Ceifadores — Resenha

Criado por Jorge Valpaços, o RPG de Mesa Ceifadores foi desenvolvido pela Lampião Game Studio e publicado pela AVEC Editora.

Devido ao tema do jogo, não há espaço para meias palavras ou metáforas nesse artigo.

Ceifadores é um RPG sobre assassinatos. Não, não como aqueles que você faz com seu grupo de aventureiros chacinando goblins em uma caverna.

Ceifadores é sobre a profissão de um assassino. Sobre um trabalho meticuloso, delicado e preciso.

Você deve estar se perguntando quem é esse assassino?

Bom… É você. Você e os demais jogadores. Se você tem mais de 18 anos e não tem gatilhos com temas relacionados a assassinatos a sangue frio, me acompanhe. Eu vou explicar…

Os Assassinos…

Antes de qualquer coisa, não vá pelo ingênuo caminho de pensar que os jogadores são os vilões. Ceifadores não é sobre heróis e vilões.

Ele é um jogo adulto e realista, que busca tratar temas como assassinato, morte, vida e todos os meandros, minúcias e ironias de uma existência tão próxima de um tema que está entre os maiores medos e as maiores curiosidades da humanidade.

Os jogadores interpretam profissionais da morte que recebem serviços de execução de vítimas (incluindo pessoas inocentes).

O narrador, denominado Mestre da Vida, além de fazer toda a parte de descrever as motivações, o cenário e os NPCs, também é responsável por criar os obstáculos que tentarão atrapalhar essa execução de acontecer.

Mas, antes de se horrorizar com esse tema, quero que você leia um trecho do livro escrito pelo próprio Valpaços:

“Caso você tenha chegado a este livro buscando apenas um jogo no qual você pode matar personagens sem pudor ou consequências, projetando raivas e rancores, feche este livro. Ok, este é um jogo sobre assassinos treinados. Matar personagens é parte do jogo. É justamente por isso que responsabilidade é necessária, por se tratar de um tema complexo, sério e maduro. Caso queira prosseguir com a leitura buscando entretenimento fácil em ‘jogo de matar gente’, você está distorcendo o propósito do jogo, provavelmente agredirá quem jogará contigo e afetará negativamente a comunidade de jogadores. Mas se você busca histórias intensas escritas com sangue sobre dilemas morais, vire a página. Ceifadores é justamente sobre isso.”

… São Humanos.

Ceifadores é um jogo e como todo jogo, você e seus amigues podem se divertir, rir e etc.

Contudo, a proposta central do jogo é que vocês, incluindo o mestre da vida, sintam constante desconforto.

Os assassinos, chamados pelo livro de ceifadores, não são unidimensionais ou caricatos. Desde o cuidadoso planejamento de como tirar aquela vida humana até a conclusão do ato da maneira mais eficiência e limpa possível, suas ações estarão gerando consequências sobre sua condição física e mental.

Diferente de mundos de fantasia, sabemos que assassinos existem e são profissionais como qualquer outro. Eles têm vidas pessoais para as quais voltar após uma missão, parentes, amigos, animais de estimação etc.

Por mais que seja difícil aceitar, a existência de um assassino é tão natural quanto a de um médico. Mesmo motivado por condições psiquiátricas, um assassino não é um monstro. Ele é um humano como qualquer outro.

Ceifadores coloca esse humano contra a parede através de dilemas éticos e morais. Joga com sua consciência. Seus limites. Suas regras.

Da mesma forma, o jogo põe o mestre da vida em uma posição antagônica a dos jogadores, tentando impedi-los de cometer suas execuções, convivendo com a impotência e tendo de lidar com isso.

A casa sessão, uma nova execução poderá acontecer.

Morte e Vida em Jogo

Vamos abordar um pouco sobre as mecânicas que caem sobre o mestre da vida e depois falamos dos assassinos.

Ceifadores trabalha com uma versão única do sistema da casa da Lampião Game Studio, chamado L’Aventure. Para jogar só é necessário os anexos no final do livro e de 2 dados comuns de seis lados (d6).

1d6 ficará com o narrador e será chamado de Dado da Vida (DV). 1d6 ficará com os assassinos e será o Dado da Morte (DM).

O DV representa sintropia, ou seja, ordem, paz e segurança. O mestre da vida usa de rolagens altas neste dado e de recursos que possuí para que a sessão acabe sem mortes, principalmente a da vítima principal.

O DM representa entropia, ou seja, caos, conflito e violência. O assassino usa de rolagens altas neste dado e de recursos que possuí para alcançar seu objetivo, ou melhor, sua execução.

Agonia

A regra de Agonia é o princípio básico do jogo.

Quando um assassino aponta sua ação em busca de executar seu alvo, ele rola o DM contra o DV do mestre da vida. A maior rolagem determina se o universo favorece a vida ou a morte.

Por exemplo: No momento em que o assassino tentar descobrir como é a rotina de um alvo, a mestre da vida pode exigir a jogada de Agonia. Se o DV for maior, a rotina do alvo é complicada e dá pouca oportunidade para uma execução fácil. Se o DM for maior, a vítima tem uma rotina previsível e com várias margens para ser assassinada.

Minúcias

Fatores que interferem na tensão entre a vida e a morte são chamadas de Minúcias.

Podem ser recursos da ficha do ceifador, elementos que descrevem o cenário, informações do dossiê da vítima, características da equipe de ceifadores ou mesmo algo circunstancial como um pé-de-cabra. Todas essas minúcias podem ser vantagens ou desvantagens que favorecem ou desfavorecem a vida do ceifador, colocando-o sob Boa Fortuna ou Má Fortuna.

Boa Fortuna significa que o ceifador joga o dado duas vezes e fica com o melhor resultado. Má Fortuna faz o mestre da vida rolar duas vezes e ficar com o melhor resultado. É possível ficar sob má e boa fortuna simultaneamente em ceifadores.

Existem regras mais detalhas sobre como usar uma Minúcia assim como elementos nas fichas dos ceifadores (perícias) que ficam para serem explicadas em um Guia de Criação de Personagem futuro sobre esse jogo.

Esses regras somam e subtraem resultados dos dados, trazendo mais aleatoriedade e, consequentemente, mais agonia ao jogo.

Considerações e Despedidas

Se o livro terminasse na parte onde são explicadas as perícias, eu já teria nas mãos um jogo consistente. Contudo, quando falamos de Valpaços, falamos de um dos maiores game designs de RPG do Brasil.

Com mais de 180 páginas, o livro ainda conta com regras para jogar com os ceifadores de forma colaborativa, como criar toda uma biografia do seu ceifador, além de mais dois capítulos familiarizando o mestre da vida com narrativas trilhadas pelas execuções e pela morte.

Durante toda a escrita, nota-se muito cuidado com o tema e muito respeito pela conexão que ele tem com a realidade. Você sente o peso da responsabilidade de produzir um jogo com um tema tão ousado e “problemático” sendo equilibrado com habilidade a cada palavra.

Ceifadores é um livro único com uma proposta única. Não se deixe levar pelo medo do tema. Confie no texto e viva uma experiência que vai te dar uma nova perspectiva sobre a vida humana.

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Criaturas das Backrooms em Ordem Paranormal RPG

Criado por Rafael Lange (Cellbit)Felipe Della CortePedro Coimbra (PedroK), Silvia Sala, Dan Ramos, Guilherme Dei Svaldi e Rafael Dei Svaldi, o RPG de Mesa baseado na série de lives Ordem Paranormal foi desenvolvido e publicado pela Jambô Editora.

Precisando de mais inimigos para novos agentes? Que tal experimentar as criaturas das Backrooms em Ordem Paranormal RPG?

Se você está aqui, provavelmente sabe o que é Ordem Paranormal RPG. Se não, saiba mais sobre na Resenha e no Guia de Criação de Personagem.

Agora, se você não sabe o que é Backrooms, se trata uma lenda urbana (e creepypasta) que alega existirem partes inacabadas do mundo!

Esses “bugs” da realidade costumam ter a estética dos terrores do mundo moderno como um interminável labirinto de salas de escritório geradas aleatoriamente com cheiro de carpete molhado, papeis de parede pasteis e lâmpadas fluorescentes zumbindo!

Mas você pode saber mais sobre Backrooms no Google! Eu tô aqui pra te mostrar as fichas de cinco criaturas de Backrooms adaptadas para Ordem Paranormal RPG, então bora!

MARIPOSA DA MORTE

São mariposas do tamanho de cães, com corpos rijos e espirais de Morte tingindo suas asas com quase 2 metros de envergadura. São atraídas pela luz, sendo o principal motivo para abandonarem suas colmeias assustadoras. A maior parte de sua vida útil, nascimento e morte, são completamente desconhecidas.

MARIPOSA DA MORTE (MORTE) VD 20

CRIATURA – PEQUENO

PRESENÇA PERTURBADORA
DT 15 1d6 mental NEX 25% + é imune

SENTIDOS
Percepção 2d20+10 Percepção às cegas (antenas)
Iniciativa 3d20+5

DEFESA 15
Fortitude 1d20+5
Reflexos 3d20+5
Vontade 2d20+5

PONTOS DE VIDA 30 | 15 machucado
IMUNIDADES Morte
VULNERABILIDADES Energia

ATRIBUTOS
AGI 3d20 FOR 1d20 INT 0d20 PRE 2d20 VIG 1d20

DESLOCAMENTO 6m; Voo 18m | 4 quadrados; 12 quadrados

AÇÕES

PADRÃO – AGREDIR
PANCADA Corpo a corpo x2
TESTE 3d20+5 | DANO 1d6+5 impacto

MOVIMENTO – INTIMIDAÇÃO MORTAL
Um dos instintos de defesa dela é abrir suas asas de forma que as espirais projetam ondas ilusórias assustadoras, fazendo todos os alvos que possam vê-la testemunharem devaneios das próprias mortes. O alvo sofre a condição abalado pela cena. Um teste de Vontade (DT 15) evita a condição e garante imunidade a essa habilidade pelas próximas 24 horas.

LIVRE – CANTARIDINA DA MORTE
Ao acertar um ataque de pancada, ela libera uma alta quantidade de um pó tóxico para outras criaturas. Essa versão sombria da cantaridina natural emitida por mariposas pode causar cegueira temporária e inflamações na pele. O alvo sofre 2d6 pontos de dano de Morte e a condição cego pela cena. Um teste de Fortitude (DT 15) evita a cegueira e metade do dano de Morte.

CÃO DE CAÇA

São entidades humanoides com bizarros cabelos pretos crescendo em suas cabeças. Eles têm garras afiadas e bocas extremamente grandes alinhadas com dentes semelhantes a facas. Eles andam de quatro e têm uma quantidade surpreendente de força e velocidade quando atacam um alvo, apesar do físico magricela. Estudos apontam que o responsável pela existência dessas criaturas é um vírus sobrenatural com comportamento semelhante ao vírus da raiva.

CÃO DE CAÇA (SANGUE) VD 40

CRIATURA – MÉDIO

PRESENÇA PERTURBADORA
DT 15 2d6 mental NEX 30% + é imune

SENTIDOS
Percepção 1d20+5  Percepção às cegas (faro)
Iniciativa 2d20+10

DEFESA 20
Fortitude 1d20+5
Reflexos 3d20+5
Vontade 1d20+5

PONTOS DE VIDA 50 | 25 machucado
RESISTÊNCIAS Balístico, impacto, perfuração 5, Sangue 10
VULNERABILIDADES Morte

ATRIBUTOS
AGI 3d20 FOR 3d20 INT 0d20 PRE 1d20 VIG 1d20

DESLOCAMENTO 18m | 12 quadrados

AÇÕES

PADRÃO – AGREDIR
MORDIDA Corpo a corpo x2
TESTE 3d20+10 | DANO 2d6+6 corte
GARRAS Corpo a corpo x2
TESTE 3d20+10 | DANO 1d6+6 impacto

MOVIMENTO – BOTE
Ele dispara em linha reta, podendo percorrer todo seu deslocamento, até um alvo que esteja no mínimo a 9m de distância. Ao final da corrida, da um bote e realiza um ataque de mordida com um bônus de +1d20. Se acertar, causa o dano da mordida e pode aplicar dilacerar.

LIVRE – DILACERAR
Ao acertar um ataque de mordida, ele pode realizar dois ataques adicionais com suas garras.

SORRIDENTE

São criaturas hostis, reconhecíveis por seus olhos reflexivos e dentes brilhantes. Essas criaturas aparecem apenas em cantos escuros ou portas, onde o resto de sua forma não é visível. São atraídos pela luz, semelhante a uma mariposa, e perseguem qualquer coisa remotamente brilhante, atacando qualquer fonte de luz que veja. Eles têm um sorriso longo, com vários dentes afiados, e tem olhos brancos brilhantes, mas não se sabe quais outras características físicas eles possuem.

SORRIDENTE (CONHECIMENTO) VD 60

CRIATURA – MÉDIO

PRESENÇA PERTURBADORA
DT 20 3d6 mental NEX 35% + é imune

SENTIDOS
Percepção 5d20+5
Iniciativa 1d20+5

DEFESA
Fortitude 1d20+5
Reflexos 1d20+5
Vontade 5d20+5

PONTOS DE VIDA 90 | 45 machucado
IMUNIDADES Qualquer tipo de dano, exceto Sangue
VULNERABILIDADES Sangue

ATRIBUTOS
AGI 1d20 FOR 0d20 INT 5d20 PRE 5d20 VIG 1d20

DESLOCAMENTO 9m | 6 quadrados

AÇÕES

PADRÃO – PERTURBAR
Assim como ele não possui um corpo físico literal, também não possui um ataque físico. Não se trata de ser incorpóreo, apenas de pertencer a um estado de existência tão complexo e distante entre as realidades que sua verdadeira ameaça está em fazer seu alvo acreditar que ele está sendo ferido. Uma vez que o alvo acredita, a própria realidade começa a concretizar o ferimento. O Sorridente começa a perseguir um alvo e ao ficar corpo-a-corpo com ele, escolhe causar um dos três efeitos abaixo:

  • 1d10 pontos de dano de Conhecimento aos PV do alvo e a condição sangrando pela cena. Teste de Reflexos (DT 20) reduz o dano à metade e evita a condição.
  • 1d10 pontos de dano de Conhecimento aos PE do alvo e a condição fraco pela cena. Teste de Fortitude (DT 20) reduz o dano à metade e evita a condição.
  • 1d10 pontos de Dano Mental a SAN do alvo e a condição confuso por uma rodada. Teste de Vontade (DT 20) reduz o dano à metade e evita a condição.

AGLOMERADO

São criaturas hostis que se assemelham a aglomerados maciços de braços humanos que se agitam e se estendem em todas as direções. Eles são conhecidos por habitar aberturas, armários e outros espaços apertados. Essas criaturas são famosas por seu incrível nível de inteligência quando se trata de emboscar e atacar os agentes.

AGLOMERADO (SANGUE) VD 80

CRIATURA – GRANDE

PRESENÇA PERTURBADORA
DT 20 3d6 mental NEX 40% + é imune

SENTIDOS
Percepção 1d20+10 – Percepção às cegas
Iniciativa 1d20+10

DEFESA
Fortitude 3d20+10
Reflexos 1d20+10
Vontade 1d20+5

PONTOS DE VIDA 150 | 75 machucado
RESISTÊNCIAS Balístico, impacto, perfuração 10, Sangue 20
VULNERABILIDADES Morte

ATRIBUTOS
AGI 1d20 FOR 3d20 INT 3d20 PRE 1d20 VIG 3d20

DESLOCAMENTO Nenhum

AÇÕES

PADRÃO – AGREDIR
PANCADA Corpo a corpo x2 podendo se esticar até 9m
TESTE 3d20+15 | DANO 2d10+10 impacto

MOVIMENTO – RETORCER
Presos pela Membrana em ambientes fechados, os Aglomerados não podem se mover. Ao invés disso, quando precisam se ocultar de uma ameaça fora de seu alcance, eles se retorcem completamente até saírem da nossa realidade e passarem completamente para o Outro Lado. Testemunhar os vários membros se quebrando, sangrando e se retorcendo até sumirem é uma visão terrível que causa 3d6 de Dano Mental e a condição alquebrado até fazer um Interlúdio. Um teste de Vontade (DT 20) evita metade do dano e a condição. Um Aglomerador que se retorça só pode voltar para a nossa realidade após 24 horas.

LIVRE – ESPREMER
Ao acertar um ataque de pancada, ele pode fazer uma jogada contrária de Luta (3d20+15) para agarrar o alvo. Um alvo agarrado é espremido pelos braços e mãos no início de cada turno do Aglomerado sofrendo 2d10+10 pontos de dano de impacto. O Aglomerado pode agarrar até cinco criaturas Médias.

ROUBA-PELE

São altas criaturas humanoides que podem usar a pele de suas vítimas como disfarce. Eles comem carne humana quando estão famintos e vagam sem rumo se não precisarem comer. Seu sangue é translúcido e eles podem imitar a fala humana. Além da altura e dos olhos vazios, sua camada externa de carne é coberta com saliências microscópicas semelhantes às ventosas do tentáculo de um polvo. Sua inteligência permite que ele aprenda linguagens, trejeitos, comportamentos e práticas humanas, assim como usar armas (armas de fogo inclusive).

ROUBA-PELE (SANGUE) VD 100

CRIATURA – MÉDIO

PRESENÇA PERTURBADORA
DT 20 4d6 mental NEX 45% + é imune

SENTIDOS
Percepção 1d20+10
Iniciativa 1d20+15

DEFESA
Fortitude 2d20+10
Reflexos 1d20+10
Vontade 1d20+10

PONTOS DE VIDA 150 | 75 machucado
RESISTÊNCIAS Balístico, impacto, perfuração 5, Sangue 10
VULNERABILIDADES Morte

ATRIBUTOS
AGI 1d20 FOR 3d20 INT 3d20 PRE 1d20 VIG 2d20

DESLOCAMENTO 12m | 8 quadrados

AÇÕES

PADRÃO – AGREDIR
PANCADA Corpo a corpo x2
TESTE 3d20+15 | DANO 2d6+5 impacto
ARMA Corpo a corpo
TESTE 3d20+15 | DANO arma
ARMA À distância
TESTE 1d20+15 | DANO arma

COMPLETA – ROUBAR PELE
Ao ter acesso a pelo menos 90% de um corpo morto, o Rouba-Pele consegue “vestir” esse corpo e assumir a aparência, voz e memórias do falecido. Qualquer tentativa de notar os pequenos detalhes que o Rouba-Pele não consegue reproduzir com perfeição exige um teste de Intuição ou Percepção (DT 30).

COMPLETA – ALIMENTAR-SE
O Rouba-Pele precisa se alimentar de pelo menos 1 quilo de carne humana fresca por dia, caso contrário, começa a perder sua capacidade de Roubar-Pele. Após 1 dia sem comer, se torna incapaz de acessar as memórias do pele roubada. 2 dias, incapaz de reproduzir a voz. 3 dias, incapaz de manter a aparência.

Considerações e Despedidas

Antes de qualquer coisa, quero deixar os créditos desse artigo para a Wiki Backrooms — Brasil, de onde tirei as informações sobre as criaturas. Obrigado pelo trabalho excelente!

Dito isso, estou ansioso para testar essas criaturas nas minhas mesas e ouvir o feedback de vocês sobre elas! Se tiver algum desenhista de plantão, seria uma honra ver artes dessas bizarrices na pegada de Ordem Paranormal RPG!

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LIÇÕES RPG — Guia de Criação de Personagem

Criado por Jorge Valpaços (Pesadelos Terríveis, Arquivos Paranormais, Encantos e Ceifadores) e publicado pela AVEC Editora, LIÇÕES RPG me faz querer criar personagens que combatem o conformismo!

LIÇÕES RPG já teve seu cenário, história e sistema abordados na Resenha, então neste artigo, vamos nos dobrar sobre a Criação de Personagem.

Neste jogo, você é um Protagonista! O mundo não gira ao seu redor, mas há quem diga que é graças a você que ele continua girando!

Você é a heroína! Aquela que irá impedir o Seu Mundo e o Outro Mundo de colidir e levar todos à uma terrível catástrofe!

Mas para ser capaz de fazer isso, você precisa se conhecer. O próprio livro faz perguntas excelentes sobre esse assunto como:

“Quais os seus Dramas e Motivações? E seus Atributos de destaque? Como encaram os Desafios que lhes são impostos? Pelo que têm Aversão? Qual o seu principal Afeto? E sua Aptidão? O que lhes fornece Energia? Afinal, o que as fazem distintas dos Coadjuvantes e Antagonistas?”

Para respondê-las, a criação de personagem segue 6 passos!

Teo. além disso, como costumo fazer, vamos criar meu clássico personagem Teo neste jogo também!

Passo 1. Drama Pessoal e Motivação

Você é um cara deslocado. Uma garota que não se encaixa. É como se o mundo fosse um enorme quebra-cabeça onde a sua peça não encaixa direito em lugar nenhum.

Esse é o seu Drama Pessoal! Sua constante luta pessoal para encontrar ou criar o seu lugar no Seu Mundo!

Você pode criá-lo ou rolar 1d12 nas opções que o livro descreve como: “Aqueles que deviam te amar
apenas te colocam para baixo.”

Contudo, esse drama não é o suficiente para te fazer desistir! Você tem algo que te faz levantar e seguir em frente, não importa quantas vezes te derrubem! Essa é sua Motivação!

Você pode criá-la ou rolar 1d12 nas opções que o livro descreve como: “Fazer as pazes com alguém, ou
até consigo mesma.”

Teo: Resolvi rolar o Drama Pessoal do meu Protagonista: “Nada que faça está bom o suficiente para você.” E por incrível que pareça, me identifico bastante com esse resultado. Bom, agora vamos para a Motivação“Transgredir as regras impostas, lidando com as consequências.” Gostei!

Passo 2. Distribua os Atributos

Em LIÇÕES existem seis Atributos que determinam as capacidades do seu personagem. Elas são:

  • AGILIDADE é sua velocidade, seus reflexos, sua precisão.
  • INTERAÇÃO é sua empatia, seu carisma, sua comunicação.
  • MANHA é seu improviso, sua ousadia, seu jeitinho.
  • PERCEPÇÃO é sua atenção, seus sentidos, sua observação.
  • RACIOCÍNIO é sua astúcia, sua inteligência, sua razão.
  • VIGOR é sua potência, sua força, sua resistência.

Ao criar sua Protagonista, você irá distribuir dados nas opções acima, lembrando que os maiores valores indicam aqueles em que você é mais capaz: d12, d10, d8, d8, d6 e d4.

São esses dados que você irá rolar em suas Jogadas contra os Desafios que surgirem em seu caminho!

Teo: Considerando minhas rolagens anteriores, quero que Teo seja filho de um grande empresário da área farmacêutica que esperava que ele herdasse o trono do império. Apesar de gostar de aprender a salvar vidas, Teo odiou a proposta do pai e quer juntar coragem para fugir da sombra do velho.

Seus atributos serão:

  • AGILIDADE: d10
  • INTERAÇÃO: d8
  • MANHA: d4
  • PERCEPÇÃO: d10
  • RACIOCÍNIO: d12
  • VIGOR: d8

Passo 3. Escreva três Aspectos

Aspectos são Minúcias, detalhes do seu personagem que ajudam em suas Jogadas e fornecem Fortuna em Desafios.

Existem três Aspectos:

  • APTIDÃO é uma competência, uma habilidade, uma perícia.
  • AVERSÃO é uma repulsa, um horror, um ódio.
  • AFETO é uma afeição, um sentimento, uma emoção.

Você pode criar, escolher ou sortear 1 de cada Aspecto acima para definir temas centrais do seu personagem.

Teo: Como já tenho um bom alinhamento do personagem, resolvi escolher:

  • APTIDÃO: Ciências da Natureza como física, biologia, química etc.
  • AVERSÃO: Conformismo.
  • AFETO: Mágoa.

Passo 4. Marque suas Reservas

Existem 2 elementos na ficha do personagem chamados de Reservas:

  • RECURSOS são os equipamentos, as vestes, a grana.
  • ENERGIA é a coragem, a vontade, a determinação.

Cada Reserva possui o limite inicial de 1 ponto e você pode gastá-los para fornece Minúcias que vão beneficiar sua Jogada contra um Desafio.

Encontrar aquela ferramenta ideal no momento certo gastando Recurso ou jogar novamente um dado para tentar ter um resultado melhor gastando Energia são exemplos de usos dessas Reservas.

Teo: Não há muito o que escolher. Apenas coloquei 1 ponto em cada.

Passo 5. Escolha seu Poder

Poderes só são permitidos se existem elementos fantásticos em Seu Mundo ou no Outro Mundo que justifiquem suas existências.

Isso é definido pelo narrador quando ele cria a História.

Se Poderes forem permitidos, os Protagonistas podem começar sem nenhum ou com 1 ponto de Poder e irem adquirindo mais conforme evoluem.

Em LIÇÕES existem 3 tipos de poderes:

  • ALTER EGO é sua forma alternativa, seu inconsciente reprimido, sua persona.
  • ALIADO é um companheiro do outro mundo, um monstro de bolso, um construto pensante.
  • ARTEFATO é uma relíquia exótica, um item mágico, um equipamento supertecnológico.

Os personagens podem colocar seus pontos de Poder no tipo que preferir, podendo ter mais de um tipo.

Para justificar esse Poder, o jogador pode descrever sua origem ou rolar entre as sugestões do livro. Além disso, existem mais regras de Poderes que deixarei para você ler no livro!

Teo: Como estou pensando muito em Persona 5 para esse personagem, o metaverso do jogo eletrônico possui poderes. Então Teo terá 1 ponto em ALTER EGO, onde ele assume uma forma ardilosa, ousada e manipuladora para contrabalancear sua personalidade contida e ajudá-lo a se revoltar mais.

Passo 6. Dê um Nome e Aparência

Além do nome carregar toda a identidade do personagem, a Imagem que determina sua aparência também é uma Minúcia que pode ser usada a favor da Protagonista para gerar Fortuna. Contudo, diferente do nome, sua Imagem é descrita pelos outros jogadores da mesa baseado no que você criou até aqui.

Quando tudo estiver definido e os pormenores mais específicos do livro estiverem acertados, sua Protagonista estará pronta para enfrentar Desafios e aprender lições.

Teo: Seu nome já está definido e como Imagem, bom, preciso montar uma mesa antes para que os outros jogadores descrevam como enxergam o Teo.

Considerações e Despedidas

Eu tô muito empolgado! Essa foi uma das criações mais divertidas que eu já fiz e quero muito colocar o Teo em uma mesa logo — apesar de ser bem provável que eu acabe narrando.

Quero colocar minha ideia de uma mesa de Persona 5 usando LIÇÕES RPG como base para o jogo e colocar meus jogadores para enfrentar os males de uma sociedade repleta de cinismo e conformismo!

E eu genuinamente acho que LIÇÕES RPG é sobre isso! Combater os males dos mundos usando de poderes e determinação para burlar todas as regras com as quais já nos acostumamos — pro bem e pro mal.

Já disse, e repito: LIÇÕES é um jogo sobre aprender a ser uma pessoa melhor.

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Epifania: Deuses entre Nós – Resenha

Criado por Marcelo Telles (Crônicas da 7ª Lua, Reia e Conspiração do Amanhecer) e publicado pela New Order Editora, o RPG EPIFANIA: Deuses Entre Nós é o mais novo lançamento do Selo Last Order!

E o título não poderia ser mais claro sobre a temática do jogo. EPIFANIA considera que deuses, figuras poderosas e manipuladoras da realidade intituladas Primordiais, estão dentro de corpos mortais que cercam nosso dia a dia, ou pelo menos, deveriam estar.

Você, jogador, estará na pele de um desses Primordiais, assumindo um papel de uma entidade que recentemente tomou consciência de sua verdadeira natureza apoteótica. Estando ciente de seus poderes e sentidos, caberá a você enfrentar ameaças titânicas, proteger sua verdadeira natureza do esquecimento e alcançar a ascensão!

Além da instigante proposta, EPIFANIA oferece um jogo multigênero e sem valores randômicos (ou seja, sem dados ou elementos que os substituam).

Mas o que isso significa na prática? Venha comigo que eu te explico!

Os Primordiais, Os Mortais e o Simulacro

“No princípio havia os Primordiais, os primeiros e mais poderosos humanóides inteligentes da Criação, a Existência que surgiu onde antes havia apenas o Nada.”

Por incontáveis passagens de tempo, os Primordiais deram continuidade a Criação, seja ela um aspecto acidental do multiverso ou uma vontade intencional de um deus supremo que pode ser nomeado como Demiurgo.

Independente do motivo, a Criação é um fato e os Primordiais a expandiram por infinitos universos, planos, realidades e conceitos de existência. Inevitavelmente, vieram os seres inteligentes, raros graças a sua fragilidade em serem extintos, mas persistentes em sua vontade de viver.

Estes seres, vistos como Mortais para os Primordiais, deram aos seus criadores nomes, rostos e símbolos, adorando-os como deuses e alimentando-os com a energia conceitual de sua fé. Essa regra, apesar de possuir infinitas vertentes, foi constante em incontáveis realidades e épocas, até a chegada do Simulacro.

O Simulacro é uma ilusão de paradigmas práticos sem origem clara que aprisionou os Primordiais em corpos mortais, fazendo-os acreditar lentamente que sua natureza divina e super poderosa não passava de eventos psiquiátricos, coincidências estatísticas ou qualquer outra justificativa mundana.

Uma vez envenenado por esse Simulacro, o Primordial deixava de acreditar em si mesmo, limitando-se inconscientemente de sua verdadeira natureza. Até que, mais uma vez sem uma justificativa óbvia, começaram os despertares!

O jogador assume o controle da interpretação de um Primordial a partir do seu despertar, quando este ainda tem resquícios do Simulacro e ainda desconhece toda a sua capacidade. Contudo, esse despertar pode acontecer em qualquer planeta, universo, plano ou realidade.

Usando elementos ainda pouco esclarecidos para a nossa ciência e muito presentes na ficção científica, como a Matéria Escura e a Energia Escura, EPIFANIA justifica a existência de planetas onde magias, superpoderes, mutações e outras fontes de alterações da realidade ficcional são reais.

Isso significa que você pode jogar em um cenário completamente pragmático e mundano como uma cidade avançada em um mundo cyberpunk ou em um cenário fantástico onde existem cavaleiros, dragões e magos. Por isso a expressão multigênero.

A única constância é: Você era um deus, tomaram isso de você e está na hora de você se lembrar e alcançar sua ascensão!

Narrativa, Drama e Destino

Antes de falarmos um pouco mais sobre o cenário, vamos entender como se joga EPIFANIA.

Mesmo sendo um jogo sem valores randômicos, o fluxo daquele bate-bola clássico entre o narrador e os jogadores continua sendo o cerne do jogo, mas o destaque do sistema está em seu foco em não interromper a narrativa o máximo possível.

Quase toda descrição vinda do narrador pode ser correspondida com uma resposta criativa dos jogadores e se isso for o bastante para o narrador (se fizer sentido, se condizer com o personagem etc.), o fluxo de jogo segue normalmente com todos interpretando seus papéis sem a necessidade de interrupções.

Entretanto, chegarão os momentos em que EPIFANIA intitula Impasse. Um Impasse é a situação em que os jogadores são colocados em uma posição de risco, seja uma criatura, uma armadilha, um sistema de segurança ou qualquer outra proposta do narrador que se não for combatida, resultará em danos aos Primordiais dos jogadores.

Para se proteger, os Primordiais podem contar com dois elementos principais em suas fichas de personagens: Drama e Destino.

Drama

O Drama é uma característica da ficha que pode ser gasta uma vez por cena. Ao gastá-la, o jogador assume a narração! Isso mesmo, ele toma o narrador a descrição da cena e tenta dar continuidade beneficiando seu grupo e resolvendo o problema apresentado pelo narrador.

Destino

O Destino é uma característica da ficha que pode ser gasta uma vez por cena. Ao gastá-la, o jogador pode mudar o resultado final de uma cena. Note que ele não pode narrá-la por completo, apenas mudar seu resultado final conforme for mais conveniente para ele.

Quebra de Narrativa

Sempre que um dos jogadores sob controle da cena começa a seguir uma descrição que os demais jogadores ache não condizente, por exemplo, fazer surgir uma metralhadora em uma tribo de homens-jacaré, eles podem se unir para interromper aquele que esta narrando, alegando ser uma Quebra de Narrativa, e a narração volta pro narrador.

O narrador, que não deixa de ser um jogador, também terá seus Dramas e Destinos para assumir o controle da narrativa e existem outros elementos nas fichas, que poderemos ver em um futuro Guia de Criação de Personagens, para tornar as cenas ainda mais interessantes.

Mas, essencialmente, é usando essa dinâmica de “guerra de narrativas” que o jogo desenrola, favorecendo a narrativa conjunta e o digladiar de descrições que, se caminharem de acordo com as regras, pode ser muito divertido.

Caos, Pesadelos e Leviatãs

Além da ameaça que Mortais podem apresentar para um “deus incompleto” que ainda não alcançou sua ascensão e está preso em um corpo mortal geração após geração, existem outros elementos que o narrador pode usar para criar situações de Impasse.

Caos

Assim como a Energia Escura é a fonte de efeitos sobrenaturais como os Poderes dos Primordiais, ela também é a fonte do Caos, um conceito que toma forma a partir da dissolução de tudo o que existe.

Dessa forma, o método mais comum de mais ameaçador do Caos causar essa dissolução é através dos Caóticos, criaturas de formas invisíveis atraídas pelo uso excessivo de Energia Escura ou pela larga manipulação de Matéria Escura. Com comportamento aparentemente irracional e natureza absolutamente aniquiladora, Caóticos são uma ameaça constante aos Primordiais.

Alguns alegam que essas criaturas são uma espécie de força reguladora do Multiverso para prevenir o abuso de forças além da compreensão, enquanto outros defendem que não passam de mais um acaso monstruoso da Criação.

Pesadelos

Se os Mortais têm medo dos próprios pesadelos, os Primordiais têm muito mais. Sua natureza Criadora responsável pela expansão de tudo o que existe também gera frutos indesejáveis.

Medos muito profundos de um Primordial podem e vão ganhar uma vida grotesca e difícil de explicar, existindo apenas para destruir seu sonhador. Ao assumirem forma, essas bestas são chamadas de Oníricos e são uma ameaça para o mundo material tanto quanto para outros planos de existência.

Os Oníricos são responsáveis por incontáveis mitos assustadores que permeiam a vida dos Mortais e para lidar com eles, Primordiais precisam descobrir suas fraquezas para destruí-los ou baní-los.

Leviatãs

Frutos tão inesperados quanto os Primordiais, Leviatãs também surgiram do princípio da Criação e suas forças e intelectos costumam ser absolutamente alienígenas e aberrantes quando comparados à natureza humanoide da maioria das expansões feitas pelos Primordiais.

Evitando a própria destruição, Leviatãs se exilavam em zonas da Criação que surgiam de forma esporádica, sem a necessidade de um Primordial, mas com a existência do Simulacro e a drástica diminuição de Primordiais, essas criaturas ganharam um espaço nunca antes visto na existência.

Seja através da expansão dos próprios corpos, de tecnologias incompreensíveis ou de manipulações de poderes desconhecidos, os Leviatãs são uma ameaça mais presente do que nunca e eles querem que continue assim, mesmo que isso custe a vida de todos os Primordiais.

Considerações e Despedidas

Sendo sincero, quando eu soube das propostas de multigênero e sem valores randômicos, eu torci o bico. Pensei que aquelas dezenas de páginas de cenário e as mecânicas de dados e balanceamento fariam muita falta, mas resolvi dar uma chance e fui surpreendido.

A maneira como o livro apresenta uma gênese de um universo que abrange qualquer proposta de cenário não é preguiçosa e, pelo contrário, faz sua mente viajar entre vários universos enquanto você lê sobre toda a ambientação dos Primordiais, Leviatãs, Multiversos e etc. Sem medo de cair para uma leitura genérica, EPIFANIA sabe a experiência de jogo que quer oferecer, mira e acerta com perfeição.

Talvez você precise de um grupo de jogadores mais maduros para respeitarem as regras que oferecem narrações sobrepostas. Não é uma competição. É uma narrativa conjunta com o objetivo de contar uma boa história. Se seu grupo de RPG entende isso, EPIFANIA é um jogo que eu recomendo muito.

Por fim

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Autor: Miguel Beholder.
Revisão: Diemis Kist.

K-POP em Ordem Paranormal – Dicas de RPG

Criado por Rafael Lange (Cellbit)Felipe Della CortePedro Coimbra (PedroK), Silvia Sala, Dan Ramos, Guilherme Dei Svaldi e Rafael Dei Svaldi, o RPG de Mesa baseado na série de lives Ordem Paranormal foi desenvolvido e publicado pela Jambô Editora.

O que você acha de misturar Ordem Paranormal RPG com K-pop!?

Se você está aqui, provavelmente sabe o que é Ordem Paranormal RPG. Se não, saiba mais sobre na Resenha e no Guia de Criação de Personagem.

Agora, se você não sabe o que é K-pop, se trata um gênero musical originado na Coreia do Sul, que se caracteriza por uma grande variedade de elementos audiovisuais (tem um pegada forte de eletrônica e rap).

E porquê raios eu estou falando de K-pop? Ordem Paranormal RPG é sobre cultos, misticismo, monstruosidades e tudo mais, mas, por favor, não estamos mais em 1900.

Esse negócio de um bando de estranhos enfiados em um porão sacrificando bode é papo do século passado.

Quer converter uma massa de gente até ficarem loucas e dispostas a matarem por você? Sai do fundo dessa garagem e vai aprender a dançar e a cantar!

Essa é a primeira dica de várias outras para trabalhar Cenas de uma maneira atual e pop de se jogar Ordem Paranormal RPG! Interessada? Continue lendo!

A Entidade do K-pop

Vou começar falando sobre a Entidade que mais combina com a proposta de um sobrenatural pop: ENERGIA.

Estamos falando de K-pop! De explosão, ritmo, revolução, movimento! De uma das iniciativas estatais de soft power político mais poderosa já vista!

K-pop é cor! É calor! Velocidade! Estilo! Beleza! K-pop é INEVITÁVEL! É ENERGIA!

Muitos clipes de K-pop trabalham efeitos visuais, batidas contagiantes, cores que variam do lilás ao vermelho! Todas características comuns com a Entidade ENERGIA.

Um show de K-pop com mais de 40 mil pessoas em um estádio, agitando seus bastões de luz e cantando sobre anarquia e força da juventude contra a ordem tediosa dos velhos, faria a ENERGIA se deliciar!

Em uma mesa de Ordem Paranormal RPG abordando K-pop, use ENERGIA e transmita todo o calor humano de um kpopper em sua mesa!

Investigação + K-pop

Com mais de 150 gravadoras e incontáveis grupos musicais, o cenário do K-pop movimenta milhões de pessoas pelo mundo inteiro, desde alguém que ouve no ônibus até os exércitos de fãs incondicionais.

Uma Cena de Investigação envolvendo algo tão grandioso pode contar com diversos planos de fundo!

Cenários

  • O Palco. Muito semelhante a um púlpito religioso, um palco é onde legiões de fãs se desligam do mundo para absorver as palavras e os movimentos do artista. Um ocultista carismático o suficiente poderia conjurar um ritual na frente de todos e as pessoas, absortas e acreditando que “tudo faz parte do show” seriam alvos fáceis.
  • O Camarim. Quantos filmes e séries já não abordaram um assassinato de algum famoso em seu camarim. Um crime de vingança por um hater insano? O ataque de uma criatura sobrenatural? Um ritual que deu errado? Um camarim é frequentado por dezenas de pessoas e descobrir um assassino em potencial seria um desafio e tanto!
  • A Indústria. A máquina de produzir ídolos coreana é responsável por incontáveis casos de artistas subnutridos, exaustos, alcoólatras e até mentalmente perturbados. Quantos não estariam dispostos a qualquer coisa para escapar de toda essa loucura? A quantidade de energia negativa ao redor dessa máquina de moer jovens é mais do que suficiente para libertar criaturas terríveis!

Elementos Audiovisuais

  • Os Clipes. Clipes musicais ainda são muito poderosos no K-pop. Símbolos de rituais poderiam ser ocultados em meio as edições visuais e “pirotecnias” desses vídeos para manipular a massa, enviar recados ou até invocar criaturas sem que o ocultista precise se envolver diretamente.
  • Redes Sociais. Artistas de K-pop vivem um verdadeiro inferno em suas redes sociais, recebendo constantes ameaças apenas por mudarem o estilo do cabelo ou fazerem uma tatuagem. A perícia Tecnologia seria muito útil para encontrar maníacos que estariam dispostos a invocar até o próprio Diabo apenas para acabar com um artista que “não é mais quem ele gostava”.
  • Moda. Se estamos falando de K-pop, estamos falando de estilo. Capuzes e faixas de múmias são coisas do passado. Com a incontável quantidade de cores, símbolos e estilos da cultura pop coreana, seria muito fácil um culto existir e se identificar abertamente com algum símbolo exótico em suas roupas sem levantar nenhuma suspeita da polícia comum.

Combate + K-pop

É lógico que a trilha sonora de um combate de Ordem Paranormal RPG com temática de K-pop precisa brilhar! Inclusive, mais pro final do artigo eu deixo algumas recomendações.

Além disso, ao narrar, seja ágil! Já tente deixar o combate preparado para que os turnos dos criaturas ou cultista não demore tanto! Trabalhe ritmo, velocidade, agitação!

Use efeitos pirotécnicos! Shows de luzes! Fogos de artifício e coisas semelhantes para ambientar esses combates!

Você não quer um combate fúnebre em um cemitério cinzento! Você quer trocação de porrada contra Anárquicos na balada!

Ambiente Útil

Além de usar vários dos cenários já citados até aqui, você também pode ambientar o combate com alguns itens específicos como: pé de cabra, extintor de incêndios, guitarra, microfone, caixas de som, mesas amplificadoras, holofotes etc.

Se não deixe lá apenas para servir de plano de fundo. Torne esses itens elementos da missão dos agentes! Vencer combates não se trata apenas de vencer os monstros!

  • Quebrar a guitarra amaldiçoada por ENERGIA;
  • Conter uma criatura de fogo com os extintores;
  • Usar as caixas de som para emitir um tom específico de vibração que congela a criatura;
  • Derrubar os holofotes e causar um grande dano sobre a criatura.

São todas maneiras de tornar seu combate criativo, cheio de pirotecnia e pop!

Interlúdio + K-pop

Se estamos falando de K-pop, também estamos falando de “pegação”!

A coisa é tão séria que alguns artistas da indústria não podem nem cogitar namorar sob ameaça de perderem seus contratos!

Paparazzi vivem caçando furos de um ou outro artista que perdeu o controle e saiu trocando uns “amassos” com quem não devia.

Então um dos principais passatempos dos agentes enquanto descansam de seus problemas sobrenaturais é se envolverem em paixões proibidas!

Além disso, seguem outras sugestões:

  • Alimentar-se. Eu recomendo uma boa quantidade de pratos energéticos! Entre eles, bebidas como o Bacchu-D, um complexo vitamínico líquido, são muito comuns. O Tteokbokki (arroz, pimenta, ovos e cebolinha) também esquenta por dentro e tem carboidrato de sobra pra se queimar perseguindo cultistas.
  • Ler Manhwa. Histórias em Quadrinhos coreanas variam muito, indo de temas adolescentes cheios de poderes e força da amizade até histórias adultas mais… quentes, se é que me entende! São coloridas, com personagens super expressivos e algumas chegam a ter dezenas de volumes!
  • Ouvir K-pop ou Assistir K-drama. É obvio que uma das opções para se relaxar ou se entreter é ouvir um bom grupo cantando ou assistir um dos clássicos dramas coreanos cheios de romances desnecessariamente complexos e apaixonantes!

Considerações e Despedidas

Longe de mim praticar algum exotismo com o leste-asiático ou generalizar a rica cultura coreana. Vários dos problemas da indústria do K-pop que eu citei são comuns em todas as industrias do entretenimento.

Como estamos falando de RPG de Mesa, tudo acaba ganhando menos complexidade do que a vida real, mas, mesmo assim, reforço que mesas abordando esses temas tomem cuidado para não praticar nenhuma xenofobia ou comportamento semelhante.

Dito isso, já estou ansioso para ver suas mesas abordando Ordem Paranormal RPG e K-pop! Ah! E aqui vão algumas sugestões minhas de grupos para se começar a ouvir: Blackpink, BTS, Twice e Monsta X. Lembrando que letras de músicas também são ótimas inspirações para se bolar histórias!

Antes de encerrar, uma menção honrosa ao RPG Young Zone do canal @d20minutinhos no YouTube que aborda um jogo colegial de mistério na Coreia do Sul.

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LIÇÕES RPG — Resenha

Criado por Jorge Valpaços (Pesadelos Terríveis, Arquivos Paranormais, Encantos e Ceifadores) e publicado pela AVEC Editora, LIÇÕES RPG é um dos melhores jogos que já tive o prazer de conhecer!

Imagine um grupo de alunos em um dia a dia monótono, enfrentando todos os problemas tediosos e estressantes da vida real, sabendo que incontáveis limitações impedem eles de mudar o mundo, até que um telefone toca.

De repente, eles já não estão mais na Terra e sim em um metaverso fantástico com cara de anime onde podem se transformar em personas de si mesmos com poderes para, não só salvar o mundo e o metaverso, mas mudá-los!

Essa é uma sinopse de Persona 5 e enquanto eu lia LIÇÕES, só conseguia pensar em como esses jogos se conversam maravilhosamente bem!

Quer saber porque? Continua a leitura aí!

O Seu Mundo

LIÇÕES carrega o que eu brinco de chamar entre os meus amigos de “Pedagogia Valpaços”. É um livro extremamente intuitivo, cheio de referências visuais e com caixas de texto que simplificam a linguagem técnica usando expressões e gírias que falam com o leitor.

Os capítulos abrem com orientações muito práticas sobre como criar e ambientar O Seu Mundo de onde as Protagonistas (personagens dos jogadores) vem.

Esse mundo pode ser mundano como a Terra ou tão fantástico quanto uma fantasia medieval isekai.

Sem precisar de centenas de páginas, ele oferece sugestões de ambientação e exploração para que este mundo sirva à História.

E falando em História, há todo um passo a passo agradável de se seguir para que os elementos principais do seu cenário e sua narrativa fiquem bem alinhadinhos.

Ouso dizer, inclusive, que todos os capítulos do livro servem para qualquer narradora de RPG, independente de se estar jogando LIÇÕES ou não.

Feito isso, temos que abordar O Outro Mundo.

O Outro Mundo

Assim como em Persona 5, onde existe o metaverso (uma realidade distorcida onde existem sonhos, pesadelos, desejos, ideias e vários outros conceitos do ato humano de pensar), também há um Outro Mundo em LIÇÕES.

Esse Outro Mundo pode ser completamente diferente d

aquele criado anteriormente, podendo ser inclusive um cenário de jogo eletrônico ou mitológico.

O mais importante é saber que em determinado momento da sua narrativa, esse Outro Mundo irá “colidir” com O Seu Mundo, fazendo com que as duas realidades e suas leis e criaturas passem a interagir.

Essa interação pode ser discreta ou brutal e todas essas decisões podem ser feitas com total liberdade ou seguindo a orientação super agradável da “Pedagogia Valpaços”.

Mas o que mais o livro tem para apresentar?

História

O próprio autor fala sobre como LIÇÕES, com sua proposta de deixar o cenário nas mãos dos narradores, passa a ser um jogo muito mais aberto na experiência que ele quer oferecer.

Mesmo assim, ele sabe muito bem do que o jogo se trata e os capítulos que abordam a História do seu jogo dão tudo o que o narrador precisa para desenvolver uma trama cheia de Drama, com Arcos muito claros, Conexões que fazem sentido e uma narrativa Dinâmica.

Eu sei, eu sei que falando isso aqui até parece que eu estou exagerando, mas não estou.

Tem parágrafos que abordam esses elementos e outros, com sugestões e exemplos, para que até alguém que nunca pegou um RPG na mão consiga criar uma aventura.

E claro, é nessa História onde estão as lições que o jogo irá abordar.

Parafraseando o próprio autor: “Ocorre que as Histórias de viagens entre Mundos usam a exploração de um cenário desconhecido como um duplo reflexo, elas desenvolvem as personagens e afetam os leitores-jogadores-participantes. Logo, a relação entre os Mundos reflete e intensifica os conflitos das Protagonistas e gera afetações a cada um que se relaciona com esse jogo em escalas. E é sobre isso que Lições RPG é, um jogo que te permite criar praticamente qualquer cenário, mas, curiosamente, ele não se torna genérico por isso. A tensão se sustenta na inadequação das Protagonistas aos Mundos e na urgência para solucionar uma Crise de grandes proporções enquanto se avança em uma jornada de (auto)descoberta.”

Sistema

Se você lê meus artigos, já sabe que a criação de personagem ficará para outro texto, mas aqui, vamos falar um pouco das regras.

Como de costume em RPGs, o jogo segue com suas rodadas e turnos onde os jogadores interpretam suas personagens e a narradora cuida do resto.

As regras entram em peso quando uma Ação de uma Protagonista se depara com um obstáculo apresentado pelo narrador. Nesse momento, temos o que chamamos de Desafio!

Desafios só podem ser vencidos com Jogadas, algo que também chamamos de testes. A Protagonista descreve a forma como lida com o obstáculo e baseando-se nessa descrição, a narradora aponta qual Atributo (Agilidade, Interação, Manha, Percepção, Raciocínio ou Vigor) da ficha da Protagonista ela irá usar em sua Jogada.

Nessa Jogada, você irá rolar dados que variam em d12, d10, d8, d6 e d4, conforme seus Atributos.

Além dos dados, o narrador e o jogador envolvidos no Desafio podem adicionar Minúcias (modificadores das personagens ou da História) para ajudar ou atrapalhar a Jogada, além da Fortuna que também interfere.

Depois de considerar esses elementos, a Jogada é feita com os dados apropriados e o resultado é comparado com quatro níveis:

  • Se o resultado for de 1-3 (FALHA), é uma falha e a Protagonista deve descrever como as coisas deram errado.
  • De 4-6 (PROBLEMA), temos um sucesso com algum custo que a Protagonista terá que pagar.
  • De 7-9 (SUCESSO), o Desafio foi superado sem problemas.
  • 10 ou mais (CRÍTICO), além do sucesso a Protagonista ganha uma Minúcia positiva.

Existem outros elementos que tornam o jogo ainda mais divertido com os quais o narrador e os jogadores podem brincar, mas deixo as explicações deles pro livro!

Considerações e Despedidas

Sendo sincero, eu poderia gastar linhas e linhas falando sobre como o livro te pega pela mão e te carrega por uma criação de narrativas impressionante!

Ele quer que você saiba criar uma boa história! Uma história que emociona, que tenha curvas dramáticas, que tenha humor, ação, aventura e, acima de tudo, lições.

Lições que não ficarão apenas com os personagens, mas com os jogadores, para sempre. Trago de novo a comparação com Persona 5.

Um “joguinho de anime” onde passei mais de cem horas aprendendo com as dores e vitórias daqueles personagens digitais e comparando-as com a minha realidade. Pensando como posso pegar o que aprendi com aquelas “vidas virtuais” para me tornar uma pessoa melhor.

LIÇÕES é um jogo sobre aprender a ser uma pessoa melhor.


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Noites na Serra do Mar — Resenha

Criado por Miguel Beholder — este que vos fala — e Lucas Gandra, Noites na Serra do Mar é um livro-cenário de RPG de Mesa com temática de horror ambientado na Serra do Mar Brasileira.

Ajude a concretizar esse projeto de RPG! Apoie em: https://www.catarse.me/noites_na_serra_do_mar

O livro busca a máxima imersão do leitor e para isso, ele foi escrito em duas camadas. A primeira é mais curta e dá atenção para as páginas de prefácio, créditos, notas dos autores, fichas etc. A segunda camada, após uma capa interna, dá início a imersão de fato, através do Manual da Brigada Noturna de Manutenção de Trilhas e Resgate.

A linguagem do livro passa a tratar o leitor como um brigadista, ou seja, um profissional de resgate concursado, criado pelo jogador, usando de termos e descrições semelhantes a um documento de uma instituição pública responsável pela Serra do Mar.

Contudo, o livro não se resume a isso. Sobre esse texto burocrático estão anotações, rabiscos, marcas, estragos entre outros detalhes que foram feitos por brigadistas passados. Esses detalhes são tentativas de deixar para o seu personagem ensinamentos e alertas do que realmente significa ser um brigadista nos plantões noturnos da Serra do Mar.

Dito isso, vamos falar mais sobre esse cenário!

O Cenário Noturno

Durante o dia, os brigadistas tem plantões como qualquer outro, cuidando das trilhas e dos campistas. Mas durante a noite, tudo isso muda…

Misturando a perspectiva de dois jogadores de RPG de gerações diferentes, o cenário mescla o horror sobrenatural rural com uma visão urbana, tentando abordar diferentes perspectivas da nossa cultura brasileira.

Você, interpretando um brigadista, será funcionário da Brigada Noturna de Manutenção de Trilhas e Resgate, assumindo o cargo a partir de várias etapas de concurso público para garantir uma renda decente em um emprego distante de tudo e todos.

À primeira vista, sua única responsabilidade é garantir a segurança e a sobrevivência dos campistas que invadem a Serra do Mar em horário noturno acreditando que a maior ameaça local são as onças-pintadas. Entretanto, com o manual da brigada em mãos, você irá perceber que até mesmo os maiores predadores da mata-atlântica têm o que temer das bizarrices que perturbam as noites dessa região.

De estranhos humanoides usando coletes laranjas pedindo carona em estradas abandonadas até espinhas dorsais penduradas em árvores, você visitará uma Serra do Mar onde os maiores temores das lendas rurais e urbanas se tornam realidade.

Além disso, no livro você irá encontrar descrições do bioma, da vida selvagem, da base dos brigadistas apelidada de Casarão, os equipamentos mais comuns no exercício da profissão etc.

As Regras

Noites na Serra do Mar não possui regras. Na verdade, melhor dizendo… O livro não possui mecânicas. Ele não é pensado para rodar em nenhum sistema específico, uma decisão tomada pensando em dar toda a atenção possível para a imersão.

Mas calma, calma! A própria linguagem do livro oferece orientações mascaradas para que qualquer leitor consiga encaixar o cenário em qualquer sistema que ele goste ou até mesmo em um sistema próprio!

Por exemplo, ao citar detalhes de uma criatura no capítulo “Horrores da Serra do Mar”, o livro usa de artifícios como “possui duas vezes a força de um humano” ou “ele vê no escuro tão bem quanto uma coruja”. Outro exemplo pode ser citado do capítulo “Equipamentos da Brigada” onde, apesar dos itens não possuírem estatísticas de dano, possuem descrições, especificações e até quanto pesam.

Para usar este livro da maneira ideal, preferimos que o narrador entenda mais de narrativas de horror do que de um sistema de regras específico. Por isso, antes do início da parte imersiva, estarão várias recomendações e orientações sobre como trazer uma ambientação horrorizante.

Dito isso, essa foi uma decisão criativa em paralelo com as limitações do nosso projeto. Nós acreditamos que o sistema importa e por isso, recomendamos aos jogadores de Noites na Serra do Mar que já conhecem jogos de RPG que usem regras de jogos mais narrativos e genéricos (PbtA, storyteller, até mesmo Savage Worlds etc.). Além disso, para os que nunca jogaram RPG, estaremos fornecendo para todos os níveis de apoio o PDF do sistema 6Contos 2.0, produzido pela equipe da www.twitch.tv/mardecontos.

Considerações e Despedidas

Abraçando a temática creepypasta ou SCP, mas dando toda uma nova roupagem com clichês do sobrenatural brasileiro, onde, ao invés de uma organização lidar com as bizarrices, esses deveres cairão sobre concursados que sobrevivem ao inferno na terra para tomarem o seu pingado no dia seguinte, reclamar do trabalho e voltar no dia seguinte. Afinal, alguém precisa fazer esse trabalho, independente da precariedade e da falta de verbas.

Ajude a concretizar esse projeto de RPG! Apoie em: https://www.catarse.me/noites_na_serra_do_mar


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Guia de Criação de Personagem – NUMENERA 2: DESTINO

Criado por Monte Cook, Bruce R. Cordell e Sean K. Reynolds, publicado pela editora Monte Cook Games em 2018 e trazido para o Brasil pela editora New Order, o “segundo livro básico” para o RPG de Mesa intitulado NUMENERA DESTINO, vem para enriquecer a “construção de mundo” do livro NUMENERA DESCOBERTA.

Muito do livro é sobre o cenário, suas comunidades e suas criaturas, além da extração e criação de itens diversos, mas tudo isso já foi abordado em uma resenha de NUMENERA DESTINO.

Como está escrito nela, deixei para abordar os elementos novos de Criação de Personagem para este artigo, o que inclui Tipos de Personagens, Descritores e Focos.

Para evitar que o artigo fique muito maçante, alerto que todas as informações sobre o básico de uma criação de personagem em NUMENERA já foram apresentados no artigo de NUMENERA DESCOBERTA — Guia de Criação de Personagem. Assim, neste artigo, posso dar total atenção às novidades do livro DESTINO.

Tipos de Personagens

DESTINO nos apresenta três novos Tipos de Personagens: Arkus, Wright e Delve.

Além disso, ele apresenta novas habilidades opcionais chamadas Habilidades de Comunidades, não apenas para esses Tipos, mas também para os Tipos do livro DESCOBERTA.

Por exemplo, a habilidade Reparador de Comunidades para Jack de Primeiro Grau descreve que enquanto estiver ativamente atuando em benefício da comunidade, a graduação efetiva dela será +1 para vitalidade ou infraestrutura.

Arkus

Um legítimo político. Claro que você pode ocupar as posições de um diplomata, um emissário, um nobre e até mesmo um pioneiro, mas o fato é que você usa sagacidade, retórica e a força do trabalho em conjunto para superar problemas.

Você receberá estatísticas básicas como Reservas, Esforço, Velocidade, habilidades de um Líder, Treinamentos com Armas além de Perícias e várias outras informações já pré-moldadas para garantir que você tenha o básico necessário para exercer a arte do discurso em qualquer canto do Nono Mundo.

Todas as estatísticas podem parecer assustadoras de início, mas assim como em DESCOBERTA, DESTINO já oferece pacotes prontos que agilizam a criação do personagem para qualquer jogador que não está interessado em tomar várias decisões detalhadas.

Você receberá um equipamento inicial perfeito para um diplomata como roupas estilosas, mas que te oferece a liberdade para escolher o que especificamente irá carregar entre armas.

Além disso, também receberá dois Preceitos que terá liberdade para escolher dentre uma lista. Esses preceitos são ideais para definir o estilo do seu orador, seja para torná-lo mais manipulador, mais poliglota e até mesmo capaz de incitar hostilidade. Outro elemento interessante do Arkus é sua capacidade de reunir seguidores, para a qual o livro dá muita atenção.

Adicionalmente, você também poderá gastar 1 Ponto de Experiência durante o jogo para realizar Intromissões de Jogador. Sempre que realizar o gasto, poderá escolher uma das intromissões na lista, como a Sugestão perfeita onde um seguidor ou outro PNJ já amigável sugere um plano de ação para uma questão urgente, problema ou obstáculo que você esteja enfrentando.

Finalmente, você poderá escolher, criar ou rolar 1d20, para um Vínculo relacionado ao seu Arkus. Um Vínculo é um fato específico no seu antecedente que criou a conexão que você tem com o resto do mundo, como: “Você cresceu em uma cidade grande e próspera onde ainda possui muitos amigos e contatos.”

As demais informações do seu Arkus estarão nos próximos Graus, evoluções que você alcançará conforme cumpre objetivos em jogo e recebe XP.

Wright

Construtores e artesãos que se destacam na maioria. Se é de um item especial que você precisa, existe algum Wright no mundo que pode fazê-lo.

Assim como o Arkus, o Wright também receberá vários pacotinhos de estatísticas facilmente preenchíveis em sua ficha, mas todos com a temática de um artesão, ao invés de um diplomata. Você irá possuir mais Cifras e mais conhecimento sobre o mundo, além de ser capaz de compreender e decifrar o passado para produzir o futuro, através de sua genialidade e suas invenções.

Por exemplo, ao invés de Preceitos, você possui Técnicas inventivas. Escolhendo duas dentre as opções, poderá ter a ferramenta certa quando precisar, ser capaz de mapear o Iôtum e até hackear máquinas.

Suas intromissões também seguem essa temática, como a Revelação de Criação, onde você estava inspirado e termina de criar o objeto ou estrutura antes do esperado (talvez até na metade do tempo).

Seus vínculos também são relacionados com essa proposta, como: “Você possui um autômato de estimação, do tamanho aproximado de uma caixa para pão com rodinhas, que está com você desde sua infância.”

Como o Arkus, você irá se tornar mais poderoso conforme avança em seus Graus.

Delve

O explorador supremo. Seu nascimento, sua vida e até mesmo sua morte existem com o único propósito de estar onde ninguém mais esteve. Descobrir o que ninguém mais conhece.

Semelhantes aos Arkus e Wright, os Delve também recebem seus pacotinhos de estatísticas, Cifras e etc. Recebem habilidades para escolher intituladas Ensinamentos de Delve que ajudarão a encontrar o caminho, se adaptar e estar familiarizado com os lugares mais exóticos. Tudo voltado para que sejam capazes de explorar o inexplorável.

Dentre opções de intromissão, o Defeito sortudo, onde uma armadilha ou dispositivo perigoso deixa de funcionar logo antes de afetar você, é um ótimo exemplo da ficha de um Delve.

Seus vínculos também acompanham essa sua natureza irrefreável, como: “O povoado no qual você cresceu foi destruído em um desastre envolvendo um bando de esferas de luz brilhante que brotaram da terra e voaram em direção ao céu, cada uma levando embora um pedaço do povoado.”

E como dito acima, a cada evolução de Grau, mais capaz de explorar você é.

Descritores

Como se os Tipos novos não fossem o bastante, DESTINO vem em peso com 35 novos Descritores para serem escolhidos. Todos com novos bônus para perícias, habilidades e inaptidões que modificam o seu Tipo.

Sendo impraticável listar todos aqui, deixarei apenas alguns exemplos.

Flexível: Você é flexível às mudanças, tanto físicas quanto mentais. Quando algo ruim acontece você sente a dor e a perda, mas logo está de volta à ativa.

Eloquente: Quando você fala, as pessoas entendem exatamente o que está dizendo. Você é fluente, coerente e alguns poderiam até dizer persuasivo, embora você diga o contrário.

Caridoso: Seu dom é ajudar os outros. É para isso que você existe. Outros se deleitam com sua natureza extrovertida e caridosa, e você se deleita com a alegria deles.

Alegre: Você é feliz e otimista, quase nunca se sente para baixo. Normalmente acorda empolgado pelas surpresas do novo dia.

Cívico: Você coloca o bem da maioria acima das necessidades dos poucos, pelo menos até certo ponto.

Comprometido: Você é completamente dedicado e leal a uma causa, atividade ou trabalho, ignorando quaisquer obstáculos que entrarem em seu caminho.

Confiante: Você é autoconfiante e isso o ajuda em quase qualquer situação — pelo menos em situações que não envolvam violência.

Culto: Sua educação excelente e sua criação privilegiada lhe deu um gosto refinado. Você é capaz de enxergar, ouvir e sentir sabores distinguindo graus de diferença que outros não conseguem.

Curioso: Já houve um tempo no qual os mundos anteriores falavam com as estrelas, remodelavam as criaturas do mundo e dominavam a forma e a essência. Isso não é incrível?

Sincero: Você sempre fala o que pensa, raramente lembrando que pequenas mentiras podem ser úteis para suavizar situações sociais desconfortáveis.

Focos de Personagem

Se já haviam muitos Focos de Personagem em DESCOBERTA, DESTINO veio para “quebrar a banca”.

São 32 novas opções de Focos, dos quais seu personagem deve escolher um, que irão dar aquele elemento “único” à ficha.

São habilidades extremamente específicas como Absorve energia ou Comanda o Leviatã que também evoluem com os Graus do personagem e o tornam realmente especial no cenário.

Escolhido o foco, resta concluir quais equipamentos o personagem irá levar consigo, além do fornecido pelo Tipo e o personagem estará quase pronto para a ação.

Considerando todos os novos elementos relacionados a comunidades, vale muito a pena que os jogadores explorem o cenário complexo descrito pelo livro e, com a ajuda do mestre, escolham suas terras natais e as influências que sofreram delas. É um elemento muito mais narrativo do que mecânico, mas extremamente recomendado para a proposta do livro de transformar o mundo em um lugar melhor.

Considerações e Despedidas

As novas produções de NUMENERA não cansam de me surpreender e fica muito claro, após ler o livro, a fala dos autores sobre não se tratar de um suplemento e sim de um segundo livro básico.

Entretanto, adquirir livros da qualidade de um NUMENERA não é fácil aqui no Brasil, quem dirá dois livros. Por isso, acho que você não deve levar esse argumento tão a sério.

Se você não tem condições de possuir os dois livros, comece com NUMENERA DESCOBERTA e quando for o momento de expandir seus horizontes, imploro que dê uma chance para este livro incrível que é NUMENERA DESTINO.

Por último, mas não menos importante, se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo Padrim, PicPay, PIX ou também no Catarse!

Assim, seja um Patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos como participar de mesas especiais em One Shots, de grupos ultrassecretos e da Vila de MRPG.

Além disso, o MRPG tem uma revista! Conheça e apoie pelo link: Revista Aetherica.


Autor: Miguel Beholder

Revisão e arte: Diemis Kist

Ordem Paranormal RPG — Guia de Criação de Personagem

Criado por Rafael Lange (Cellbit), Felipe Della Corte, Pedro Coimbra (PedroK), Silvia Sala, Dan Ramos, Guilherme Dei Svaldi e Rafael Dei Svaldi, o RPG de Mesa baseado na série de lives Ordem Paranormal foi desenvolvido e publicado pela Jambô Editora.

Após o artigo apresentando a resenha de Ordem Paranormal RPG (onde explico como o sistema do jogo funciona), está na hora de nos debruçarmos sobre a criação de personagens deste livro inacreditavelmente lindo.

Em Ordem Paranormal RPG, os personagens dos jogadores são denominados Agentes. Esses agentes, membros da Ordo Realitas (ou de outra organização que você queira criar), serão responsáveis por proteger o mundo da devastação trazida pelas ameaças do Outro Lado, assim como seus adoradores cultistas.

Dito isso, vamos para o passo a passo da nossa criação de personagem, onde você irá acompanhar a criação do Teo, meu personagem para exemplos.

Passo 1: Conceito

Fan art de ♣°• Nicole •°♠ (Pinterest)

O primeiro passo é ter uma ideia geral do seu personagem. Quem ele era e é atualmente. Para isso, o livro sugere algumas perguntas relevantes, não apenas para a criação de personagem, mas para futuras explorações do passado de seu agente durante as sessões.

Pensando em criar um personagem jovem em 2022, respondi as perguntas usando meu personagem Teo:

  • Qual o nome? Teo Soora Garner. Sendo brasileiro, decidi pelos sobrenomes que ele tem ascendência japonesa e inglesa, além claro dos sempre presentes traços indígenas e africanos de nossa terra.
  • O que ele fazia? Antes de se deparar com o paranormal e entrar para a Ordem, ele era estudante de medicina, uma exigência paterna de uma família que ergueu um conglomerado industrial farmacêutico internacional.
  • Que evento desencadeou o primeiro contato? Teo, constantemente tentando fugir das responsabilidades que seu pai jogava em suas costas, se enfiava na biblioteca da mansão da família. Lá, se deparou com antigos arquivos que justificavam o crescimento das Farmacêuticas Garner. Entre os arquivos haviam notas e símbolos estranhos e ao vê-los, Teo foi tomado por pesadelos terríveis. O crescimento da empresa estava, de alguma forma, relacionado com o Outro Lado, o que fez Teo fugir de casa.
  • O quanto conhece do Outro Lado? Quase nada. Teo ainda tem pesadelos com os símbolos que viu, mas tudo é muito desconexo e confuso. Tudo o que ele sabe é que existe algo bizarro e sombrio por trás do sucesso de sua família.
  • Como se comporta em cenas de investigação? Teo é curioso e meticuloso, do tipo que vive metendo o bedelho onde não é chamado, mas também é meio desastrado e tímido, principalmente quando vira o centro das atenções.
  • Como se comporta em cenas de ação? Teo é pacifista, preferindo evitar violência, mas age por impulso, improvisando e se adaptando, sempre que a vida de alguém está em risco, mesmo que seja de um transeunte qualquer que ele nunca viu na vida.

Passo 2: Atributos

Todo personagem tem cinco atributos, sendo estes Força (FOR), Agilidade (AGI), Vigor (VIG), Presença (PRE) e Intelecto (INT). Leia a resenha anterior a este guia para saber para que serve cada atributo.

Quando você cria um personagem, todos os seus atributos começam em 1 e você recebe 4 pontos para distribuir entre eles como quiser. Você também pode reduzir um atributo para 0 para receber 1 ponto adicional. O valor máximo inicial que você pode ter em cada atributo é 3. O valor da média humana nos atributos é 1.

Teo: FOR 1; AGI 2; VIG 1; PRE 2; INT 3.

Passo 3: Origem

A origem está relacionada com o que o seu personagem fazia antes de se tornar um agente.

Toda origem beneficia o seu personagem com duas perícias treinadas e uma habilidade única.

Teo: Sendo um estudante de medicina, optei por Agente de Saúde. Essa origem me dá treinamento em Intuição, Medicina e a habilidade Técnica Medicinal.

Passo 4: Classes

Ordem Paranormal RPG conta com três classes que representam o conceito principal das sua capacidades de atuar pela Ordem, assim como o treinamento que você recebeu dela:

  • Combatente. Um perito em armas brancas e de fogo, linha de frente, feito para ser perigoso e durão.
  • Especialista. Com conhecimento, esperteza e lábia, este agente é focado em resolver problemas diversos, ser versátil e habilidoso.
  • Ocultista. Um estudioso do Outro Lado, que busca entender os mistérios dos Elementos e usá-los a seu favor para dominar poderes Paranormais.

Cada classe irá definir, junto de seus atributos, seus Pontos de Vida (PV), Pontos de Esforço (PE), Sanidade (SAN), Perícias e Proficiências. Além disso, as classes também oferecem poderes e habilidades adicionais que irão tornar seu personagem mais poderoso a cada novo Nível de Exposição (NEX) que você adquire.

Vamos tomar Teo como exemplo mais uma vez. Sendo um cara inteligente e com condicionamento físico bem comum, optei por fazer dele um Especialista.

Com essa decisão, segundo as orientações do livro, as estatísticas dele ficaram:

  • PV: 17.
  • PE: 5.
  • SAN: 16.
  • Perícias: Tenho um total de 10 perícias para treinar dentre as 28 oferecidas na ficha de personagem, lembrando que minha origem já me treinou em duas perícias.
  • Proficiências: Consigo manipular habilmente armas simples (facas, pistolas, granadas etc.) e me equipar com proteções leves (jaquetas grossas, coletes a prova de balas etc.).
  • Habilidades: Como um personagem inicial é de NEX 5%, segundo a tabela do Especialista, recebo as habilidades Eclético e Perito. Esses poderes e habilidades consomem PE para serem usadas.

Passo 4: Perícias

O jogo conta com 28 Perícias, logo não cabe listar todas aqui, mas gostaria de pelo menos listar as perícias que escolhi treinar por combinarem melhor com o personagem que estou criando.

Cada perícia treinada irá me oferecer +5 nos testes realizados com ela. Além disso, existem perícias que só podem ser usadas se seu personagem for treinado nela como Ciências.

Teo: Tem um total de 12 perícias treinadas, sendo elas Ciências, Diplomacia, Fortitude, Furtividade, Intuição, Investigação, Medicina, Percepção, Pontaria, Reflexos, Tecnologia e Vontade.

Passo 5: Equipamentos

Ordem Paranormal RPG conta um regras e mecânicas de equipamentos muito específicos onde não se usam coisas como dinheiro ou quilos para contabilizar as estatísticas das suas posses.

Neste jogo, trabalhamos com Pontos de Prestígio (PP), Patentes, Limite de Crédito, Limite de Itens por Categoria e Capacidade de Carga.

Mais uma vez tomando Teo como exemplo, o livro nos orienta a determinar que como ele é um novato na Ordem, possui 0 (zero) Pontos de Prestígio (PP), ainda sem experiência em missões e sem os méritos delas.

Com esse valor tão baixo de PP, ele pertence a Patente Recruta. Um personagem com essa patente possui um Limite de Crédito Baixo.

Segundo o livro, um personagem com esse limite de crédito tem aprovação para comprar mantimentos básicos como comida, roupas e remédios, passagens de transporte público, como ônibus, metrô ou trem, alugar veículos comuns e usar serviços particulares de transporte, como táxi, além de poder se hospedar em acomodações simples, como pensões e hotéis com três estrelas ou menos, também pode utilizar serviços emergenciais como mecânicos ou socorro médico.

Finalmente, os itens mais dispendiosos possuem Limites por Categorias. Itens de Categoria 0 são baratos e Teo pode carregar quantos deles precisar usar como facas ou kits para primeiros socorros.

Contudo, para itens mais valiosos há maior severidade no limite, pois a Ordem não tem verbas infinitas para gastar com seus agentes. Alguém da patente de Teo só pode carregar dois itens de Categoria 1.

Pensando no que o Teo faz bem, optei por uma pistola leve e um smartphone.

Você deve estar se perguntando sobre o smartphone, já que pode ser um bem pessoal, mas este não é o caso. Teo não pode levar para missões seus bens pessoais, principalmente por estes poderem ser hackeados ou usados para envolver seus amigos ou parentes, colocando-os em risco. Por isso, optei por pegar um smartphone oferecido pela própria Ordem, por ser mais seguro e eficiente.

Finalmente, para saber quantos itens posso carregar com Teo, preciso determinar a Capacidade de Carga dele. Para permanecer ágil e leve, o personagem só pode ocupar até 5 espaços de itens para cada ponto em Força.

Como a Força de Teo é 1, só possui 5 espaços para itens. Se eu carregar mais do que isso, irei sofrer penalidades por sobrecarga. Cada item no livro informa quantos espaços ele ocupa.

Usando todas essas regras como orientação, Teo irá carregar consigo um kit de medicina, um smartphone, uma lanterna, uma pistola leve e uma recarga de munições leves.

Passo 6: Informações Derivadas

Feito tudo isso, restam apenas algumas informações derivadas de tudo o que você fez até aqui para se preencher na ficha, sendo elas:

  • Defesa: 10 + valor de AGI + proteções que esteja vestindo. Como Teo não está usando nenhuma proteção, a Defesa dele é 12.
  • Bloqueio: Se for treinado em Fortitude, você recebe resistência a dano igual ao seu modificador de Fortitude contra um ataque. Teo é treinado, tendo Bloqueio 5.
  • Esquiva: Se for treinado em Reflexos, você adiciona seu modificador de Reflexos em sua Defesa contra um ataque. Teo é treinado, tendo Esquiva 17.
  • Contra-ataque:  Se for treinado em Luta, você pode usar uma reação para contra-atacar. Teo não é treinado em Luta, não podendo fazer isso.
  • Rituais: Teo não pertence a classe Ocultista e ainda não aprendeu nenhum ritual, mas o livro orienta como os rituais funcionam e como preenchê-los em sua ficha. Rituais funcionam como magias em outros jogos, consumindo PE para distorcer a realidade a favor do ritualista conforme o Elemento/Entidade a qual o ritual pertence.

Considerações e Despedidas

Com exceção das regras para equipamentos das quais gostei muito, Ordem Paranormal RPG não oferece muitas novidades na criação de personagem, principalmente quando comparado com a linha Tormenta 20 da Jambô Editora, mas isso não significa que seja ruim.

Apostar no seguro e no que funciona, tornando o jogo ainda mais prático e dinâmico do que em Tormenta 20, foi uma escolha sábia, principalmente na busca por manter a identidade do que foi apresentado atualmente pelo próprio Cellbit nas lives de Ordem Paranormal.

O sistema é simples, eficiente e fácil de apresentar para a nova massa de jogadores que têm surgido como resultado da produção do livro. Não estou surpreso, mas muito satisfeito com o que foi oferecido, além de ansioso para começar a jogar com o Teo!


Fizemos também um Guia de Criação de Personagem em vídeo, se você preferir.


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NUMENERA 2: DESTINO – Resenha

Criado por Monte Cook, Bruce R. Cordell e Sean K. Reynolds, publicado pela editora Monte Cook Games em 2018 e trazido para o Brasil pela editora New Order, o “segundo livro básico” para o RPG de Mesa intitulado NUMENERA DESTINO, vem para enriquecer a “construção de mundo” do livro NUMENERA DESCOBERTA.

Segundo o próprio livro, NUMENERA DESTINO deve ser considerado um livro básico para NUMENERA assim como a edição DESCOBERTA, pois ele não tem a intenção de ser um suplemento e sim, preencher a metade de tudo o que NUMENERA significa para os autores, tendo também mais de 400 páginas.

Enquanto o livro DESCOBERTA aborda a exploração de ruínas do passado e a descoberta de maravilhas em aventuras pelo Nono Mundo, DESTINO tem a intenção de abordar o que pode ser feito com as ruínas exploradas e as maravilhas descobertas. Como usar essas conquistas para fazer do Nono Mundo um lugar melhor para se viver.

Deixarei para abordar sobre os novos Tipos de Personagens, Descritores e Focos em um artigo sobre a Criação de Personagem, enquanto neste, falarei sobre as propostas de “construção de mundo” não apenas do mestre, mas mais ainda por parte dos jogadores que são o carro-chefe de qualquer aventura.

Extração e Criação

DESTINO quer falar sobre tornar o Nono Mundo um lugar melhor. O livro deseja que os jogadores queiram mais do que apenas saquear, pilhar e gastar. Consequentemente, ele oferece as explicações narrativas e mecânicas para isso, dando início com a extração de materiais.

Como exemplo, podemos ler sobre o Iôtum: componentes que podem ser usados para fabricar objetos especiais, consertar artefatos e cifras quebrados e construir instalações, artefatos, veículos e outras coisas. Se apresentam de várias formas, incluindo lascas de sucata, partículas pequenas mantidas num campo de força, recipientes prateados cheios de gosma incolor, ou fluído borbulhante etc.

Também podemos ler sobre as Peças, Objetos, Estruturas além de aprender sobre a extração de argila idônea, biocircuito, aço sintético, psirânio, monopolo, oráculum e mais dezenas de itens assustadoramente específicos.

E não estou falando só de listas. Existem tabelas de extração, organogramas com artes elucidativas, caixas de texto definindo termos, além de esclarecimentos sobre a economia e faixas de esgotamento para objetos numenera.

Após isso, partimos para a criação, onde são apresentadas regras de sucessos múltiplos para criação de objetos, reduções para as dificuldades de criação, explicações para as perícias mais relevantes e tempo gasto para os trabalhos manufaturados.

Procurando maior dinamismo, objetos triviais são mais simples de trabalhar e são resumidos em listas com suas respectivas dificuldades e informações estatísticas. Contudo, itens de numenera pedem muito mais atenção.

As mecânicas apresentadas trazem propostas de criação de estruturas, cifras, artefatos, instalações, autômatos e veículos com esclarecimentos para manutenção e modificação tanto nos efeitos quanto nas aparências.

Sim, eu sei que parece insano acreditar em tanta atenção para dar aos jogadores a possibilidade de erguer cidades inteiras com as próprias fichas, mas acredite quando eu digo que são capítulos inteiros do livro destinados apenas a esse tema.

Comunidades em DESTINO

NUMENERA DESCOBERTA nos dá um panorama geral do Nono Mundo como um todo, apresentando mais conceitos que o mestre pode usar para criar suas comunidades do que de fato regiões claras com povos específicos e culturas esclarecidas.

NUMENERA DESTINO se faz presente para apresentar o completo oposto. Estou falando de oito capítulos inteiros especificando várias comunidades com geografia, fauna, flora, cultura, economia, política e organizações. Tudo isso apresentado não apenas narrativamente, mas também em mecânica.

As comunidades possuem estatísticas como Graduação, Vitalidade, Infraestrutura e Dano infligido, entre outras, para que possam ser usadas em jogo, seja em conflitos políticos ou armamentistas.

Entre várias citadas estão: Umdera, conhecida por nunca fica no mesmo lugar por mais de alguns anos, Enthait, construída nas ruínas de um complexo muito mais antigo, cujos resquícios são visíveis como estruturas espiraladas, e Rachid, primariamente feita de pedras empilhadas e cimentadas por cima de uma mesa geológica enorme.

E há mapas. Muitos mapas estonteantes de regiões geográficas e de cidades em toda a sua complexidade de ruas e pontos de referências.

O “Capítulo 6: Condução de Comunidades” abrange orientações narrativas e mecânicas que vão desde ferramentas para mestres, fundações, estatísticas, ações, planejamentos a até liderança de comunidades inteiras.

Criaturas e Personagens Não-Jogadores

Obviamente, o Nono Mundo precisa ser ambientado com mais do que apenas grandes comunidades em postos de extração e o livro está muito ciente disso.

Ele não apenas oferece um bestiário com dezenas de páginas de criaturas, como também dá várias orientações de como usá-las da maneira adequada ao cenário, considerando sua natureza biológica (ou não). Fora isso, os famosos NPCs também ganham atenção com algumas poucas fichas genéricas para usos diversos e suas próprias orientações.

Eu pessoalmente, gostei muito da criatura chamada Belicerne: normalmente é encontrado em estado inerte e confundido com uma única unidade de um iôtum conhecido como quântium (que parece ser uma caixa de sintético pequena o bastante para ser colocada na palma da mão, cheia de pontinhos de luz brilhante). A entidade implantada assume controle do dispositivo e aprimora sua forma física com nuvens perigosas de fabricadores nanométricos.

Considerações e Despedidas

Como um consumidor ávido de manuais de RPG de Mesa, argumento sem medo de errar que eu já vi muita coisa parecida com NUMENERA DESTINO, mas com toda a certeza, nunca vi nada igual.

A atenção aos mínimos detalhes como o comportamento específico de uma criatura ao ser ameaçada ou ao desejo sincero de querer passar a sensação de que o jogador está de fato alterando o mundo tal qual a proposta de um jogo “sandbox” me deixou realmente apaixonado.

Não vejo a hora de ter um personagem que comece nos becos de Umdera e alcance o governo de Enthait, para tornar o Nono Mundo, um lugar melhor.

Por último, mas não menos importante, se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo Padrim, PicPay, PIX ou também no Catarse!

Assim, seja um Patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos como participar de mesas especiais em One Shots, de grupos ultrassecretos e da Vila de MRPG.

Além disso, o MRPG tem uma revista! Conheça e apoie pelo link: Revista Aetherica.


Autor: Miguel Beholder

Revisão e arte: Diemis Kist

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