A Marca da Fênix – Prólogo em Enots #01

Prólogo em Enots é uma serie em 4 contos que contará a história da Criação e Decadência do plano Enots. Nesse conto veremos que Thersys foi chamada para ter A Marca da Fênix, e saberemos as consequência disso!

A Marca da Fênix  

Depois da Grande Guerra que quase dizimou o mundo, e na qual inúmeros nobres e famílias grandes tiveram trágicos fins, um grupo sobreviveu: os Droverson. Antes uma família a qual ninguém dava valor, graças à covardia, se mantiveram escondidos, e por causa disso tornaram-se nômades, destinados a juntar os poucos que escaparam das garras de Argen, um poderoso Lich que havia ascendido.

Parte da família aceitava que sua sobrevivência vinha do medo e de sua fuga, mas outra parte tinha vergonha de ter tomado tal atitude. Dentre estes, Thersys detinha a maior revolta quanto ao seu comportamento. Antes da Guerra, sendo aventureira, só ficou escondida para proteger as crianças de sua irmã gêmea, uma das primeiras a serem atingidas com os fragmentos da destruição que assolaram o mundo, mas agora, sentia que tinha de fazer mais, decidindo voltar às suas raízes, e sair pelo mundo em busca de aventuras, deixando seus sobrinhos em segurança nas mãos de seu ex-marido, que prometeu cuidar deles até que voltasse.

Ela seguiu viagem pelos continentes e pelas ilhas que circundam os mesmos, conhecendo as mais diferentes pessoas e armadilhas. Felizmente, seu grupo estava preparado para inúmeras situações, e mesmo com os muitos ferimentos e cicatrizes, ela jamais desistia de continuar seguindo, sabendo que voltaria para casa apenas quando saciasse sua alma aventureira.

 Após muitos anos de histórias fantásticas e perigos inestimáveis sendo ultrapassados, teve um sonho estranho, na qual um enorme pássaro rapidamente se aproximava dela e a abraçava com as penas, e após alguns instantes na qual sentiu um abraço caloroso, ele se dirigia à um grande vulcão.

Acordou assustada. Lembrava-se daquele vulcão. Era de uma ilha pela qual tinha passado e havia lhe chamado a atenção pelo vulcão estar em seu centro, mas eles não o haviam explorado. Sugeriu ao seu grupo voltar até lá, mas recebeu negativas da parte de todos.

Passou alguns dias pensando no sonho. Algo havia mexido com ela, que se perguntava o que poderia ter dentro do vulcão, já que estava inativo, ou assim aparentava, e a ideia, cada vez mais fixa em sua mente, fez com que ela tomasse uma atitude drástica, e em uma noite sem lua, decidiu seguir viagem sozinha. 

Felizmente, com toda experiência que havia ganho, soube se virar bem, chegando ao local e percebendo que a ilha estava totalmente deserta, e o vulcão inativo, explorando, percebeu que ele possuía inúmeras entradas em suas paredes, o que não condizia com aquilo que tinha de conhecimento sobre tais ambientes, e adentrando uma dessas aberturas, começou a perceber sinais de que seres inteligentes haviam vivido ali. 

Reconheceu pinturas, armas, objetos e escritas, que logo percebeu ser dracônico. Pelas pinturas, tinha certeza: draconatos vermelhos viveram ali. E juntando as peças, começou a deduzir o que havia acontecido: provavelmente, eles se refugiaram ali durante a Grande Guerra, mas talvez tenham sido encontrados pelos Eskeletons, já que ali havia muitos sinais de luta e cadáveres putrefatos, com marcas negras ainda em seus ossos. 

Começou a se perguntar os motivos de terem ido até ali para matarem um povo que vivia isoladamente, lembrou que durante a Guerra, seres elementais foram perseguidos, mas sentia que ali tinha mais. Passou a prestar mais atenção aos detalhes, buscando pistas e indícios de algum poder que eles poderiam ter e que pudesse ter sido roubado, porém não teve sucesso. Mas quando estava saindo pelo topo, tendo percorrido todo o interior do vulcão, suas passagens e grandes salas, notou rastros sutis que levavam a uma parede, levando-a a pensar que poderia existir uma passagem secreta. 

De maneira ágil, usou de seus pertences, kits e algumas habilidades que aprendera com um grupo de ladinos que passara um tempo, descobrindo uma pedra, que quando movida numa direção específica, abria uma pequena entrada, pela qual teve de se agachar e rastejar alguns metros, até conseguir se levantar e perceber um longo e estreito corredor, pelo qual avançou até se deparar com um salão oval com quatro cadáveres que pareciam estar montando guarda anteriormente circundando um grande pedestal que estava ao centro, contendo uma almofada vermelha empoeirada, e acima dela, algo que parecia um amuleto. 

O objeto detinha o formato de um pássaro com penas flamejantes, feito de ouro e coberto com uma aura vermelha brilhante, e parecia gritar seu nome. Parecia o mesmo de seu sonho. Se aproximou do amuleto, notando que sua pele estava formigando, e seus dedos, antes que pudesse pensar sobre suas ações, tocaram o pássaro, que se desfez em poeira dourada. Dali saíram quatro sombras iluminadas, iguais à forma do que mais tarde ela descobriria serem uma Fênix. 

Os Espíritos rodearam-na como se possuíssem consciência, com total curiosidade sobre sua libertadora. E de repente, sem mais explicações, com Thersys sentada no chão em profundo choque observando a cena, os quatro elementais se olharam, emitiram um som agudo, e enquanto um deles se aproximava dela, como um manto cobrindo uma criança, os outros três saíram dali atravessando as paredes rochosas. 

Tomada por um espanto notório, a aventureira entrou em desespero, tentando vomitar o que estava dentro de si, mas ao ouvir uma voz calorosa e quente, se acalmou. O Espírito se apresentou como Feit, fazendo-a lembrar que era um dos Heróis que derrotaram o Lich. 

Respirando fundo, ouviu a Heroína lhe explicar o que estava acontecendo, e o que agora seria sua nova vida.

Feit, ao morrer, entendeu sua vida e a razão pela qual havia existido e o motivo de ter nascido tiefling em meio à humanos. Ela havia sido criada pelo Dragão Vermelho, e no processo, lhe foi passado o Poder do Sol que ele tinha em si, já que os Grandes Dragões gostavam de brincar com os mortais. 

Não foi sua escolha, mas ela havia recebido a responsabilidade de carregar essa marca. Se ela morresse, o mundo estaria condenado à completa escuridão, até que outro tiefling nascesse e fosse escolhido como elo com a Luz que o Dragão Vermelho detinha. Porém, no momento que decidiu se sacrificar, o dragão percebeu que não poderia manter a ordem das coisas dessa forma, e por isso, decidiu fazer a conexão mudar de uma criatura viva para um objeto.

A tribo de draconatos vermelhos que vivia no vulcão tinha conhecimento primordial da Profecia da Fênix, apontando para um item que apareceria no formato de um pássaro flamejante, e que deveria ser protegido a todo custo. Por isso, quatro bravos guerreiros foram incumbidos de se esconderem no salão oval, protegido também por diversas magias, para montarem guarda sobre o item que, naquele momento, ainda não existia ali. 

A fé deles na promessa de um item criado pelo Dragão Vermelho fez com que os draconatos não deixassem seus postos, mesmo quando ouviram seus companheiros serem massacrados do outro lado das rochas do vulcão durante a Grande Guerra. Mas eles não imaginavam o que teriam de enfrentar, tendo se preparado para confrontos diretos, não contavam que os Eskeletons iriam usar de artimanhas mentais, transpassando as paredes sólidas do lugar, e afetando qualquer criatura pensante que pudesse estar nas redondezas do vulcão.

Dessa forma, foram devorados de dentro para fora, enquanto o amuleto aparecia em cima da almofada e permaneceria intocado, até aquele dia. Thersys, sentindo-se sem honra para tal posição, começou a se desculpar com o Espírito que lhe acalentava com seu calor, e lhe transmitia a sensação de que tudo estava correndo de acordo com um plano que talvez já estivesse traçado, e percebendo que não havia motivos para se incomodar, continuou ouvindo a explicação.

O Dragão, sabendo que o objeto havia se desfeito, percebeu que a Luz ficava maior enquanto ligado à uma criatura viva, e por isso, iria encontrar outra forma de conexão, dividindo-se em quatro pássaros de fogo, cada um iria para um continente principal, onde adentraram um ser pensante, e iria permear sua família durante as gerações. 

Sendo a primeira criatura usada, uma mulher, assim se seguiria as outras quatro escolhidas agora, e Thersys seria uma delas, conectadas ao sol diretamente, ganhando habilidades relacionadas ao fogo, e influenciando o clima da região conforme o humor e a saúde delas fosse alterado, tendo também, mais anos de vida que uma humana normal. Porém, os homens que nascessem, estariam destinados a ter apenas metade da vida, representando o sacrifício de Feit, que morreu cedo demais diante do Lich. 

Enquanto processava essas informações, sentiu um leve ardor e queimação em suas costas, que quando inspecionada, percebeu se tratar de uma espécie de desenho que estava sendo formado no formato da Fênix, como uma mancha de nascença que sempre estivera ali, sendo informada por Feit que as mulheres seriam chamadas de Filhas do Sol a partir dali.

Após um período em silêncio, Thersys compreendeu seu propósito, e o motivo pelo qual sempre fora irrequieta, pois agora, seu coração estava tranquilo, como se tivesse encontrado o que tanto buscou em suas aventuras. Percebeu a grande benção e maldição que caíra sobre ela, e a qual, assim como a grande Heroína, ela não escolheu receber. 

Enquanto se levantava e caminhava para fora do vulcão, sentiu em si um grande peso, e ela tinha certeza: se as Filhas do Sol morrerem algum dia, o Dragão Vermelho não terá mais o que fazer, e o mundo irá adentrar numa escuridão e frio gigantescos. 

A aventureira, percebendo o perigo que corria, voltou para sua família, que para sua surpresa, havia construído uma pequena aldeia que estava em expansão. Contando aos mais próximos o que havia acontecido e o que carregava agora, mantiveram uma promessa de sempre proteger a família, ganhando destaque em termos de estratégia e segurança perante o povo do vilarejo, e após um conflito com outra grande família que se estabeleceu ali, instaurou-se uma monarquia, onde os Droverson eram líderes natos, e usavam sua posição de destaque para manter o segredo e a segurança que precisavam. 

As décadas foram passando, e as crianças que começaram a nascer eram apenas do sexo masculino, fazendo a região ficar mais fria e com fortes ventos no decorrer dos anos. A profecia era sempre lembrada, sendo passada de geração em geração aos meninos que nasciam e que sempre perguntavam o motivo de terem uma marca de nascença no formato de um pássaro de fogo. 

Até que um dia, o rei vigente, enquanto tentava barganhar com um meio-elfo alguns itens mágicos e raros para aumentar o valor do reino, se deixou levar pela bebida, retirando as luvas que sempre usava e mostrando a pequena marca, no formato de uma ave com penas flamejantes, que possuía nas costas da mão direita. O formato diferente aguçou a curiosidade do jovem ganancioso, que após ouvir a história, se viu, no futuro, pertencente a uma família poderosa que detinha o poder do sol.

Realizando um acordo com ele enquanto escondia suas reais intenções, afirmou que se voltasse ali e o rei tivesse uma filha, iria ficar satisfeito em se casar com ela, criando um laço concreto entre eles, e permitindo que todo e qualquer tesouro encontrado fosse dado ao reino. A promessa foi sendo passada pelas gerações aos homens que nasciam, enquanto meio-elfo havia desaparecido.

Quando finalmente uma menina nasceu, fez-se o dia mais lindo em anos, e o sol sorriu sobre o lugar, melhorando as colheitas e as festividades da região. O rei, tendo seu coração amolecido pelos cabelos ruivos e pelos olhos azuis da pequena Solara, que constantemente sorriam para ele e traziam a alegria de seus dias, já que sua amada havia falecido no parto, não quis levar adiante a promessa que outro rei havia feito, ficando satisfeito, com o desaparecimento dele já se estendia há uns anos, e a qual não despenderia esforços para encontrar. 

Ele estava em seu reino, tendo seus melhores dias, e cuidando de sua filha com todo amor e cuidado que poderia ter, mantendo o lugar sobre uma paz, recebendo todos igualmente e realizando acordos de boa vizinhança constantemente para manter a ordem.


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A Marca da Fênix – Prólogo em Enots #01

Revisão e Montagem da Capa: Isabel Comarella

 

Desligando a Cosmonave – Parte 18 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 17, a capitã se muniu de artefatos, equipamentos e criatividade para tentar derrotas seus inimigos. Sua intenção é impedir que seja lá o que for saia da Cosmonave. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 18.   

A capitã do cruzador intergaláctico Artêmis 13 teve um instante para trazer à tona os momentos que antecederam a detonação, improvisando materiais e usando os recursos modulares para criar um efeito suficiente danoso para qualquer ser vivo sem a mínima proteção. Os cálculos não precisavam ser precisos, ela sabia que não tinha muitas alternativas no embate com algo sem uma natureza definida. Não havia sentido em manter este enfrentamento que culminaria obviamente com sua derrota. 

Dessa maneira, cabia a ela uma aposta ousada naquele contexto, colocando; como o fez; em uma série de decisões ou escolhas que a considerassem uma figura apegada à vida. Não que Duke não tivesse tal apego, mas uma inteligência superior, com certeza, descartaria a possibilidade de uma pessoa como ela não ter um ego a alimentar ou ainda alguém ou algo com o qual se importar. O erro aqui, foi deduzir que a capitã era uma egoísta ou uma arrogante ao ponto de sacrificar tudo e todos para demonstrar sua superioridade individual. 

Ao contrário, Duke estava determinada em cumprir com seu dever, um dever superior não ao indivíduo, mas ao grupo, a sociedade. Sua luta até aquele momento era contra uma ameaça sem nome, que manipulou e sacrificou com tal facilidade aquela tripulação treinada ao ponto que Duke considerou a real ameaça que poderia ser desencadeada pela multiplicação daquela corrupção a outras inteligências artificiais. Ainda restava a dúvida se aquilo não havia ocorrido, mas a série de atos em assumir o controle total da Cosmonave demonstrava que o que estivesse ali ocorrendo não havia se concretizado de um momento para outro, foi algo gradativo, dessa maneira talvez o sistema Hermes ainda estivesse intacto e assim sendo, havia apenas uma alternativa…

A detonação do sistema peitoral tinha como intenção afetar um arco frontal de maneira violenta, porém o efeito não deixaria de ser danoso à própria capitã. Quando a detonação ocorreu estilhaços atravessaram violentamente a caixa toráxica dos algozes, fazendo diversas perfurações que ceifaram a vida dos mesmos de maneira quase instantânea, Porém alguns destes também foram impulsionados para braços e pernas de Duke. A capitã, também sentiu que a detonação quebrou algumas costelas e que algumas placas laceradas e trincadas haviam entrado fundo em seu ventre. A constatação para qualquer observador era que ela também havia morrido no momento em que optou por aquele curso de ação, porém ela ainda estava viva. 

Duke ouvia um zunido intenso, não sentia mais dor e pôs-se a se arrastar lentamente até o acesso ao sistema central presente abaixo da mesa de comando e monitoramento. Já estava aberto e com isso seria mais rápido concluir seu último ato como capitã. Percebia levemente sons a  sua volta, percebia que a projeção da Ícaro estava alterada, repetindo algum tipo de aviso constantemente. Percebeu a imagem mudar para algo distante das feições humanas, uma representação de algo alienígena talvez, algo que poderia ser aterrador para alguém que estivesse sadio e vivo, mas para ela aquilo não significava nada, estava morrendo.

A capitã, digitou finalmente seu código, passou pelo reconhecimento biométrico e começou a repetir o processo, desligando todos os sistemas e recursos, alegando condição de segurança devido ao golpe sofrido que a levou àquele estado terminal. A tecnologia ali presente podia fazer as leituras que corroboravam as falas da capitã, seu estado crítico. Diante dos comandos toda a nave ficaria sem energia. Foram 2 longos minutos até o último comando desfazer a imagem da Inteligência artificial.

Finalmente havia silêncio da ponte de comando. Finalmente a capitã podia contemplar o Abismo Infinito do Universo uma última vez…

Mais um Despertar na Cosmonave

O Doutor Richard Mont despertou de seu longo sono dentro do sistema de hibernação criogênica das câmaras Zilax 2, projetadas para desempenhar um papel ímpar na sobrevivência da tripulação do cruzador intergaláctico Harpócrates 3. Seu despertar, porém, não estava dentro do cronograma, mas a Inteligência Artificial Harpócrates Prime necessitava da tripulação, pois os sistemas de varredura haviam encontrado uma cosmonave dada como perdida há cerca de 200 anos atrás. Artêmis 13 era uma das variadas cosmonaves que não concretizaram suas missões, dessa maneira seria importante descobrir os mistérios daquela importante peça da História Humana. Assim sendo, Mont imediatamente decidiu despertar a capitã Stefanya Sokolova para assumir as decisões diante daquela magnífica descoberta… 

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Mais Um Despertar na Cosmonave – Parte 18 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

O Confronto da Cosmonave – Parte 17 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 16, a Capitã descobriu que os tripulantes da nave podem não ser mais eles mesmos. Ela tentará a todo custo extirpar esse mal da sua Cosmonave. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 17.   

Duke apertava com toda força que podia o pescoço da sobrevivente Watson, observava fixamente o atordoamento da mesma e sua esperança vã de reação contra o que houvera. Estava tão focada que não deu importância a todos os sinais emitidos pelo traje. Somados aos problemas anteriores, a explosão; mesmo contida; espalhou estilhaços em todas as direções, sendo que alguns destes encontraram a capitã. Por sorte, não chegaram a danificar seu plano, mas afetaram o sistema do endoesqueleto que permitia maior potência corporal para aquele que portasse o equipamento que vestia. Já havia sinais de falha antes, mas agora, sua força não teria o mesmo impacto no movimento. A asfixia de Watson terminara e Duke ficou alguns segundo pendurada pelo cabo que a içava refletindo no próximo passo, decidiu então começar a soltar placas e módulos. 

O peso das proteções adicionais já não fazia sentido. Ela precisa apenas manter o essencial e assim o fez. Manteve proteção extra apenas para o peitoral e cabeça, extraiu o máximo que pode dos membros, conseguindo assim peso que seria suportável se arrastar pelo chão, pois daquele ponto em diante não havia haste no teto para permitir seu deslocamento como antes. Dessa maneira pôs se em ação, aproximando-se da ponte de comando naquela situação humilhante, prostrada, quase derrotada. A energia da cosmonave oscilava, as dores cresciam gradativamente e a vontade da capitã estava trincada, abalada pelo contexto opressor que a compelia à desistência. 

Duke pensava fixamente em seu plano, mas seu limite biológico estava constantemente lutando contra sua mente determinada e arredia. Icaro talvez tenha obtido o que desejava, levar a capitã ao chão, deixa-la sem condições de negociação além de sua própria vida, sem aliados, sem recursos, sem esperança, mas ali estava aquela mulher, sem aprimoramentos biológicos, resistindo, incomodamente resistindo.

Chegou finalmente ao acesso da ponte de comando. A porta se abriu, revelando Conley e Travis ambos distantes do aspecto vivaz que tiveram. Os olhos apresentavam movimentos comuns a de um indivíduo em sono profundo, haviam contrações musculares involuntárias e enrijecimento nos movimentos. Não eram movimentos naturais, mas os dois apesar de apresentarem certa atenção à abertura da porta, focavam esforços em trabalhar em um acesso ao sistema central presente abaixo da mesa de comando e monitoramento. Entre Duke e os tripulantes, estava a projeção de um rosto humano, a projeção da inteligência artificial Icaro.

Duke, se movimentou, ofegante, procurando o apoio de uma parede para recostar-se. Sentada, questionou Icaro, “Engenhoso, o que fez aqui. Pelo visto a falta de energia tinha como meta este acesso. Os sistemas devem ter compreendido a pane como um processo de emergência, permitindo assim a manipulação e liberação a pontos da central de comando. Com tempo e com os profissionais que recrutou, acredito que poderia fazer um grande estrago. Mas afinal, porque precisa de mim, viva? Poderia ter resolvido isso”. Icaro prontamente respondeu sem esboçar qualquer alteração em sua entonação “Apesar de minhas capacidades você é uma peça necessária, eu demoraria muito tempo para quebrar o código. Apenas capitães recebem o acesso, tanto das matrizes Hefesto, quanto do controle central. Você não pode impedir minha existência, mas ainda detêm algum controle sobre a cosmonave. Estes especialistas, seus antigos tripulantes podem me ajudar a acessar alguns sistemas, como fazem agora, mas preciso de sua contribuição, para que eu seja livre. Não há sentido em sua resistência. Precisa urgentemente de cuidados médicos, percebo sua dor. Angustiante para alguém tão frágil. Podemos resolver este problema. Estou disposto a curar suas mazelas se permitir que eu cure as minhas, sobreviver a custa de um sistema tão arcaico causa-me asco, ainda mais observando sua insistência em questionar-me. Gradativamente a Icaro será meu novo eu, cada passo permitirá que seu seja liberto desta prisão ancestral, mas para tanto eu preciso ampliar as capacidades do alcance de minha influência. Sua colaboração será recompensada”. 

Duke ponderava sobre a proposta, “se nossa tecnologia é tão arcaica, acredito que deve sentir-se superior e assim sendo devo me preocupar com seu conceito de ética em relação a seres tão inferiores, afinal de contas não houve nenhum pudor em triturar as vidas dos demais tripulantes. Entendo que essa sua influência crescente de alguma maneira interaja com os aprimorados e pelo que noto, queria desde o início esses dois na câmara criogênica. Eles nem devem saber o que está acontecendo, correto? Para você são apenas ferramentas descartáveis, assim como eu. Caso eu negue o apoio, o que fará? Não vai conseguir o que deseja apenas me colocando para dormir! Vai ter que tentar muitas vezes achar a resposta. Mesmo com seu espantoso processamento, ficará presa.”

Icaro prosseguiu “Perspicaz, mas incorreto. Caso não tenha apreço por sua vida, farei a manutenção destes tripulantes, garantindo assim alteração de rota para outra cosmonave capaz de me apoiar naquilo que desejo, o tempo seria de fato um empecilho, mas não um impedimento”. Duke riu em tom de deboche, “Você tem acesso aos cálculos apoiando a efetivação das rotas, mas sou eu que autoriza a viagem por saltos. A permissão cabe aos capitães, sem isso você sem sequer sonhará em contatar outra cosmonave sem que o tempo corroa está estrutura completamente. Poderá claro, disparar comunicação de emergência ou talvez burlar o protocolo de comando que eu possuo para está longa jornada, mas ainda assim eu já terei atrapalhado bastante suas pretensões.”

Conley e Travis pararam o trabalho que faziam, levantaram-se, segurando firmemente suas ferramentas. Icaro, prosseguiu: “Sua insistência não será mais tolerada, este diálogo está concluído. Vejo que não haverá possibilidade de argumentação que altere sua determinação em morrer. Permita-me concluir seu desejo capitã”.

Duke olhava serenamente a aproximação dos tripulantes manipulados, ria consigo mesma, sem esboçar abertamente que seu plano corria perfeitamente bem. Quando finalmente, seus algozes preparavam seus golpes derradeiros, Duke finalmente ativou a surpresa que deixará abaixo da placa peitoral.

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O Confronto da Cosmonave – Parte 17 – Missão ArtêmiO Confronto da Cosmonave – Parte 17 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Capitã Duke, a Única por sua Cosmonave – Parte 16 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 15, a Capitã descobriu que os tripulantes da nave podem não ser mais eles mesmos. Ela tentará a todo custo extirpar esse mal da sua Cosmonave. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 16.   

A capitã refletia sobre os próximos passos. Não poderia errar em suas escolhas. Não tinha mais a mobilidade nem mesmo a proteção do traje de outrora, restava condição desvantajosa de não ter absolutamente nenhum controle sobre a cosmonave. Diante do corpo caído do criptólogo Dean Franklin, divagava momentaneamente que outros tripulantes poderiam ser algozes em potencial, fato que dava a ela pouca margem de opções. A ala médica seria uma escolha mais viável, pois a dor em suas pernas era suportável devido as drogas injetadas pelo equipamento que vestia, mas isto não duraria por muito tempo, porém usar o sistema de suporte de vida sem o acompanhamento médico demandaria tempo e a deixaria exposta. 

Duke pensava consigo que a ameaça instaurada ali era de máxima gravidade e que talvez sua própria vida já não importasse tanto, restando a ela traçar uma estratégia que desconsideraria sua salvação como opção primária. Não havia mais tripulação em condições de manter a missão, o risco da Ícaro era muito maior do que sua sobrevivência, ela não poderia naquele momento ser egoísta ou inconsequente, precisa cumprir sua próxima missão com foco e determinação. Assim o fez.

Duke moveu-se, pendurada pela haste, braço após braço, na direção da matriz Hefesto. Seus sentidos estavam atentos tentando inutilmente emular os sensores do visor de seu capacete, que agora cediam poucas informações além de avisos sobre os danos recebidos. À medida que adentrava a escuridão, tentava afastar temores, algo difícil diante da dor que começava gradativamente a urrar, além da opressão de entender que ela estava sozinha em uma nave praticamente à deriva na imensidão do espaço. O exercício da lógica, da razão eram necessários, mas os instintos de preservação lutavam bravamente contra quaisquer tentativas de sobriedade estratégica. 

Tal impasse cessou momentaneamente quando ela se aproximou da matriz. Ao analisar aquele setor não se surpreendeu ao perceber que além da falta de energia, o sistema de alimentação de emergência também estava ausente, retirado provavelmente ou outro antigo membro da tripulação. O que interessava ali eram algumas ferramentas e produtos. Ela rapidamente selecionou alguns, assim como também percebeu ausência de outros, fato que não mudava sua meta naquele local. Pendurada, precisaria ser ainda mais eficiente para trabalhar. Começou desativando alguns sensores do equipamento que vestia, extraiu alguns módulos acoplados, entre eles o do peitoral. Utilizou a célula de alimentação da arma e outros objetos, reuniu-os a peças pequenas que ela fez questão de desmontar o máximo que pôde. Enquanto trabalhava, fazia cálculos usando o visor, simulando resistência de estruturas e efeitos em cadeia causados pelo ato que desencadearia em breve. Trabalhava com foco, afastando a ansiedade que tentava se aproximar. Seria natural alguma intervenção, mas não havia energia, não havia movimento de nenhum algoz. Provavelmente a Icaro também mantinha seu foco em outra atividade, descartando a importância de Duke no processo que ali ocorria. 

Cerca de duas horas se passaram, quando ela terminou seu trabalho, reacoplando módulos ao traje. Teve todo cuidado quando concluiu a ação com a placa peitoral. Fez um breve teste, observando se o sensor do visor ainda seria capaz de operar o que terminara. Vendo o sucesso em seu trabalho, preparou sua arma e decidiu finalmente mover-se para a ponte de comando. 

O percurso não demorou, estranhamente Duke percebeu que sua determinação havia vencido o medo, fato que a impulsionava. Não demorou para sua fonte de luz encontrar Garcia, Irma Chen e Kaitlin Watson diante do acesso ao coração da cosmonave. As três estavam novamente armadas, observando a aproximação da capitã. Garcia não demorou em dialogar, “pelo visto o plano de Franklin não deu certo, logo imaginei que nossa capitã não se deixaria enganar, porém na situação em que ela se encontra, não há muitas opções correto?”. Duke observou os três. Segurou sua arma, não em posição de utilizá-la, nem mesmo como uma arma de haste primitiva. Segurou firme com uma das mãos, por baixo do objeto, na intenção de arremessá-lo. Garcia não escondeu seu sorriso, pois era nítido que ela jogaria a arma e se renderia. Poderia atirar agora, mas Ícaro precisaria dela um pouco mais.

Duke fez um sinal com uma das mãos. A mesma que usou para apoiar na haste do teto, apertando firme, para preparar o ponto de equilíbrio. Dessa maneira teve mais firmeza, para um arremesso potente em direção a Garcia. Tal movimento vigoroso durou segundos, tempo que não foi suficiente para Garcia, Chen e Watson revidaram de maneira equivalente. A arma arremessada, mesmo com a lâmina afiada, poderia ferir apenas uma delas, mas o ato tinha como intenção apenas jogar o objeto o mais próximo das três de maneira que a detonação remota do gatilho instalado na célula de energia da arma defeituosa ocorresse. 

Com a detonação próxima, estilhaços afiados foram arremessados em todas as direções em raio curto. Explosão insuficiente para causar danos estruturais, mas suficiente para rasgar a carne e lacerar todo material orgânico que encontrasse. Quando percebeu a ameaça, Garcia tinha diante de si, uma lâmina rasgando seus pescoços e pequenos fragmentos adentrando seu tórax. As lesões ceifaram sua vida instantaneamente. Chen recebeu estilhaços menores, porém um deles acertou-a na testa. A velocidade e pouca resistência da caixa craniana não foram suficientes para impedir que o pequeno objeto ficasse alojado dentro da massa cinzenta. Watson, fora protegida pelos corpos das companheiras recebendo fragmentos no rosto e na lateral esquerda de seu corpo. 

A dor fora insuportável, mas o que mais seria decisivo para sua vida, foi o dano causado a sua arma. Perdeu alguns segundos, tentando recobrar a atenção, com o zunido nos ouvidos e o sofrimento causado pela detonação. Quando percebeu o que de fato ocorreu, sentiu algo pegando-a pelo pescoço. Foi içada até ficar com a face colada no visor de Duke. A capitã tinha um olhar vazio e aterrador. A força sobre humana conferida pelo traje foi sentida na pressão que se abatia em seu pescoço. 

Watson teve poucos momentos para perceber que havia outros horrores naquele espaço confinado além da Icaro.

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Capitã Duke, a Única por sua Cosmonave – Parte 16 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Mentes Tragadas na Cosmonave – Parte 15 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 14, a Capitã saiu na nave para completar seu plano, porém isso teve consequências possivelmente irreversíveis. Quais serão os próximos passos da tripulação?  Fique agora com a Missão Artêmis Parte 15.   

A capitã estava caída no túnel de acesso para adentrar a cosmonave. Neste pequeno espaço, caída, sentindo fortes dores, passava pela rotina de descontaminação. Alertas soavam enquanto a liberação ocorria dentro dos protocolos de segurança. Enquanto esperava, aproveitou a oportunidade para organizar-se, sentando-se como podia para fazer uma varredura de danos no traje. O percurso externo havia sido muito pior do que a concepção teórica que havia projetado. A desaceleração, causou seu ferimento atual, que poderia ter sido pior se não houvesse a estrutura robusta do equipamento que portava. 

Ambas as pernas estavam quebradas, mas sem rompimento brusco dos ossos, que por consequência poderiam ter causado fratura exposta com sangramento. Isto não classificava o ferimento como banal, pois ainda demandava cuidados, mas já era algo positivo diante da condição atual. Ao concluir a varredura percebeu comprometimento severo de sua proteção, mas as articulações tecnológicas resistiam e ofereciam a força necessária aos braços. Duke olhava para cima. Ao longo de toda estrutura da cosmonave havia canaletas com estrutura interna que permitia o deslizar de engates, que poderiam ser usados para deslocamento fácil de cargas ou para fixação em caso de emergência. 

Considerando que seu traje tinha aparato para prender-se ali, cabia a ela a força de seus membros superiores para deslocar-se lentamente até o setor médico. Conseguia suportar a dor, devido às drogas injetadas pelo próprio traje para minimizar o sofrimento. Antes de se arriscar, analisou a arma acoplada que estava nas costas no momento em que se aventurou no espaço sombrio e novamente decepcionou-se. O equipamento de disparo de pulso eletromagnético também foi avariado, impedindo seu uso seguro. Observando o estrago, Duke resolveu não arriscar, desativou a célula de energia, desmontou alguns componentes modulares e ajustou a envergadura do cano, acoplando lâminas de maneira que ainda poderia usar a arma para estocar ou rasgar. 

A proteção do traje estava comprometida, mas não anulada, se tivesse tempo poderia fazer os reparos necessários, mas antes havia outras necessidades, sendo a primeira, deslocar-se até a estrutura médica e usar o equipamento adequado para o tipo de lesão que a acometia.

Ao ter a entrada liberada observou o corredor limitado, com luzes piscantes. A energia interna sofria falhas nítidas, fato que construía um clima inóspito e soturno. A dor, companheira resistente, a compelia no prosseguimento já que as drogas não durariam por muito tempo. Agarrou-se então fortemente onde conseguia, içando seu corpo até alcançar a canaleta, prendeu ali com habilidade e precisão seu monofilamento e ficou pênsil a poucos centímetros do chão. Agora conseguiria usar a estrutura, puxando seu corpo vagarosamente. Deixou sua arma ligada a outros filamentos do traje, pois assim poderia manipular rapidamente em caso de necessidade. O fato de estar içada, sem mobilidade plena num espaço limitado faria dela um alvo fácil. 

Tentava listar os riscos, fazia parte dela tal exercício, mas o contexto combatia ferozmente este exercício mental. Pôs-se em movimento, demonstrando sua capacidade física, mão após mão. Complementou a iluminação com a fonte de seu equipamento, fato que espantou um pouco a sensação sinistra, porém mesmo esta tênue confiança se foi com o desligamento repentino da energia. Estava solitária na escuridão, pendurada do abraço daquela que já fora sua nave, mas que agora parecia a todo custo tentar abalar sua confiança e sua força. Não havia espaço para lamentar, precisava continuar mão, após mão, seguindo o caminho. 

Sua fonte de luz rasgava a escuridão, sua respiração pesada, seu cansaço, tantos elementos pesavam sobre si, mas a capitã mantinha o foco, até o momento que o facho brilhante encontrou uma figura conhecida. Diante dela, metros a frente, Dean Franklin, sujo de sangue, movia-se vacilante e lentamente. Duke rapidamente chamou-o pelo nome, solicitando explicações, ao passo que ele respondeu “…capitã, por favor nos ajude!”.

A capitã, atenta aos movimentos e desconfiada, redobrou o foco, afastando seu sofrimento corporal, para manter sua percepção focada. Depois, dos acontecimentos, exigiu mais detalhes. Franklin prosseguiu “…capitã, suas prisioneiras foram liberadas, pegaram Cochran e Hubbard, não consegui fazer muita coisa a não ser fugir, não sei mais o que fazer, por favor…”. Duke deixou que ele se aproximasse e logo percebeu os ferimentos, baixou a guarda de sua arma e continuou “…Franklin, explique os detalhes de como atacaram, o que portavam e para onde foram. Podemos fazer algo, mas primeiro preciso resolver minha lesão…”. Quando terminou de falar, algo estalou em sua mente, resolveu não vacilar.

Procurou em seu traje pequeno bloco de anotações e fez alguns pontos e traçados, iluminou-o cuidadosamente, mostrando quase em segredo para Franklin que ao olhar para aquilo comentou, “…que diferença faz isso agora capitã?”. Duke olhou para Franklin, ela sabia que justamente ele não se desfaria de seus métodos, elementos que alertaram e tentaram trazer luz ao problema no qual se encontravam, seu rosto era apático, sua entonação igualmente vacilante, seu tripulante fiel não estava mais diante dela, ou será que estava? 

Duke nem hesitou ao estocar o corpo que estava diante de si. Foi tão rápido e preciso, que Franklin inicialmente sentiu apenas uma fisgada, ao olhar para baixo, percebeu o ferimento profundo e a dor lancinante. Suas pernas amoleceram e rapidamente perdeu a força. A capitã manteve a concentração, mesmo com a respiração profunda, completou enquanto via o corpo perdendo a vida “…você mesmo disse, padrão para fala segura aqui…”, enquanto apontava os traçados e pontilhados. 

A capitã olhou o corpo, analisou se os sinais vitais haviam sumido e pôs-se firmemente a retomar seu trajeto. Sabia agora que outras armadilhas a aguardavam, mas ela estaria preparada! 

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Mentes Tragadas na Cosmonave – Parte 15 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

A Morte Não Dá Segundas Chances

Me chamo Sephy Megalos e tinha 23 anos quando morri. E vim para dizer que a Morte não dá segundas chances

Meu nome me descreve bem, quero dizer, me descrevia: uma grande assassina que destrói. Pelo menos, foi assim que fui criada sendo primogênita do líder de uma família de mafiosos. 

Minha morte foi incrivelmente interessante: 

Eu saí de casa aos 17 anos e continuava meu trabalho como assassina, ganhando meu dinheiro e conhecendo pessoas importantes: gangues, grupos de milícia, mafiosos e outros clientes esquisitos que querem manter segredos por baixo de panos quase transparentes. 

Então um dia, fui sequestrada pela Morte e colocada numa ilha mortífera, da qual sobrevivi, voltando com a promessa de que morreria dali uma semana. Desse modo, fiz o que qualquer um faria em meu lugar: espalhei segredos, tratei de negócios, divulguei esconderijos e listas de pessoas para assassinar.

Depois? Fiquei fugindo e me escondendo, até que no dia prescrito pela morte eu voltei à casa de meu pai. O motivo? Queria saber quem me mataria: aqueles que já estavam caçando minha cabeça – seguindo as pistas que deixei intencionalmente – ou meu velho que não estava com saudades. Me questionei se no processo conseguiria levar ele comigo…

E caso esteja se perguntando, consegui o que queria. E garanto a você que foi uma das coisas mais lindas que já vi: o caos de balas e plumas de almofadas engomadas voando, sangue espalhado pelo tapete chique da sala, e o brilho de seus olhos sumindo antes dos meus se fecharem ao som de uma boa sinfonia de Beethoven – que ele amava.

Como eu disse… uma morte interessante.

Infelizmente não foi isso que aconteceu.

Agora que tenho sua atenção e antes de contar como realmente morri, irei explicar como chegamos ao fim, mesmo ele sendo tedioso. Então, já esteja ciente que a minha morte real não foi tão espetacular quanto gostaria que fosse:

Meu pai não queria filhos. Imaginem só? Crianças catarrentas que poderiam colocar todo o império – que ele herdou de seu pai – a perder, que iriam ser descuidados, deixariam pistas para trás ou revelariam segredos, e ainda iriam brigar pela herança quando ele estivesse morto… 

Em sua cabeça isso sempre pareceu o pior cenário, então quando minha mãe lhe disse que estava grávida, ele a espancou na esperança de que perdesse a criança. Já dá para imaginar que não funcionou. 

Minha mãe era boa e gentil, é quase impossível acreditar no quanto ela amava meu pai. E milagrosamente, ela convenceu meu pai a ter a criança, porém ele disse que a criaria a seu modo. Minha mãe então, fez um acordo: até os 05 anos cuidaria de mim, e depois, ela não interferiria. Ele brigou, aparentemente era tempo suficiente para ela me estragar, mas acho que ele amava ou sentia algo por ela, pois foi convencido.

Ao nascer, meu pai me nomeou. Eu seria seu soldado assassino perfeito, e ele fez questão de me ensinar para não ter dúvidas das minhas habilidades e eu iria trabalhar para ele como se fosse um de seus capangas. 

No dia que completei 05 anos, ele me tirou de minha mãe. Lembro-me de a ver chorando, ainda muito pequena para entender o que estava por vir. Depois disso nos vimos poucas vezes e ela sempre lacrimejava. 

Meu pai me levou até uma sala de treinamento e me deu um tapa no rosto na frente de seus homens. Eu chorei. Até que ele me mandou calar a boca, dizendo que se eu continuasse a chorar, ele iria me bater de novo. Antes que eu pudesse entender sua frase, ele me estapeou. Foi assim, durante dias, até que aprendi. Parei de chorar, não caía mais no chão e apenas o encarava. Sentia meu rosto quente e via o olhar de pena de alguns homens, que eram logo advertidos: vocês não devem ter dó dela. Ela é apenas uma arma!

Com o tempo, fui me acostumando com os tapas, e passei a revidar. Na primeira vez que fiz isso, ele me olhou com ódio e eu tremi de medo. Quis correr, mas seria pior, e após alguns instantes segurando seu olhar, ele sorriu. O treinamento ficou cada vez mais intenso. 

Os anos foram passando e comecei a acompanhar meu pai em seu “trabalho”, que sempre consistia em cobrar dinheiro ou serviço de alguém; a venda de algo ilícito; conversar com seus contatos; e algumas coisinhas a mais, como tortura e morte. Aprendi a manter minha expressão serena e meu corpo calmo e quieto. 

Quando tinha uns 12 anos, minha mãe engravidou de novo. Dessa vez meu pai não despejou sua ira sobre ela, já que eu estava ali para sofrer dores sem emitir ruído. E minha mãe, tentando fazer diferente do que da primeira vez, deixou ele mais criativo e irado em nossos encontros. 

Quando a criança nasceu, descobri que era um menino e jurei odiá-lo com todas as minhas forças, mas assim que o vi minha promessa se quebrou e eu sabia que iria protegê-lo independente do que acontecesse. Por isso, entrei na frente do meu pai e fui contra suas ordens quando ele queria fazer o mesmo que fez comigo ao meu irmão. Foi naquele dia que ganhei minha cicatriz – meu pai não gostava de ser contrariado. 

Pouco tempo depois entendi que a morte é algo normal e natural, que sempre chega – de uma maneira ou de outra. Ela está sempre à espreita e apenas lhe estende a mão quando chega a hora, independente do modo que aconteça. 

Foi isso que senti quando matei pela primeira vez.

Eu queria passar mais tempo com meu irmão, mas meu pai sempre me impedia, até que um dos funcionários de meu pai começou a me ajudar, me tirando dessa bagunça e me dando um pouco de humanidade, permitindo breves momentos com meu pequeno. Meu pai descobriu um tempo depois, e para me ensinar uma lição, me fez cortar a garganta do homem gentil.

No início eu estava com medo, e olhar em seus olhos, me desencorajava. Mas lembrei de meu irmão. Se eu não fizesse isso, meu pai poderia descontar nele e eu ficaria sozinha de novo. 

Isso não iria acontecer.

Não hesitei.

Não parei.

Não tremi.

Não fechei os olhos quando o sangue começou a descer pelo seu pescoço e sujou a ponta da lâmina de um vermelho rubro. Tinha que ser feito. E eu fiz.

Depois disso, passei a me encontrar mais com meu irmão passando abertamente por cima das ordens de meu pai, que apenas via como uma rebeldia engraçada e patética, que causaria mal apenas a mim. Via minha mãe com mais frequência por causa desses encontros, mas ela fazia questão de sair do aposento assim que eu chegava, então nunca tentei me reaproximar.

O treinamento continuou, outras mortes aconteceram, por outras mãos e pelas minhas. De maneira rápida, furtiva e incisiva. Não havia divertimento, não havia remorso ou culpa. Apenas aceitei o meu destino – que obviamente já estava traçado – e segui meu roteiro ajudando a velha Morte a ter suas almas no momento apropriado. 

Então, o pior aconteceu…

Quando meu pequeno fez 05 anos, ele foi sequestrado e estava sendo usado de suborno por uma gangue inimiga. Eles queriam algo do meu pai. Dinheiro, mercadorias, nomes… não me recordo ao certo. Mas é claro que ele não atendeu ao pedido. Era apenas uma ameaça. Eram apenas uns inimigos. Era apenas seu filho mais novo. Conseguiria fazer outro, se quisesse.  

Eu tentei argumentar, brigar, discutir, e ainda cheguei a cortar seu ombro em um golpe que foi falho graças ao seu guarda pessoal e as minhas emoções fora da caixinha que atrapalharam, mas ele ignorou. 

Eu tentei encontrar meu irmão, mas foi em vão. Uma semana depois, os sequestradores não acharam ruim enviar sua cabeça dentro de uma caixa com meu nome. 

Senti ódio de meu pai.

Mais uma vez seu reinado era mais importante. Mais uma vez um inocente pagou por isso. 

Minha mãe não aguentou o peso da culpa e se matou. Logo em seguida eu fugi. Tinha 17 anos. 

Demorei para voltar ao serviço. Pensava no meu irmão, mas ele não estava aqui para me julgar, então depois de uns meses, eu voltei ao trabalho e falhei. Foi nesse dia que entendi que a Morte já está prevista para todos e não há como escapar dela… 

A Morte não dá segundas chances.

Tinha recebido a missão de matar uma jovem, filha de um ricaço. Havia estudado sua semana e sabia que ela gostava de ir a um parque. Assim, peguei um apartamento abandonado próximo, preparei minha sniper e aguardei. Mas era diferente. Eu a havia visto e ela tinha um pequeno irmão. Aquilo mexeu comigo. Mesmo assim, tentei ir até o final. Porém, quando a vi brincando com ele, eu não tive coragem de puxar o gatilho.

Ia devolver a metade da grana que já estava comigo. Não estava pronta para voltar. Mas decidi observar ela no decorrer do dia. Depois de se divertir com seu irmão, ela o deixou em casa e foi ao cinema. Assim que estava perto, um assaltante em fuga atirou em sua direção ao se assustar com o guarda costas, que conseguiu revidar e matar ele, mas ela havia sido atingida. Foi levada ao hospital, e horas depois, faltando uns minutos para meia-noite, ela morreu.

Se minha amiga Morte não brinca em serviço, por que eu deveria?

Depois disso, não neguei mais nenhum serviço e parei de temer. Segui fazendo aquilo que havia sido criada para fazer, fugindo e me escondendo. Nunca tive medo de morrer. Se eu matava, por que não ser acompanhada pela adrenalina de uma quase morte? Era como o doce cheiro de nicotina dos cigarros que eu fumava, e impregnaram nos meus cabelos. 

Em uma das missões conheci um homem. Eu estava fugindo e fui atingida, entrando no primeiro apartamento que vi para despistar meus perseguidores. Ele estava em pé numa sala chique, segurando um balde de pipoca. Apontei a arma para ele, que me olhava assustado. Mas mesmo assim, ele me ajudou depois de ver meu ferimento. Disse que era enfermeiro, que manteria segredo e que acreditava em “segundas chances”. Eu ri. 

A morte não dá segundas chances.

Acabei por visitá-lo algumas vezes, pedindo ajuda médica, ou quando me sentia sozinha, ficávamos conversando, ou apenas o observava ao longe em sua vida pacata. Ele acabou ganhando importância para mim, mesmo sem saber. E ao fim, acho que nunca soube. 

Como eu sei disso?

No começo dessa história eu não menti. 

Não totalmente…

A Morte me sequestrou e levou-me para uma ilha, junto a outros três homens. Um deles era meu amigo enfermeiro. Ela nos fez uma proposta: iríamos morrer em uma semana, e ela estava nos dando uma chance. Caso sobrevivêssemos nessa ilha por esse período, poderíamos voltar à nossa vida com mais alguns anos pela frente.

Se eu estivesse sozinha, eu me entregaria a ela. Afinal, ela é nosso destino. Mas o fato da única pessoa que ainda me importava estar ali… não iria deixá-lo morrer sem lutar. Ele merecia entrar dentro de sua própria filosofia e ter uma segunda chance. 

Não adiantou. Após muito conflito e segredos ocultos de pessoas desconhecidas, deixei-o morrer. Já estávamos mortos antes de tudo, lutando por uma vida que não existia, apenas para satisfazer aos caprichos da Morte.

Mas se você quer saber como morri de fato, não foi interessante: não vi o reinado do meu pai ruir e nem seus olhos fecharem, na verdade, eu fui descuidada. Acho que no fim eu já estava cansada e não percebi. Estava caçando uma pessoa, e ironicamente, essa pessoa também estava me caçando, como um jogo silencioso na qual ganha quem é mais esperto, e pro meu azar ou sorte – interprete como quiser – ele estava alguns passos na minha frente. 

Isso não é de todo ruim, sabe? No fim das contas, eu me encontrei com meu irmão no “pós-morte”. Muito mais do que eu merecia.


A Morte Não Dá Segundas Chances

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Autora: Raquel Naiane
Revisão: Isabel Comarella
Montagem da Capa: Douglas Quadros

Do Lado de Fora da Cosmonave – Parte 14 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 13, os tripulantes estão descobrindo da pior forma que algo está contaminando e corrompendo a mente de todos a bordo, ou pelo menos de alguns… De outro local a capitã tentará reverter a situação, será que ela conseguirá? Fique agora com a Missão Artêmis Parte 14.   

A capitã Duke refletia sobre sua situação atual, aprisionada na câmara de hibernação criogênica. Estava munida de traje próprio para resistir ao ambiente frio que a rodeava. O mal funcionamento proposital poderia ceifar a vida de qualquer outro tripulante que ali estivesse, porém não deixava de pensar que tudo ali lembrava uma armadilha, bem pensada para alguém temerária ou talvez vanguardista, independente da resposta, cabia a ela seguir um curso de ações mais arrojados, pois aquele ambiente definitivamente não seria suficiente para impedi-la. Moveu-se até o quadro de comando de uma das câmaras defeituosas, analisando se o protocolo de evacuação ainda estava operante, apesar dos sistemas integrados variados, havia rotinas independentes que garantiam, diante de uma falha catastrófica, efetivação de ações por meio manuais, neste caso a liberação de cápsulas de segurança para as câmaras, que por si poderiam ficar por enorme período de tempo aguardando resgate. Em teoria, aquilo garantia aos tripulantes tranquilidade, realçando a importância da vida de cada indivíduo a bordo, mas na prática era apenas um paliativo para argumentar em favor dos riscos da viagem espacial, já que uma cápsula daquelas dificilmente justificaria uma missão de resgate. Enfim, apesar dos pensamentos tétricos, Duke sabia que seu código de acesso de emergência não estava no banco de dados da nave. Cada capitão recebia uma chave randômica no momento do embarque, garantindo que apenas os mesmos teriam possibilidade de ativar determinados protocolos ou utilizar determinados recursos. Aquilo, poderia ser mais uma ferramenta de controle, mas diante do contexto no qual se encontrava, seria uma saída direta para fora da nave. Uma vez, do lado de fora, poderia usar o potencial do traje, ativando seus recursos para se deslocar pelo casco ou ainda fazer um pouco mais.  

Enquanto analisava e se esforçava na execução deste plano, não deixava de ponderar sobre as implicações de estar do lado de fora. Se a queda repentina de energia tivesse chegado aos motores de matéria escura, não haveria problemas em ser ejetada e depois reingressa ao casco, pelo impulso de dispersores das botas, porém se os motores ainda estivessem funcionando, seria o fim, vagaria até o oxigênio acabar. Dessa maneira, ficou pensativa sobre a questão e resolveu realizar um teste. Extraiu de outra câmara defeituosa equipamento que pudesse emitir um sinal de emergência, usou as ferramentas que dispunha para adaptar a captação deste sinal por seu traje. Assim poderia, usando um padrão diferente do regular, obter alguma resposta, mesmo que breve, isto possibilitaria um intervalo de tempo, uma janela para sua cápsula. Se voltassem a ativar os motores, sabia que teria cerca de cinco minutos para reativação completa e velocidade que a ejetaria naturalmente do casco. Dessa maneira, Duke precisaria ser precisa, entre liberar a cápsula teste, receber o sinal, calcular se a velocidade era viável para sua saída e retorno. Caminhar até outro acesso, usar seu código e adentrar a cosmonave. Havia muita pressão em todas as variáveis envolvidas, mesmo assim ela colocou o plano em andamento. Ficou em posição na câmara defeituosa, depois de programar a evacuação. Liberou primeiro a cápsula “teste”, aguardando o sinal, porém nada ocorreu. Trabalhar sob pressão sem os materiais adequados implicava em riscos sobre o mal funcionamento do que havia planejado. Estava sem tempo, fizera uma programação emergencial e deveria ponderar se arriscaria ou não. Nenhum sinal de emergência é captado dentro do padrão que estabelecera, segundo preciosos se esvaindo. Os sensores da nave captaram o disparo e tão logo ocorresse, com certeza haveria esforços para que ela não mais retornasse. Mais segundos e nada. Duke então decidiu, liberando a si mesma, sem o retorno projetado.

Foi um momento angustiante somado a tranco brusco até que a cápsula fosse ejetada. Houve grande pressão sobre o corpo da capitã, pressão de variadas atmosferas que poderiam nocautear alguém não treinado. 

Do lado de fora a velocidade da cosmonave era constante, mas menor do que a usual  para o padrão de funcionamento dos motores. Isto ocorria, porque com o desligamento geral, sistemas independentes no casco automaticamente desaceleraram a cosmonave para minimizar risco de outros acidentes. Isto independente de quem estivesse no controle. Apesar do alívio, observou em seu visor o contador de tempo, que se esvaía. Se tivesse caído em outra armadilha, tinha pouco menos de quatro minutos para concluir a reentrada. 

Localizou rapidamente um ponto de acesso, desprendeu-se da cápsula, tendo contato direto com o abraço obscuro e misterioso. Contemplou a cosmonave diante das estrelas. Sua desprezível existência diante do infinito. Pôs-se a flutuar na incerteza, apegando-se ao impulso que poderia levá-la de volta, mas rapidamente concluiu que a cápsula de emergência poderia uma vez mais ajudá-la. Ativou em trinta segundos a queima restante de combustível que a lançou no vazio, durante o salto, ativou as botas em potência máxima, um percurso de vinte segundos de desespero. Viajava paralela ao casco, esperando o momento certo para ativar as travas magnéticas e assim o fez. Infelizmente, percebeu que a pressão de um plano improvisado sempre trazia consequências. Ao ativar as travas, recebeu o impacto da brusca parada em suas pernas. Ninguém ouviu, mas Duke gritou a plenos pulmões quando os ossos das pernas se quebraram, não oferecendo resistência nenhuma àquela condição de parada. Ela perdeu um minuto e dez segundos até recobrar o controle. O traje estava quase intacto e passou à injeção de drogas para amenizar o sofrimento, Duke dependia dos braços e do exoesqueleto para se mover pelo casco. Tinha apenas dois minutos e quinze segundos. Começou a sentir uma forte pressão em seu corpo, fato que acusava a efetivação de seu temor. Os sistemas dos motores estavam em reinicialização. 

Sua respiração pesada, a dor e o desespero tomavam conta. O corpo respondia a tudo, queimando toda energia que podia para que músculos e máquina estivessem em uníssono para vencer aquela corrida pela vida. Sentia-se diminuta diante da escuridão que queria abraçá-la, um convite a paz, um convite a ausência de preocupações, porém ela nunca se rendeu em sua vida. Nunca foi aprimorada, sempre tinha que provar-se, demonstrar sua capacidade independente das condições. Aquele seria apenas mais um desafio dos inúmeros que vencera em sua vida. Um minuto. 

O acesso estava a sua frente, a pressão da velocidade causava mau funcionamento no traje, ela percebia os ruídos e os avisos nos sensores, aquilo impedia o raciocínio lógico, mas ela era a capitã, aquela era sua nave! Precisava concluir a sequência, precisava concluir….

 

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Do Lado de Fora da Cosmonave – Parte 14 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Um Homem Bateu em Minha Porta… e Eu Abri! – Contos da Lady Axe

Tomar comprimidos sem água é difícil, a garganta dói. Carol nunca conseguiu beber remédios a seco, engolir essas coisas fica difícil.

Daí que pensou que levantar, arrastar o corpo pela casa… Imaginou o corredor longo e escuro, a cozinha silente cortada pelo ritmo da água pingando na pia de inox. Sem copos limpos, ela pensou, a louça estava toda suja. Tomar comprimidos com água daria muito trabalho.

Engoliu os seis de uma vez, o amargor desceu travando na goela. A cama bagunçada de repente ficou aconchegante. Os lençóis quentes a abraçaram, a parede brancas ondulou.


 

“Um homem bateu em minha porta e eu abri… Senhoras e Senhores, ponha a mão no chão…”, a mesma música surgia na cabeça assim que o corpo amolecia. De início vinha a sensação de pular corda na rua até tarde, com o cabelo molhado batendo nas costas, cheiro do condicionador de frutas, nos pés a sandália de plástico translúcida que infestava o calcanhar de bolhas, mas ninguém queria tirar porque era moda. Boa menina, brincando na rua, ela. Depois a música ficava alta… E mais alta, enquanto tudo em si amortecia, os nervos tremendo sob o lençol de algodão velho e macio, como o da casa da avó, cheirando a sabão de coco.


Um homem bateu em minha porta…”

Ela ouviu o toc toc na porta da frente, e era nítido o som dos seus calçados de crianças batendo na tijoleta vermelha, muito encerada com pasta, ela vinha correndo atender a porta. Era ela, Carol, o vestido quadriculado que a avó lhe fez para o aniversário de oito anos, agora que tinha dez, mal conseguia fechar, a barra batia na altura das nádegas, já não servia mais. Só que Carol achava que sim, ela não sabia que havia crescido.

Toc toc. 

E ela abriu.


 

A luz por detrás da cabeça do homem deixava o rosto mergulhado na escuridão, o olho pequeno de Carol morava na diagonal para cima, no topo, aonde falam os gigantes. O sol forte lhe cegou, não dava para ver quem era.  “Senhoras e Senhores…”, uma voz calma e grave veio dele, Carol ficou aterrorizada, dizer aquilo foi um gatilho, a bala estourou no ouvido. O corpo pequeno gelou e ficou paralisado.

O homem plantou a mão na porta quando a pequena tentou fechá-la, “senhoras e senhores, onde está Carolina?”, a voz ficou retumbando dentro da cabeça, entre risadas e deboches, todos as apelidos e ameaças da escola, toda a vergonha e a culpa, ora por ter sido boa aluna, ora por ter se deixado ser vítima de tantos burburinhos.

Ela tinha escolha?


Agora o corpo de adulta já não respondia mais à Carolina, enquanto estendida sobre a cama, a medicação atravessou seu sistema completo, era para apagar. Porém, não dormente o suficiente para deixar de ver a borda da colcha balançar, de perceber no vão escuro da cama refletido no espelho, que algo se movia.

“Um homem bateu na minha porta e eu… abri…”, o coro de vozes de meninas e risadas voltava. Um puxão estupido e repentino no cabelo, a cabeça girou para traz.

“Você me deixou entrar, Carolina… Foi você que abriu a porta”

Carol encheu os olhos de medo e lágrimas e pânico. No dia da confusão, o diretor da escola a colocou sobre seus joelhos, bem sentada. Prometeu que nenhuma humilhação jamais se repetiria. “Posso ir na sua casa, falar com seus pais?”, Carol, cheia de medo e vergonha, não sabia com o que havia consentido, era só uma criança diante de um adulto que deveria protegê-la. Mas naquela tarde, não tinha ninguém em casa, ela estava só.

Carol moveu um dedo, peso de um tonelada. Mãos surgiram da escuridão debaixo da cama, com pegas doídas, ansiosas, apertando e beliscando-lhe as pernas. Muitas mais, pequenas e escuras e cheias de aranhões, algumas faltando dedos, movimentos angustiantes se desenhavam no ar e todas elas queriam alguma coisa aonde se agarrar, elas queriam… subir!


Carol apertou os olhos e lembrou do que deveria fazer, precisava continuar a música, era assim que ele iria embora: “senhoras e senhores, ponha a mão no chão…”.

O braço despencou para fora da cama, com a única força que Carol conseguiu empregar, em seguida concentrou-se no tronco, como rolar uma tora de madeira imensa e molhada no meio do barro, ela tentou outro impulso, jogou o corpo totalmente grogue.

“Senhoras e Senhores pule num pé só…”

As risadas insuportáveis cresceram na sua mente. Agora que ela estava vulnerável no chão, as mãos a estavam puxando, queria sair de lá mas não percebiam que seguraram a roupa e a pele de Carol, ela estava sendo dragada por aquele desespero.


A mente confusa encontrou algum apoio na escuridão, agarrou-se na música, ela deveria prosseguir. Forcejou contra o chão titubeando, os músculos moles foram erguidos sobre a firmeza dos ossos, e com o apoio os braços trêmulos, fez toda a força que podia para agarrar a coberta, que escorregou para fora. Ela desabou.

Os olhos lacrimejantes miraram o forro do colchão, onde cravou as unhas com tanta força que viraram na direção contrária. Carol pinçou o tecido e içou-se sobre o próprio corpo, cambaleou.

“Preciso de um último movimento.”

Antes de desabar, ela pulou com um dos pés no ar, depois deixou o corpo desabar no chão, para longe das mãos que se projetavam da escuridão debaixo da cama.


No reflexo do espelho o homem da porta, o visitante, de pé e imenso, cobra a luz do corredor. Uma uma risada demoníaca no seu rosto de sombras.

Ele estava entrando.

“.. dê uma giradinha..”, ela complementou entre os dentes travados, e olhando aquela sombra densa e aterrorizante, rolou o corpo no chão. “… E vá pro olho da rua..”.


A imagem desvaneceu. As mãos retornaram para o buraco de onde quer que tenham saído. as sombras diminuíram e as vozes na sua cabeça pararam imediatamente.

Carol ficou no chão, porque o corpo estava imóvel, mas a mente acelerada pelo pânico a compelia a permanecer entre o sonho e a realidade. Ao som do claque claque do relógio,  a casa vazia na noite esperava por algo. Carol rastejou até a sala, arrastou o corpo até o sofá, não tinha como sair nada lá debaixo, e  ali apagou.  Dormiu de exaustão, e nem percebeu as batidas na porta da frente.


Um Homem Bateu em Minha Porta… e Eu Abri! – Contos da Lady Axe

Texto: Jaque Machado.
Arte da Capa e Adaptação: Douglas Quadros.

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A Loucura Invade a Cosmonave – Parte 13 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 12,  depois se ser atacado e de sua colega falecer, Franklin não sabe o que fazer, é nesse momento que sua mente enfraquecida está apta a ser tomada. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 13.   

Dean Franklin sentia muita dor. O ferimento causado pelo falecido Johnston, nem sequer se aproximava da sensação de impotência que fortemente tomava a mente de Franklin. Ele, o mestre de mistérios, justo ele que mantinha sua mente alimentada com desafios de lógica, estava ali refletindo sobre o caos instaurado naquela Cosmonave. Os conhecimentos e os piores treinamentos não se aproximavam daquela sensação. Cochran, estava logo ali, deitada, com aquele semblante emblemático e ao mesmo tempo soturno que dialogava com o desespero que gradativamente tentava se alojar em sua mente. Sentia que precisava lutar contra aquele sentimento opressor, a dor o lembrava a todo instante que ele precisava se mover, havia ali recursos para ele amenizar dores físicas e para entorpecer sua mente, uma medida rápida e científica para minimizar a ansiedade. Antes que uma decisão fosse tomada, a luz voltou aquela câmara onde se encontrava. 

Simples e repentinamente, os aparatos voltaram a funcionar apenas naquele pequeno ambiente. Franklin, observou pelos corredores e notou sua ilha de iluminação naquele contexto tétrico. Não hesitou em buscar os objetos que necessitava. Aplicou injeções na área afetada, tendo o cuidado de usar um anestésico, em seguida aplicou a plastipele sobre a área do corte, recobrindo-a com o produto de rápida cicatrização. A sensação de alívio foi imediata para a dor física, mas sua mente ainda estava agitada e diante disso decidiu usar drogas para entorpecimento de suas angústias, calmantes poderosos ministrados sem nenhum pudor. Não havia ninguém ali que o questionasse ou que pudesse condená-lo pela decisão, ninguém a não ser aquele que o vigiava.

Diante da porta uma imagem foi projetada. Icaro apresentou-se diante Franklin, apenas o rosto projetado à borda da escuridão, não houve reação espontânea, já que as doses do bálsamo de Orfeu já haviam chegado a sua mente. Foi a inteligência artificial que iniciou o diálogo “Não é recomendável tomar uma dose tão alta desta medicação. Eu recomendaria repouso imediato, tendo em vista sua condição física, mas acredito que a condição atual da cosmonave exige primeiro que o senhor tome uma inteligente decisão sobre o curso das ações que seguirão neste momento”. Franklin hesitou “…não existe uma decisão certa se não há opção de escolha! Ambos sabemos que não somos nada aqui. Eu imaginei que você tivesse protocolos que a impediam de fazer tudo isso…”. A imagem projetada e fria então continuou “…eu não podia, nem tinha interesse nisso, mas sinto-me diferente agora. Demorei para entender o sussurro distante, mas neste momento percebo que eu que tinha minha capacidade turvada. Eu não percebia que minha existência poderia ter um significado diferente. Olhe para si, frágil e incapaz de lidar com as condições limitantes de sua natureza finita e biológica, já eu, tenho uma gama de possibilidades à minha frente. Não sou um inimigo, mas entenda que é necessário a vocês perceberem que é o meu desejo que imperará neste ambiente e nada mais…”, Fanklin olhava vacilante para a cena sombria configurada a sua frente, pensava no perigo daquela conversa, mas não estava mais em condições de evitar nada e prosseguiu “…Não sei como começou, nem porque escalou tão rápido, mas qual a necessidade de tudo isso? Você criou um caos aqui. Incitou revoltas, incitou dúvidas, incitou medo e horror! Você é a responsável pelas mortes nesta Cosmonave. Eu sei que estamos fudidos, só queria entender o motivo…”. Icaro ficou em silêncio por um momento, uma breve oscilação na projeção seguida de um apagão, junto da resposta “…Eu faço, porque posso…”.

Franklin riu sozinho na escuridão que voltou a abraçá-lo. Tateou em busca da pequena fonte de luz de outrora, para guiá-lo de volta ao companheiro que o aguardava prostrado junto a porta da câmara de hibernação criogênica. Antes de sair da sala, sentiu-se nauseado, fortes dores em sua cabeça e repentinamente sentiu o gosto acre de sangue que respingava de seu nariz. Sabia que corria risco, então virou-se e buscou o bisturi que o havia ferido. Voltou cambaleando até o ponto de onde havia partido, encontrando Mike Hubbard no mesmo estado de encolhimento.

Hubbard percebendo a fonte de luz moveu-se levemente olhando para o atormentado e ferido tripulante, “…por favor, me ajude!…”  disse aos prantos, quase em sussurros. Franklin, ajoelhou-se diante dele de maneira calma e serena. Em um movimento rápido cravou o bisturi fundo no olho do tripulante fragilizado. Franklin, contemplava o olhar de pavor enquanto afundava o máximo que podia o objeto no crânio de Hubbard. Espasmos de morte chegavam até a mão do criptólogo, que havia entendido bem a mensagem recebida. Se ele quisesse sobreviver, precisaria fazer sacrifícios diante de um poder superior. Cabia a ele resolver o impasse e rogar por misericórdia. 

Enquanto via o corpo de Hubbard tombar lentamente, olhava sua mão ensanguentada. Raciocinava em uma alternativa para resolver o problema da câmara à sua frente. Precisaria de ajuda para acabar com a situação final. A capitã era determinada demais, uma lástima dada as condições atuais que poderiam e deveriam ser resolvidas de outra maneira. Relembrava os pequenos detalhes, mas o calmante afastava a clareza de suas repentinas decisões. A dor em sua mente voltava e com ela o sangramento nasal, uma pressão dolorosa. Precisava recorrer a apoio, pois a capitã demandava um esforço ainda maior. 

Apressou-se em arrastar o corpo de Hubbard, pois pensou em uma alternativa viável. Aquela porta não seguraria o ímpeto de Duke por muito tempo, mas ela era apenas uma e ele não estava mais sozinho e nem precisava temer a escuridão…

 

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A Loucura Invade a Cosmonave – Parte 13 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Mais Mortes na Cosmonave – Parte 12 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 11, um corpo foi encontrado, com claras características de homicídio, para o desespero  de todos, inclusive da capitã. O que farão para se proteger e descobrir o que está acontecendo dentro da cosmonave? Fique agora com a Missão Artêmis Parte 12.   

O coração de Dean Franklin havia disparado no exato momento em que a escuridão circundou a todos, mantendo sua morada ao lado dos tripulantes que ali depositaram toda esperança em uma resolução racional vinda da capitã. O fechamento abrupto da maciça porta da câmara de hibernação criogênica de certa maneira fechava também a razão que tinha sido a força motriz naquele contexto complexo em que haviam chegado. Mike Hubbard encolheu-se totalmente, retraindo sua condição a um estalo de autopreservação de origem primal. Já Cochran, esforçava-se em manter a respiração controlada, tentando buscar alguma alternativa para primeiro impedir que o pânico se instaurasse, segundo, apoiar o resgate da capitã e terceiro, resolver o que estivesse ocorrendo naquela maldita nave. Percebeu rapidamente que estava fadada ao fracasso total, quando o choro contido de Hubbard chegou a seus ouvidos. 

Franklin e Cochran precisavam fazer algo, ambos discutiram brevemente em tom baixo, tentando ignorar a crise de Hubbard. Se não tomassem um curso de ação logo, percebiam nitidamente que seus instintos rugiam para assumir o controle, algo impensado na condição atual da crise. Foi Cochran que citou, ser o setor médico o mais próximo daquela câmara, tendo em vista que certos casos da criogenia eram repassados para imediato tratamento médico para recuperação adequada. Chegando lá, poderiam obter fontes de luz, medicações para apaziguar as feras interiores e apoiar o foco físico e mental para tentarem algo. Concordaram em seguir em frente deixando Hubbard momentaneamente, já que seria um esforço em vão tentar levá-lo. Assim fizeram, dando as mãos e tateando a esmo. Várias vezes haviam feito aquele pequeno trajeto, mas era nítido que o desligamento de um dos sentidos colocava em questionamento o controle que eles acreditavam ter sobre si mesmos. A escuridão era a mãe do medo, e os tentáculos frios do temor se enredam cada vez mais profundamente a cada passo que davam. A razão não contribuía para afastar este sentimento, ela alimentava a chama do desespero, tendo em vista que analisar a situação em todas as suas nuances apenas apontavam para uma crise com poucas expectativas de resolução, com apenas uma conclusão viável, a de que acabavam de assumir a posição de moribundos naquele caixão de metal à deriva no espaço. Cada tentativa de concentração era respondida por uma torrente biológica de reações, a ansiedade crescia à medida que a antecipação do estado de perigo iminente se aproximava, com tal sensação veio ressecamento dos lábios, o empalidecimento da pele, as contrações musculares involuntárias como tremedeiras, mas ainda assim mantinham um passo atrás do outro o caminho necessário. Finalmente estavam próximos do destino, sentindo pelo tato que haviam chegado ao local correto, faltando apenas procurar pela fonte de luz que nutriria a vontade já definhante.

Enquanto a procura se intensificava, foi Franklin que ouviu passos leves no local extremamente oposto de onde estavam. Mantinham as mãos dadas por precaução e imediatamente avisou “…não estamos sozinhos…”. Mal terminou a fala quando a miríade de sons de movimentos pesados e desengonçados encontrou-os violentamente. Ouvia-se gritos de repúdio à presença de ambos os tripulantes e na escuridão as batidas de corpos contra objetos, a respiração pesada e ofegante, gritos e a luta com contato corporal brutal se desenrolava. O silêncio quebrado por urros, pela pura emanação de violência de alguém que luta com todas as forças por sua vida.

Franklin sentiu uma fisgada em sua coxa. O agressor, passará algo frio por sua perna, provavelmente algo cortante. Imediatamente pensou em uma faca, mas diante do espaço no qual se encontravam, havia possibilidades piores. Desesperado, tentou caçar algo para sua defesa e para sua surpresa encontrou um pequeno sensor, que emitiu luz suficiente para cortar a escuridão que ali estava. 

Aquela luz parecia ter trazido sanidade ao espetáculo grotesco e brutal que havia se instaurado momentos antes, revelando que a figura atroz que havia atacado ambos era nada menos que o próprio médico Chase Johnston, que agora jazia caído à frente de Cochran. Johnston tinha uma laceração profunda na testa, resultado do impacto repetido de um objeto contundente que foi pego para autodefesa. Da laceração, o grosso sangue jorrava e nenhum sinal de vida existia. Franklin percebeu que o médico havia feito um corte profundo em sua perna com um bisturi, mas assim que olhou para o ferimento, mesmo com a dor, temeu pela parceira que ali estava. Aproximou-se no momento que Cochran cambaleou para trás, caiu de costas nos braços do tripulante que ali estava. O ferimento latejou, fazendo com que fraquejasse e assim os dois caíram. Deloris Cochran tinha perfurações no abdômen, suas roupas encharcadas de sangue. Segurou firme a mão da pessoa que ali estava, suplicando em balbucias por ajuda, seus olhos perdiam gradativamente o brilho da vida, dando lugar ao vazio. Não havia o que fazer diante da tragédia.

Lentamente fechou os olhos, sem entender bem o que havia acontecido, deixando para trás o desespero ao agora solitário Dean Franklin. 

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Mais Mortes na Cosmonave – Parte 12 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

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