fichas, o jogo substitui por um sistema de diários, de forma que nós, jogadores, devemos ir roteirizando as histórias dos personagens (tal qual me arrisco fazendo agora). Esse recurso é tão importante no jogo, que até mesmo o livro é escrito dessa forma, já mostrando como tudo funciona diferente na Nova Europa!
Particularmente é um sistema um tanto difícil de descrever e explicar sem dar spoilers ou informações que possam estragar ou induzir à interpretações errôneas da proposta do autor. Entretanto, me cativou e chamou a atenção de imediato. Tanto que resenhar o livro é uma forma de me sentir jogando e vivendo aventuras na Nova Europa, junto de personagens que fazem parte da minha vida desde a infância. Portanto, vou me ater a apenas deixar vocês curiosos quanto a essa nova mecânica do jogo!
MAGIA, TECNOLOGIA, PRINCESAS
Apesar da tecnologia steampunk ser uma das principais características do cenário, lá também está presente a magia.
É muito interessante ver essa fusão de “história antiga” com “tecnologia moderna” e “mitologia” lado a lado e coexistindo. Essa visão de mundo e perspectiva de cenário faz toda a diferença.
Ao mesmo tempo que temos uma cidade idêntica à Londres do Século XIX, temos também uma cidade inteiramente habitada e regida por fadas e criaturas fantásticas.
Existem também inúmeras escolas de magia espalhadas por toda Nova Europa, que possuem diferentes níveis de importância, poder e influência (e de onde provavelmente muitas ideias de Harry Potter vieram).
Criaturas mágicas espalhadas por todo o reino influenciam em como as coisas se desenvolveram, inclusive para o lado maligno.
Assim como grandes engenhocas de metal e vapor existem para ajudar e desenvolver toda a Nova Europa, existem também verdadeiras Máquinas Infernais criadas por mentes insanas com propósitos dos mais nefastos.
Em meio a tudo isso, as mais clássicas histórias vitorianas ganham novas roupagens, e novas definições.
Ainda que tudo seja bem medieval e se baseie nas antigas formas de poder, com monarquias e títulos de nobreza, tudo ganha uma roupagem mais épica e heroica.
Me aventurar pelas páginas de Castelo Falkenstein me fez reviver inúmeras aventuras de livros, games, quadrinhos, filmes e muito mais. Seja como um herói de capa e espada rumando ao resgate de sua donzela, ou como um brilhante detetive investigando uma série se assassinatos bizarros, a aventura está lá. Seja lutando contra um poderoso dragão cuspidor de fogo, ou frustrando as maquinações de um insano cientista, o desafio está presente em cada página!
LÁ E DE VOLTA OUTRA VEZ
E essa foi minha jornada pelo Castelo Falkenstein!
Poder me aventurar por uma obra tão diferenciada, com uma proposta tão diferente do comum, me fez querer sair da minha bolha e da minha caixinha. Ao mesmo tempo que o sistema e o cenários são familiares e até, de certa forma, conhecidos, muita novidade e originalidade foi misturada ali, trazendo um verdadeiro novo mundo cheio de possibilidades. Se você ainda não conhece o Castelo Falkenstein, então sugiro fortemente que você vá agora mesmo no site da RetroPunk pra pegar o seu.
Criatividade, originalidade, excelente trabalho gráfico e artístico, regras inovadoras e divertidas e ambientação cativante e emocionante!
Encerro aqui os relatos de minha viagem, já me preparando para retornar à Nova Europa em busca de novas emoções e novas aventuras. Enquanto isso, que tal acompanhar o que anda rolando aqui no Movimento RPG? Recomendo dessa vez um artigo meu para a Liga das Trevas sobre a Tribo Portadores da Luz Interior!
Os Portadores da Luz Interior abandonaram a Fúria descontrolada e seguiram o caminho do equilíbrio completo.
A menor de todas as Tribos, expulsa de seu lar original, e diferente dos demais Garous. Assim são aqueles que optaram por seguir o caminho de Klaital Starcatcher.
UMA TRIBO DIFERENTE DE TODAS AS OUTRAS
A Tribo dos Peregrinos do Silêncio é a mais diferente de todas as Tribos da Sociedade Garou, ao mesmo tempo que tem também semelhanças com muitas delas.
Assim como os Peregrinos do Silêncio, a tribo vive de forma nômade e sempre em busca de novos enigmas ou desafios.
Embora os Filhos de Gaia sejam conhecidos por seu pacifismo, os Portadores da Luz Interior são muito melhores nisso, e literalmente abandonaram sua Fúria irracional.
Embora entendam bem a necessidade de guerra e conflitos, ao contrários dos Crias de Fenris a tribo o faz quando necessário.
E sua maior diferença é quanto à sua quantidade de membros.
Acredita-se que existam por volta de 500 Portadores da Luz em todo o planeta, e muitos deles convertidos de outras tribos.
Os caminhos peculiares que a tribo seguiu diferem demais de todo o restante da Sociedade Garou, o que gerou inúmeros conflitos, e o recente desligamento da tribo no Ocidente.
KLAITAL STARCATCHER
Rezam as Lendas Garous que tudo teve início com Klaital Satrcatcher ainda durante o período do Impergium, antes da formação das tribos.
Alguns afirmam que Klaital era um grande guerreiro que usou sua voz para defender os “macacos“.
Outras afirmam que Klaital era uma guerreira tão forte que após dizimar todo um exército de humanos que ousaram enfrentar os Garous, arrependeu-se de seu descontrole e jurou nunca mais ceder à Fúria.
Embora não haja um consenso, todos os caminhos das Lendas remontam à Klaital e sua busca pelo equilíbrio.
A busca de Klaital definiu os rumos de seus seguidores, que se isolaram do mundo em busca de sua paz interior, almejando o equilíbrio perfeito.
FÚRIA, ESPÍRITO, MATÉRIA
Os Portadores são altamente introspectivos e reflexivos.
Muitas vezes um Portador agirá tal qual o “Tio Iroh” de Avatar – A Lenda de Ang, sempre com algum conselho sábio e ar pacifista.
O equilíbrio entre as forças fez com que a tribo abandonasse seu Lobo Interior, a distanciando de matilhas, embora não de Gaia.
Portadores se unem a matilhas para ensinar o que for preciso, e em seguida se afastam para levar iluminação a outros Garous, e continuar sua própria busca por equilíbrio.
KAILINDÔ – A ARTE MARCIAL DOS PORTADORES DA LUZ INTERIOR
Seguir o caminho do equilíbrio levou a tribo a desenvolver seu próprio estilo de combate, o Kailindô.
Embora o Klaivaskar seja o “estilo de combate padrão” da Sociedade Garou, o Kailindô é a marca registrada de combate dos Portadores da Luz. E é altamente eficiente!
Unindo as 5 formas Garous, a Fúria, a Gnose e a Força de Vontade em uma perfeita hamornia, o Kailindô possui técnicas que tanto pacíficas quanto mortais.
Elementos espirituais também estão presentes na arte marcial, que pode utilizar os elementos para aprimorar técnicas, por exemplo.
OS HENGEYOKAI E A CORTES BESTIAIS
Os Portadores da Luz Interior, originários do extremo oriente, há muito tempo atrás perderam seu lar.
Nas edições mais recentes de Lobisomem: o Apocalipse, no ano de 1999, a tribo recebeu um convite das Cortes Bestiais para se juntarem a eles no oriente.
Em 2000, grande parte da tribo (senão toda ela) decidiu partir para o Oriente, distanciando-se do estilo primitivo da Sociedade Garou ocidental.
Embora a tribo seja mínima e possivelmente toda ela tenha rumado para o Oriente, é plausível que alguém tenha resolvido ficar pra trás, ou algum Parente pode dar à luz um novo membro da Tribo, ou mesmo uma nova conversão.
Em vias de regras, é seguro afirmar que se eram raros os Portadores da Luz no ocidente, agora eles são praticamente extintos.
ARQUÉTIPOS DE PORTADORES DA LUZ INTERIOR
Ragabash – enigmáticos e misteriosos, a Lua Nova influencia o equilíbrio de forma que o ensinamento deva sempre ser buscado, e nunca entregue.
Theurge – o equilíbrio entre Espírito e Fúria torna os Lua Nova mais próximos dos espíritos mais sábios. Os espíritos são aliados, e não prisioneiros, o que afasta a tribo dos Fetiches.
Philodox – A Meia-Lua traz o equilíbrio perfeito. Fúria e Espírito, Paz e Guerra. A dualidade em perfeita harmonia, e a sabedoria para diferenciar ambos.
Galliard – A Lua Gibosa ensina através de suas Lendas e da Litania. Quem ouve atentamente, e ensina pacientemente, econtra o equilíbrio entre a Mestre e Discípulo.
Ahroun – a guerra não é uma escolha, é uma necessidade. Existe a hora de falar, a hora de escutar, e a hora de lutar. Um Lua Cheia deve saber diferenciar e equilibrar sua Fúria com sua paz interior.
E assim fechamos as Tribos de Lobisomem o Apocalipse! O que acharam? E o que gostariam que fosse abordado a seguir aqui na Liga das Trevas sobre os Garous?
Não esqueçam de acompanhar os artigos do Raul Galli e do Helton Carlos sobre Vampiro: a Máscara!
Saudações Rpgistas! Tudo Mudou! E agora? Como lidar com as mudanças e driblar o saudosismo?
Estamos preparados para lidar com mudanças de forma geral? Perceberam também a nova arte que o Douglas Quadros fez pra coluna?
O que isso tem a ver com RPG?
Bora lá descobrir e conversar sobre isso!
A CULTURA É FILHA DO SEU TEMPO
Uma das coisas que mais grudaram na minha mente nos tempos de faculdade foi a frase de um professor que disse que “A Filosofia é filha de seu tempo”.
Eu ouso ir um pouco além dele, e acho que a Cultura de forma geral é filha de seu tempo, e não há como separar o RPG do cenário cultural mundial.
Sejam pontos políticos, teorias filosóficas, avanços científicos ou quaisquer outros pontos temáticos, a Cultura do momento de sua criação diz muito sobre a sociedade e seus costumes.
À medida que a sociedade vai mudando e criando novos paradigmas, assim acontece também com tudo o que é culturalmente produzido dali em diante!
Já vimos isso acontecer com a Moda, com as Artes, com o Cinema, até mesmo na Literatura, Música e Quadrinhos!
E não seria diferente com o RPG também, não é?
Vivemos para ver nossa tecnologia dar saltos quantitativos, vimos nossa sociedade mudar suas políticas e questões sociais, vimos países sendo desfeitos e até alguns assumindo sua independência.
Obviamente tudo isso reflete em nós, enquanto seres humanos e seres sociais, e também em nosso tão querido e amado hobbie, que muitas vezes se espelha no mundo real para criar cenários e historias.
MUDANÇAS DAS PESSOAS
As pessoas mudam. Seja fisicamente por terem ido para outras cidades, seja psicologicamente após vivenciar experiências que as fizeram mudar de pensamento, o fato é que as pessoas não são da mesma forma para sempre!
Todos nós estamos suscetíveis às ações do tempo, e não há força de mudança maior no mundo que o Tempo!
Se fizermos uma análise profunda, veremos que não somos hoje as mesmas pessoas de algum tempo atrás! E podemos perceber também que algumas coisas que achávamos corretas ou que gostávamos muito, hoje em dia já vemos e percebemos que não é bem assim.
Heráclito, lá na Grécia Antiga, antes ainda de Platão, Sócrates e outros grandes nomes do pensamento grego, já dizia que “um rio não corre duas vezes pelo mesmo lugar”. Ou seja, o que fomos durou o tempo que durou, e hoje não somos mais quem fomos naquele exato momento!
Tentar engessar as mudanças, ou não aceitar que as pessoas possam mudar, sempre é algo frustrante e incômodo!
Desejamos manter aquela mesa e aquelas pessoas ali pra sempre, como estão, e nos divertirmos todos os dias como se nada nunca mudasse, mas infelizmente não é assim que o mundo funciona.
NOVOS LIVROS, NOVOS SISTEMAS
O RPG também sofre com essas mudanças. Se hoje a tecnologia de games possibilita, por exemplo, que após um game ser lançado algum patch de correção e atualização corrija alguns defeitos, o mesmo não pode ser aplicado a livros de RPG tão facilmente.
Se compararmos as versões originais de vários sistemas ou mesmo as primeiras ideias de RPG com o que temos hoje, veremos que essas mudanças são gigantescas e essenciais para que o hobbie continue vivo e respirando!
Essa “vida” que os cenários e sistemas possuem é, em grande parte, responsável por manter viva a chama de players por todo o mundo!
O mundo de 2021 é muito diferente do início dos anos 90, quando surgiu a primeira versão do Mundo das Trevas, por exemplo! Como atualizar Vampiros, Magos, Lobisomens e muito mais para a tecnologia e a forma de vida do Século XXI? O sistema original, por não conhecer as mudanças que viriam anos à frente, se tornou defasado e antiquado, precisando ser revisto e atualizado!
E isso não é uma exclusividade de um único sistema ou cenário, e sim uma realidade de todo o RPG a nível mundial!
Novas editoras, novos sistemas, atualizações de sistemas já existentes e muito mais são necessários e fundamentais para que o hobbie continue vivo e trazendo mais pessoas para dentro dele!
TUDO MUDOU! E AGORA?
Está percebendo a necessidade das mudanças? Já percebeu que essas mudanças estão acontecendo com você ou ao seu redor?
Não se desespere!
Mudanças são essenciais, necessárias, fundamentais e até mesmo inevitáveis.
Tenha em mente que por mais que as coisas mudem, nada vai tirar as boas memórias que você tem de sua mesa ou grupo, nem as boas e emocionantes histórias que viveram juntos!
Pense que isso apenas abre a oportunidade para que novas histórias sejam contadas, que novas pessoas possam fazer parte desse legado, e que tudo é vivo e fluido!
Não se apegue ou se agarre demais ao passado! Se permita conhecer o novo, aprender as mudanças, interagir com novas pessoas e conhecer cada dia mais coisas novas!
O mundo não para, o tempo não para, e desejamos que o RPG também não pare nunca!
Agora que tudo mudou, torne-se agente dessa mudança você também! Se aventure por novos sistemas, novas mesas, com novas pessoas e viva novas e emocionantes histórias!
NOS VEMOS NO PRÓXIMO MÊS!
Então é isso pessoal!
Espero que tenham gostado do papo desse mês, e aguardo vocês para o Off-Topic do mês seguinte!
Não se esqueçam que toda sexta-feira tem um post novíssimo da Liga das Trevas!
De indicação, recomendo a HQ Vira-Lata Solitário, que você pode conferir a resenha AQUI, e se quiser se aventurar por um novo sistema, que tal dar uma chance para o Tiny Dungeon que a Isabela Comarella fez uma resenha AQUI!
Não? Como assim? Está esperando o que então? Corre nesse link AQUI e confere essa obra sensacional!
Ou, se preferir, te conto aqui um pouco mais sobre ela e a artista, e quem sabe isso não te empolga a ir conhecer?
Não te convenci ainda?
Ok. Então, que tal se eu te disser que, ali nas páginas dessa HQ, pode ter umas ideias sensacionais de personagens, cenários, narrativas e material de base para RPG?
É um presente alternativo ao nosso, onde seres humanos e criaturas sobrenaturais convivem no mesmo espaço.
É nesse cenário tão semelhante, e ao mesmo tempo tão diferente de nossa realidade, que Stéffani Magalhães nos apresenta personagens cheios de personalidade, com uma narrativa cheia de violência e profundidade.
Particularmente, ver a cidade mineira de Ouro Preto servir como base para uma das histórias me cativou ainda mais, mineiro representado aqui!
O Universo de Legião das Sombras é onde se passam as histórias de Steph Bittencount em sua rotina de caçadas e bebedeiras. Mas será que é só isso mesmo?
VIRA-LATA SOLITÁRIO
Ouro Preto, 1994.
Steph Bittencount segue em sua rotina de caçadas e bebedeiras. Em um bar, acaba com um um bando de vampiros em mais uma “noite comum” da sua nova rotina.
Essa rotina porém muda quando recebe um chamado de seu amigo lobisomem Thalles Guaraxó, que perdeu o carro da sua chefe (uma criança de 700 anos de idade!) e que vai perder a cabeça também se não o recuperar.
O primeiro arco mostra a caçada da dupla aos ladrões de carros, com muita ação, violência, sangue, linguagem pesada, drogas lícitas e algumas cenas lindamente ilustradas!
Transformações em lobisomens, armas mágicas, vampiros, diálogos com demônios internos, dramas pessoais, uma narrativa completa com todos os elementos pra um verdadeiro clássico cult!
A arte da Stéff MBS, toda em preto e branco nas HQS, traz uma realidade sombria e elegante, em um jogo de luz e sombras bem peculiar e interessante.
O desenvolvimento dos personagens de Vira-Lata Solitário também se dá de forma muito interessante. Os diálogos e entrelinhas das situações passam as informações necessárias para entender a cena.
Sem a necessidade de usar uma “personagem palestrinha” pra explicar o que está acontecendo, o roteiro consegue dar o tom da narrativa de forma fluida, seja através do diálogo da dupla principal, dos conflitos pessoais na mente de Steph Bittencount, ou simplesmente pelo desenrolar da ilustração.
Outra característica muito interessante é a falta de pudor na narrativa.
A artista não se poupa e nem se censura em momento algum, seja nas palavras dos diálogos ou no visual das cenas, o que deixa tudo ainda mais chamativo e empolgante.
VIRA-LATA SOLITÁRIO E RPG
Se tem uma coisa que me veio à cabeça no momento em que comecei a ler foi: isso é um puta cenário de RPG!
É possível adaptar o cenário para outros sistemas já existentes, como Lobisomem o Apocalipse, mas também é possível usar o cenário criado pela Stéffani Magalhães de forma independente.
A HQ dá uma boa ideia de como funciona a realidade do mundo de Legião das Sombras, e tanto Steph Bittencount quanto Thalles Guaraxó tem informações suficientes para criar suas fichas e poderes.
Utilizar nossa realidade como base, acrescentando mitos, lendas e criaturas também fortalece a facilidade de adaptar o cenário e as personagens da artista.
Diz aí, Vira-Lata Solitário é uma HQ fantástica, de uma artista incrível, com ideias excelentes para aventuras ou cenários, não é?
Que tal então transformamos isso em realidade?
Deixa aqui nos comentários o que você achou dessa obra!
Como criar personagem de RPG que seja marcante e forneça boas histórias e bons momentos para a mesa de jogo?
Conhecer o sistema é o suficiente? Conhecer o cenário? Ou é necessária uma dose cavalar de criatividade?
O que torna de fato um personagem memorável? E o que seria memorável pra você?
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Muita gente prefere que os personagens, para serem lembrados e se tornarem memoráveis, tenham características físicas chamativas ou um alto índice de poder físico.
Mas ter uma característica física marcante não necessariamente quer dizer um poder absurdo ou porte físico super avantajado.
Defeitos físicos são também características marcantes e que bem exploradas, tornam o personagem único ou marcante.
Peguemos como exemplo o cenário de Tormenta: Tork é um personagem famoso, popularizado pela série de histórias em quadrinhos Holy Avenger, e uma de suas qualidades mais chamativas é justamente seu tamanho, já que ele é um “anão” para os padrões da raça Troglodita, assim como um dos mutantes mais conhecidos de toda a Marvel, muito famoso por ser “baixinho” nas HQs!
Outro caso, ainda em Tormenta/Holy Avenger é a personagem Niely, uma elfa maga com grandes e exagerados atributos por assim dizer. Apesar de ser uma personagem com um ótimo background, suas características físicas exageradas que a tornaram iconicamente reconhecida.
Utilizar os recursos físicos como características marcantes para personagens é algo costumeiro da cultura pop como um todo, e podem ser facilmente replicados em cenários de RPG.
Altura, porte físico, atributos físicos e afins são exemplos clássicos, mas existem também as deformidades, cicatrizes, marcas de nascença, peculiaridades físicas e muito mais!
CARACTERÍSTICAS SOCIAIS
Outro fator que marca também um personagem, é a forma como ele trata outras pessoas, ou mesmo como é visto por outras pessoas.
Muitas vezes alguns personagens se destacam por serem os ápices das interações sociais, capazes de se dar bem em praticamente todas as situações.
Outras vezes, no entanto, os personagens são praticamente ineptos em habilidades sociais, o que os torna ao mesmo tempo misteriosos e arrogantes.
Muitos personagens da cultura pop se imortalizaram por terem grande lábia e habilidade social, conseguindo tudo que precisam com conversa e empatia, usando lábia e carisma. Goku pode ser o personagem mais poderoso de toda a saga Dragon Ball, mas o carisma e a sociabilidade de Mr. Satan são insuperáveis!
Por outro lado, personagens silenciosos, secos, socialmente alienados, também levam sua cota de presença e chamam muito atenção. Tanto que, por exemplo, os personagens mais famosos da franquia de games Final Fantasy são os socialmente isolados Cloud, Squall e Lightning.
E um personagem social não necessariamente precisa ser popularesco ou frio. Sociopatas em geral conseguem transitar entre as mudanças de posição social com tranquilidade e facilidade, ao tempo que muitos personagens são influenciadores habilidosos.
CARACTERÍSTICAS MENTAIS
E sim, existem os personagens muito marcantes por serem muito astutos, inteligentes, perspicazes ou analíticos. Ter um nível de genialidade ou intelecto muito acima da média também é algo muito marcante.
Já o oposto não é só marcante, como também muito divertido e até comum: o personagem que é burro como uma porta!
E aqui é até onde moram alguns dos estereótipos mais comuns da criação de personagens: a Força é inversamente proporcional à Inteligência.
É muito raro, e até básico, criar personagens nesse molde, onde quanto mais poder e força o personagem tiver, mais burro e ignorante das coisas a seu redor ele será.
A meu ver, isso tira o brilho de duas potencias características marcantes do personagem, de forma que no fim das contas ele não seja marcante em nenhuma das duas.
Personagens como o Bane do filme Batman e Robin, por exemplo, não são nem expoentes físicos nem intelectuais, já que se perdem em ter ambos com destaque e mecânicas ineficientes.
Mas personagens que são intelectualmente mais frágeis (e não necessariamente com baixo QI) tem características marcantes que devem ser bem levadas a sério.
As características mentais vão muito além do nível de inteligência, já que a forma como pensamos o mundo e nossa existência são características mentais ou intelectuais.
Um contraste bem interessante disso pode ser visto na obra Death Note (tanto o mangá quanto o anime) já que Light Yagami e L são expoentes de um nível intelectual muito avançado, em contraste com personagens de nível normal, e com Misa Amano que chega a ser muito inferior com sua alta ingenuidade e inocência.
CARACTERÍSTICAS DE INTERPRETAÇÃO
Sim! É possível tornar o personagem marcante por sua interpretação!
RPG é um jogo de interpretação de papéis, logo, uma interpretação marcante certamente tornará o personagem memorável para sempre!
Por mais que ter uma característica que possa ser denotada marque o personagem, o fato da interpretação dar vida a essas características, ou trejeitos próprios do personagem, farão toda a diferença.
Muitos personagens de cinema se tornaram marcantes muito mais pela forma como foram interpretados do que por sua “ficha” em si. O Coringa de Heath Ledger é muito distante do Coringa de Joaquim Phoenix, assim como o de Jack Nicholson e os atores conseguiram deixar seus personagens unicamente marcados.
Ter uma ficha marcante e memorável, aliado a uma interpretação ruim, podem até tornar o personagem menos marcante do que deveria ser. Kira, Light e Misa, três personagens brilhantemente interpretados no anime, ganharam uma interpretação bem inferior no longa live action da Netflix.
A ficha pode estar isenta de alguma característica marcante em questão de regras, ou às vezes basta um pequeno trejeito para dar o toque da atuação. O Don Corleone de Marlon Brando é mais conhecido por sua atuação icônica que por seus feitos. E o Superman definitivo, mais do que nos fez acreditar que um homem poderia voar, mas nos fez crer que eram de fato duas pessoas diferentes, na genial atuação do Christopher Reeve.
Então é isso pessoal, espero que tenham gostado, e que tenha dado algo pra vocês pensarem!
Não esqueçam de curtir os artigos da Liga das Trevas que saem todas as sextas, e confiram também as lives que rolam lá na Twitch!
Peregrinos silenciosos, condenados a vagar pela eternidade sem possuir um lar.
Espíritos nômades e livres, mas que buscam incansavelmente por destino.
A tribo dos Peregrinos do Silêncio é única e peculiar, ousando caminhar por vias escuras e caminhos tortuosos.
O INÍCIO DA JORNADA
Rezam as lendas que a tribo descende diretamente do primeiro Garou a ir até a Umbra Baixa.
As lendas variam quanto a como e porque essa jornada ocorreu, mas a maioria relata a jornada da Primeira Filha, que guiada pela Coruja, completou sua jornada até a Umbra Baixa em busca de seu pai.
A jornada custou ao Pai seu corpo físico, mas seu espírito estaria para sempre acompanhando a Filha.
Para a Filha, a jornada custou seu vigor, deixando seu corpo fino e esguio; tornou sua pelagem tão escura quanto à noite, e a solidão a fez se acostumar ao silêncio.
De volta ao mundo de Gaia, a Filha se manteve silenciosa, e nunca comentava o que acontecera além dos portões da Umbra.
AS MUDANÇAS
Com a chegada do Impergium e da Guerra da Fúria, a tribo se desentendeu das outras, já que era contra o massacre indiscrimado de humanos e outras raças metamórficas.
Após o fim da guerra, a tribo se separou e foi pra região hoje conhecida como Egito, se misturando ao povo que morava às margens dos rios.
Rezam as lendas que a tribo entrou em conflito com poderosos vampiros que habitavam a região, interferindo na disputa de poder entre eles.
Como consequência, a tribo foi amaldiçoada, e essa maldição perdura até os dias de hoje.
Seus laços com os antepassados foram cortados, exilados de seu lar, espalhados como areia ao vento.
OS PEREGRINOS SILENCIOSOS
Hoje a tribo se espalha por todo o mundo, sem fixar raízes ou vínculos com nenhum lugar.
Sua descendência, em maioria (embora não seja uma regra) é de ciganos, nômades, grupos circenses e moradores de ruas.
Por sua natureza viajante, reuniões ou assembleias de tribo são raras, e quando feitas são organizadas com anos de antecedência.
Os Dons e influencias dos espíritos ajudaram a tribo a aprimorar meios de locomoção rápida e comunicações à distância.
Outra característica da tribo é seu vasto conhecimento e facilidades em usar trilhas e atalhos na Umbra. Isso faz da tribo os principais batedores e mensageiros de toda a Sociedade Garou.
Estar sempre em movimento faz com que a tribo, de um modo geral, tenha um vasto conhecimento sobre várias culturas, línguas e pontos de vista diferentes, embora superficial, já que não permanecem tempo suficiente para aprofundar suas pesquisas, pelo menos não mais que o estritamente necessário.
A natureza amaldiçoada da tribo faz com que sua necessidade de novos ares, novos caminhos, novos lugares, supere qualquer vínculo com lugares ou pessoas.
ÚNICOS E PECULIARES
A natureza viajante da tribo a faz ser, entre todas, a mais mestiça e miscigenada, assim também como a mais espalhada.
Rezam as lendas que é impossível encontrar dois Peregrinos parecidos. No máximo suas semelhanças são quanto à Tribo e Augúrio, todo o resto é peculiar de sua jornada.
Enquanto todas as outras tribos ensinam o valor de suas raízes, seu passado e seus vínculos, os Peregrinos enxergam a importância de estar sempre em movimento, de espalhar, de estar sempre mudando e seguindo o vento.
Embora as lendas façam referência a uma maldição, a tribo já está tão habituada a seu estilo de vida que não consegue entender o mundo de outra forma.
Os mais diversos motivos e razões podem levar um Peregrino a iniciar sua jornada, seja ele Garou ou Parente, mas uma vez iniciada essa jornada, ela só termina nos portões da morte.
Cada estrada é única, cada jornada deve ser percorrida sozinha, e assim cada membro da tribo vê a si próprio. Cada jornada é única e singular.
ARQUÉTIPOS DE PEREGRINOS DO SILÊNCIO
Ragabash – malandros, trapaceiros e oportunistas? A Lua Nova torna os Peregrinos oportunistas com certeza, mas a oportunidade certa é uma estratégia eficiente.
Theurge – as trilhas e atalhos da Umbra são lares dos mais diversos espíritos, e muitos são ótimas companhias de viagem, com muito a ensinar. E de fato muitos Lua Nova preferem a companhia dos espíritos.
Philodox – Peregrinos da Meia-Lua conduzem sua jornada sobre o fio que divide o certo do errado, o justo do emotivo. Podem parecer pessoas sem uma opinião clara ou que a mudam constantemente, mas o fato é que a linha, apesar de existir, não é uma reta.
Galliard – Peregrinos que caminham com a bagagem das Tradições, e com a guia da Litania. Honram e levam a batalha de Gaia e sua história por onde passam, e levam consigo as novas aprendidas.
Ahroun – a jornada do Lua Cheia é dotada de Fúria, de inquietude, e da constante busca pelo novo desafio e pela nova batalha. Peregrinos guerreiros estão sempre em busca de novos combates, ou de novas formas de combater.
O 1° Torneio de Artes Marciais do Movimento RPG aconteceu em Fevereiro de 2021, e podemos dizer que foi um sucesso!
Foram lutas emocionantes, momentos hilários, momentos dramáticos, algumas falhas, muitos acertos e no fim das contas, um saldo de resultados super positivos!
Caso você tenha perdido alguma coisa, ou caso só tenha descoberto sobre o Torneio agora, não se preocupe, pega o resumão do que rolou aí!
A ORGANIZAÇÃO
O Torneiro foi uma forma um tanto diferente de unir o RPG com algum tipo de competição amistosa entre quem acompanha o MRPG.
Pegando como cenário o Dragon World criado por Akira Toriyama para sua obra Dragon Ball, a ideia foi situar o torneio um ano após a última edição do mangá/anime Dragon Ball, antes de sua sequência, Dragon Ball Z.
Dessa forma, personagens conhecidos (e poderosos) como Kuririn, Goku, Picollo e o resto da turma estariam “fora da competição” e isso daria espaço a participantes diferentes, justificando o cenário escolhido.
Para ajudar nessa ideia, o MRPG contou com a assessoria do pessoal da Tokyo Defender, que além de dar suporte na revisão das fichas, regras e tudo mais, também criou o material base usado para a adaptação de Dragon Ball para 3D&T.
Quem também ajudou patrocinando o evento foi a Jambô Editora, que premiou quem ficou em 1° e 2° lugar no Torneio com um vale-compras no valor de R$ 150,00 e R$ 50,00 respectivamente, o que motivou ainda mais a galera a participar e dar o seu melhor!
Outro grande apoio na organização foi o Estúdio Tanuki, que fez as artes de todos os 14 participantes do Torneio, inclusive algumas delas ao vivo!
Enquanto eu que vos falo fiquei com a narrativa do Torneio, fazendo papel de Mestre e Juiz, o nosso querido Douglas Quadros como sempre cuidou de todos os arranjos técnicos por trás dos bastidores do evento!
O EVENTO
O 1° Torneio de Artes Marciais contou então com a participação de 14 players e mais um NPC especial controlado pelo Douglas Quadros (e não vou dar spoilers aqui de quem é, porque vocês podem conferir no vídeo lá no nosso canal do YouTube).
O torneio foi divido nas quatro sextas de fevereiro, em lives da Twitch do MRPG, e depois disponibilizados em nosso canal no YouTube de forma editada, ficando da seguinte forma:
A divisão das lutas foi feita por sorteio, com distribuição de chaves idêntica à feita no mangá ou anime, com lutas 1×1.
A luta final, à pedido dos finalistas, foi feita em uma “melhor de 3” ininterrupta, usando recursos dramáticos semelhantes aos do anime/mangá para dar sequencia às lutas.
Vários momentos muito inesperados ocorreram nesse Torneio, como participantes sendo derrotados com apenas um golpe, ou então sendo vitimados por uma maldição que os obrigou a lutar nus! Esses momentos vocês podem conferir nas Falhas Críticas do MRPG.
Além desses momentos marcantes, a volta das Forças Red Ribow foi outro ponto marcante dentro do Torneio. O que será que eles tramam? Será que algo maior está por vir?
E AGORA? O QUE VEM DEPOIS DO TORNEIO?
Bom… agora que o Torneio foi de fato o que podemos chamar de um sucesso, mesmo com pontuais erros que foram perdoados por todos os participantes e envolvidos, o que fazer na sequencia?
Uma aventura com as consequência do Torneio, ao vivo, com os participantes do mesmo?
Uma aventura pronta pra colocar no site pra vocês jogarem e se divertirem nessa história maluca?
Bom, quem sabe? Isso seria interessante vocês dizerem aí pra nós! O que querem ver agora? qual caminho devemos seguir?
Deixem aí nos comentários o que vocês acharam, e o que desejam para o futuro dessa história!