Salve herdeiros de Caim! Dando prosseguimento a nossa série sobre VTES (não sabe do que se trata? Clique aqui), esse artigo aborda a parte mais importante do jogo, que é como instalar as ferramentas que você precisa para jogar VTES online em segurança nesses tempos de COVID e outras pragas.
A comunidade do card game migrou em peso para as versões digitais, por que não queremos parar de jogar, mas também não queremos colocar uns aos outros em risco. Atualmente existem duas opções amplamente aceitas pela comunidade e vou te ensinar a instalar ambas nesse tutorial.
LackeyCCG
A primeira das alternativas é conhecida como LackeyCCG. Ele é um emulador que simula uma mesa e um construtor de baralhos, serve como servidor e é de longe a ferramenta mais usada para jogar VTES online atualmente. Ele é bastante simples e tem sido a salvação de muitas tardes que teriam sido desperdiçadas olhando para as cartas acumulando poeira na prateleira.
Os pontos mais importantes a respeito do LackeyCCG são: ele é gratuito, relativamente fácil de usar, roda em qualquer torradeira, possui versões para Windows, Linux e MacOS e possui uma ferramenta de ‘log’ que mostra todas as ações tomadas no jogo, fazendo com que a partida seja mais fácil de auditar e de acompanhar para jogadores novatos. os pontos negativos são: ele foi feito muitos anos atrás, então a interface vai causar muita estranheza a pessoas não acostumadas com softwares dos anos 90. Além disso, ele é de código fechado, logo, quando aparecem problemas na plataforma eles tendem a demorar a serem resolvidos e vez ou outra o servidor sai do ar (raro, mas acontece).
No meu canal eu tenho muitas partidas gravadas no Lackey. Se você quiser ver como é a interface e como o jogo prossegue nesta plataforma, assista esse vídeo (que possui legendas em português).
Todas as instruções para instalar o lackey podem ser encontradas neste link.
Uma alternativa que tem crescido bastante ultimamente é o Tabletop Simulator. Ele é uma ferramenta paga que pode ser comprada na Steam por R$36,99. O TTS possui uma variedade gigantesca de plugins que emulam centenas de jogos de cartas e de tabuleiro diferentes e que podem ser usados para jogar VTES sem muitas dificuldades.
Os pontos positivos do TTS são: a interface é muito bonita e agradável, ele possui suporte para jogar uma infinidade de outros jogos, o plug-in é de código aberto, então a comunidade está sempre desenvolvendo novas atualizações e ele é hospedado nos servidores da Steam, logo dificilmente ficará off-line. Os pontos negativos são que, além de não ser gratuito, só possui suporte no Windows e exige um computador relativamente moderno para rodar sem lag por usar renderização 3D de ambiente.
Se quiser assistir a uma partida jogada pelo TTS, acesse esse link.
A instalação também é bastante simples, e nosso amigo Eduardo Moura fez uma série de vídeos explicando passo a passo como importar decks e usar a ferramenta:
Qual das duas ferramentas usar para jogar VTES online?
Provavelmente as duas. Se você nunca jogou VTES e quer ser introduzido ao jogo antes de decidir investir tempo e dinheiro nele, o Lackey é uma alternativa ótima por ter custo zero. Após uma partida ou outra, se você estiver gostando do jogo e o orçamento permitir, vale a pena conferir o TTS também, para descobrir qual das duas ferramentas te agrada mais. Vários membros da comunidade possuem acesso às duas ferramentas e não vão ter problemas em jogar em uma ou outra. Não importa como, o que importa é ter cartas na mesa (virtual).
Ok, eu tenho uma ferramenta. E agora?
Agora é só sentar e jogar. Existem vários grupos no Facebook, WhatsApp e Discord que são usados para reunir a comunidade, e temos o costume de sermos tão acolhedores quanto possível com novatos (apesar da temática do jogo, nós não mordemos!).
Uma vez que você esteja inserido(a) na comunidade, marcaremos um jogo para explicar como funcionam as fases e os termos do VTES e te enviaremos links para o manual de regras e todas essas coisas. Assistir uma partida sem entender o que está acontecendo pode ser um pouco intimidador, mas tudo faz bastante sentido quando é você que está pilotando o deck!
Saudações, herdeiros do arauto dos assassinos! A comunidade do WoD está em êxtase pois acaba de ser anunciado que o mundo das trevas está indo para o cinema e televisão!
Segundo o site Variety, os escritores e produtores Eric Heisserer (“Shadow and Bone”) e Christine Boylan (“The Punisher”) e a empresa de produção Hivemind (responsável por ‘the witcher’ e ‘the expanse’) se uniram com a publisher Paradox Interactive para desenvolver o mundo das trevas para cinema e televisão!
Eles são nomes de peso e a promessa de vermos vampiros, lobisomens e fantasmas na TV pegou todos os fãs de surpresa, causando grande especulação sobre quais os temas, jogos e períodos abordados nas adaptações.
Boylan disse “O mundo das trevas é deliberadamente e indesculpavelmente inclusivo e diverso e sempre fez questão de incluir personagens de gêneros distintos, protagonistas e antagonistas de diversas etnias e representação de diversas crenças – trazendo a audiência feminina para o jogo como nada antes fez. Seus jogos e fandom são um lugar onde mulheres, pessoas de cor e a comunidade LGBTQI se sente bem vinda e nós nos sentimos muito orgulhosos dar vida a essas histórias”
Ainda não existem detalhes a respeito de onde o material produzido será exibido para que a equipe mantenha suas opções abertas, mas a equipe espera anunciar notícias sobre o desenvolvimento de títulos específicos durante o ano de 2021.
“Eric e Christine são dois dos criadores mais extraordinários na indústria atual”, disse o presidente da Hivement Jason Brown. “Eles também são gamers que jogaram WoD desde sua concepção. É uma oportunidade rara onde a conexão entre narrador e história está tão profunda, e essa é a alquimia que levou muitas de nossas franquias favoritas e mais culturalmente ressonantes.”
Saudações, ilustre visitante! Nesse artigo, segundo da minha série sobre como conduzir jogos com vampiros do Sabá (confira o primeiro aqui caso tenha perdido!), tocarei no ponto fundamental da seita, que é também uma das maiores fontes de confusão e respeito da minha querida Espada de Caim: Como interpretar vampiros do Sabá que gostam de ser vampiros.
Eu vou falar um pouco sobre como jogar com humanidade em uma seita que tende a fazer com que sua humanidade despenque relativamente rápido, vou falar um pouquinho sobre estilos de jogo no Sabá, vou mostrar uma historinha de duas vampiras passeando em Florianópolis e propor algumas experiências que todo jogador de vampiro deveria ter.
Proponho um pequeno exercício
Imagine que um dia, ao voltar da escola ou trabalho, você foi sequestrado. Te enfiaram em um furgão, te encheram de porrada, te levaram para um cemitério e disseram que o único jeito de você sair dali sem uma bala na testa era se começasse a cavar. Uma dúzia de outros pobres coitados estavam com você e já estavam cavando. Vez ou outra alguém leva um tiro na nuca e morre instantaneamente. Um dos sequestradores media dois metros e meio e tinha pontudos ossos por cima da pele.
Você cava, eles te mordem, roubam seu sangue, te fazem beber o sangue deles e dizem algo como ‘seja o que Caim quiser’ e batem na sua cabeça com uma pá, fazendo você perder a consciência. Talvez lembre vagamente de que havia alguém vestido de padre no fundo, fazendo uma oração esquisita. Quando acorda, está louco de fome e tudo o que consegue fazer é cavar.
Como você se sentiria ao passar por essa experiência? Possivelmente ficaria confuso, irritado ou desamparado. Você possuía uma vida absolutamente ordinária, e por obra do acaso alguém decidiu que aquilo devia acabar e que você devia se unir a guerra contra monstros ancestrais que lhe soam como conto de fadas.
Poucos levantam da terra molhada. Quando sua consciência retorna, você mal consegue pensar com clareza. Você tem tanta fome que comeria o que quer que aparecesse em sua frente. E existem coisas à sua frente.
Pessoas.
A sua frente está o porteiro do prédio em que você trabalha e a esquerda dele está o mendigo que cuida do estacionamento sem que ninguém peça para que ele faça isso. Chorando no chão está a professora de geografia do seu filho.
Uma voz fria e seca se faz ouvir ‘Você precisa se alimentar para ter forças para lutar. Se não fizer isso, o sol vai nascer e te matar. Beba o sangue dessas pessoas e você será abençoado como filho de Caim, falhe, e você será pó e cinza, sem nenhum peso na história de nossa raça.”
A voz era igual a do padre da noite do sequestro. Será que ainda era a mesma noite? Você não sabe. Tudo que você sabe é que você tem muita fome. As pessoas aos seus pés estão gemendo de dor, feridas e assustadas e dos machucados vertem pequenas gotas de sangue que parecem ser o néctar mais apetitoso que existe.
Você pode tentar resistir, mas não vai conseguir por muito tempo e que se por algum milagre conseguir, o sol vai te matar. A besta vai gritar em seu peito e exigir o seu quinhão.
Em tempos de guerra, essa é a primeira noite de muitos vampiros do Sabá.
Contudo…
Ser um vampiro do Sabá é mais do que levar uma pancada na testa
Leitores atentos vão se lembrar do artigo anterior, em que foi mencionado que ser Sabá era, por definição, estar em guerra. Contra os antigos e até o fim do mundo, numa tentativa desesperada de salvar sua espécie de seus avós assassinos. Sim, isso é verdade, mas estar em guerra e estar ativamente sitiando cidades inimigas são coisas diferentes.
Desde a terceira edição, bater na cabeça de ‘recrutas’ com pás é reservado para cercos, quando o Sabá precisa de um grande número de soldados descartáveis em pouco tempo. Muito raros são os cabeças-de-pá que sobrevivem as suas primeiras noites.
Escrever sobre como são as experiências de um personagem que era um borracheiro, atendente de farmácia ou coisa do tipo e que subitamente foi forçado a uma dieta e estilo de vida bastante radicais é muito interessante e eu recomendo que todos os jogadores de vampiro tentem pelo menos uma vez, visto que neste contexto você não foi abraçado por que seu senhor precisava de alguém que atualizasse o Instagram dele ou que você fazia ele se lembrar da namorada que ele teve a 500 anos atrás ou qualquer coisa do gênero.
Você foi abraçado para ser sacrificado em nome dos filhos de Caim e se não conseguir provar que é digno de ser um vampiro verdadeiramente morto, nenhum imortal de verdade irá chorar por você.
É claro, é possível que a ideia de um abraço tão aleatório e violento não lhe seja prazerosa. Talvez você goste muito do conceito de um senhor Lasombra progressivamente arruinando sua vida só para ver como você reagia e triunfava quando exposto às mais terríveis adversidades, ou talvez você queira jogar com alguém foi escolhido e cultivado para servir um clã desde muito cedo, e isso tudo é possível no Sabá e é o ponto em que eu queria chegar.
Os ritos de criação são uma parte bastante importante de qualquer personagem da espada de Caim, mas eles seguem diversas formas e modelos. Se você não quiser ser um cabeça de pá, você não precisa, porque a gigantesca maioria dos vampiros do Sabá não são abraçados aleatoriamente. Da mesma maneira que os anarquistas e a Camarilla, crianças são escolhidas e testadas, às vezes por décadas, antes do abraço. A ideia de que as ‘festas da pá’ são a única maneira que o Sabá usa para expandir seu quadro de colaboradores é nascida de desinformação e ignorância.
Os vampiros do Sabá são bastante diversos e não seria justo colocá-los todos no mesmo grupo daqueles criados para serem soldados rasos na grande Jihad.
Se você está jogando já a algum tempo, é bastante possível que você tenha em algum momento participado de uma história em que você e amigos (que são os outros jogadores) foram abraçados misteriosamente e que precisam descobrir o que está acontecendo às cegas. Talvez valesse a pena jogar essa história novamente, mas ao invés dos jogadores serem abandonados num armazém, deixe-os livres em um cemitério com a amorosa supervisão de um sacerdote Tzimisce acompanhado por um grupo com escopetas e motosserras.
No começo isso pode parecer um truque barato para conseguir pontinhos de horror nada-pessoal extras, mas à medida que seus jogadores sucumbirem à fome e começaram a ser expostos à erosão de humanidade, tudo vai valer a pena. Muito da não vida de um vampiro do Sabá são situações em que a morte final está à espreita, e trazer esse risco a tona logo no início da história coloca seus jogadores em um clima totalmente diferente que deixa muito mais fácil descobrir quais botões apertar para entregar a seus amigos uma experiência da qual eles vão se lembrar por muito tempo.
A Espiral decadente
Matar alguém é um evento traumático e terrível, que vai martelar sua mente incansavelmente. Vai ser a primeira coisa em que você vai pensar quando acordar, depois, é claro, dos dias sem sono em que a culpa vai te consumir.
Você vai se lembrar do rosto daquela pessoa, vai se perguntar se ela tinha família e se a família dependia daquela pessoa e vai querer saber se um dia eles vão te perdoar ou se vão descobrir que a culpa foi sua e vão exigir justiça.
Até que um dia esse ato cruel e terrível que você cometeu se torna a segunda coisa em que você pensa quando acorda, e depois a terceira. Você pode ser tão cuidadoso quanto possível, mas em algum momento a besta irá vencer e a fome vai te fazer matar novamente, só que desta vez você não vai mais perder o sono ou esgueirar-se por vielas encardidas para descobrir se a família de seu jantar tinha condições de pagar o tratamento médico da vovó. Você já foi torturado com isso o suficiente e agora você precisa sobreviver.
Isto é a essência de Vampiro: a Máscara. A diminuição do valor da vida humana e o processo de desapego dessa moralidade são o conflito principal do sistema. Existem ferramentas que fazem com que isso seja mais ou menos evidente (como os caminhos da sabedoria e trilhas), mas é bastante claro que o jogo brilha mais quando a (perda de) humanidade está em foco.
É óbvio que existem centenas de tipos de histórias diferentes que podem envolver temas radicalmente diversos e não cabe a ninguém dizer que quem quer ignorar completamente esse tema está jogando ‘errado’ ou que não entende o jogo corretamente. Isso não é o propósito deste artigo e não tenho nenhuma pretensão de dizer como é a maneira correta de você se divertir com seus amigos. O que quero dizer aqui é que se você quer derrubar uma parede, é conveniente ter uma marreta adequada para o serviço e algumas marretas são superiores a outras para derrubar alguns tipos de paredes.
Um segundo exercício para ilustrar esse ponto
Se você terminasse o expediente em seu emprego e seu chefe dissesse ‘hora do happy hour!’, e puxasse uma alavanca que fizesse corpos aparecerem pendurados no teto, como você reagiria?
E se seus colegas colocassem lenços no pescoço e começassem a morder essas pessoas, que obviamente foram torturadas antes de serem servidas como buffet?
Todos estão te encarando e esperando que você tome parte no banquete, afinal, por que não? É um momento de unidade e confraternização. Ser o diferente da festa é desagradável para todos os envolvidos.
Você vai eventualmente ceder a pressão e se alimentar. Se não fizer isso, vão arrancar suas presas e dizer que você só vai poder se alimentar no próximo happy hour, e que você vai ter que providenciar os lanches. Você viveria bem com isso, escolhendo quem morre para que seus parceiros de firma se divirtam após baterem a meta de diableries do mês?
É possível que, pelo menos a princípio, isso seja bastante difícil, mas não vai ser pra sempre. O Sabá é um culto de sangue a figura do santo dos assassinos. Uma hora ou outra você vai entrar no programa e entender que os sentimentos de seu jantar não importam mais agora do que os sentimentos das vaquinhas que deram origem aos seus hambúrgueres na vida que você abandonou na terra molhada quando faleceu. Quando isso acontecer, você vai finalmente fazer parte dos verdadeiros vampiros do Sabá.
Você não é mais humano e não deveria tentar ser
Repetindo para ênfase: Você não é mais humano e não deveria tentar ser.
Esse processo de desapego da humanidade é a progressão de seu personagem em uma história de vampiros do Sabá. Você não precisa gostar de ser um monstro mas vai aprender a tolerar sua natureza horrenda por questão de sobrevivência.
Quanto mais sua humanidade descer, mais em paz você vai estar com a besta odiosa em que você se tornou e menos de sua versão ‘original’ vai restar. Um personagem forjado nas fogueiras da Palla Grande terá experiências de jogo muito diferentes de alguém abraçado por que estava se destacando demais na empresa de contabilidade do Ventrue local e, mesmo se você por acaso for abraçado por ter se destacado na empresa de contabilidade do Lasombra local, suas noites de rito e celebração na hoste dos condenados vão fazer com que sua existência seja radicalmente diferente da de um ‘membro’ que passa suas noites metido em esquemas e tramoias no elísio.
Mas como os vampiros do Sabá fazem para se manterem ‘jogáveis’ quando sua humanidade começa a despencar? Eles não se transformam em máquinas sanguinárias que só pensam em matar e causar dano agravado muitas vezes por turno?
Essa ideia de que jogos da Espada de Caim são uma exaltação de carnificina misturada com vampiros power rangers é bastante antiga e vem de um período na história de nossa comunidade em que o jogo era muito mais popular devido ao estado da indústria de RPG e ao jogo de computador de vampiro. Havia todo um arquétipo de jogador que gostava muito de ter armas brancas 5, duas katanas, potência 5, rapidez 5 e se sobrassem pontos fortitude 5.
Esse pessoal gostava muito de jogar com vampiros do Sabá porque, entre outras coisas, eles começavam com um ponto de disciplina extra na criação de personagem. O outro ponto é que a ideia de ser um guerreiro em uma batalha desesperada fazia com que o conceito de personagem deles fosse muito mais realista e tolerável, visto que até nos romances de clã da época metade dos personagens eram ‘vampions’ e a outra metade eram moças bonitas que exerciam a função de serem muito bonitas e pouco mais que isso.
É claro que não existe nada de errado em se divertir jogando com o Jaspion Vampiro ou o John Wick Assamita ou o que quer que seus amigos resolveram jogar, pois isso é uma questão de nivelamento de expectativas e de preparar personagens adequados para o jogo que todos da mesa querem criar. Neste caso específico, esses jogadores eram tão proeminentes que para observadores externos havia a impressão de que nada mais existia na seita além de sitiar cidades, atropelar vampiros com ambulâncias e incendiar elísios, e embora essas coisas de fato existam, elas são secundárias na maioria dos jogos de vampiros do Sabá.
A guerra existe e é tudo que importa no fim das contas, mas para o jogo, o foco é como o personagem se relaciona com essa guerra e o que ela faz pela humanidade dele.
Esse artigo já está longo o suficiente e deve ter ilustrado meu ponto relativamente bem. Em resumo: Se você morreu, lide com isso. Não seja um covarde. Caim não gosta de covardes. Você não é mais humano e nunca mais vai ser. Lide com isso também. Seus avós querem devorar toda sua espécie. Você não tem tempo de chorar pelo vitae derramado, você precisa matar seus ancestrais e todos os peões deles para salvar seu povo do apocalipse.
Para finalizar, vou postar uma história sobre duas vampiras relativamente jovens que estão se divertindo em Florianópolis. Imagine que elas estejam mais ou menos com humanidade 4-5 e que elas possuem um alto nível de vínculo entre si. Por sinal, se você não sabe o que é vínculo, o próximo artigo vai abordar isso 🙂
Vampiras do Sabá em lua de mel
Carla acelerou o Volvo roubado pelas vielas apertadas, rindo enquanto sua companheira imitava a música que tocava no rádio.
“Who runs the world? Girls!” bradou Jéssica enquanto acertava um pedestre desavisado com um taco de baseball pela janela do carro. Carla bradou “Strike!” Ao frear bruscamente, engatar a marcha ré e estacionar sobre o pobre transeunte que cometeu o crime de cruzar o caminho das Cainitas.
Elas saíram do carro rebolando e dançando, abandonando o taco no banco do carona e quando se encontraram em frente ao capô, saltaram sobre ele e começaram a se beijar e mordiscar. “Melhores. Férias. Ever.” Disse Carla, ronronando enquanto sua parceira lambia suas bochechas e cometia crimes contra seu batom.
“Que férias amor? Estamos aqui pra tacar fogo no parquinho e você não pode esquecer disso. Sabá não é bagunça.” Jéssica segurou o queixo de sua amada com força suficiente para machucar e beijou sua companheira por um longo tempo até de ouvirem um gemido vindo de baixo do carro que dizia “so-socorro” em uma voz rouca e ferida.
“Ahh…Estraga prazeres!” resmungou Carla, saltando do capô e constatando que o homem embaixo do carro ainda respirava. Ele tinha nos olhos uma expressão de dor tão absurda e inumana que a Toreador Antitribu viu-se perdidamente apaixonada por ele no instante em que contemplou aqueles olhos vermelhos e inchados. “Gatona, podemos ficar com ele? Olha que bonitinho, aposto que se ele for abraçado ele vai andar com a perna torna para sempre. Podemos chamá-lo de tropeço. Posso?”
Jéssica abaixou-se e constatou que o rapaz estava de fato em uma situação bastante delicada. A pancada do taco de baseball inibiu muitas de suas faculdades mentais e o carro quebrou diversos ossos das pernas e do braço esquerdo do rapaz. Ele sangrava como se não houvesse amanhã, e era quase certo que de fato não haveria.
“Pega ele pra você, mas o próximo é meu” Foi a resposta e após ouvi-la, Carla começou a arrastá-lo de baixo do carro. Instintivamente ele tentou gritar, mas o sangue em sua garganta fez com que o máximo que ele conseguiu fossem chiados e gemidos.
“Ei, olha isso!” Disse Jéssica, segurando a mão do acidentado e apontando para a aliança prateada que ele usava. A Brujah torceu o dedo, fez ossos estalarem e o arrancou em um único impulso, com anel e tudo. Estendendo o dedo sangrento para a Toreador disse: “Carla não-sei-de-que, casa comigo? Te prometo que vai ser mais pra sempre do que o casamento desse ai”. Elas gargalharam juntas, se beijaram e começaram a se esfregar sobre o homem que morria.
Quando pararam, ele estava misericordiosamente morto. “Merda. Eu queria ele. Você me distraiu. Sabe o que isso quer dizer? Divórcio!” Disse Carla, enfiando o anel na garganta do cadáver enquanto ambas riam abraçadas.
“O que fazemos com ele agora? Tadinho, tão novo”. O sorriso de Carla revelava que não havia nenhuma piedade verdadeira em sua voz.
“Nós? Nada. Deixa os filhos da puta da Camarilla saberem que eles têm companhia. Isso é assunto deles. Agora nós temos que encontrar nosso contato e descobrir onde é que esses cornos podem estar se reunindo. Aí tacamos fogo neles e a não-vida segue, como de costume.”
“Adorei o plano gata. Ei, casa comigo?”
Elas se beijaram sobre a lua cheia, sentindo o vínculo que pulsava em suas veias se manifestar com mais força. Nas semanas seguintes, elas levariam guerra santa para os salões da torre de marfim e fariam com que os peões dos antigos fossem imobilizados pelo medo. Logo, aqueles que observam estariam lançando boatos de que vampiros do Sabá estavam entre eles e de que qualquer esperança de sono tranquilo que pudessem ter fosse extirpada.
A espada de Caim continuará seu levante
Espero que gostem de experimentar uma leitura sobre os vampiros do Sabá, interpretados a partir deles mesmos. Talvez alguns termos específicos do sistema do Word of Darkness possam parecer confusos para quem não tem contato com o RPG. Por isso, acompanhe todos os posts da Liga das Trevas e fique por dentro de tudo que nossa equipe posta todas as sextas feiras.
Dê-nos um pouco de sua vitae e seja também um Padrim.
Saudações, matusaléns e neófitos! Venho lhes avisar que é bom que vocês tenham gastado seu XP em fortitude, porque vão precisar dela pra aguentar a quantidade de torneios de VTES online no Lackey que estão sendo organizados pela comunidade!
Nos próximos dias vão acontecer 3 torneios em formato constructed organizados pelo nosso querido Desso Alastor! Todos eles vão custar R$10,00, sendo que no último, você paga apenas dez reais e pode jogar nos dois dias do evento.
O primeiro, chamado ‘Quarentena’, acontece já neste sábado dia 17!
O segundo, chamado ‘sede de vitae’, foi pensado naqueles que tem problemas para jogar nos finais de semana. Vão ser 3 rounds, na segunda (26/04), quarta (28/04) e sexta feira (30/04)
O terceiro e maior deles, chamado de ‘copa mickey’ (só entende quem já esta inteirado dos memes da comunidade…) será realizado nos dias 8 e 9 de maio, dois torneios pelo preço de um!
Em todos esses eventos a premiação vai ser determinada pelo número de inscritos e é possível conferir os detalhes nos posts acima. Quanto mais gente jogar, mais a premiação engorda!
Ao final da copa mickey ainda existirá uma partida especial, em que os mais bem colocados de ambos os torneios vão disputar um kit anthology da conclave!
E não é só aqui em terras tupiniquins que tem carteado rolando não! A comunidade brasileira está se mobilizando para jogar o campeonato internacional Atlantic Cup, que será realizado no dia 5 e 6 de Junho. esse evento gratuito contará com jogadores de todo o planeta e tem uma premiação absurdamente generosa , com 83 cartas promocionais que fazem os olhos brilharem só de pensar a respeito e mais uma coleção de decks em latim (!).
Todos os detalhes do evento podem ser conferidos no meu canal do youtube acessando esse link:
É um período bastante excitante para a comunidade! Muitos torneios de VTES online no Lackey estão por vir e vários jogadores estão iniciando agora sua carreira em campeonatos. É um ótimo momento para começar a aprender como nosso querido ‘truco de vampiro’ funciona!
Se você é novo nesse universo ou está querendo iniciar, não deixe de ler o primeiro artigo da série de VTES que eu escrevo para o Movimento RPG. Acesse-o clicando aqui.
Eu, como narrador, só me interessei de verdade pelo jogo quando descobri o Sabá, conhecido também como Espada de Caim, lá pelas idas da segunda edição. Em quinze anos de jogo devo ter tido dois ou três personagens da Camarilla que me fossem verdadeiramente queridos.
No lançamento da quinta edição, eu narrei uma crônica inicialmente anarquista para minha companheira. Após três episódios, decidi que o jogo seria muito mais agradável se inventássemos regras para a Espada de Caim e fizéssemos eles funcionarem nos novos e melhorados sistemas da V5 (que vale lembrar, será trazida em português pela Galápagos). A personagem dela foi recrutada e levou fogo e sangue a príncipes e arcontes em nome do Arauto dos Assassinos.
O Sabá precisa de você!
Muitos dos temas que me prendem ao mundo das trevas, simplesmente, deixam de existir quando as estruturas da Camarilla são a peça fundamental da construção do cenário. A guerra contra os antigos, a devoção insana ao ideal de apoteose vampírica, a frieza e brutalidade de uma sociedade construída sobre os ossos canibalizados de seus senhores… Isso tudo, e muito mais, faz com que eu mergulhe na história, cultura e metodologia da seita. Assim, fazendo com que o jogo seja completamente diferente da experiência de ser manipulado por príncipes e primógenos em elísios e bailes de máscaras.
É claro, se você jogar uma história do Sabá, você provavelmente será manipulado por um bispo, ou arcebispo, em algum momento. Mas, pelo menos, você terá ferramentas pra enfiar sete balas na cara dele quando juntar provas o suficiente de que ele não tinha os melhores interesses da seita em mente quando fez você assassinar um rival político, ou coisa assim.
Nessa série de posts, escreverei sobre os temas, técnicas e truques usados para fazer com que uma crônica do Sabá funcione e suas diferenças em relação a uma história da Camarilla. Entenda-os como se eu fosse um vendedor que bate na porta da sua casa com uma pá na mão dizendo: “Boa noite, você gostaria de ouvir a palavra de Caim?”
Você está morto
Quando você pegou o livro básico do jogo pela primeira vez, na capa estava escrito Vampiro: a Máscara ou “Vampiro: mortal com passos extras e uma dieta esquisita?”
Jogar uma história do Sabá é admitir que você é um membro de uma raça amaldiçoada que se alimenta de sangue roubado. Um Cainita de verdade não está tentando encontrar paz com sua natureza humana, ele está tentando entender sua natureza vampírica. Quando um recruta se levanta do túmulo, ele deixa a pessoa que ele um dia foi na terra molhada. A seita é uma celebração constante do vampirismo e seus rituais existem para lembrar a todos os membros que o que eles eram não importa. O que importa é o que podem vir a ser caso abracem os dons do sangue.
Você está em guerra
Isso não é um ponto de debate. Se trata de uma constatação de um fato. Os antediluvianos existem e quando eles acordarem eles vão trazer o fim do mundo, devorando todos os vampiros que existem para saciar sua sede.
O Sabá é sua religião. A Espada de Caim é sua família, paróquia, círculo social e tudo mais que existe para você. Todos os outros são ferramentas ou inimigos.
Você é um guerreiro abençoado e sacramentado que está lutando uma guerra santa contra aqueles que venderam sua espécie inteira em nome de conformismo. O ódio a Camarilla é um dos pilares de seu credo.
Se o Sabá falhar, toda a espécie dos filhos de Caim irá morrer. Não existe meio termo e nem possibilidade de compromisso com os inimigos.
Você morreria por seus irmãos
Todo membro da Espada de Caim compartilha de um poderoso vínculo com seu bando devido a repetição constante do rito da vaulderie. O ‘vinculum’ tem algumas similaridades com um laço de sangue, mas ele não chega nem perto da escravidão e obsessão do laço.
Ele é uma forma de amor e lealdade que condiciona os membros da seita a amarem e protegerem seus companheiros e a assassinar friamente todos aqueles que colocarem os segredos da seita em risco. Devido a isso, espiões na seita são extraordinariamente raros .
O príncipe pediu pra vocês fazerem um servicinho…
O príncipe que se dane. Você é um vampiro e você está em guerra contra seus ancestrais. Ninguém vai te dar ordens. Liberdade é fundamental. Para garanti-la, formas injustas de hierarquia devem ser extirpadas. Os ritos da Espada de Caim garantem que ela seja minimamente meritocráticas e que aqueles que possuem poder na seita tenham que mostrar que o merecem noite após noite.
Seu líder é incompetente? Desafie-o para monomacia. Enfie a bota na garganta dele e seja você mesmo o líder. O Sabá se canibaliza constantemente para garantir que seus membros estão tão dispostos a morrer pela causa quanto possível.
Segue abaixo um pequeno exemplo de história que mostra um pouco de como é o clima de uma história da Espada de Caim. Imagine essa breve crônica como uma introdução que deve ser lida a seus jogadores antes da partida começar.
Uma noite qualquer na vida de uma família de amaldiçoados
O sacerdote levantou o cálice e deixou que os corpos pendurados por ganchos de ferro no teto do açougue enchessem o receptáculo e transbordassem sobre seus braços e ombros.
Em seguida, ele depositou o cálice sobre as mãos atadas da oferenda do ritae – um Ventrue Antitribu covarde que deixou que o medo o dominasse durante uma dança de fogo e que havia trazido vergonha ao bando. Os braços do Cainita haviam sido amarrados pelos ossos pelo sacerdote Tzimisce Não havia sob o firmamento um cirurgião hábil o suficiente para soltá-los sem que extensivos danos fossem causados ao Ventrue.
“Quando existe unidade, existe harmonia” disse o Tzimisce, mergulhando os dedos na bacia de sangue e traçando rubros símbolos de poder na testa de seu companheiro de bando. O Ductus do bando, impaciente como sempre, observava seus companheiros enquanto enchia de gasolina o tanque de sua motosserra. Ele não tinha tempo ou paciência para fracassos.
Os demais observavam o rito com um misto de repúdio e confusão. O fogo era o arqui-inimigo dos filhos de Caim e sempre que eram confrontados com chamas a reação da besta que urrava no peito de cada um deles era de fugir. Era preciso muito esforço para dançar sobre as chamas.
“Quando existe medo, existe morte” continuou o sacerdote, levantando as mãos em um gesto teatral e assentindo para o Ductus. Este, usou de seus dons de sangue para se mover com velocidade sobre humana, fazendo sua motosserra rugir e separando a cabeça do Ventrue de seu corpo em um único movimento.
O sangue que vertia do pescoço misturou-se ao do cálice e o Tzimisce, inundando as mãos no rubro líquido novamente, continuou: “Nós somos os herdeiros desta terra. Somos o povo de Caim e como filhos leais, devemos atender a seus sacramentos.”
Ele massageou sua têmpora com os dedos sangrentos e em seguida traçou com eles oito linhas paralelas em seu rosto. Murmurando preces em línguas que talvez nunca houvessem existido, ele repetiu o gesto em cada um de seus irmãos.
“Uma espada. Um propósito. Nós existimos para levar a guerra a nossos avós. Nosso crime é nossa redenção. Quando um de nós falha em compreender seu papel como herdeiro de Caim, todos somos responsáveis.”
O sacerdote iniciou um encantamento com a voz arrastada e baixa. As palavras de poder soavam eslavas, pois, em origem, eram parte do legado de seu clã. Quando os últimos versos do feitiço foram proferidos, o sangue sobre o rosto de todos os membros do bando começou a borbulhar e queimar. Os gemidos de dor foram suprimidos tão bem quanto era possível à medida que olhos e lábios eram derretidos pelo poder do Tzimisce. O membro mais jovem do bando caiu de joelhos, segurando pedaços de pele que caiam e tentando desesperadamente fazer com que o sangue curasse as feridas.
Após uma hora de tormento, o Ductus e o Sacerdote eram os únicos que estavam em pé. Qualquer aspecto minimamente humano em seus rostos havia há muito sido derretido. Os vampiros a seus pés haviam perdido a consciência pela dor, pelo choque ou pelo puro desespero.
“Eles não estão prontos” murmurou o Ductus com o pouco que restava de sua boca.
“Há um longo caminho pela frente, meu irmão. Seremos a chibata nas costas dessas crianças até que elas entendam que nossa guerra é tudo que importa.”
A Espada de Caim continuará seu levante
Espero que gostem de experimentar uma leitura sobre o Sabá, interpretado a partir dele mesmo. Talvez alguns termos específicos do sistema do Word of Darkness possam parecer confusos para quem não tem contato com o RPG. Por isso, acompanhe todos os posts da Liga das Trevas e fique por dentro de tudo que nossa equipe posta todas as sextas feiras.
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Minha jornada no Campeonato Sul Americano de VTES no Lackey
Nos dias 20 e 21 de Março de 2021, ocorreu o Campeonato Sul Americano de VTES no LACKEY, que reuniu 69 jogadores do mundo todo e provou que mesmo em tempos de pandemia o jogo segue forte!
Atendendo aos pedidos da Black Chantry e visando a segurança de todos os envolvidos, esse ano, o SAC foi realizado na plataforma online Lackey. Reunindo 12 chilenos, 7 mexicanos, um sérbio, um inglês e 41 brasileiros, contando com 3 rounds + final. Nesse artigo, contarei como foi minha experiência participando do maior evento de VTES dos últimos anos.
Minha história no VTES
Eu sou um dos muitos que só descobriu que o jogo existia graças ao trabalho que a Conclave fez em trazer 4 decks do Sabá para o Brasil. No início do ano passado, eu comprei alguns baralhos e chamei amigos para aprendermos a jogar juntos.
Encontrei alguns grupos no Facebook para tirar dúvidas de novatos e outros tantos focados em reunir diferentes partes da comunidade. Esses jogadores me apresentaram as ferramentas que usamos para jogar online e desde então eu fiz com que VTES se tornasse meu principal hobby.
Faz mais ou menos um ano que jogo e nesse tempo já participei de dois torneios online, no primeiro jogando com um deck extremamente defensivo de Gangrel. No segundo, joguei com um deck de Lasombra e Kyasid bastante violento e focado em secar o sangue de minha presa rapidamente. Neste torneio eu fui muito melhor que no primeiro, derrubando alguns jogadores antigos e a quem eu respeito muito.
Minha estratégia para o Campeonato Sul Americano de VTES no LACKEY
No Campeonato Sul Americano de VTES, no LACKEY, minha estratégia foi semelhante ao último torneio que joguei. Afinal, não havia motivos para jogar com um deck complexo considerando que eu estaria jogando contra jogadores que estavam afiando as presas desde que o jogo foi lançado em 1994. Eu fiz um deck tão simples quanto possível, utilizando um de meus clãs favoritos estrelado por uma de minhas vampiras favoritas.
Isabel Giovanni, além de todas as histórias super legais dela no jogo de mesa, é uma carta excelente, pois ela custa pouco, têm Dominação e Necromancia avançadas e não tem nenhuma penalidade ou desvantagem.
Se quiser ver um vídeo em que eu explico como o baralho que eu usei funciona, acesse esse link.
Nos ombros de Gigantes
Logo na minha primeira partida, minha predadora era Fernanda Nunes, uma das melhores jogadoras do país. Quando vi a lista me senti nessa imagem…
Claro, não é possível adivinhar como a mesa vai se comportar. O predador dela, nosso amigo Eduardo Ciattei, estava jogando com um dos decks mais violentos do jogo, os Tup Dogs de legionário e Temporis. Simplesmente o deck campeão do mundo ano passado.
Fernanda se ocupou com Eduardo e seus exércitos de servos durante toda a partida. Várias vezes recebendo apoio dos outros jogadores para tentar bloquear ações e conseguir equilibrar a mesa. Mas acabou sucumbindo aos legionários e eu caí logo em seguida.
Minha segunda mesa foi muito melhor. Minha presa estava jogando com um deck baseado no Hardestadt, e no tempo necessário para que ele trouxesse seu vampiro eu já havia exaurido os recursos dele. Dois oponentes estavam usando baralhos defensivos e o último estava usando Nosferatu Rush que fez minha vida ser bastante miserável. Se quiser ver como foi a partida, ela está aqui.
Minha terceira e última mesa foi de longe a mais disputada, pois nela haviam apenas quatro jogadores, um deles sendo meu amigo Kleber, que foi uma das pessoas que me trouxe pro jogo. Conseguimos ter uma partida equilibrada e desafiadora. Por fim, Juan Oyarce, do Chile, mostrou que paciência era a maior das virtudes e conseguiu derrotar a mim e a seu compatriota, Diego Zamora como pode ser visto nesse vídeo.
A final eletrizante do Campeonato Sul Americano de VTES no LACKEY
Na final, transmitida pelo jogador Henrique Cone na Twitch, foi possível constatar que o nível técnico dos jogadores era altíssimo. Todos os finalistas haviam ganho pelo menos duas das 3 partidas anteriores.
De Juiz de Fora, Rafael Miranda jogou com stealth bleed com noturnos e Henrique Cone com Kyasid stealth bleed. Richard Cortés, com Uchena Toolbox e creeping sabotage e Luis Espejo, com toreador antitribu representaram o Chile, por fim o jogador Mauro César de fortaleza jogou com Adana de Sforza de votos.
Foi uma partida bastante disputada, com muitos decks agressivos e jogadas de alto nível. Mas, no fim, Uchena equipado com No Secrets from the Magaji e uma dúzia de equipamentos e 5 de intercept permanente levou a mesa com 3VP. Rafael conquistou o segundo lugar com 2VPs . Ele conseguiu fazer o ‘setup’ que seu deck necessitava muito rápido, fazendo com que as hordas de Toreador Antitribu do outro jogador Chileno não fossem capazes de penetrar as defesas dos vampiros africanos. A decklist do campeão pode ser conferida aqui.
Fica aqui nosso parabéns para Richard Cortés, campeão sul americano de 2020!
Considerações finais
Mais torneios estão por vir e pretendo jogar todos eles!
O Campeonato Sul Americano de VTES no LACKEY foi uma oportunidade de aprendizado incrível. Muitos jogadores extremamente experientes, com quem eu jamais jogaria normalmente estavam lá, rindo e se divertindo com a comunidade e fazendo novos amigos.
Não existe nada no mundo que te ensine tanto um jogo quanto estar na presença de matusaléns que estão fazendo o possível para ganhar. Eu posso dizer que sou um jogador melhor depois desse evento e que já tenho várias ideias para melhorar meu baralho com base nas partidas que joguei.
Vou terminar esse artigo fazendo um apelo. Se você tem interesse em VTES e não está envolvido na comunidade, entre em contato! Você vai melhorar muito como jogador e ainda pode usufruir das premiações generosamente oferecidas pela Conclave.
Queria, por fim, agradecer muito ao Desso Alastor por ter organizado essa diversão toda. Graças a jogadores dedicados como ele os brasileiros consistentemente se veem no topo dos rankings mundiais.
Vida longa ao VTES e que nosso eterno conflito continue a crescer!
Nos dias 20 e 21 de março, jogadores de todo o país defenderão suas cidades no campeonato sul-americano de VTES no LACKEY, provando mais uma vez que eternas são as batalhas pelas veias abertas da América Latina!
As inscrições podem ser feitas até quarta-feira (17/03/2021) e custam 20 reais, que devem ser depositados por Pix ou depósito em conta da Caixa Econômica Federal, e os interessados devem se informar com o organizador do evento, Desso Alastor, pelo whatsapp (11)96118-7923.
O evento já possui participantes inscritos de diversos estados brasileiros e conta com o apoio da Conclave para a (extraordinariamente generosa) premiação.
Todos os inscritos receberão 1 booster da Conclave (montado com cartas dos baralhos que já existem em português da coleção do Sabá) e um kit de cartas promocionais (que contém Montano, Lord Tremere, Dracon e diversas outras cartas muito poderosas).
Os finalistas vão receber um kit anthology em português (quando este estiver disponível). Esse kit vem com muitas cartas extremamente desejadas por diversos decks, como Anarquista Convertido, Tábuas de Ashur, Peão de Enkil, Carlton Van Wik e Liquidação.
O campeão leva para casa nada menos que 5 (!!) decks da v5 traduzidos pela Conclave! Estes decks (que representam os clãs Ventrue, Toreador, Tremere, Malkavian e Nosferatu) são os últimos produtos a serem lançados pela Black Chantry Productions.
As partidas serão transmitidas no Twitch e as partidas em que eu estiver presente serão gravadas e posteriormente lançadas no canal VTES and other struggles.
Nesse primeiro post da série de VTES – Vampire: The Eternal Struggle, você poderá saciar sua sede de sangue, ou atiçá-la. Tudo isso, acompanhando o desenvolvimento de seitas vampíricas nas de noites de Washington, ao mesmo tempo que percebe o desenrolar de uma partida de um card game muito intrigante.
Certa noite, em Washington…
Marcus Vitel contemplou a cidade da sacada de sua cobertura. Imaginou-a em chamas, pensando nos confrontos vindouros e no fim do mundo. Isso já se tornara seu costume. Washington pertencia a ele. Sascha Vykos, Francisco Domingo de Polônia e os outros abutres iriam queimar no inferno.
Seus agentes haviam negociado cuidadosamente com a Camarilla local. Os poucos que suspeitavam de sua verdadeira linhagem haviam sido comprados, ou silenciados. Quando um de seus peões sugeriu aos Brujah que os Toreador estavam acumulando influência demais, e, que ao mesmo tempo, tinham abraçado grande quantidade de neófitos, não foi preciso muito esforço para que o estratagema fosse iniciado.
Os anciões Brujah, que haviam sido feridos em mais de uma ocasião pelo empreendedorismo dos jovens Toreadores, instruíram suas crias a pressionarem a primigênie. Assim, teriam mais possibilidades de criar regras mais restritivas para limitar a influência dos Toreadores. Haviam vampiros em excesso na cidade. Isso colocava a todos em risco.
Para garantir que seriam ouvidos, os Brujah incentivaram suas crias mais descartáveis a se rebelarem contra a tirania dos anciões. Eles atacaram uma das muitas empresas de fachada que lavava dinheiro para a Camarilla, como um ato simbólico. Incautos de que os Malkavianos, que também estavam invejosos da influência dos Toreadores, haviam fortalecido a segurança da empresa com tecnologia de ponta e que agora haviam gravações mostrando um grupo de jovens neófitos utilizando de seus dons de sangue para destruir diversos escritórios, levantando mesas, gabinetes de arquivos e computadores e partindo-os com as mãos nuas.
Isso era toda a evidência que Vitel precisava para iniciar seu plano. Quando ele reuniu o conselho, mostrou o vídeo e disse que os clãs haviam se estendido demais e tornando-se muito desleixados em suas atividades. Os neófitos Brujah seriam exemplarmente punidos, é claro. Mais ainda, para garantir que todos os clãs entendessem a seriedade da primeira tradição, todos os clãs pagariam um quinhão de seus recursos para cada vampiro de sua linhagem na cidade.
Protestos aconteceram, como era de se esperar. Mas protestar raramente resultava em alguma mudança na sociedade vampírica. Os Brujah dariam fim em uns poucos e problemáticos membros que jamais teriam a oportunidade de se explicar. Os Toreador, que possuíam muito mais membros que todos os outros clãs, seriam prejudicados o suficiente para não poderem se defender quando outro dos peões de Vitel estivessem prontos para o próximo passo de seu plano.
Com os recursos dos clãs drenados, ele clamaria pelas velhas alianças de seu clã e seus aliados na Europa. Os Lasombra eram conhecidos por seu pragmatismo e Vitel se via como o ápice da maestria dos guardiões. É claro que o Clã queria Washington para o Sabá. É claro que tomar uma das antigas fortalezas da Camarilla traria grande prestígio e infâmia para quem orquestrava a operação. Mas Vitel não era uma raspa de caixão de sangue fraco. Ele sabia que sua posição era cobiçada e que ele dificilmente teria mais apoio na seita do que algumas das estrelas em ascensão na cruzada pelos Estados Unidos. Se ele não fosse reinar no trono de Washington, ninguém mais iria.
Na mesma noite, em um universo paralelo….
Felipe, Marcela, Pedro e Ana jogam uma complicada partida de VTES – Vampire: The Eternal Struggle…
Felipe, jogando com um baralho de votos Lasombra, vira sua carta e diz “Marcus Vitel gostaria de convocar um Levante Anarquista.”
Neste momento, algumas sobrancelhas se levantam. A carta diz: “Se o referendo for bem-sucedido, cada matusalém (jogador) queima 1 de recurso para cada servo que controla.”
Todos os jogadores vão ser feridos por essa carta. Alguns mais do que outros. Marcela, jogando com os Toreador, começa a contabilizar suas perdas. Ela tem sete vampiros na mesa e isso vai deixá-la com poucos recursos. A sorte não está do seu lado, pois ela não tem poder político o suficiente para parar essa ação, visto que os Lasombra controlam mais títulos e, por conta disso, possuem mais votos. Pensando numa estratégia, Marcela se dirige ao jogador Pedro, que controla os Brujah, e diz “Se você votar contra este referendo, eu não vou te atacar nos próximos dois turnos.”
Pedro considera a proposição cuidadosamente. Ele não possui vampiros o suficiente para se defender de todos os ataques de Marcela, mas possui votos para empatar a votação. Ele se dirige a Felipe e diz “Se você me garantir que não vai destruir Marcela nesse turno, eu vou votar a favor desse referendo, mesmo que ele me cause dano.”
Felipe avalia suas opções cuidadosamente. Em sua mão está a carta que permitiria que Vitel desviasse e agisse novamente. Ele poderia acabar com os recursos de Marcela nesse turno, mas isso faria com que Pedro nunca mais confiasse nele, e ele poderia precisar dos votos dos Brujah no futuro. Felipe sorri e diz “Temos um acordo.” Sabendo que os Toreador têm seus dias contados, conclui: “Termino meu turno”.
No outro lado da mesa, Ana, jogando com os Malkavianos franze o cenho e se pergunta se valeu mesmo a pena bloquear algumas ações que teriam ferido Felipe em troca da garantia de que não seria um alvo direto das ações políticas do jogador Lasombra pelas próximas rodadas. “Devia ter escolhido meus termos mais cuidadosamente”, pensa ela. Enquanto isso, calcula se terá tempo suficiente para trazer seu vampiro mais poderoso para o jogo para contestar o poder político da mesa.
Continua…
Ficou interessado?
Em meu próximo post, irei te explicar mais sobre VTES – Vampire: The Eternal Struggle, contando a sua história, dando dicas de jogo e de como adquirir seu deck.