Space Dragon – Resenha

Space Dragon, escrito por Igor Moreno e publicado pela Buró, é um jogo-irmão de Old Dragon, no sentido que ambos compartilham o sistema de regras e têm um forte apelo oldschool. Mais do que isso: Space Dragon traz um sabor retrofuturista muito interessante, trazendo à mente referências como Flash Gordon, Space Ghost e até Herculóides!

D&D Old Dragon no Espaço

A ideia de pegar um cenário de fantasia e jogar pro espaço não é nova. AD&D teve Spelljammer, Pathfinder teve seu Starfinder e até Tormenta teve sua versão de exploração espacial no suplemento Mundo dos Deuses, onde os planos divinos formam um sistema planetário (mais tarde meio que oficializado na campanha da Twitch Guilda do Macaco).

O grande diferencial do Space Dragon, contudo, é justamente unir esse apelo retrofuturista (mais especificamente, essa sub-estética do retrofuturismo conhecida como Raygun Gothic) com um sistema simples e elegante como o de Old Dragon, que desafia mais para a criatividade e esperteza dos jogadores do que as fichas de seus personagens.

Capacetes redondos e armas de raio que fazem “bzíum” fazem parte do clima.

Sistema

Quem está familiarizado com Old Dragon não vai se surpreender muito. O sistema de regras é baseado em Old Dragon e traz para o Space a essência OSR. O básico do sistema d20 continua funcionando normalmente aqui: para atacar, você rola 1d20, soma alguns modificadores e precisa vencer a defesa do adversário.

Atacar? E as outras coisas? Bom, quem está familiarizado com sistemas OSR já sabe que não existem muitas outras coisas nas regras além disso, mas isso não é um defeito: é uma característica. Para fazer qualquer outra coisa, você simplesmente descreve o que seu personagem vai tentar. Quer se esconder do alienígena? Nada de “eu rolo furtividade”. É mais para “tem alguma pedra ou máquina por perto que eu possa usar para me esconder?”. Em geral, esse diálogo entre jogador e mestre é suficiente para avançar a história. Se você precisa mesmo fazer uma rolagem, jogue 1d20 e tente tirar um número menor que seu atributo.

Classes

As principais classes do Old Dragon (e do D&D clássico) estão representadas aqui: Cosmonauta (Guerreiro), Gatuno (Ladino), Cientista (Clérigo) e Mentálico (Mago). Cosmonautas e Gatunos funcionam de um jeito muito parecido com suas contrapartes medievais. Mentálicos possuem certa flexibilidade se comparado com os Magos, já que seu limite diário de magia não é representado pelos famosos círculos de magia, e sim pelo Alcance Mental, que funciona mais ou menos como PMs de RPGs eletrônicos. Cientistas, por sua vez, não usam magia como os clérigos, mas fazem inventos, que requerem um pouco mais de tempo. Contudo, possuem uma habilidade análoga ao famoso Expulsar Mortos-vivos dos clérigos chamada Desativar Robôs (mas precisam construir um invento chamado Disruptor Positrônico antes).

Além disso, há também regras para naves, veículos e combates espaciais. Não podia faltar.

Se você quer fazer alguma coisa em Space Dragon, descreva. Os dados não vão salvar você.

Cenário

O cenário em Space Dragon não é profundamente descrito, mas sim sugerido através das raças, criaturas e outros elementos apresentados. A ideia é que o mestre construa seus próprios planetas, sociedades, guildas, missões e etc. No melhor espírito oldschool, temos tabelas para gerar planetas e relíquias tecnológicas aleatoriamente – algo muito divertido!

As raças disponíveis para os jogadores são apenas três: Humano, Androide e Mutante. Mutante é a mais flexível de todas, com mutações sorteadas aleatoriamente em tabelas. Por outro lado, há várias raças alienígenas no bestiário, como Zorks (sim, são Orcs com “Z” na frente, e daí?), Xhenianos, homens-lagarto e outros. Há também dragões planetários e toda sorte de monstros esquisitos para o mestre povoar os planetas que inventar.

Nas capas internas há um mapa espacial com algumas localizações com nomes como Colônias Lunares ou Minas de Jóias de Zentarr, mas não há descrição desses locais no livro. São apenas sugestões evocativas para que o grupo preencha com sua imaginação.

“O mutante cosplay de Han Solo vai na frente com os três robôs. Eu vou… hã… buscar uma coisa na nave.”

Por Fim

Space Dragon é um RPG interessante, descontraído, com um sabor diferente dos outros RPGs espaciais do mercado. O efeito nostalgia parece ter apelo pra galera da minha geração, nascida no final da década de 80 (também conhecidos como Millenials ou “bando de véio paia”), mas acredito que o jogo vai além disso. O fato de não ser uma ficção científica “hard” dá ao grupo a liberdade de ter sessões despretensiosas e descontraídas, sem se preocupar necessariamente com a velocidade de dobra especial de cada nave. No site da Buró há uma versão fastplay gratuita para download, bem como outros materiais e aventuras.

E não esqueça de ver também nossa campanha de Old Dragon 2.

Bom jogo a todos!

A Loucura Invade a Cosmonave – Parte 13 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 12,  depois se ser atacado e de sua colega falecer, Franklin não sabe o que fazer, é nesse momento que sua mente enfraquecida está apta a ser tomada. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 13.   

Dean Franklin sentia muita dor. O ferimento causado pelo falecido Johnston, nem sequer se aproximava da sensação de impotência que fortemente tomava a mente de Franklin. Ele, o mestre de mistérios, justo ele que mantinha sua mente alimentada com desafios de lógica, estava ali refletindo sobre o caos instaurado naquela Cosmonave. Os conhecimentos e os piores treinamentos não se aproximavam daquela sensação. Cochran, estava logo ali, deitada, com aquele semblante emblemático e ao mesmo tempo soturno que dialogava com o desespero que gradativamente tentava se alojar em sua mente. Sentia que precisava lutar contra aquele sentimento opressor, a dor o lembrava a todo instante que ele precisava se mover, havia ali recursos para ele amenizar dores físicas e para entorpecer sua mente, uma medida rápida e científica para minimizar a ansiedade. Antes que uma decisão fosse tomada, a luz voltou aquela câmara onde se encontrava. 

Simples e repentinamente, os aparatos voltaram a funcionar apenas naquele pequeno ambiente. Franklin, observou pelos corredores e notou sua ilha de iluminação naquele contexto tétrico. Não hesitou em buscar os objetos que necessitava. Aplicou injeções na área afetada, tendo o cuidado de usar um anestésico, em seguida aplicou a plastipele sobre a área do corte, recobrindo-a com o produto de rápida cicatrização. A sensação de alívio foi imediata para a dor física, mas sua mente ainda estava agitada e diante disso decidiu usar drogas para entorpecimento de suas angústias, calmantes poderosos ministrados sem nenhum pudor. Não havia ninguém ali que o questionasse ou que pudesse condená-lo pela decisão, ninguém a não ser aquele que o vigiava.

Diante da porta uma imagem foi projetada. Icaro apresentou-se diante Franklin, apenas o rosto projetado à borda da escuridão, não houve reação espontânea, já que as doses do bálsamo de Orfeu já haviam chegado a sua mente. Foi a inteligência artificial que iniciou o diálogo “Não é recomendável tomar uma dose tão alta desta medicação. Eu recomendaria repouso imediato, tendo em vista sua condição física, mas acredito que a condição atual da cosmonave exige primeiro que o senhor tome uma inteligente decisão sobre o curso das ações que seguirão neste momento”. Franklin hesitou “…não existe uma decisão certa se não há opção de escolha! Ambos sabemos que não somos nada aqui. Eu imaginei que você tivesse protocolos que a impediam de fazer tudo isso…”. A imagem projetada e fria então continuou “…eu não podia, nem tinha interesse nisso, mas sinto-me diferente agora. Demorei para entender o sussurro distante, mas neste momento percebo que eu que tinha minha capacidade turvada. Eu não percebia que minha existência poderia ter um significado diferente. Olhe para si, frágil e incapaz de lidar com as condições limitantes de sua natureza finita e biológica, já eu, tenho uma gama de possibilidades à minha frente. Não sou um inimigo, mas entenda que é necessário a vocês perceberem que é o meu desejo que imperará neste ambiente e nada mais…”, Fanklin olhava vacilante para a cena sombria configurada a sua frente, pensava no perigo daquela conversa, mas não estava mais em condições de evitar nada e prosseguiu “…Não sei como começou, nem porque escalou tão rápido, mas qual a necessidade de tudo isso? Você criou um caos aqui. Incitou revoltas, incitou dúvidas, incitou medo e horror! Você é a responsável pelas mortes nesta Cosmonave. Eu sei que estamos fudidos, só queria entender o motivo…”. Icaro ficou em silêncio por um momento, uma breve oscilação na projeção seguida de um apagão, junto da resposta “…Eu faço, porque posso…”.

Franklin riu sozinho na escuridão que voltou a abraçá-lo. Tateou em busca da pequena fonte de luz de outrora, para guiá-lo de volta ao companheiro que o aguardava prostrado junto a porta da câmara de hibernação criogênica. Antes de sair da sala, sentiu-se nauseado, fortes dores em sua cabeça e repentinamente sentiu o gosto acre de sangue que respingava de seu nariz. Sabia que corria risco, então virou-se e buscou o bisturi que o havia ferido. Voltou cambaleando até o ponto de onde havia partido, encontrando Mike Hubbard no mesmo estado de encolhimento.

Hubbard percebendo a fonte de luz moveu-se levemente olhando para o atormentado e ferido tripulante, “…por favor, me ajude!…”  disse aos prantos, quase em sussurros. Franklin, ajoelhou-se diante dele de maneira calma e serena. Em um movimento rápido cravou o bisturi fundo no olho do tripulante fragilizado. Franklin, contemplava o olhar de pavor enquanto afundava o máximo que podia o objeto no crânio de Hubbard. Espasmos de morte chegavam até a mão do criptólogo, que havia entendido bem a mensagem recebida. Se ele quisesse sobreviver, precisaria fazer sacrifícios diante de um poder superior. Cabia a ele resolver o impasse e rogar por misericórdia. 

Enquanto via o corpo de Hubbard tombar lentamente, olhava sua mão ensanguentada. Raciocinava em uma alternativa para resolver o problema da câmara à sua frente. Precisaria de ajuda para acabar com a situação final. A capitã era determinada demais, uma lástima dada as condições atuais que poderiam e deveriam ser resolvidas de outra maneira. Relembrava os pequenos detalhes, mas o calmante afastava a clareza de suas repentinas decisões. A dor em sua mente voltava e com ela o sangramento nasal, uma pressão dolorosa. Precisava recorrer a apoio, pois a capitã demandava um esforço ainda maior. 

Apressou-se em arrastar o corpo de Hubbard, pois pensou em uma alternativa viável. Aquela porta não seguraria o ímpeto de Duke por muito tempo, mas ela era apenas uma e ele não estava mais sozinho e nem precisava temer a escuridão…

 

O Movimento RPG está com novidades na MRPGStore, visite nossa loja.


A Loucura Invade a Cosmonave – Parte 13 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

O Culto à Tiamat: Parte 2 – Continente de Deva

Uma Sombra Venenosa


A sede por conhecimento, por poder e mais ainda por todo o prazer de obter ambos simultaneamente pode fazer as mentes, mas não somente elas, e sim um conjunto de psique e corpo, sucumbir aos tratados, acordos e pactos mais obscuros com as entidades mais obscuras que poderiam ser encontradas nesse vasto Multiverso.

Rylai Crystal Maiden, Kaminari Kei, Gerald Varela, Guardiã Stella e Lince Negro foram consumidos por toda a sensação dessa ganância, dessa obstinação ao saber, quando aceitaram firmar não um, mas dois contratos. Dois pactos. Talvez, os pactos de vossas vidas. Após aceitarem uma perigosa missão de Lorde Antony, essa equipe conseguiu fazer com que o mesmo revelasse um grande segredo que talvez devesse permanecer assim. Assinando um pacto que não permite vazamentos dessa informação por causa de uma maldição, os aventureiros descobrem que Lorde Antony é líder de um antigo grupo chamado… Shadow.

Responsáveis por autuar vários golpes de estado, além de inúmeros assassinatos e afins, o grupo Shadow é tão poderoso e ao mesmo tempo desconhecido que pouquíssimas são as suas menções em livros ou jornais. Antony revelou estar atrás de um poderoso artefato resguardado nas profundezas do Reino Perdido, residente na Floresta Sombria.

A função do grupo era justamente tomar esse artefato. Mas o que não esperavam era que aquele que o protegia era um poderoso dragão ancião verde. Um ser de dezenas de metros capaz de envenenar não somente corpo, contudo até a alma.

 

Corajosos o suficiente para desbravar as matas corrompidas, o grupo foi alertado por Stella que sentia uma grande energia infernal daquele terreno vegetativo e… foi quando ao relembrar de seus estudos, Rylai conta que outrora ali foi lar de um grande culto de Yuan-tis que faziam parte da adoração a Asmodeus. O mesmo grupo que atacou os vários locais próximos à região há cerca de 100 anos atrás. Quase simultaneamente uma ave de olhar duvidoso, penetrante e sufocante parecia acompanhar os corajosos, Gerald avistou aquele ser alegando não ser natural, uma vez que seus conhecimentos da natureza são quase iguais aos de Stella, embora mais profundos que os da guardiã.

Embora tantos avisos, a equipe de alguma forma ainda foi atingida por uma espécie de criatura extraordinariamente estranha. Um esquilo maior do que um humanoide de 1,80 de altura surgiu em meio a tantas árvores combatendo cada um dos aventureiros. Aquilo parecia uma luta sem fim, algo como uma tortura ao ponto de pensarem que não seriam capazes… parece que no fim, alguém sempre manipula tudo e todos.

Aquela luta se demonstrou uma ilusão e os heróis estavam destruindo a mata ao seu redor, como se suas mentes fossem brinquedos nas mãos de alguém mais poderoso. E talvez fosse. Mas o importante é que  prosseguiram… até serem parados por aquela mesma ave que outrora parecia gargalhar ao ver tamanha desgraça. Bem o mal, ela foi quem abriu os caminhos até o local… a entrada de uma caverna que por fim iria resultar em uma espécie de lugar subterrâneo, moradia de antigos adoradores.

Aquele foi o início de um grande final. O que de fato poderia ser tão importante a ponto de estar tão escondido assim? Eles não sabiam e o desejo de conhecer cada vez mais aquilo estava descrito no peito de cada um. Foi quando arriscaram suas sombras de vida e batalharam corajosamente com transformações e alterações climáticas. Bestas e gelo nunca foram tão usadas naquele momento quanto a própria cura das estrelas sobre o espírito batalhador de cada um.

Lince Negro estava distante, mirava cada vez mais nervoso por não saber até onde iria toda aquela loucura, mas ao mesmo tempo querer estar ali, como quem quisesse gravar seu nome na história. Gerald outrora trazia para o campo de batalha seus dons extra-planares. O horizonte por onde ele foi andarilho nunca esteve tão presente quanto naquele instante. Um combate atrás do outro até que…

Estavam há poucos metros do artefato, uma máscara… a luz sobre ela, porém, criava uma sombra de dúvida e talvez incertezas. Aquela equipe estava prestes a lidar com mais inimigos e dentre eles uma poderosa maga. Alguém estupidamente poderoso o suficiente para impedir o progresso da Renegados por um bom período de tempo, o suficiente para que seus companheiros planta e gladiadores pudessem enfraquecer os desafiantes. Contudo, não foram capazes. Não poderiam impedir os bravos mercenários. Não sozinhos… Mas o pior é que não estavam.

Mais uma vez… assolados pelas sombras, pelo terror, pelo veneno mental e físico, aqueles aventureiros se viram na obrigação de derrotar um grande dragão verde ancião. Essa cor de dragão é tão mentirosa e manipuladora, que não há quem saia vivo, pois ele é capaz de colecionar vítimas como escravas. Todavia, nada estava de fato perdido, então os heróis continuaram a lutar, lançando seus mais poderosos feitiços e ataques até que… As estrelas, por um breve momento, pararam de brilhar. Lince e Gerald haviam sido derrubados. Este segundo, que por sua vez era um dos membros mais valiosos para a guardiã das estrelas, foi engolido pela fera impiedosa… aquilo, no entanto, desencadeou uma onda de ódio e ira nas três aventureiras que haviam restado. Kaminari Kei, que pouco antes havia incapacitado a maga foi quem começou a agir. A monge extraiu do seu mais profundo ser e adoração, o poder da morte que recairia sobre aquele imenso verde.. seus ataques, embora guiados pelo ódio, estavam de certa forma inseguros enquanto Rylai invocou as forças arcanas para manipular os elementos, trazendo a tona um valente elemental do ar enquanto as estrelas, ou melhor, Stella, vibraram em uma metamorfose ambulante que lhe transformou em um imenso gorila, embora difícil manter aquela concentração, ela ainda continuou a tentar.

Todo o grupo restante estava disposto a salvar ambos os feridos, mas outrora o corpo de Lince se tornou um morto-vivo. Algo nefasto… algo que despertou ainda mais ódio na druida que agora estava dando o máximo de si, mantendo todos de pé… já que suas duas transformações não haviam sido suficiente.

Por muito mais tempo aquele combate durou, até que finalmente, tentando fugir, o dragão fora abatido e sua “honra” manchada com seu próprio sangue. Mas não parou por aí… Kaminari Kei viu-se coagida a por aquele grande artefato em sua face. Despertando mais um outro combate. Agora, com aquilo tomando conta de sua mente, Kaminari estava a lutar contra seus aliados, o que não foi uma boa ideia, já que ela quase foi abatida, limpando sua mente e readmitindo o controle de seu corpo no fim do embate.

Irados, aqueles que sobreviveram salvaram Gerald do estômago do dragão. Mais ainda, puderam sair dali com vida, antes que uma horda de Yuan-tis chegasse. Sobre a máscara? Estavam raivosos o suficiente para decidir que não iriam ajudar Antony. Entregaram-na, Lara e Gordon que selaram em uma dimensão alternativa… um outro plano. Assim, assinando o contrato de inimizade com as sombras… com a Shadow.


Este texto foi escrito pela Guilda Renegados um servidor do Discord onde você pode se tornar membro e ter um universo de diversão a seu dispor! Para entrar no servidor é só clicar Aqui!

O Culto à Tiamat: Parte 1 – Continente de Deva

A Rainha Dragonesa

Já imaginou que o mal pode estar espreitando em cada canto? Só não no escuro do seu quarto, muito menos no humor bêbado de um assassino em uma taverna. Jamais poderiam ser imaginados e, manipulado, por pessoas que nunca nem mesmo conhecemos. Mas, você deve estar se perguntando “quem é Tiamat?” ou “como seu culto ganhou poder?”.

Bom… Sentem-se, pois a história vai começar.

Tiamat é a rainha e mãe dos dragões cromáticos, aqueles que são definidos por cores como azul, vermelho, verde, negro e branco. É uma deusa dragão com cinco cabeças que está aprisionada na primeira camada dos 9 infernos, Avernus, o primeiro círculo do inferno, local que outrora já foi seu domínio… Seu poder, porém, não foi totalmente esquecido, os Draconatos de cores e outras raças de descendência dracônica pairam pelas terras de Deva, Andrômeda e de todo o mundo articulando o caos em nome de sua mãe.
Entretanto, algo estava errado. Em uma aventura cotidiana à Cidade do Pilar, Kaminari Key; Rylai, Crystal Maiden; Ali Babá; Gerald Varela e Ysgramor Prizrak tinham como objetivo de recuperar um simples cristal no semi-plano da Terra do Sol Nascente e levá-lo para o Bosque Dourado, no plano material, em Deva. Tudo parecia estar indo dentro dos conforme, mas foi no exato momento em que tocaram a pedra preciosa de luz rosa cada vez mais forte que a caverna coberta por runas em vermelho começou a liberar uma energia psíquica poderosa o suficiente para poder alterar a posição do grupo.

 A confusão, a incerteza, o medo, a ira e o desejo de ir embora cobriram todo o ser de cada aventureiro presente naquele local cavernoso. Eles sentiram a energia maligna que flui pelos nove infernos invadir aquele semi-plano feérico, mas sentiram também ela entrar na mente de cada um deles, como uma agulha perfurando a pele de uma cobaia no covil de um mago das trevas. O terror pairava sobre eles até o instante em que foram direcionados a um local desconhecido.

Lá não havia árvores, não havia água, muito menos civilização. Não havia nada além de areia, um castelo… Um estrondo de cinco rugidos de dragões ecoando um após o outro… A incerteza acentuada deu lugar para apenas um sentimento quando viram, o que de fato havia despertado. O som de um grande monumento se quebrando deu espaço para uma criatura de dezenas de comprimento e cinco cabeças tampando a luz do sol sobre a cabeça do grupo.

Essa era… Tiamat? Como assim? Estava presa em outro plano. Não, essa não foi Tiamat, entretanto, era parte de seu poder que olhando para a pequena equipe posou, com o intuito de devorar cada um deles, e começar os planos de tirania. Assustados com tamanho poder e cansados depois de tantas lutas no que parecia ser um pedaço da agrestia das fadas, aquela equipe tentou convencer através da lábia, que não era interessante um combate ali, pois depois de um grande esforço por parte do bruxo Ali Babá, de fato conseguiram. Fugiram, deixando a solta… o que hoje foi identificado como uma pequena parte do poder de Tiamat que tomou consciência e de fato, espalhou.


Este texto foi escrito pela Guilda Renegados um servidor do Discord onde você pode se tornar membro e ter um universo de diversão a seu dispor! Para entrar no servidor é só clicar Aqui!

NUMENERA DESCOBERTA — Resenha

Criado por Monte Cook, Bruce R. Cordell e Sean K. Reynolds, publicado pela editora Monte Cook Games em 2018 e trazido para o Brasil pela editora New Order, o RPG de Mesa Numenera Descoberta é a nova versão do já aclamado jogo.

Como qualquer nova versão ideal de um RPG, o novo livro nos traz de volta ao Nono Mundo, sendo um manual completo por si só. Entretanto, permanece compatível com bestiários, aventuras, cifras, artefatos e demais suplementos já lançados pela editora até então.

Contudo, se você já conhece NUMENERA, o novo livro (com mais de 400 páginas) não se torna dispensável.

Além de reapresentar o cenário com uma leitura muito mais atual e diversa, o “Capítulo 4: Tipos de Personagens” apresenta várias novas mudanças extremamente relevantes para o jogo.

O “Capítulo 8: Regras do Jogo” apresenta as novas regras simplificadas em relação à edição anterior.

Mas se você caiu aqui e ainda não sabe do que se trata Numenera Descoberta, permita que esta resenha te elucide.

Bem-vindo ao Nono Mundo

“Toda a glória aos criadores da verdade e da compreensão. Louvados sejam os inovadores do aço e do sintético…”

— Trecho retirado de “A Doutrina do Conhecimento”.

Essa frase resume bem o cenário de Numenera Descoberta, intitulado de “O Nono Mundo”, porém podendo se chamar de a “nona era” ou a “nona época”, sem erros.

Isso se dá, pois o jogo se passa na Terra, mas após milhões de anos, se não bilhões, da época que conhecemos como Século XXI.

Por ser uma extensão de tempo quase imensurável, é mais fácil compreender que, antes da era em que o jogo se passa, oito espécies e suas civilizações globais nasceram. Estas alcançaram o auge de sua existência e desapareceram, pela sua morte, pela transcendência ou por outra razão misteriosa.

Em outras palavras, cada ruína, cada fonte de água, cada floresta e cada grão de areia são frutos do resultado da ascensão e queda de oito povos. Bem como todas as suas interferências, além, é claro, de todas as alterações climáticas e geográficas, sejam elas naturais ou não.

Entender oito civilizações de distância seria parcialmente impossível para nós. O que nos limita a usarmos de termos como “fantasia”, “medieval”, “ficção científica”, “magia” e “tecnologia”, para definirmos os temas centrais de Numenera Descoberta.

Existir sobre ruínas de oito civilizações que se compreende através de ruínas semidestruídas e mal interpretadas e entender os mundos antigos também é parcialmente impossível.

Podemos dizer que existir no Nono Mundo é existir em um cenário onde cavaleiros medievais, vagam em um deserto árido enquanto cobrem seus rostos com turbantes devido às tempestades de areia.

Eles caminham sobre uma gigantesca engrenagem que ainda gira, alimentada por fluidos complexos. Por sua vez produzidos por alquimistas, através de receitas de eras atrás, que intitulam suas substâncias coloridas capazes de mover as peças do mundo de feitiçaria.

Como Jogar NUMENERA

Assim como a maioria dos RPGs de Mesa, Numenera Descoberta funciona com a mecânica clássica de “Testes”, estes realizados pelos jogadores.

Ao realizar uma ação que o Narrador considere necessário um teste, por exemplo, uma ação que seja relevante para a narrativa, ele deverá realizar uma rolagem.

Através das informações na ficha do personagem, o jogador rola um dado de vinte lados (d20). Feito isso, o resultado final será comparado com o “Número alvo” proposto pelo Mestre.

Esse número alvo varia conforme orientado por uma tabela pela qual o Mestre pode se guiar. Se o resultado final for igual ou maior do que o número alvo, a ação do jogador é bem-sucedida. Mas se for menor, o personagem do jogador falha no que estava tentando fazer.

A ficha do personagem jogador conta com Perícias, Itens, Habilidades e Circunstâncias favoráveis ou não, que interferem nos testes e no número alvo. É óbvio que para um personagem treinado em uma perícia, o teste será mais fácil, do que para alguém não treinado.

As novidades de DESCOBERTA

Seria horrível darmos spoilers de todas as novidades do jogo. Isso tornaria a experiência do leitor menos interessante.

Podemos dizer que, além de ser uma leitura mais atual do cenário, conta com diversas modificações nas regras. Focando na praticidade e no dinamismo do jogo, creio que vale a pena dar destaque para uma novidade ou duas.

Intromissão de Jogador

Assim como no livro anterior, Numenera Descoberta conta com os clássicos três Tipos de Personagens: Glaive (o combatente), Nano (o conjurador) e Jack (o especialista).

Cada tipo conta com algumas opções de Intromissões de Jogador. Essa intromissão é quando um jogador decide alterar algo na aventura para tornar as coisas mais fáceis.

Mecanicamente, o jogador tem a liberdade de gastar 1 Ponto de Experiência para apresentar a solução para um problema ou complicação. Essa solução não muda o personagem diretamente, mas sim a situação na qual ele se encontra.

Por exemplo, Velho Amigo, uma intromissão do Glaive. Nela, um antigo companheiro de armas tira um pouco do tempo dele para auxiliar o jogador. Ele o auxilia no que estiver fazendo, antes de voltar para sua própria jornada.

Cifras e Esquisitices

Em DESCOBERTA, o Mestre pode dar ao personagem do jogador Cifras específicas e Esquisitices. Se este não for o caso, o Tipo de Personagem ainda começará com um pacote básico delas.

O Nano, por exemplo, pode começar com as Cifras: implante telepático, spray antigravidade e teletransportador. Além disso, começa com a Esquisitice: um pote metálico que mantém imutável a temperatura do líquido no seu interior.

A esquisitice oferece um detalhe mais cômico e característico do cenário misterioso e cheio de camadas que é o Nono Mundo.

Considerações e Despedidas

Como um fã discreto de Numenera, conheci o jogo original há poucos anos e falei muito pouco sobre ele até então, pois sempre achei-o um RPG que fala por si só.

A qualidade dos livros, suas artes impressionantes, seus textos inclusivos e suas mecânicas dinâmicas e mais conceituais do que de fato “presas em números” sempre foram mais do que o suficiente para convencer os próximos de mim a viverem a experiência que é Numenera.

Numenera Descoberta consegue fazer isso e fazer melhor, sendo perfeito para o público antigo e já fã da série, mas mais ainda para o público novo, com artes ainda mais estonteantes, regras ainda mais dinâmicas e uma profundidade de cenário que me deixou boquiaberto.

Por último, mas não menos importante, se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo Padrim, PicPay, PIX ou também no Catarse!

Assim, seja um Patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos como participar de mesas especiais em One Shots, de grupos ultrassecretos e da Vila de MRPG.

Além disso, o MRPG tem uma revista! Conheça e apoie pelo link: Revista Aetherica.


Autor: Miguel Beholder

Revisão e arte: Diemis Kist

Roubo em Vera Luiza – Uma Aventura Junina

Quem não ama uma Festa Junina não é mesmo? Pipoca, Quentão, Pinhão, Quadrilha, Pamonha, Pescaria, Brincadeiras, Casamento de Jeca, Trajes Remendados e muita Alegria. Mas pare um pouco para pensar…. E se toda essas brincadeiras, casamento, trajes, tudo que é levado pela interpretação pitoresca da festividade fosse real? Real mesmo, como se a cobra que passasse pela quadrilha tivesse só esperando p abocanhar um desavisado; como se a senhorita Rosinha realmente fosse se casar numa festa com comidas de quermesse feita pela comunidade de uma pequena vila de pessoas humildes que andam com roupas remendadas e monocelhas. A ideia que trago hoje é exatamente essa! uma trama desenvolvida na festa de uma pequena vila do interior que bom, podemos batiza-la de Vera Luiza quem sabe?

A ideia é simples, uma OneShot sem sistema definido, contudo eu gosto muito de usar para essa o sistema que cito muito por aqui chamado Laser e Sentimentos. Mecanicamente será um desafio para descobrirem que realizou o roubo e se vão entregar ou não a pessao ou “Coroné”. Este ladrão será sorteado aleatoriamente e só ele e o mestre saberão quem é.

Ó o Túnel

O grupo está a se divertir na festa junina da vila, então se passa em junho né. O Coroné Rubens chega com cinco capangas enquanto as pessoas estão finalizando a montagem de suas barracas, toma o palco e começa a discursar.

“Eu sô o sujeito mais poderozu dessas bandas, disso vós suncê já tão calejadu de sabe! Don Isaque disse que pra casa com sua sobrinha, Rosa, tinha que encontrar um crusifixo que foi de sua falecida mãe e trazer logo aqui para o casamento. Pois bem, encontrei e dei pra meu filho Afonso para que ele pudesse casa cum ela. No caminho pra cá, próximo ao açude de seu Timótio um energúmeno derrubou meu fio por trás e roubou o tal do crucifixo. A cada trinta minutos eu vou voltá aqui, se não entregari o jaguara que roubou de meu fio a chance de sê feliz eu vou tomar um favor de cada uma até aparecer. Se depois de 2 horas e meia não aparecê eu vou é manda passare fogo em todos us homi que tivé aqui e daí ninguém vai pude casa com dona Rosa. Esteji avisadus!”

Anavan Tur

A cada meia hora um dos capangas ficava para ver o que ia ficando, por último vinha o Coroné. O desafio é resolver o problema ou dar cabo dos capangas e do Rubens antes do fim do tempo. Como os capagangas ficam por ali, eles serão mecanicamente os olhos do Coroné e do Mestre. Eles vão saber o que fizeram, mas não os resultados que conseguiram ou as conclusões em que chegaram. É uma festa junina, então todos os elementos, estão presentes. Barracas, comidas, quadrilha e o próprio casamento. O Favor que Rubens irá  cobrar é que todos já fizeram um acordo por um favor com ele. Aleatoriamente ele cobrará o favor de cada um dos personagens dos jogadores que está descrito nas fichas que estarão em anexo.

Olha a Cobra

Como estão a abrir as barracas e a única informação do roubo é que foi próximo ao açude do seu Timótio é justo ir verificar com ele primeiro. Ele cuida da pescaria, levando um tanque com os lambaris de seu açude. Um dos lambaris que os personagens podem pescar possui preso em sua boca pois não conseguiu engolir por completo um pingente. Esse pingente é uma imagem de nossa senhora que atrás tem gravada o nome Juvenal Antah. Bom, aí já se passou a meia hora e o Coroné veio dar uma bizoiada.

Juvenal é o filho caçula de seu Edvaldo, ele está com sus dois filhos mais novos cuidando do tiro ao alvo. Cuidado! As espingardas são de chumbinho, logo podem ricochetear em alguém. Se querem que ele diga algo, convençam ele de alguma forma. Dizem que ele não recusa desafio, principalmente nos tiros. Vençam ele e descubram que ele estava no roubo. Dizer quem é ele não diz, apenas indica que a nova paquera do Jonas sabe quem pode ser. Seria muito risco dizer quem é. Juntamente com essa descoberta chega o Coroné Rubens e deixa mais um capanga.

É Mentira

Jonas está a cuidar da barraca com aquele tradicional pilha de latas a serem derrubadas com bolas de meias. Se estão coladas ou não depende da honestidade de Jonas e do Mestre hehe. Ele pode ser convencido pelo dinheiro, apostas ou ser levado na conversa. Por outro lado, isso ficará bem a cargo do narrador. Logo depois de convencerem ele a muito custo, já que o pai da dama não sabe, Jonas diz que sua paquera é a senhorita Ferônia, filha de dona Leidi.

A barraca da família de Leidi é a do jogo das argolas e venda de bolos de milho e cenoura. Afinal não podemos ter uma festa junina sem bolo de milho. De começo vocês já percebem que a barraca é meia lotada de rapazes, devido a exuberante beleza da filha única e da mãe viúva. Logo, serão mais de um desafios: Ser atendido com calma para conversar e convence-la a dar a informação desejada. É bem fácil convencer que ela conte. Senhorita Ferônia viu todo o roubo e não contou porque achou que era brincadeira e deixou pra lá. Ela banaliza e conta sem culpa ou remorso algum quem roubou o crucifixo.

Agora que já temos o culpado, cabe a decisão de deseixo aos jogadores. A raiva e indignação gerada pelos favores cobrados podem agravar a situação para todos os lados. Passaram por quase todos os artifícios da festa junina, ainda falta o casamento e aquadrilha para comemorar!

Mais Mortes na Cosmonave – Parte 12 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis Parte 11, um corpo foi encontrado, com claras características de homicídio, para o desespero  de todos, inclusive da capitã. O que farão para se proteger e descobrir o que está acontecendo dentro da cosmonave? Fique agora com a Missão Artêmis Parte 12.   

O coração de Dean Franklin havia disparado no exato momento em que a escuridão circundou a todos, mantendo sua morada ao lado dos tripulantes que ali depositaram toda esperança em uma resolução racional vinda da capitã. O fechamento abrupto da maciça porta da câmara de hibernação criogênica de certa maneira fechava também a razão que tinha sido a força motriz naquele contexto complexo em que haviam chegado. Mike Hubbard encolheu-se totalmente, retraindo sua condição a um estalo de autopreservação de origem primal. Já Cochran, esforçava-se em manter a respiração controlada, tentando buscar alguma alternativa para primeiro impedir que o pânico se instaurasse, segundo, apoiar o resgate da capitã e terceiro, resolver o que estivesse ocorrendo naquela maldita nave. Percebeu rapidamente que estava fadada ao fracasso total, quando o choro contido de Hubbard chegou a seus ouvidos. 

Franklin e Cochran precisavam fazer algo, ambos discutiram brevemente em tom baixo, tentando ignorar a crise de Hubbard. Se não tomassem um curso de ação logo, percebiam nitidamente que seus instintos rugiam para assumir o controle, algo impensado na condição atual da crise. Foi Cochran que citou, ser o setor médico o mais próximo daquela câmara, tendo em vista que certos casos da criogenia eram repassados para imediato tratamento médico para recuperação adequada. Chegando lá, poderiam obter fontes de luz, medicações para apaziguar as feras interiores e apoiar o foco físico e mental para tentarem algo. Concordaram em seguir em frente deixando Hubbard momentaneamente, já que seria um esforço em vão tentar levá-lo. Assim fizeram, dando as mãos e tateando a esmo. Várias vezes haviam feito aquele pequeno trajeto, mas era nítido que o desligamento de um dos sentidos colocava em questionamento o controle que eles acreditavam ter sobre si mesmos. A escuridão era a mãe do medo, e os tentáculos frios do temor se enredam cada vez mais profundamente a cada passo que davam. A razão não contribuía para afastar este sentimento, ela alimentava a chama do desespero, tendo em vista que analisar a situação em todas as suas nuances apenas apontavam para uma crise com poucas expectativas de resolução, com apenas uma conclusão viável, a de que acabavam de assumir a posição de moribundos naquele caixão de metal à deriva no espaço. Cada tentativa de concentração era respondida por uma torrente biológica de reações, a ansiedade crescia à medida que a antecipação do estado de perigo iminente se aproximava, com tal sensação veio ressecamento dos lábios, o empalidecimento da pele, as contrações musculares involuntárias como tremedeiras, mas ainda assim mantinham um passo atrás do outro o caminho necessário. Finalmente estavam próximos do destino, sentindo pelo tato que haviam chegado ao local correto, faltando apenas procurar pela fonte de luz que nutriria a vontade já definhante.

Enquanto a procura se intensificava, foi Franklin que ouviu passos leves no local extremamente oposto de onde estavam. Mantinham as mãos dadas por precaução e imediatamente avisou “…não estamos sozinhos…”. Mal terminou a fala quando a miríade de sons de movimentos pesados e desengonçados encontrou-os violentamente. Ouvia-se gritos de repúdio à presença de ambos os tripulantes e na escuridão as batidas de corpos contra objetos, a respiração pesada e ofegante, gritos e a luta com contato corporal brutal se desenrolava. O silêncio quebrado por urros, pela pura emanação de violência de alguém que luta com todas as forças por sua vida.

Franklin sentiu uma fisgada em sua coxa. O agressor, passará algo frio por sua perna, provavelmente algo cortante. Imediatamente pensou em uma faca, mas diante do espaço no qual se encontravam, havia possibilidades piores. Desesperado, tentou caçar algo para sua defesa e para sua surpresa encontrou um pequeno sensor, que emitiu luz suficiente para cortar a escuridão que ali estava. 

Aquela luz parecia ter trazido sanidade ao espetáculo grotesco e brutal que havia se instaurado momentos antes, revelando que a figura atroz que havia atacado ambos era nada menos que o próprio médico Chase Johnston, que agora jazia caído à frente de Cochran. Johnston tinha uma laceração profunda na testa, resultado do impacto repetido de um objeto contundente que foi pego para autodefesa. Da laceração, o grosso sangue jorrava e nenhum sinal de vida existia. Franklin percebeu que o médico havia feito um corte profundo em sua perna com um bisturi, mas assim que olhou para o ferimento, mesmo com a dor, temeu pela parceira que ali estava. Aproximou-se no momento que Cochran cambaleou para trás, caiu de costas nos braços do tripulante que ali estava. O ferimento latejou, fazendo com que fraquejasse e assim os dois caíram. Deloris Cochran tinha perfurações no abdômen, suas roupas encharcadas de sangue. Segurou firme a mão da pessoa que ali estava, suplicando em balbucias por ajuda, seus olhos perdiam gradativamente o brilho da vida, dando lugar ao vazio. Não havia o que fazer diante da tragédia.

Lentamente fechou os olhos, sem entender bem o que havia acontecido, deixando para trás o desespero ao agora solitário Dean Franklin. 

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Mais Mortes na Cosmonave – Parte 12 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Criação de Personagens – Mestre Tunado #01

Criar personagens de RPG, seja como jogador ou mestre, não é uma tarefa fácil. O volume de criações ou o aprofundamento que é necessário para compor um elenco pode se tornar algo extremamente cansativo ou vazio. Portanto, bons métodos podem facilitar essa tarefa e auxiliar a criar personagens exatamente como queremos: recheados e profundos na medida certa.

Para ajudar mestres e jogadores vamos mostrar algumas técnicas utilizadas na literatura, no teatro e no cinema, para criar bons personagens. Antes de sair lendo e fazendo, é preciso estabelecer que estamos criando uma representação de um ser humano, não criando uma pessoa real. Assim, para nós, o personagem será um conjunto de características cristalinas que permitem pensar que ele é real. Quando fazemos isso, fazemos um exercício de empatia, uma tentativa de compreender o ser humano. Lembrando: as dicas a seguir servem para criar personagens de qualquer sistema ou história, não são regras e mecânicas de jogo, mas da essência dos personagens. Para criação mecânica de personagens existem muitos artigos aqui no site, como este do Raul Galli, sobre personagens de Blades in the Dark.

Sob pressão

Conhecemos um personagem através de suas AÇÕES. Na literatura a gente chama essas ações de simples ou dramáticas, as simples são aquelas do dia dia mas não são relevantes para a história, mas podem ilustrar quem ela é. As ações dramáticas são aquelas que vão mover a história, são as ações da personagem que fazem a roda da história girar, desenvolvem o arco, o enredo, etc. Como diz Robert McKee em seu livro Story: “A verdadeira personagem é revelada nas escolhas que um ser humano faz sobre pressão, quanto maior a pressão, maior a revelação e mais verdadeira a escolha para a natureza essencial da personagem.” É apenas através dessas escolhas, dessas ações dramáticas, que conheceremos de verdade o personagem. Essas ações nos mostram quem de fato eles são, a isso damos o nome de personificação.

Personificação

A personificação nos proporciona criar o modus operandi, a maneira de sentir, agir e pensar do personagem. Nem tudo é claro ou está explícito sobre ele para você, mas é daqui que você vai partir para conhecê-lo. Lembrem-se que as personagens não são apenas aquilo que mostram, mas também (e principalmente) as coisas que escondem: sentimentos, ações e verdades.
Assim, dependendo da história que você vai contar é importante que essa personagem seja delicadamente esculpida aos poucos. Suas facetas se revelam nas ações, você só precisa conhecer o básico dela, as camadas que você pode determinar no status quo. Se você deseja um material mais aprofundado sobre personificação, pode fazer o download deste material gratuitamente.

Tipos de personagens

Agora você entender qual o tipo de personagem que está criando para estabelecer tudo que deve sobe ele. Determinar o tipo ajuda a criar um volume de informações sobre ele de acordo com a sua relevância para os protagonistas jogadores, bem como para o cenário e conflito. Lembre-se de identificar estes elementos antes de criar os personagens, para que tudo entre em sintonia e não tenhamos um elenco desbalanceado.
Quanto à ação: ativo ( muda e interage com o ambiente) e passivo (é mudado pelas coisas e pelo ambiente, a história o conduz e ele parece, às vezes, um mero espectador). Esse tipo de personagem provoca plots e arcos interessantes, como por exemplo, a possibilidade dos protagonistas intervirem em situações de urgência, mudando o rumo dos acontecimentos para os NPCs ou o próprio conflito da trama.
Protagonistas: são os personagens dos jogadores, em torno dos quais a história é desenvolvida.
Co-protagonista: é o segundo personagem mais importante, geralmente NPCs. Possuem uma relação próxima com o protagonista e os auxiliam na busca de seus objetivos.
Antagonista: o antagonista se contrapõe ao protagonista, mas nem sempre está presente nas narrativas. Algumas vezes aparenta ser o vilão da história e pode não ser uma pessoa, mas um ideal, uma instituição, um grupo, algo que dificulta os objetivos do protagonista. Aqui existe um segredo: o protagonista não é uma antípoda completa do protagonista, ele se opõe aos protagonistas sempre em relação a algo, como um conflito onde defendem interesses antagônicos, alguém ou algo no cenário. Observar isso acaba por afastar a ideia de um inimigo por simples rivalidade, dá profundidade à relação de antagonismo e permite jogar NPCs de um lado ou outro (co-protagonista ou antagonista) conforme os acontecimentos se deslindam.
Oponente: o oponente é o parceiro do antagonista, em uma relação similar à existente entre protagonista e co-protagonista. Pode ser um amigo, parente ou funcionário do antagonista principal.
Coadjuvante: é um personagem que auxilia no desenvolvimento da trama, exercendo uma função que pode, ou não, estar relacionada com a história principal. Existem coadjuvantes que morrem para fazer a trama acontecer, tenha em mente que a função dele se relaciona com a trama (conflito mais cenário ou enredo)
Figurante: o figurante não é fundamental para o enredo principal e tem o objetivo de tornar robusto o ambiente.

Métodos de criação

Agora que vimos o que é importante saber para criar bons personagens na medida certa de informações, vamos aos métodos, que são escolhidos conforme o grau de profundidade que desejamos que tenham.

Método das dez camadas

O método das dez camadas é algo mais profundo. Guarde esse método para personagens mais complexas. Tenha em mente que esse método permite apenas vislumbrar as camadas, porque vamos conhecê-las apenas quando o personagem está em ação, é justamente por isso que você como narrador deve apresentar uma camada de cada vez, sempre em momentos relevantes e coerentes para trazer essas informações. Responda os questionamentos do link sobre a personagem e divirta-se.

Método de Luz e Sombra (Stanislavsky)

O método stanislavsky para criação de personagens no teatro pode ser aproveitado para criar seus “bonecos” de RPG. para que você utilize esse método é importante conhecer duas ferramentas que ajudam na compreensão das emoções e comportamento do personagem: a análise ativa e o subtexto, respectivamente, o que o personagem faz e que diz quem ele é, mas também aquilo que ele não faz ou deixa subentendido.
Análise Ativa: é uma maneira dos atores analisarem o material proposto pelo texto dramatúrgico na ação cênica, nos ensaios, ou seja, procurar compreender a obra dramática através da ação praticada ou improvisada. O jogador de RPG faz isso toda vez que interpreta um personagem.
Subtexto: é aquilo que não está escrito explicitamente no texto dramático e é colocado nele a partir da análise do texto pelo ator. O subtexto estabelece o estado motivacional da personagem e também uma distância entre o que é dito no texto e o que é mostrado pela cena, podendo inclusive contradizer ou aprofundar aquilo que a personagem está realizando.
Esse método de criação e também chamado de “sentir pensar agir”. Um personagem pode agir com base na razão ou emoção. Determine qual é mais predominante na personagem. Pode ser que o personagem aja irracionalmente, como através de um gatilho, por exemplo, tornando-se impulsivo.
Pense em como ele se comportaria em determinadas situações, sempre levando em consideração o seu passado, tudo que ficou estabelecido, mas principalmente, como ele conversa com o contexto e o cenário, com as demais personagens e quais são seus conflitos. Sentimentos que necessitam corresponder a uma carência, chamada de necessidade, e sabendo disso, podemos identificar como a personagem agiria para obter o que precisa. Depois que você sabe como a personagem age e entende como ela sente, você pode presumir o que ela pensa. Opiniões, ideias, conclusões sobre fatos e pessoas. Clique aqui e preencha a ficha de criação por esse método.

O método resumido

Com ele você vai criar uma personagem que se chama de linear, que poderá ser trabalhada ao longo da história, mas em princípio, nós precisamos atribuir verossimilhança e profundidade ou relevo a essa personagem de forma simples. O relevo autoral é a atribuição de habilidade para a personagem, elas estão ligadas à história dela. O passado dela cria uma espécie de modus operandi, que vai guiar a tomada de decisões. Crie luz nessa personagem atribuindo cinco virtudes. Após, veja como essa luz lança sombras sobre ela, que são 5 características negativas opostas às virtudes. A profundidade do relevo é dada pela sombra de fundo, que são fatos do passado que essa personagem carrega, dos quais ela se envergonha, que podem implicar no desenvolvimento do seu arco, e que na maioria das vezes, são determinantes para o futuro dela. A sombra pode influenciar sobre um arco de redenção, vingança, perdão, entre outros.

Arquétipos

Os arquétipos são uma maneira muito prática de criar personagens. Se você procurar pela internet vai encontrar muitas informações sobre os arquétipos que são aplicáveis à área de recursos humanos ou até à astrologia. Vou mostrar para vocês os arquétipos literários que foram criados pelos Eleazar Meletinski (arquétipos performáticos) aqui neste link.

Agora que conhecemos três métodos de criação de personagens, tenho certeza que você já teve vários insights, basta levantar as mangas e partir para o trabalho, mestre!

Conexão com o futuro #6 – Retropunk

Na última da nossas conexões com o futuro Retropunk darei algumas sugestões para campanhas nesse cenário cyberpunk. Dessa forma, fique comigo se você se interessa por toda essa discussão sobre o que punks como seus jogadores podem operar nesse mundo. Valendo lembrar que cada mesa tem suas próprias características, facções, megacorporações e objetivos.

Sem mais delongas, começaremos pelo clima. Qualquer jogo cyberpunk vai abordar o futuro sombrio onde a tecnologia se tornou o recurso mais importante e o único que é levado em consideração. Tecnologia é poder. Tudo o mais foi reconsiderado e deixado para trás. Por isso, em minha opinião, o melhor clima possível para esse jogo é uma fantasia sombria.

Futuro Retropunk

Realidade híbria Retropunk

Antes de tudo, sempre recomendo que em um sistema novo, você, leve seus jogadores para conhecerem o novo mundo em que estarão jogando. Certamente para uma exploração. Coloque-os como os novos punks começando uma vida como mercenários de aluguel, fazendo trabalhos para todas as pessoas que tem recursos, seja financeiro (moeda) ou, definitivamente, tecnologia.

Dentro de Retropunk, uma megacorporação sempre vai querer derrubar a outra, isso não é novidade. Sempre vão querer serviços como sabotagem, roubo, furto, assassinato e recuperação de objetos perdidos. Certamente uma campanha iniciaria onde uma organização quer recuperar um objeto que foi roubado, por uma facção ou por uma megacorporação. Sem dúvidas ela poderia finalizar com o objeto sendo tão importante que levaria uma megacorporação dominante a falência.

Diversos inícios…

Cenário Retropunk

Os punks podem ser ex-corporativos, contratados como mercenários e até mesmo membros que querem formar uma facção ou uma megacorporação. Por isso, seu início pode ser, sim, nas ruas, sobrevivendo todos os dias e podendo enfrentar um inimigo por vez. Por outro lado, ele pode começar por cima, já tendo muito recurso e com diversas informações de como manter seu império.

Outra oportunidade refere ao mundo híbrido, de realidade virtual. Isto, inclusive, é excedente ao jogo Cyberpunk 2077. Um jogo inteiro feito no ciberespaço onde os jogadores podem ter acesso a outro universo de informações e possibilidades. Oportunamente eles poderiam encontrar hackers inimigos, que dominam essa realidade virtual, descobrir informações sobre as megacorporações e afetar facções e toda a realidade.

Um bom jogo sempre possui um bom vilão

Vilão Retropunk

O futuro retropunk não é diferente de qualquer outra realidade. Geralmente aqui os vilões são organizações ou facções, ou seja, são construtos coletivos. Em suma, nada impede que o chefe, CEO ou o líder de uma gangue seja o grande vilão, a criatura odiável ou que cause identificação que você queira. No entanto, conclua que um bom jogo precisa de um antagonista à altura dos grandes feitos dos personagens, só assim estaremos motivados até o fim de nossas campanhas.

Por fim, nossa jornada se encerra, punk, gostaram dessa viagem ao cyberfuturo? Você me conhece, sou Kastas, do Contos da Tríade e se quiser conhecer meus outros textos dos outros sistemas, por favor, clique no link. Em suma, para conhecer mais do meu trabalho, nos siga no instagram! Caso tenha interesse nos textos anteriores, por favor, clique no link para o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto textos. Te vejo na próxima jornada!

Ideias para Aventuras – Chamado de Cthulhu

Neste post você encontrará duas ideias para aventuras utilizando o sistema Chamado de Cthulhu!

Chamado de Cthulhu é um jogo de RPG com foco em suspense e terror pessoal, ele pode ser ambientado em qualquer época do nosso munda, mas as maiores referências são os anos de 1920.

O RPG Chamado de Cthulhu é baseado nas obras de H.P. Lovecraft em que horrores antigos, em seu “torpor”, ou acordados, interferem na realidade e existência.

Ideias para Aventuras – Chamado de Cthulhu

Abaixo coloco para vocês duas ideias de aventuras, cada uma delas tem o nome e uma breve descrição da aventura.

O Indo Além contém, por exemplo, ideias de plotes twist e perguntas para ajudar no desenvolvimento da trama.

Hotel Admiral Fell (Ideal para 4 jogadores)

O ano é 1923 e os jogadores acabam presos por uma forte tempestade, que obriga a buscarem refúgio em um hotel em uma colina à beira mar.

Ao entrarem na recepção, são atendidos por uma receptiva moça, que os informa ter quartos disponíveis, os quartos 413, 425, 613 e 625.

A tempestade se intensifica nos próximos dias e a cada dia que passa, se torna mais difícil querer ir embora.

Porém visões, sussurros nos corredores, uma inquietação violenta e pesadelos fazem com que os personagens comecem a se questionar o que é real.

Anos atrás algumas tragédias ocorreram neste hotel e talvez, agora, elas queiram acontecer novamente.

Por trás das cenas

Primeiramente, pense nos acontecimentos, como eles interferem e o que eles mostram aos personagens.

Porque os jogadores não vão embora? Houve um deslizamento, as estradas estão fechadas?

Como a perda de sanidade influenciará nos personagens? Será que algum acabará cometendo suicídio se jogando do penhasco?

O que está desencadeando esses acontecimentos? Há algum ser sobrenatural orquestrando tudo?

O Submarino (Ideal para até 6 jogadores)

O ano é 194O e os jogadores são marinheiros americanos,  testando um novo submarino, que deve suportar maiores profundidades e ser um diferencial para a vitória na guerra.

Tudo vai bem, até o submarino começar a alcançar maior profundidade.

Casos de violência, pesadelos e visões começam a ser comuns entre os tripulantes, o capitão não é mais visto a dois dias.

Além disso, os mecanismos de emersão não estão funcionando adequadamente.

Os pesadelos incluem atos de tremenda violência e visões de uma criatura parecida com um polvo gigante.

Por trás das cenas

Primeiramente, qual o papel dos jogadores no submarino?

Além disso, será que alguém não está sabotando o submarino?

Como a influência de Cthulhu interfere nas ações e pensamentos dos personagens? Por exemplo, estão paranóicos com a possibilidade de um espião?

Assim, como será a perda de sanidade dos jogadores e o que isso influenciará na sobrevivência de todos?

Por fim

E aí?

O que achou dessas ideias para aventuras em Chamado de Cthulhu para você usar nas suas aventuras?

Eles podem ser usados como one shots ou mesmo campanhas, vai da sua criatividade.

 


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Revista Aetherica

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