Horror nos Holofotes: Técnicas para Jogadores de RPG de Terror

Jogar um RPG de mesa de terror ou mistério é uma experiência extremamente divertida, mas pode parecer complicada. Por isso, para ajudar você nas suas sessões de Halloween, aqui está um texto com dicas para jogadores de RPG de terror!

Trabalhando suas Falhas

Personagens com falhas e defeitos podem transformar até mesmo uma cena leve em algo tenebroso. Vaesen, um RPG de horror folclórico e investigação, faz isso com Traumas e Segredos Sombrios. Esses elementos ajudam você a interpretar sua personagem e, ao mesmo tempo, fornecem ganchos para a Mestre de Jogo.

Em qualquer história, os protagonistas não tomam as melhores decisões o tempo todo, pois têm desejos, medos e necessidades que muitas vezes vão contra o bom-senso. Em um RPG, as decisões das personagens não precisam nem mesmo seguir o que o jogador faria, contanto que faça sentido na narrativa e crie um jogo mais divertido para todos.

Você pode usar as falhas de personagens para criar aberturas para o horror nas suas mesas, colaborando com o narrador do jogo para criar o clima de tensão.

Imagine um veterano da Grande Guerra que, apesar de ser um ótimo soldado, é um sujeito ingênuo, fácil de ser enganado. Agora imagine que todos os jogadores, inclusive você, sabem que a Sra. Dolores, uma velhinha que apareceu na história, é um monstro disfarçado. Ora, quando ela pede ajuda para levantar uma caixa pesada no porão de sua casa, é claro que o veterano vai prontamente auxiliá-la.

Entendeu o que aconteceu aqui? Os jogadores sabem que tem algo muito errado na cena, mas suas personagens não sabem, logo, são os jogadores que sentem medo na cena, e você ajudou a criá-lo.

Drama Entre Personagens

Para sentirmos medo e tensão durante um RPG, é essencial que a gente se importe com as personagens – nossas e dos outros participantes. E qual a melhor maneira para criar empatia senão através das interações? 

As relações sociais e representações da vida cotidiana nos ajudam a nos aproximar do mundo do jogo, mas como interagir entre personagens pode não ser óbvio para todos os jogadores.

Aqui vai uma dica: momentos de planejamento, de interpretar pistas ou de tomar uma decisão são ótimos para falar de personagem para personagem em vez de jogador para jogador. Você pode inserir trejeitos e fazer uma voz, se desejar, mas isso não é o mais importante.

Nas interações, pense em com quem você está falando e como é o relacionamento entre a sua personagem e a interlocutora. É respeito mútuo, rivalidade, admiração ou desprezo? Você preferiria estar falando com outra pessoa, mas justamente esta é quem tem o conhecimento necessário? A situação remete a algo do passado que vocês já viveram? Qual a sua expectativa ao iniciar a conversa, e o que você vai dizer se a resposta não for o que você esperava?

Todas essas são possibilidades nos RPGs.

Motivação Forte

RPGs investigativos de horror como Rastro de Cthulhu trazem “Motivação” como uma característica importante na criação de personagens. É ela que faz você seguir adiante no mistério, mesmo contrariando seu instinto de autopreservação.

A cena a seguir é um clássico de RPGs lovecraftianos. O grupo de investigadores adentrou a biblioteca antiga repleta de tomos empoeirados. Ali há conhecimentos milenares, mas um livro em particular chama a atenção: um volume encadernado em pele humana! Nenhuma pessoa sensata leria um livro desses, ainda mais sabendo dos riscos de perder sua sanidade. Mas e o estudioso com a sede de conhecimento insaciável? Uma oportunidade perigosa como essa é praticamente um convite, mesmo que nós, jogadores, saibamos que é uma armadilha da narrativa.

O Que É Melhor Para a História?

Todos nós assistimos filmes e séries, lemos livros e jogamos jogos dos mais variados tipos. Isso nos prepara para reconhecer os clichês e temáticas comuns das histórias, inclusive quando elas aparecem no RPG.

Um filme slasher precisa ter um assassino implacável. Se jogarmos um RPG slasher e as personagens nunca ficarem em risco, nossa expectativa para o gênero será quebrada e a experiência não vai ser tão divertida.

Com isso em mente, você pode pensar naquilo que a história precisa e agir de acordo. Tem uma oportunidade para criar uma rivalidade entre duas personagens de jogadores? Aproveite e faça essa interação! Acha que a história precisa de um final explosivo? Pergunte à narradora se o encanamento de gás está funcionando, dando indícios do que pretende fazer. Acha que o grupo se distraiu demais do mistério principal? Faça uma cena em que a sua personagem pergunta às outras sobre uma pista que vocês encontraram.

Se prestar atenção nisso, você vai naturalmente perceber quais caminhos vão tornar suas sessões mais interessantes, e tomar essas atitudes será recompensador.

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Horror nos Holofotes: Técnicas para Mestres de RPG de Terror

Cada estilo de RPG tem suas peculiaridades, e há muitas técnicas para os RPG de terror. Preparar e conduzir sessões nesse estilo é diferente de jogos de aventura, RPGs épicos e de ação.

O texto de hoje é direcionado aos mestres e narradores, já que são bastante responsáveis por criar o clima de tensão, suspense e medo. No próximo texto desta série, teremos dicas para jogadores!

Descrições Sinistras

Qual a diferença entre sofrer 10 pontos de dano e ser dilacerado ao longo do ventre, jorrando sangue e guinchando de dor? Ambos podem ser iguais mecanicamente, mas uma descrição vívida, empolgante e perturbadora faz toda a diferença em um RPG de terror.

Quando for dar o resultado de uma jogada, comece descrevendo o resultado de maneira impactante. Se for um ataque, enfatize a violência, a adrenalina e a dor. Se for um obstáculo perigoso, diga como a personagem sua frio ao ver a vida passar diante dos olhos. E, se for a mente se quebrando, divirta-se com as representações de alucinações, paranoia e distorções sensoriais para dar vida à insanidade.

Atrasar o Monstro

Pode reparar: em muitos filmes de terror e horror, o monstro demora para aparecer. Mesmo assim, vários sinais do grande vilão aparecem ao longo da história. Tais vislumbres criam expectativa, uma tensão crescente que culmina quando o monstro finalmente surge!

Atrasar a aparição do monstro ou vilão é fácil de se fazer em histórias de suspense ou mistério. Afinal de contas, o mistério todo costuma girar em torno do monstro, e os protagonistas o encontrarão somente depois de reunirem pistas e solucionarem o enigma.

Você também pode usar essa técnica para aumentar a tensão em D&D, Tormenta e outros RPGs de fantasia medieval. Se os heróis da sua aventura estiverem caçando um dragão, podem encontrar sinais da devastação da fera conforme seguem seus rastros, dando indícios do seu poder devastador até, enfim, ficarem cara-a-cara na batalha final.

Ambientação

Efeitos sonoros, música de fundo, luzes baixas e imagens evocativas: tudo isso facilita as sensações de medo e suspense.

Há vários sites onde você pode pegar trilhas sonoras específicas para RPG, e o meu favorito é o Tabletop Audio. Se estiver apenas jogando com seus amigos, sinta-se livre para usar qualquer música que combine com a narrativa – eu prefiro músicas instrumentais, para a letra não distrair os jogadores –, mas tome cuidado com os direitos autorais se estiver transmitindo sua mesa.

Imagens também ajudam as pessoas a visualizarem a cena, as personagens e os eventos acontecendo. A maioria dos livros de RPG têm imagens excelentes que você pode usar, e, nas suas mesas pessoais, vale pegar mais imagens de referência em sites como Artstation ou gerar por IA. Contudo, você também deve tomar cuidado com os direitos de uso de imagens – inclusive geradas por IA – se estiver transmitindo seu RPG.

Modulando sua Voz

A oratória é fundamental para a experiência de um RPG. Pessoas diferentes têm habilidades diferentes para fazer vozes, sotaques, efeitos sonoros e narração, mas você pode experimentar cada um desses aspectos e aprimorá-los com o tempo.

Uma coisa fácil de se fazer é variar o volume e velocidade da fala para modificar a intensidade do que você diz. Quando uma cena de ação começa, você pode falar alto e rápido para elevar a tensão. Em um momento de suspense, fale devagar, a voz suave. E, ao descrever uma cena de terror, tenha clareza e use um tom e expressões mais sinistros que conseguir.

Mais Dicas de RPG

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Horror nos Holofotes: 10 RPG de Terror para o Halloween

O Halloween se aproxima, então chegou a hora de preparar uma lista de 10 RPGs de terror para aterrorizar suas sessões este mês. Desde RPG paranormal até terror espacial, apocalipse zumbi e horror cósmico, tem muita coisa legal nessa lista!

Cthulhu

Começamos com… muitos! Chamado de Cthulhu, Rastro de Cthulhu, Achtung! Cthulhu, Cultos Inomináveis, Chamado de Gathulhu e a lista continua. 

Chamado de Cthulhu é o pioneiro, está em sua 7ª edição e tem diversos suplementos, inclusive célebres campanhas como Máscaras de Nyarlathotep.

Rastro de Cthulhu traz um sistema inovador de busca de pistas e é meu preferido pessoal, mas ei! Cada um tem seu gosto, e tem espaço para todos no horror cósmico lovecraftiano.

Indicação: Para fãs de H. P. Lovecraft e quem não se importa com destinos terríveis para as personagens.

Vaesen

Um bestiário folclórico ilustrado da Escandinávia foi transformado em um RPG de investigação sobrenatural na era Vitoriana. Os vaesen são os seres das antigas tradições rurais e obscuras de países como Noruega e Suécia. As personagens jogadoras têm o dom da Visão, que lhes permite enxergar essas criaturas ocultas. Elas se reúnem em um grupo chamado apenas de “A Sociedade” e enfrentam os vaesen para proteger a humanidade.

Indicação: Para quem gosta de fantasia histórica, da estética vitoriana e de folclore obscuro.

Ordem Paranormal

Um dos RPGs mais populares do Brasil precisava estar nessa lista, não é mesmo? Nesse cenário contemporâneo, uma organização secreta combate ameaças de outra dimensão e usa as próprias manifestações e rituais sobrenaturais para ganhar poder e combater fogo com fogo.

Mas eu aposto que você já sabia disso tudo, não é mesmo? É muito difícil Ordem Paranormal não entrar no nosso radar atualmente.

Indicação: Para quem quer desvendar as fraquezas de monstros sinistros e arriscar a vida enfrentando eles.

Kult

Nosso mundo é uma ilusão tecida por uma divindade ausente e povoada por anjos caídos e demônios que sussurram nas sombras. Os sofrimentos da humanidade são muito piores do que nossa mente mortal consegue compreender, mas você despertou para eles. Se gostou do conceito, preste atenção: este jogo explora traumas, torturas e outros assuntos pesados!

Indicação: Maiores de 18 anos que queiram explorar temas maduros e perturbadores no RPG.

Terra Devastada

Mais um jogo nacional para a lista! Essa criação do John Bogéa se tornou um clássico dos zumbis nacionais, apresentando um cenário pandêmico e pós-apocalíptico em que uma praga zumbi devastou a humanidade. O foco é a sobrevivência e os horrores monstruosos e humanos que devem ser suportados para continuar vivendo nesse mundo aterrorizante.

Indicação: Para quem gosta de mergulhar no psicológico das personagens enquanto tenta sobreviver.

Mothership

Um excelente RPG de terror no espaço! Faça parte de uma tripulação que encontrará naves abandonadas, planetas estranhos e formas de vida perigosas. Só não deixe sua mente se quebrar antes de realizar sua missão.

Infelizmente, disponível apenas em inglês.

Indicação: Para quem tem saudades de Abismo Infinito e acha que Alien RPG não chegou à sua altura.

Shadow of the Demon Lord

Um jogo de fantasia medieval sombria com um rico cenário repleto de monstros terríveis, pessoas ainda piores e um fim do mundo inevitável. Apesar de usar dados de 20 lados, o sistema é um tanto quanto diferente do D&D e possibilita uma customização de personagens muito maior. 

Indicação: Para quem quer algo semelhante a Dungeons & Dragons, mas muito mais sinistro.

Old Gods of Appalachia

Baseado em um podcast estadunidense de mesmo nome, esse RPG traz um novo universo de horror nos Montes Apalaches, uma região montanhosa rural e sinistra. Há coisas ancestrais soterradas nas montanhas e, quando estas cruzam o caminho da humanidade, o resultado é sempre o horror.

Se gostou do conceito, pode ir atrás de outros RPGs baseados em podcasts de terror, como o The Magnus Archives

Indicação: Fãs de terror rural e que saibam falar inglês – não tem tradução para o português!

Night’s Black Agents

O mundo está tomado por uma conspiração vampírica e você é um agente secreto que deve combatê-los. Além de trazer o sistema GUMSHOE para a espionagem, há uma grande personalização dos próprios vampiros, de modo que você pode jogar tanto contra horrores sobrenaturais clássicos como contra alienígenas sugadores de sangue.

Indicação: Para quem gosta tanto de Blade quanto de James Bond e quer misturar as duas coisas.

Movin’ On

No Halloween, nada melhor do que emular os filmes slasher, ainda mais com um sistema nacional. Em vez de dados, você usa cartas para tentar escapar e sobreviver ao ataque de um assassino implacável e todos os obstáculos que surgirem em seu caminho.

Indicação: Para quem quer aproveitar a sexta-feira 13 jogando um RPG de Sexta-Feira 13.

Faltou Algum RPG de Terror?

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Horror nos Holofotes: Tipos de Terror

Começou outubro, o Mês do Terror, e veio a vontade de jogar algum RPG de horror, não é mesmo? Mas criar um jogo de horror é por si só uma tarefa assustadora: nem todos os jogos foram feitos para o terror e, além disso, de quais tipos de terror estamos falando? Tanto O Massacre da Serra Elétrica quanto O Silêncio dos Inocentes são obras de horror, mas os dois são muito diferentes entre si.

Não se preocupe: aqui vai um guia de vários tipos de terror – não de todos – e como inseri-los na sua mesa de RPG.

Terror Sobrenatural

Vamos começar com o mais popular. 

Nem toda história sobrenatural é uma história de terror, e não basta ter um susto para ser realmente horripilante. Você pode usar fantasmas, demônios, mansões mal-assombradas e todo tipo de entidade e ainda assim não alcançar o verdadeiro terror. 

Jogadores de Ordem Paranormal sabem do que eu estou falando: o monstro errado e o combo certo transformam qualquer tentativa de horror em uma simples questão de rolar dano o suficiente.

O segredo é o insólito, o obscuro, o fugaz: tudo aquilo que você não consegue definir com exatidão, que você não consegue agarrar com suas mãos. É por isso que o terror está sempre tão ligado ao mistério: aquilo que não sabemos pode esconder um perigo.

O terror sobrenatural costuma falar da mortalidade e do outro lado; de memórias, luto, legado e maldições; de sacrifícios, pactos e arrependimentos. Essas questões geram emoções desconfortáveis, e é aí que você pode fisgar o terror.

Terror Psicológico

Esse aqui mete medo em muita gente por tratar de questões muito humanas, mas também por ser complicado de se fazer. 

Essas histórias podem tratar da paranoia, questões existenciais, dilemas morais, isolamento, desamparo, questionamento dos sentidos e da realidade, além de muitas outras coisas – tantas coisas quanto há sentimentos humanos. O terror cósmico de Chamado de Cthulhu, de H. P. Lovecraft, cai nessa categoria.

Você pode criar o terror psicológico em qualquer RPG, envolvendo ou não o sobrenatural. A única coisa que você precisa garantir é o interesse.

Seus jogadores e jogadoras precisam se importar com a história, com as personagens, com o que acontece dentro da narrativa. O comprometimento com a ficção é obrigatório para conseguir sentir medo dentro do jogo. Nesse caso, sentir medo faz parte da diversão que buscamos, mas também nos deixa emocionalmente vulneráveis. Portanto, a confiança e entendimento dentro do grupo acaba sendo fundamental.

Serial Killers

Agora vamos para um tipo de terror “casual”: o gênero slasher, caracterizado por um assassino implacável perseguindo suas vítimas. Aqui, o mais importante é o medo da morte, sua ou dos seus companheiros. Mas, para causar medo, lutar não deve ser possível, e fugir é apenas uma solução temporária – mesmo andando, o serial killer sempre alcança suas vítimas correndo, não é mesmo? Buscar ajuda externa também deve ser limitado, e é por isso que tantas histórias desse tipo se passam longe da civilização.

Olhando o slasher por outro ângulo, já pensou em trocar o serial killer por outros adversários? Você pode transformá-lo em um animal (como em Tubarão), em um alienígena (o xenomorfo de Alien) ou um monstro sobrenatural (como em Lobisomem Americano de Londres). No seu RPG, ele pode ser praticamente qualquer monstro que seja a) insistente em perseguir para matar as personagens, e b) tão difícil de combater que irá desincentivar o combate.

O Fim dos Tempos

O apocalipse é assustador, seja ele natural, religioso ou causado pela humanidade, já que somos impotentes quando diante das forças da natureza – ou de uma bomba atômica.

Nessas histórias, o que importa é sobreviver ou salvar pessoas indefesas. Escapar ou resgatar alguém cria uma corrida contra o tempo, e isso gera adrenalina.

Além disso,se a catástrofe for causada pelo ser humano, você pode apelar para o desamparo de um “desastre evitável” e se aproximar do terror psicológico.

Horror Corporal/Body Horror

O que acontece quando você se torna o monstro?

Esses tipos de terror apelam para duas coisas: o gore e o questionamento existencial.

O gore, ou grotesco, é mais fácil: basta descrições nojentas da carne se transformando, de ovos insectoides, olhos múltiplos, gosmas e sangue e ossos e… bom, você entendeu.

A parte existencial vem de se perguntar se você ainda é humano, ou em temer aquilo que você não consegue controlar. Em um RPG moderno, experimentos de laboratório podem transformar você em algo monstruoso – um zumbi viral, uma aberração vampírica ou um híbrido entre humano e inseto, por exemplo. Já na fantasia medieval sombria, um feitiço ou maldição pode fazer você se transformar em um licantropo ou outra criatura encantada.

Quer Mais Horror?

Se gostou de conhecer os tipos de terror, convido você a conhecer as Ideias Arcanas, o meu canal no YouTube onde falo não só de terror, mas de muitos outros assuntos do mundo dos RPGs. Teremos muito conteúdo em outubro, então não deixe de seguir @IdeiasArcanas nas redes sociais.

Bons pesadelos!

Autor: Mateus Herpich/Ideias Arcanas

Seu Aventureiro É Raro? – Opções Mais Incomuns em D&D 5ª Edição

Quando criamos nossas personagens em Dungeons & Dragons, gostamos de pensar que elas serão aventureiras únicas, guerreiras sem par, magas peculiares ou ladras como o mundo nunca viu antes. Entretanto, a verdade é que, com milhões de jogadores pelo mundo todo, alguns tipos de personagem tendem a se repetir, ainda mais considerando todas as influências de livros, filmes e jogos inspirando novos heróis e heroínas.

Por isso, fica a pergunta: O quão rara é a sua personagem de Dungeons & Dragons 5ª edição?

Opções Menos Populares

Este artigo se baseia em uma pesquisa feita no site D&D Beyond, uma das ferramentas online de D&D mais populares, que reuniu centenas de milhares de personagens criadas entre 2015 e 2017. Tenha em mente que, nessa época, havia muito menos livros de D&D disponíveis comparado com hoje em dia.

É fácil chutar as opções mais comuns: guerreiro humano ou anão, guardião elfo, bruxo tiferino. Não só várias ilustrações nos livros básicos fazem referências a personagens com essas combinações, mas elas também se parecem com personagens de outras mídias.

Porém, é mais interessante olharmos para o outro extremo dessas pesquisas: quais são os caminhos menos trilhados para os heróis, e por quê?

Raças Menos Populares

Como é de se esperar, as opções menos populares tendem a estar nos livros além dos básicos, como o Elemental Evil Player’s Companion, mas vamos nos ater ao Livro do Jogador neste artigo.

As três raças menos comuns são, em ordem de raridade: gnomo, meio-orc e pequenino. Considerando as classes mais escolhidas, ver duas raças pequenas dentre as impopulares mostra uma tendência para guerreiros brutamontes, em detrimento dos ágeis e diminutos — o que é um pecado, pois personagens pequenos com armas enormes são um conceito hilário de se jogar. Além disso, o próprio Critical Role conta com um pequenino guerreiro em seu elenco de personagens atual: Orym, dos Ashari do Ar, um exímio mestre de batalha e protetor de seus aliados.

Outra questão que fica no ar é se a presença de gnomos mudou depois da publicação da classe artífice, já que gnomos tinkerer (ou “engenhoqueiros”) são emblemáticos, um clichê quase tão presente quanto arqueiros silvestres ou magos barbudos — veja, por exemplo, a artífice Vi.

Quanto aos meio-orcs, o fato de serem descendentes de uma raça tipicamente “maligna” pode afastar alguns os jogadores dessa opção, mas seria interessante ver a popularidade de elfos drow para comparação. Ainda assim, essa é outra raça cuja popularidade pode ter aumentado nos últimos tempos, já que as raças humanoides vêm perdendo seu status de “inerentemente más”. E, pra citar novamente a stream de RPG mais assistida no mundo todo, por causa de um certo meio-orc bonitão.

Classes Menos Populares

Surpreendentemente, a classe menos popular é o druida, algo estranho, já que esta é uma classe… bem, clássica: os druidas estão presentes desde o Eldritch Wizardry, um suplemento de 1976 para a edição original de Dungeons & Dragons. Esta impopularidade pode ter duas origens: a complexidade do druida — controlar as transformações selvagens, preparar magias e outras características exclusivas de cada círculo druídico — somada a uma representação muito arquetípica de “conjuradores naturais” nas mídias de fantasia e que pode não agradar muitos jogadores. 

Mas, assim como todas as outras classes, a representação dos druidas no RPG mudou muito desde sua origem céltica, bebendo de várias fontes e expandindo em variações até que, hoje em dia, os druidas não estão mais limitados a sacerdotes da natureza que andam descalço e abraçam árvores.

Em penúltimo lugar de popularidade está o feiticeiro, um conjurador que conta com as mecânicas únicas de Pontos de Feitiçaria e Metamagia. Novamente, as mecânicas que tornam o feiticeiro especial também acrescentam complexidade, e isso pode afastar jogadores novatos que, por desconhecimento, enxergam o feiticeiro como uma versão gourmetizada do mago.

E, apenas um pouco mais popular do que o feiticeiro, temos o bardo, bizarramente impopular considerando que esta é uma das grandes representantes do D&D através dos memes: histórias de mesas de RPG em que o músico tenta resolver tudo cantando, seduzindo ou dando no pé. Até parece que todos os grupos contam com um bardo, mas talvez isso seja um viés do Brasil. Será que esses resultados da pesquisa seriam diferentes por aqui?

As Combinações Mais Exóticas

Juntando os dois resultados acima, as opções mais inusitadas de classe e raça são: meio-orc feiticeiro e mago, gnomo paladino e meio-elfo bárbaro. Nesse caso, a distribuição padrão de bônus de atributos dá uma boa ideia de porque feiticeiro e mago não combinam muito com os truculentos meio-orcs, e porque gnomos paladinos são visões raras. 

No caso dos meio-elfos bárbaros, a justificativa mecânica é mais fraca – eles podem escolher um dos atributos para aumentar – e a mais forte talvez seja a estética. Mas para quem não consegue imaginar um meio-elfo bárbaro, convido vocês a conferirem a ilustração para a subclasse Path of Wild Magic (“Trilha da Magia Selvagem”, em tradução livre), do Tasha’s Cauldron of Everything. Oficialmente ela representa um elfo silvestre, mas poderia muito bem se tratar de um meio-elfo.

E você? Qual foi a combinação mais exótica que você já fez? E você acha que a popularidade das classes e raças de D&D é diferente nas nossas terras tupiniquins?


Para mais posts de Dungeons and Dragons é só clicar aqui ó! E provavelmente devemos fazer uma cobertura da D&D Direct, então fique tranquilo, mas já segue a gente nas redes sociais para ficar por dentro de tudo, só clicar aqui no linktree.

Resenha: Sistema 42

Tem dias que você acorda, toma um café mais forte do que deveria e fica pilhado pra fazer ficha de personagem. E não uma ficha qualquer, mas aquelas que exigem rolar dúzias de tabelas, folhear livros empoeirados de sistemas desnecessariamente complexos e calcular as estatísticas com precisão. Depois de horas de sangue e suor criando a ficha ideal, uma obra de arte RPGística, um admirável chiaroscuro de combo safado e interpretação pedante, você guarda ela naquela mesma gaveta empoeirada com tantos outros personagens que nunca verão uma sessão de jogo.

Mas tem outros dias que você acorda sem saber que horas são, com a ligação bêbada do seu amigo chamando você pra jogar RPG. Quando? Agora mesmo, inclusive ele já está na frente da sua casa, batendo na porta há dez minutos pedindo pra entrar. Qual sistema? Ótima pergunta, ele não sabe e, na verdade, nem trouxe dados. Quem vai narrar? Ninguém. Quer dizer, todo mundo. Quem se importa? O importante é jogar, porque, se for pra esperar vocês criarem as fichas, nunca vai acontecer.

E é para essas situações totalmente cotidianas e nada específicas que temos o Sistema 42.

Você, jovem que não sabe para quê serve uma toalha ou você, experiente Mochileiro que sabe preparar uma Dinamite Pangalática de respeito: Certamente não existe nada nos seus registros igual ao Sistema 42. Mas, antes de falar dele, preciso fazer uma explicação semi-desnecessária e o mais breve possível sobre o Guia.

O Guia (Segundo Eu Mesmo)

O Guia do Mochileiro das Galáxias é uma série de livros (e programas de rádio, série de TV e filmes também) de ficção científica absurda, aos moldes de Monty Python e que mistura a burocracia inglesa com alienígenas bizarros, críticas sociais, poesia ruim e humor tão autodepreciativo (em relação à espécie humana) que talvez você acabe concordando com o plano de demolir o planeta Terra para construir uma rodovia espacial.

Douglas Adams, sentimos sua falta.

Quarenta e Dois?

Tá bom, mas e sobre o Sistema 42? Em primeiro lugar, ele segue à risca a resposta para todas as perguntas sobre a vida, o universo e tudo mais (que é simplesmente 42, caso você ainda esteja perdido). Do mesmo jeito que essa resposta não faz muito sentido, algumas escolhas do sistema também não fazem, pelo menos do ponto de vista de balanceamento. Mas ei! Essa é a ideia, então nada de parar de ler!

Na hora de criar sua personagem você tem 42 pontos para comprar cinco atributos, de acordo com a tabela de pontos de criação. Depois que você comprar seus atributos você vai criar algumas características para a sua personagem, e é nessa hora que você tira o pé do freio da sua imaginação, bebe de todas as suas referências do Guia e inventa uma raça alienígena totalmente sem pé nem cabeça (mas com três umbigos e um gigapâncreas quadrático), uma nuvem de gás colorido e inteligente ou ainda um bom e velho e sem-graça humano.

As características que você vai inventar para a sua personagem são frases engraçadas que possam ser usadas durante o jogo para você trapacear. Eu poderia dizer que você usa as características “de forma estratégica, posicionando as vantagens e desvantagens da personagem de modo a otimizar suas ações na narrativa e atingir os objetivos do grupo”? Sim, eu poderia, mas eu quero ser honesto aqui. Quando um jogo permite que você escreva na ficha que você é “vice-campeão de astropebolim gigântico” e por isso você consegue dar um soco de quebrar o queixo do seu adversário, então você está é trapaceando.

E tudo bem, porque é disso que se trata o Sistema 42: encontrar situações absurdas em que a sua habilidade absurda lhe dá uma vantagem, e convencer o Guia de que isso não é apenas absurdo, mas que é tão absurdo que chega a ser hilário e, por isso mesmo, faz todo sentido.

O Guia (De Novo, Mas Esse É Outro)

Ah, eu ainda não falei do Guia dentro do Sistema 42, né? Esse RPG não tem um Mestre ou Narrador fixo, mas uma posição rotativa de Guia. O Guia é quem a princípio irá conduzir a história, criando um cenário cheio de humor ácido, viagens intergaláticas e poesia vogon. Mas, a cada 42 minutos (não se esqueça de ligar o cronômetro!), o Guia passa a ser o jogador à direita do Guia atual, e o jogo segue em frente com este novo condutor.

A partida termina quando todos tiverem sido o Guia? Sim. Quer dizer, não. Ou melhor, talvez. Como todo bom RPG, a partida dura enquanto os jogadores quiserem (e puderem) continuar jogando, a não ser que uma condição especial ocorra: Se, em qualquer momento do jogo, alguém descobrir uma pergunta para a qual a resposta seja 42, o jogo termina aí. E, igual uma partida de Sistema 42, se eu ainda não fiz vocês darem umas risadas e ficarem com vontade de jogar, é melhor eu encerrar por aqui.

Até mais, e obrigado pelos peixes!

The Legend of Vox Machina, Animação de RPG prestes a Estrear

Já imaginou ver a sua campanha de RPG transformada em uma série de animação? Pois foi isso que aconteceu com o Critical Role! É claro que não foi da noite para o dia, mas a série animada The Legend of Vox Machina vem aí, cheia da ação e fantasia heroica que adoramos nos RPGs.

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Deixe a Dark Fantasy Entrar no Seu RPG!

Olá, condenados, sejam bem-vindos ao fim do mundo. Hoje nossa conversa será sobre as histórias nas quais a esperança escorre por entre os dedos como sangue e onde a luz no fim do túnel é difícil de discernir em meio às chamas de sua destruição. Vamos falar de fantasia sombria — ou dark fantasy —, como inseri-la nos seus RPGs e dar um exemplo de um excelente sistema deste gênero: Shadow of the Demon Lord.

O Que É a Fantasia Sombria?

A definição mais fácil de fantasia sombria é a de uma história fantástica que incorpora o terror. Os elementos de fantasia costumam ter uma distorção, ou quem sabe uma verdade, que os leva para o lado sombrio. E não são apenas monstros horríveis, mas pessoas ainda piores que transformam um cenário de magia, reinos antigos e ruínas inexploradas em um verdadeiro mundo de fantasia sombria. Porque, como diz o bruxo Geralt de Rívia, tanto espadas de prata quanto espadas de aço são para matar monstros.

The Witcher é um ótimo exemplo de um mundo de fantasia sombria: nele, não só a mitologia, mas até mesmo contos de fadas e outras referências à ficção contemporânea assumem um tom obscuro e duvidoso, em que nunca se sabe como irá terminar, mas sempre tememos pela tragédia. Outro exemplo são As Crônicas de Gelo e Fogo, Dragon Age, Dark Souls e Warhammer.

Já nos RPGs, podemos começar citando o terror gótico de Ravenloft e terminar em Mörk Borg, passando pelas adaptações de todas as obras citadas acima e chegando, afinal, em Shadow of the Demon Lord.

O Fim É Apenas o Começo

No mundo de Shadow of the Demon Lord, os clássicos da fantasia medieval — religiões e cultos, raças fantásticas, poderes mágicos, reinos antigos, impérios malignos, ameaças dracônicas, terras distantes, nações exóticas e monstros do clássico ao bizarro — têm seu lugar ao sol. Ou, melhor: à Sombra. Uma entidade chamada de Demon Lord está sempre à espreita, procurando brechas nos limites da realidade para invadir o mundo e destruir tudo. Quando — não “se”, pois é apenas questão de tempo — ele invadir, não haverá escapatória, apenas o oblívio definitivo. Por isso, enquanto forças ocultas tentam trazê-lo para esta realidade, nossos heróis, voluntários ou não, tentam impedir sua vinda.

É neste quase fim do mundo que se passam as aventuras de Shadow. Em uma sessão, as personagens podem estar fugindo do massacre de homens-fera canibais. Na outra, tentarão libertar os prisioneiros de um necromante, prestes a perderem suas almas. Ao fim de suas carreiras, estarão vagando pelo próprio Vazio, cercados de infinitos demônios enquanto sacrificam suas vidas para fechar uma brecha que traria o Demon Lord. Espadachins, ladrões, magos e sacerdotes lutando lado a lado, sim, mas também carrascos, exorcistas, tecnomantes e devoradores de pecados — opções um tanto incomuns e levemente questionáveis, todas disponíveis aos jogadores.

E não só no cenário ou nas opções de monstros e personagens é que se faz a fantasia sombria de Shadow of the Demon Lord. Existem várias regras que apontam o caminho mais escuro, como contadores de Insanidade e Corrupção, doenças e ferimentos permanentes, magias negras com efeitos terríveis, maldições e outras consequências para ações tomadas em jogo. Tudo isso que está no sistema facilita incorporar o cenário na narrativa, e também ajuda quem quiser adaptar este sistema a outras histórias de fantasia sombria.

O Maior Desafio é Escolher Entre Dois Males

Complicar a vida nas personagens com regras cruéis, monstros bizarros e descrições sangrentas não basta para a verdadeira experiência da fantasia sombria: é preciso mostrar como o Mal, este com letra maiúscula mesmo contra o qual os aventureiros passam tanto tempo lutando, está não só presente por toda parte, mas também ganhando a batalha contra o Bem.

As pessoas são corruptas, e não só por ganância: que escolha elas têm na Cidade dos Ladrões, senão serem elas próprias criminosas? As pessoas são violentas, e não apenas pela brutalidade, mas porque, se atacarem primeiro, têm mais chance de sobreviver. As pessoas são egoístas e relutantes em se juntarem ao Bem em sua luta contra o Mal. Afinal de contas, o Bem perdeu tantas vezes que a probabilidade de derrota lhes parece muito maior do que de vitória.

Então, com tantas dificuldades que estas pessoas passam, com tantas escolhas difíceis que precisaram fazer, os heróis podem realmente culpá-las por suas transgressões? Elas não são vítimas neste mundo horrível, mesmo quando ajudam a perpetuar o mal que as aflige? E se isso não bastar para convencer os jogadores de que o certo e errado são difíceis de separar, o que acontece quando eles próprios precisarem fazer esta escolha?

Pense na seguinte situação: os aventureiros passam dias desbravando uma masmorra terrivelmente mortal, que até mesmo ceifou a vida de um de seus companheiros. Mas, no fim das contas, eles alcançam a câmara mais profunda e encontram a arma ancestral capaz de derrotar a Senhora das Trevas! A alegria é imensa até perceberem que a arma não funciona, e então alguém se lembra de uma antiga lenda dizendo que a arma precisa de dezenas de almas para ser ativada. Quem os jogadores escolherão sacrificar? Irão capturar seus inimigos e lhes dar um destino pior do que a morte? E, se não houver tempo antes da batalha final contra a Senhora das Trevas, eles sacrificariam uma pobre vila camponesa para ativar a arma e salvar o restante do mundo?

É destes dilemas que a parte mais sombria da fantasia sombria vem. Alguns chamariam de horror psicológico, mas é mais simples do que isso: são escolhas dramáticas em que nenhuma das opções é boa.

E, ainda assim, os protagonistas desta história podem sim ser verdadeiros heróis.

O Contraste com as Trevas Faz Brilhar a Luz

Em um RPG onde não existem escolhas simples de se fazer, em que cada ação tem consequências e a sobrevivência nunca está garantida, parece fácil para as personagens se tornarem más. Mesmo assim, não é disso que tratam a maioria das histórias de fantasia sombria, e sim daquelas pessoas que lutam pelo bem apesar de tantas dificuldades.

Quando a batalha é realmente mortal, escolher lutá-la é mais impactante, e quando a vitória não virá de graça, aqueles que se sacrificarem serão lembrados para a eternidade. Até mesmo ladrões e assassinos dando suas vidas pelo amor egoísta por seus companheiros tornam-se legítimos heróis em um cenário como este. Quando você torna as sombras mais profundas na sua história, a luz, a esperança e os atos heróicos ficam mais significativos do que nunca, e este contraste é uma valiosa ferramenta narrativa na fantasia sombria.

As Sombras Mais Densas

Para terminar este artigo, tome como inspiração algumas das Sombras do Demon Lord, uma espécie de tema geral das histórias de Shadow of the Demon Lord, que guia as aventuras das personagens desde o nível 0 até o 10 e além. Esta Sombra indica quais inimigos, quais perigos e dificuldades surgirão como obstáculos e como as tensões irão se elevar cada vez mais até o clímax ao final da história, em uma batalha de tudo ou nada.

Quando a Sombra afeta a própria magia, os feitiços param de funcionar como deveriam e têm consequências catastróficas se os conjuradores não forem cuidadosos. Ainda pior, aqueles que ainda escolhem usá-la correm o risco de mancharem suas almas com Corrupção.

Se a Sombra recai sobre os sonhos de um deus morto, a realidade começa a se moldar de acordo com as lembranças e terríveis imaginações desta entidade, e talvez encontrá-la e despertá-la — ou destruí-la — seja a única salvação.

Por outro lado, quando a Sombra afeta o Grande Dragão, um ser de pura destruição e poderio impossível de deter, os aventureiros podem começar escapando de suas chamas, mas terminar indo de encontro a elas, com algum plano suicida para fazê-lo… dormir.

E se a Sombra afetar as mentes, espalhando uma loucura infecciosa? O que melhor para explicar o chamado à aventura das personagens do que a simples e pura insanidade que as leva a arriscarem suas vidas em uma batalha perdida? Estas e outras Sombras apresentadas em Shadow of the Demon Lord servem de inspiração para qualquer história de fantasia sombria que você queira contar, e são fáceis de adaptar para outros cenários e sistemas.


Se você gostou desta premissa e quer conhecer mais sobre Shadow of the Demon Lord e outros RPGs, não deixe de conferir meu canal no YouTube e nos vemos na próxima aventura.

… se o Demon Lord não vier antes.

Brigas para Todos os Mundos! – Adaptando Brancalônia

Olá, Canalhas! Benvenuti a este artigo de Brancalônia onde, se eu não conseguir provar que esse é o melhor cenário de D&D 5ª Edição, fico devendo uma aquamorte da próxima vez que nos encontrarmos em uma taberna.

Hoje eu trago a vocês a mecânica mais interessante deste cenário: as regras de Briga. Este conjunto de mecânicas de combate não-letal encaixa perfeitamente em qualquer aventura com confrontos caóticos, armas improvisadas e personagens que lutam sujo, seja em Brancalônia ou em qualquer outro cenário.

Regras para Brigar

Brancalônia não elimina as regras de combate de D&D 5ª edição, mas simplesmente aprimora um ponto fraco do sistema: os combates não-letais. Em vez dos típicos ataques e magias de uma batalha sangrenta, uma briga cria um ambiente mais caótico em que garrafas, cadeiras e outros objetos são usados em pancadas e onde perigos ambulantes como chuvas de banquetas ou rios de cerveja caem sobre os Canalhas brancalonianos.
Em resumo, os pontos mais importantes de uma briga de taberna são estes:

  • Não se usa magias, habilidades de classe e ataques armados. Em vez disso, você desfere pancadas, faz Manobras (Gerais ou Mágicas) e usa adereços recolhidos do ambiente da briga.
  • Em vez de perder pontos de vida, você sofre Lesões com efeitos prejudiciais cumulativos até ficar fora de combate. Uma briga de taberna nunca é até a morte, e os perdedores acordam com alguns olhos roxos a mais e uns dentes a menos depois de um tempo.
  • Durante uma briga, perigos ambulantes imprevisíveis afetam todos os participantes, sejam Canalhas ou seus oponentes.
  • Os perdedores da briga podem ter seus bolsos vasculhados pelo dono do estabelecimento para pagar pelos danos que certamente ocorreram.

Você pode conferir estas regras completas no Guia Rápido de Brancalônia, disponível para download de graça no site da RetroPunk, ou comprando o Livro de Cenário (se você estiver lendo isso durante a pré-venda, além do preço especial o livro tem frete grátis).

Brigando em Outros Mundos

As regras de briga são fantásticas não só em Brancalônia, mas em qualquer outro cenário de D&D, e não exigem muito esforço para adaptar. Basta acrescentar as manobras de acordo com o nível das personagens e adicionar um contador de lesões de zero a seis e boa parte do trabalho está feito!
A maior dificuldade são as características raciais de briga, porque, enquanto as raças de Brancalônia possuem esta mecânica já em seu cerne, as raças padrão precisam de algumas adições. Para poupar seu trabalho, aqui estão as minhas adaptações para estas raças:

Humanos. Humanos são a raça mais comum de Brancalônia, então você pode importar sua característica de briga exatamente como é:

  • Versatilidade: Você ganha +1 espaço de manobra durante uma briga.

Anões. Anões sabem beber, são teimosos e durões e todas estas características emergem durante brigas de taberna. Anões recebem a seguinte característica de briga:

  • Firme Como Uma Rocha: Você tem vantagem em todas as salvaguardas durante uma briga.

Elfos. A magia élfica inata se reflete em seu estilo de briga, que mistura pancadas com conjurações arcanas. Elfos recebem a seguinte característica de briga:

  • Briga Feérica: Você pode escolher suas manobras de briga tanto da lista de manobras gerais quanto da lista de manobras mágicas.

Meio-Elfos. A herança mista de um meio-elfo lhes dá uma grande adaptabilidade. Meio-elfos podem escolher a característica de briga Versatilidade dos humanos ou a Briga Feérica dos elfos.

Pequeninos (Halflings). O povo pequeno exibe uma grande sorte e uma agilidade que lhes permite mover livremente através de multidões de pessoas maiores. Estas características se combinam da seguinte forma em brigas:

  • Alvo Pequeno: Você se esconde facilmente em meio às criaturas maiores. Se houver outra criatura Média ou maior a 1,5 m do pequenino durante uma briga, jogadas de ataque contra você têm desvantagem.

Tiferinos (Tieflings). O sangue ínfero que corre nas veias de um tiferino é responsável por sua aparência infernal, a qual usam a seu favor durante brigas:

  • Rasteira com a Cauda: Como uma ação bônus, um tiferino pode fazer uma pancada que inflige a condição Derrubado em vez de causar dano.

Draconatos: conhecidos por seus sopros dracônicos, os draconatos usam uma variação mais incapacitante do que letal durante brigas de taberna: o Bafo Dracônico!

  • Bafo Dracônico: O draconato exala um hálito desagradável e debilitante na mesma área de seu Sopro Dracônico. Todas as criaturas na área devem ser bem-sucedidas em uma salvaguarda de Constituição contra CD 12 ou sofrem uma Lesão.

Dica: caso não esteja usando um mapa de combate para a briga e a conduza no teatro da mente, considere que o bafo dracônico atinge um número de criaturas igual ao nível do draconato. O Condottiero está livre para colocar tanto inimigos quanto aliados nesta área, dada a natureza caótica da briga.

Gnomos. Gnomos costumam ser alegres e conversadores, portanto é raro que comecem uma briga. Mas, se forem arrastados para uma troca de socos, os valentões logo descobrem que é difícil atingir um gnomo.

  • Briga Ilusória: Nunca se sabe se aquele é realmente o gnomo ou uma mera ilusão. Ao ser atingido por uma pancada ou manobra de briga, um gnomo pode gastar um espaço de manobra como uma reação. A pancada se torna um erro automático e o gnomo é teleportado para um espaço livre a 1,5 m de seu espaço original.

Meio-Orcs. A linhagem órquica intesifica as emoções de meio-orcs, fazendo-os ferverem de raiva durante brigas de taberna. Meio-orcs têm a seguinte característica de briga:

  • Fúria de Briga: Quando um meio-orc sofre uma lesão durante uma briga, ele entra em um breve estado de raiva aumentada. Depois de sofrer uma lesão, a primeira pancada ou manobra de briga que o meio-orc acertar até o final de seu próximo turno causa 1 lesão adicional.

Prontos para a Briga?

Com isso vocês já devem ter tudo o que precisam para inserir as regras de briga de taberna em outros cenários e espalhar a (má) influência de Brancalônia por Faerûn, Athas, Ravenloft, Eberron e todos os mundos de D&D.

Se isso tudo não bastar, há muitas outras raças que poderiam ter características de briga únicas, é só vocês mostrarem interesse comentando e compartilhando esse texto que eu farei uma continuação. Tem mais Brancalônia por vir, mas por enquanto é só.

Arrivederci!


Esta postagem foi escrita pelo Mestre Herpich para o Movimento RPG. Para ler mais postagens do autor é só clicar aqui!


Guia de Criação de Personagens – Brancalônia

Olá, Canalhas! Bienvenuti ao meu primeiro artigo aqui no Movimento RPG! Eu me chamo Mateus Herpich e sou tradutor e criador de conteúdo da RetroPunk Publicações. Acima de tudo, eu sou o responsável por todos os trocadilhos da quinta série que vocês vão encontrar em Brancalônia.

Não sabe o que é Brancalônia? Esse é um cenário de D&D 5ª Edição totalmente canalha, encardido, divertido e italiano. Se quiser saber mais, deixo a minha resenha para vocês lerem e depois voltarem aqui.

Aproveitem para baixar a ficha de personagem de Brancalônia na página de downloads grátis da RetroPunk.

Agora, vou ensinar vocês a criarem uma ficha de um verdadeiro Canalha brancaloniano para nenhum aristocrata pomposo ou criminoso infame botar defeito.

D&D com Algo a Mais (E a Menos)

Os Canalhas de Brancalônia são, na maior parte, personagens comuns de D&D 5ª edição. O que os diferencia são as regras especiais de Briga de Taberna, com novas mecânicas de combate, além da Talha e Reputação ligadas às Transgressões que, por serem Canalhas, todos eventualmente cometem.

Todas essas regras são explicadas no Guia Rápido (também disponível para download) e eu já falei de algumas delas em vídeos, artigos e vou abordar outras em textos futuros. Mas algo importante para se ter em mente é que, diferente de um jogo típico de D&D, Brancalônia é baixa fantasia.

As mecânicas que mais criam este clima de baixa fantasia, problemas mundanos e pouca magia são os Heróis de Baixo Escalão e o Descanso dos Canalhas.

  • Heróis de Baixo Escalão significa que os Canalhas podem evoluir apenas até o 6º nível. E o jogo para por aí? É claro que não. O que acontece é um avanço diferente dos assim chamados Canalhas Eméritos, com uma evolução de poder menor do que até então.
  • O Descanso dos Canalhas segue basicamente a regra variante de Realismo Brutal encontrada no Livro do Mestre, e aumenta o senso de risco das aventuras.

Mas chega de regras e vamos para a criação de personagem!

Primeiros Passos

Vamos começar com o conceito de personagem. Existem várias raças novas em Brancalônia, de marionettes falantes até os enormes morgantes, e vale a pena dar uma lida nelas e nas opções de classe e antecedentes para caracterização. 

Quando tiver feito suas escolhas, você pode anotar os benefícios recebidos. Personagens Agoureiros e Milagreiros (como chamamos os Bruxos e Clérigos em Brancalônia) já têm novos benefícios no nível 1, enquanto os outros receberão as primeiras características exclusivas no 2º ou 3º nível. Quanto às raças, além do típico Humano, temos Dons, Marionettes, Malebranques, Morgantes e Silvestres.

Brancalônia é um cenário que não se leva a sério, e todas as opções de personagem foram pensadas assim. Se você escolher uma raça de fora do cenário, sua personagem pode ficar deslocada e quebrar o clima de humor canastrão, então dê preferência para as opções do livro de Brancalônia.

Até aqui tudo muito fácil, não é? A criação de personagem é exatamente igual a de um aventureiro dos Reinos Esquecidos ou qualquer outro mundo, exceto pelas novas opções. Vamos para algo mais diferente.

Equipamentos em Brancalônia

Duas regras importantes sobre equipamentos, e uma adição bastante interessante. Primeiro, todo o dinheiro inicial das personagens é em Prata, não em Ouro como de costume. Isso reflete o estado paupérrimo e endividado dos Canalhas. Em segundo lugar, todos os equipamentos iniciais (da classe e antecedente) são Equipamentos Ruins. As regras (e as razões) para isso estão muito bem explicadas no Guia Rápido e no Livro de Cenário, mas, em resumo, são armas, itens e armaduras que caem aos pedaços conforme você as usa.

Divertido quando acontece com você? Com certeza. Quando acontece com os outros? Melhor ainda.

Além destes equipamentos existe um gerador de Relíquias que dá várias bugigangas aleatórias e divertidas e que funcionam como inspiração para o antecedente das personagens e fonte de novas histórias.

Regras de Briga de Taberna

Brigas de Taberna são combates não-letais com uma maravilhosa mecânica que aprimora algo que não é muito bem aproveitado nas regras padrão de D&D 5ª edição. Estas regras são tão boas que vale a pena importá-las para outros cenários, e eu vou explicar como fazer isso em um texto futuro.

Por enquanto saiba que todos os Canalhas possuem um número de Espaços de Manobras de Briga de acordo com seu nível, características que dependem da raça escolhida e mais manobras que vão tornar qualquer briga em um confronto frenético e hilário — tudo essencial para qualquer Canalha que se preze.

Transgressões e a Talha

Os Canalhas brancalonianos vivem sendo acusados de Trangressões (que cometeram ou não), e suas Talhas (a recompensa por suas cabeças ou capturas) aumentam por causa disso. Sua personagem é acusada de um número de Transgressões igual a 3 + seu nível, roladas aleatoriamente ou escolhidas de acordo com sua preferência.

Depois de somar o valor de todas suas Transgressões você obtém seu valor da sua Talha. É ela que determina sua Reputação entre os outros Canalhas de Brancalônia, o quanto eles o respeitam e também quais Riscos Ocupacionais ocorrem durante suas missões por causa da sua fama (ou infâmia). Será que alguém lhes oferece ajuda e abrigo, ou um Caçador de Talhas irá atrás do seu bando para capturá-los?

E o Que Mais?

Você e os outros Canalhas de seu Bando fazem parte de uma Companhia maior, e esta tem seu lider, o Condottiero. Além disso, vocês têm um Covil no qual se esconder, botar os pés pra cima durante a Folga e aproveitar benefícios que vocês desbloquearem ao longo de suas carreiras, como uma Destilaria ou um Mercado Negro.

Criar fichas de Brancalônia não é nada complicado, e, pela maior parte, é igual a criar fichas de personagens de outros cenários de D&D. Garanto a vocês que todas as diferenças, opções exclusivas e adições tornam o RPG muito mais divertido, e quem assistiu às sessões de Brancalônia no Movimento RPG sabe do que eu estou falando.

Agora chega de conversa, e vamos para Brancalônia!


Esta postagem foi escrita pelo Mestre Herpich para o Movimento RPG. Para ler mais postagens do autor é só clicar aqui!


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