Diário do Caçador – Resenha

Você confere abaixo a resenha do Diário do Caçador, publicado pela Produtora Coisinha Verde.

A resenha foi escrita por Felipe Kopp, um grande amigo, que já contribuiu anteriormente ao MRPG com a resenha de Mouse Guard, que você confere clicando aqui!

Meu querido diário…

A pandemia de covid-19 impactou a vida de todos. O mundo modificou hábitos e reaprendeu a estar com familiares e amigos.

Praticamente tudo sofreu algum tipo de mudança e assim, com os jogos de RPG, não foi diferentes.

Por conta do distanciamento social e do isolamento, muitas mesas foram interrompidas ou deram lugar às jogatinas por vídeo chamada.

Dessa forma, pensando nisso, a editora independente Coisinha Verde lançou, agora em 2021, Diário do Caçador, de autoria de Tiago Junges e ilustrações de Rafael Sinnotti.

O livro tem 50 páginas e é uma ótima ideia para esses tempos pandêmicos, pois se trata de um RPG feito para se jogar sozinho.

Porém, diferente da maioria dos livros-jogos que oferecem partidas solo, aqui não há uma história pré-definida em que você apenas faz algumas escolhas.

Quase tudo é gerado de forma aleatória (ou procedural, para usar uma palavra da moda), o que torna a experiência quase infinita, como em todo bom RPG.

Faça você mesmo

Diário do Caçador parte de uma premissa simples, mas interessante. Nele você assume o papel de um caçador que vaga por aí matando monstros e bestas gigantes.

Entre uma caçada e outra, você tira um tempinho para registrar suas aventuras em um diário, contando em primeira pessoa cada momento épico da sua jornada.

Assim, a narrativa oral em torno de uma mesa com os amigos dá lugar à escrita solitária em um caderno, o que não diminui em nada a sua qualidade como RPG, já que é possível inventar histórias tão boas quanto em uma partida convencional e, quem sabe, até compartilhá-la com o seu grupo.

Uma das coisas mais legais do jogo é que ele inicia antes mesmo da criação do personagem. A primeira coisa a fazer é produzir um diário no qual você irá escrever suas caçadas. Claro que você pode pegar um caderno qualquer para isso, mas o manual sugere – e eu recomendo muito! – produzir um você mesmo.

Eu levei três dias confeccionando o meu. Isso ampliou muito a minha imersão no jogo. Minha vontade era escrever esta resenha nele, de tão bonito que ficou.

Se alguém se interessou, eu envelheci as páginas com café, fiz a costura delas com corda de linho, e comprei um pedaço de couro sintético para a capa. A pena é de pavão e a tinta é de carimbo.

O mundo precisa de um herói

Não existe um mundo pronto em Diário do Caçador. Assim, neste livro você pode escolher um cenário já existente ou criar o seu próprio, a escolha é sua, porém nele devem haver bestas enormes para serem caçadas e poucos dispostos a se arriscar nessa empreitada.

Primeiramente, há seis profissões para o jogador escolher, cada uma delas com suas características, vantagens e equipamentos iniciais, incluindo armas, armaduras, escudos e poções.

O Acadêmico é especialista na fabricação de poções e equipamentos especiais.

Bárbaro, como em todo RPG, é o combo de pontos de vida e dano.

Eremita sabe usar bem o ambiente e tem um companheiro animal.

Ferreiro, além de forte, tem a habilidade de produzir equipamentos comuns.

Místico é a única profissão que dispõe de magia.

E o Nobre usa de seu status e riqueza como vantagens.

As profissões são equilibradas e proporcionam abordagens únicas na hora de resolver os conflitos. Durante a caçada, é muito importante que o personagem esteja bem preparado e tenha traçado sua estratégia de combate de acordo com suas vantagens, porque – acredite! – não será nada fácil.

Após selecionar sua profissão e anotar as informações iniciais na ficha, é recomendado que você escreva uma ou duas páginas contando um pouco do background do personagem, sua origem e motivação.

Tabelas e mais tabelas

Diário do Caçador é um RPG sem alguém que prepara a história de antemão, praticamente tudo é decidido de maneira aleatória por meio de rolagem de dados de 6 lados em tabelas. Desde a localidade onde você iniciará ao tipo de besta que irá encarar, passando pelo desafio que enfrentará no caminho ou a recompensa que obterá no final.

Como já mencionei, o foco principal do jogo é a caça às bestas gigantes que atormentam a vida das pessoas comuns. A caçada se divide em três etapas: investigação, rastreamento e luta.

Ao final de cada uma delas, você deve narrar os acontecimentos em seu diário, mas sem a obrigação de contar tudo em detalhes. Melhor é dar mais ênfase aos momentos marcantes.

Investigação

Na etapa de investigação, o personagem busca informações, junto aos NPCs, sobre a Besta que deverá abater. A partir de rolagens em uma tabela, pode descobrir características sobre a criatura, vantagens do terreno onde ela se encontra ou mesmo ganhar itens que irão ajudar na sua missão.

Você enfrentará um tipo de monstro decidido na sorte, tudo é surpresa. Se o jogador não descobriu muito nessa etapa, só vai saber quais inimigo vai enfrentar quando estiver cara a cara com ele, e isso não é bom.

Rastreamento

Na etapa anterior, você investigou sobre a besta, agora está no encalço dela. Para isso, mais uma vez, deve jogar dados em tabelas para saber o que há no caminho. Você pode achar recursos valiosos, ser atacado por animais selvagens, ter que lidar com armadilhas do terreno.

Sim, eu escrevi as primeiras páginas com pena e tinta. Como que as pessoas faziam isso antigamente sem passar tanta raiva?

Na melhor das hipóteses, encontrará rastros da criatura, que o conduzirão ao seu objetivo.

Na pior, a criatura encontrará você primeiro! Por ser a parte principal e mais complexa do game, a terceira etapa, o combate, ocupa várias páginas do livro.

Luta

Você investigou a besta e rastreou seu alvo.

Por fim vem a luta.

O personagem alterna os turnos com a Besta. Na sua vez, pode realizar uma série de ações, como atacar, se esconder, beber poção etc.

No turno do inimigo, tudo – como era de se esperar – você decide por meio de tabelas, muitas tabelas!

Nesse sentido, o combate se torna uma surpresa desafiante, mesmo em um jogo de RPG solo.

Contudo, ter que ficar folheando páginas para conferir resultados de jogatinas de dados pode cansar um pouco depois de um tempo.

Aliás, um pequeno parêntese.

Tiago Junges projetou o livro-jogo para uso solo, porém há um modo alternativo cooperativo. Mas sério. Ledo engano se você acha que isso facilitará as coisas, pois as Bestas têm os pontos multiplicados a cada novo jogador.

As Bestas

Durante a etapa de rastreamento, você pode se deparar com diversos animais selvagens durante a sua caçada. Mas é a boss fight final contra uma das Bestas que interessa de verdade.

Durante esta resenha, eu mencionei várias vezes que elas eram gigantescas, só não disse o quanto. A menorzinha tem “apenas” 3 metros de altura, mas algumas podem chegar a mais de 100 metros (mais do que um prédio de 20 andares!).

Nesse sentido, existem regras especiais para que o jogador escale esses monstros ou como proceder caso o monstro engula você. O livro apresenta, ao todo, 18 Bestas. No entanto, o elemento, a fraqueza, a fúria e os ataques especiais são sorteados de forma aleatória. Como? Imagine você, por tabelas e cada bicho desses é único, impondo desafios e estratégias
diferentes.

As Bestas têm 10x mais pontos de vida do que você, possuem couraças espessas que demoram para serem penetradas e desferem ataques especiais capazes de matá-lo em poucos turnos. Por isso, é muito importante que seu personagem se prepare, com os equipamentos e poções certas e que tenha trace um plano de combate – além de contar com a sorte.

Uma das mecânicas inovadoras do jogo é que, após derrotar o monstrengo, você pode extrair partes da sua carcaça para que você produza itens especiais, como armas, armaduras e poções.

Também é depois da sua vitória (ou não) que você sentará em torno de uma fogueira ou taverna para narrar o combate épico em seu diário, transformando aquelas tabelas todas em cenas memoráveis que você deixará para a posteridade.

Por fim

Diário do Caçador é uma excelente opção de RPG solo, diferente de outros que se encontra no mercado. A ideia de narrar uma história para você mesmo, por meio de um diário, não é forçada, pois casa totalmente com a premissa do game.

Além da diversão, esse recurso é um ótimo exercício de escrita criativa para aqueles que almejam ser escritores ou só querem aperfeiçoar sua capacidade de contar boas histórias. Inclusive, acredito que seja algo promissor para professores usarem em sala com seus estudantes. O livro físico é vendido no site da editora, mas pode ser baixado gratuitamente por lá mesmo.

Aliás – anota aí no seu diário – indico dar uma olhada nos outros trabalhos da Coisinha Verde. Você vai encontrar jogos de RPG e boardgames bem diferentes dos convencionais, muitos deles gratuitos para download ou em campanhas de financiamento coletivo.

 


 

E por último, mas não menos importante, se você gosta do que apresentamos no MRPG não esqueça de apoiar pelo Padrim, pelo PicPay, pelo PIX e agora também no Catarse!

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Revista Aetherica

Desvendando o Sistema #5 – Rastro de Cthulhu

É relevante que abordemos sobre os dois aspectos de Rastro de Cthulhu; as preocupações que um mestre/narrador precisa ter e como os jogadores/investigadores podem se desenvolver bem nesse sistema. Isso leva a perceber que existem poucos conteúdos sobre como os jogadores podem desenvolver-se em um jogo. Fica evidente que uma das causas se dá pela liberdade do jogo, no entanto há aqueles que adorariam um guia interpretativo para uma maior pesquisa e um personagem mais condizente ao jogo.

Abordaremos hoje, por esse motivo, o Guia Interpretativo de Rastro de Cthulhu, e, posteriormente, falaremos também sobre como montamos um personagem nesse sistema. Antes, cremos ser mais importante dizer “vamos pensar sobre o conceito e como executá-lo para só depois fazer a ficha e pensar na mecânica”, concorda?!?

Rastro de Cthulhu

Mais uma vez, investigadores

Independentemente se você gosta de jogos pulp ou purista (se quiser entender desses termos, leia esse texto), há de se concordar que os personagens que compõem o cenário do Rastro são investigadores. Se seu investigador é um explorador, curioso ou um analista de informações de seu escritório, só você definirá, é relevante que ele seja investigador das causas ocultistas e dos Mythos.

Como produzir, então, um investigador condizente a um jogo de horror pessoal? Saiba ser realmente curioso. É o primeiro passo dentro desse universo. Fique curioso por tudo aquilo que circunda a história de seu personagem, levando em consideração que se alguns eventos acontecessem em nossa vida real, não conseguiríamos deixar de perseguir A Verdade.

Digo isso pois, se você sonhasse todos os dias o mesmo sonho com mensagens ocultas e descobertas, você provavelmente não deixaria quieto e seguiria sua vida, pois mesmo os sonhos podem corroer sua mente e não deixá-lo mais em paz. Pode ser esse o começo do contato de um investigador com os Mythos. O mundo onírico é facilmente dominável pelos Grandes Antigos.

Investigador

Seja tão racional quanto emocional

Outro elemento inegável é de que você pode ser um gênio da racionalidade, no entanto, deve admitir que não é tão elevado a ponto de não sentir mais medo, frustração ou impotência frente a determinadas situações. Esses são afetos e sensações comuns quando falamos de horror cósmico. Você estaria se deparando com criaturas colossais com o poder para, literalmente, destruir sua realidade em um piscar de olhos.

Pensando por essa grandeza, como poderíamos não ser dotados de emoções durante o jogo, tanto quanto da razão? Os investigadores devem ir atrás de pistas lógicas, também para lidar com A Verdade e resolver um mistério (satisfação), quanto para deixar de correr riscos (medo da morte, de perder entes queridos, etc). Deve haver um meio termo entre a razão e a emoção, e os dois devem aparecer no meio dessa campanha.

Tá, mas e o elemento principal?

O elemento principal desse jogo não poderia ser outro, no caso de Rastro de Cthulhu, nos referimos a estabilidade e a insanidade. Sendo o primeiro uma primeira defesa do investigador para não enlouquecer e o segundo, sua total abdicação da realidade. Fica mais simples se pensarmos que nenhum de nós quer enlouquecer e que temos várias barreiras antes de chegar a esse ponto.

Quando perdemos uma quantidade grande de estabilidade, nosso corpo reage de uma forma incomum para evitar maior contato com a situação enlouquecedora (negação da realidade, fuga, etc). Foque nessas reações com real interesse, pois eles vão fazer com que você se aprofunde, cada vez mais, dentro do seu personagem. Por fim, não se esqueça que, quando seu personagem enlouquecer, é como se você tivesse enlouquecido junto, se permita sair da casinha dentro do que o jogo propõe (e um pouco fora, porque não?) para vermos como o jogo fica cada vez mais interessante.

Investigadores contra Mythos

Os jogadores também constroem o jogo e são por eles responsáveis.

Eu sou Kastas, do Contos da Tríade, e digo que o medo é o combustível para um jogo de Rastro de Cthulhu! Se quiser saber mais sobre esse e outros sistemas, clique nesse link!

E, se tiver algum interesse em entender como realizar campanhas emocionais, confere uma das nossas campanhas lá no YT, vou deixar o link aqui, considere se inscrever no canal e acompanhar o trabalho.

Surpresa! – Falando Dungeons and Dragons #01

Olá! Hoje inicio uma série de textos sobre esse nosso querido Dungeons and Dragons, mais especificamente sobre a 5ª Edição desse jogaço!

Lançado no Brasil pela Galápagos Jogos em trabalho extremamente fiel ao material original, esse RPG atinge um público absurdo e por mais que sua popularidade sempre esteja em alta, vejo que o modo mais tático abordado pelo sistema exige um certo cuidado com suas regras e mesmo esta edição sendo uma das mais simples em comparação franca com edições passadas, ainda noto a necessidade de abordar e tentar com a ajuda de vocês, entender e esclarecer algumas de suas regras mais – digamos assim – chatas minuciosas, que podem fazer uma boa diferença em suas campanhas.

Rodada Surpresa não é um dragão de cinco cabeças!

Uma pedra nas botas de todo jogador iniciante e até de veteranos acostumados com edições anteriores é a famigerada rodada surpresa, e para ajudar a estabelecer as coisas é importante dar atenção à esses seguintes detalhes:

1 – uma rodada é uma medida de tempo de 6 segundos onde todos os envolvidos em uma cena realizam seus turnos e o que cada um faz em seu turno é algo pessoal;

2 – A ordem de ações dentro de uma rodada é definida pela rolagem de Iniciativa;

3 – Surpreso é uma condição que acontece apenas na primeira rodada de um combate.

Isso mesmo, a condição Surpresa acontece APENAS na primeira rodada do combate e independe até mesmo da ordem das iniciativas, tendo isso em mente vamos ver…

…como acontece uma rodada surpresa?

Imaginando um cenário onde existam dois grupos distintos de personagens em vidas de entrarem em um conflito, uma rodada surpresa só acontece com o consenso do Mestre do jogo.

O Mestre estabelece quem na cena pode ser pego desprevenido se um dos grupos tentar agir furtivamente contra o outro, pedindo uma comparação de Destreza (Furtividade) do lado que quer surpreender, contra Sabedoria (Percepção) do lado a ser surpreendido e qualquer um que fracassar em notar um atacante furtivo inicia o combate surpreso.

Tendo estabelecido esse cenário onde há uma rodada surpresa, agora todos os envolvidos no combate rolam suas iniciativas normalmente, o “X” da questão é que qualquer personagem surpreso nessa rodada inicial, não pode realizar nenhuma ação, reação, ação bônus ou movimento, mesmo se esse personagem surpreso conseguir ganhar a iniciativa.

“Ah, mas e se eu estiver escondido durante todo o combate e só atacar depois?”; “Ah, mas e se eu me esconder durante um combate?”; “Ah, mas e se eu estiver invisível durante um combate?”

Não muda nada, rodada surpresa acontece somente na primeira rodada e pronto, mas nada impede de você prosseguir a cena sendo um atacante oculto, que é uma outra coisa.

“E a habilidade Assassinar de um dos Arquétipos do Ladino?”

Essa é uma outra história. Quer um fluxograma completo sobre essa habilidade? Comenta aqui em baixo, manda recado, escreve carta, faz protesto que eu trago esse e muitos outros tópicos polêmicos nas próximas oportunidades.


Espero que vocês tenham gostado e para finalizar uma pergunta chave para você leitor: O que você está fazendo que ainda não se tornou um dos nossos Patronos?

Desejo a todos muito boa sorte em suas rolagens, exceto, (claro) se forem contra mim.

Se você gosta de D&D 5ª Edição conheça mais textos deste sistema dentro do Movimento RPG Clicando Aqui!

Abraço!

Celestia e a Intervenção Divina – Continente de Deva

Em um pequeno vilarejo no Porto Solaris, nasce Celestia, filha de dois pescadores locais. Naqueles tempos os comerciantes passavam por uma fase de escassez, não podendo nem mesmo pagar por suas ferramentas de pescas ou transporte para reinos vizinhos.

Com o seu nascimento, vários outros filhotes de peixes surgiram no velho porto, trazendo abundância e riqueza com o passar dos meses.

Os pais da pequena tinham uma fé inabalável em seus corações, acreditavam indubitavelmente em seu Deus e sabiam que a sua criança seria especial diante de teus olhos.

Celestia ainda quando criança, começou a ter visões em seus sonhos, onde uma forma celestial a aconselhava e a mostrava seu propósito de vida na terra.

Aos dezoito anos, a jovem decidiu sair do pequeno porto e iniciar a sua jornada, caminho que a fez ganhar glória e respeito, conquistando anos mais tarde seguidores fiéis que serviriam para a sua missão.

Pôde viajar por quase todo o continente, adentrando templos e cidades pregando suas profecias.

As diziam que logo teriam um reino criado pelo onipotente e supremo Pai Celestial, onde todo e qualquer ser seria respeitado. A teocracia iria reinar, e Deus iria falar através de seus escolhidos.

No início poucos acreditavam em suas pregações de respeito e paz entre os povos e de que esse lugar realmente existiria.

A tal profecia levou ao início de perseguições demoníacas fazendo com que ela se disfarçasse e recorresse a moradia em florestas.

Andando nas matas a procura de um abrigo avistou um ser verde que quase sumia entre as árvores e as plantas do local.

O seu nome era Elb, um pequeno goblin que horas antes havia sido expulso de sua tribo em Hera.

O pequeno estava um pouco assustado, se aproximava pouco a pouco de Celestia, que, mesmo sabendo que o goblin não tinha tanta inteligência, pregava em palavras sábias suas visões e aprendizados de vida.
Com o tempo ambos se aproximaram, e Elb a compreendia cada vez mais, podendo mais tarde viajar o mundo e trazer mais seguidores para ela.

Após alguns meses Celestia já havia conquistado inúmeros fiéis, grande parte deles, raças que sofriam preconceito e eram isolados ou escravizados pela sociedade. Seres antes perdidos nas florestas começaram a ressurgir, Orc’s que evitavam sair em feiras, Tieflings que não saiam de seu território por vergonha, se sentiam a vontade perto de humanos e uma celestial.

Se sentiam abençoados pela sua presença e escolhidos para uma grande ascensão no mundo.

Com a chegada de Celestia algumas pessoas preconceituosas e escravagistas começaram a difamar o seu nome, tentando prejudica-la para que perdesse seus seguidores e até fosse enforcada em público pelas suas supostas mentiras.

Após alguns meses as pessoas estavam dividas entre o lado do bem e o mal. O bem que para os mais fracos traria paz territorial e racial, e o mal que para outros se beneficiariam com lucro e poder.

O perverso rei louco do reino de Deimon, juntava nobres e escravagistas que lutavam para que o caos continuasse reinando ali naquelas terras.

A guerra se iniciou quando as pessoas começaram a matar umas às outras. Saqueadores vindos de Deimon começaram a roubar e incendiar casas de seguidores de Celestia. Assim como amavam a luz e sonhavam em toca-la morreriam com ela, dizia o rei louco, Clais Kriator.

A aasimar convencida pelas suas visões, juntou todos que podia e em uma pequena tenda ao meio da floresta sombria iniciou seus planos de ataque contra o rei, que cego pelo terror de Asmodeus, estaria disposto a matar milhões e escravizar os que sobrariam.


Este texto foi escrito pela Guilda Renegados um servidor do Discord onde você pode se tornar membro e ter um universo de diversão a seu dispor! Para entrar no servidor é só clicar Aqui!

Carril – Itens Engenhosos Para Seu RPG

Senhoras e senhores, apresento-lhes a minha nova obra de engenharia medieval: O Carril! Ou “Carrinho de barril” para os menos íntimos.

Ele tem um bom espaço interno para guardar itens, pode ser puxado por tração animal (Um cavalo puxa 3 bem cheios com tranquilidade) ou por qualquer personagem de força 8 ou mais (D&D)!

O espaço é dividido entre o compartimento superior e o inferior (o das rodas). Se tirar o estrado que divide os dois fica um péssimo espaço aonde personagens de até 1,80m podem dormir encolhidos com os joelhos dobrados e personagens de até 1,24 podem dormir esticados, completamente protegidos da chuva e de predadores noturnos (predadores que não saibam arrombar uma boa tranca, claro).

A parte de cima eleva para dar acesso ao compartimento inferior. A tampa levanta para acessar o compartimento superior.

Ele é muito pior do que uma carroça na estrada, pois custa o dobro e não cabe 1/4 da carga, mas é feito sob medida para aventuras que não podem seguir por um caminho tão seguro, pois ele pode enfrentar terrenos com vegetação rasteira, pode ser puxado em florestas e bosques densos (por ser estreito) e ainda vai seguro em encostas com inclinação lateral de até 45º (ao inclinar as suas rodas)!

Além disso pode recolher um pouco as rodas laterais e passar em um túnel com apenas 1,10m de altura por 1,22m de largura.

Uma coisa legal é que se você passar uma cera na borda de vedação antes de fechar, ele vai ficar vedado e vai boiar na água sem tombar de lado (mas vai encharcar completamente o que estiver no compartimento inferior).

O Carril ainda é customizavel, você pode pintar, cobrir com couros, fixar ganchos e suportes do lado de fora para carregar armas, escudos, remos etc. Pode também colocar uma cela sobre a tampa superior para alguém ir sentado (ele tem amortecedores nas rodas, não parece mas é bem confortável).

Ele pesa 100Kg, tem capacidade de carga de 130KG em itens distribuídos nos compartimentos internos. Somando a carga interna com as coisas penduradas e personagens montados, ele não pode passar de 260KG de carga total, se não ele quebra e vai precisar de um teste e materiais para reparar, dificuldade e custo a cargo do seu mestre, de acordo com a extensão do dano.

Disponível na próxima cidade grande pela bagatela de 30 PO (D&D).

Mais algumas imagens desta maravilha da engenharia medieval.

Desvendando o Sistema #4 – Rastro de Cthulhu

Dados Cthulhu

Jogos de RPG se pautam em duas dinâmicas diferentes; a de contação de uma história conjuntamente e a dos jogos, onde há o elemento variável do resultado dos dados, sorte ou azar, o impacto da mecânica pode mudar o jogo. Há quem reclame, legitimamente, por não terem sorte nos dados. E também existem aqueles que precisam de uma prática com uma maior influência de dados. O que o sistema GUMSHOE pode nos oferecer?

Aqui falaremos de Rastro de Cthulhu enquanto história e seu sistema, GUMSHOE, utilizado para favorecer ao máximo a fluidez do jogo e impedir que os jogadores cheguem ao final de sua história sem depender apenas do resultado dos dados.

Por que o sistema GUMSHOE é um facilitador?

Há um questionamento que revolta alguns jogadores, experientes ou iniciantes, ter uma habilidade em algum jogo, não significa que eu sei fazer o que me proponho a fazer? Sim, e geralmente, em níveis diferentes. Há motoristas bons e ruins, e existe quem não saiba tirar o carro do lugar. Mas de que jeito eu posso transformar essa mecânica em algo real, que mensure a habilidade na hora que eu preciso dela sem o risco de tirar 1 e “desaprender” uma habilidade no momento em que mais preciso? Ou pior, morar no limbo do RPG de não chegar a lugar nenhum por simplesmente não acertar aquele nível de dificuldade?

O sistema GUMSHOE deixa que você tenha duas possibilidades: a) você tem pontos nas suas habilidades e pode usá-los além do resultado dos dados, gastando temporariamente aqueles valores, para chegar a um resultado e, b) podemos considerar que as pistas essenciais serão encontradas por você, para que o jogo possa seguir. No primeiro exemplo, se eu tenho 3 pontos em direção e preciso fazer um teste de nível de dificuldade 5, posso rolar o dado e acrescentar 3, 2 ou 1 pontos em meu resultado, para garantir que eu consiga fazer o que me proponho. Na segunda possibilidade, as pistas serão encontradas, e os jogadores chegarão ao próximo estágio da investigação caso interpretem as informações de forma aceitável.

Investigador do Rastro de Cthulhu

Como tornar o jogo fluído?

Se esse é um jogo de pistas de investigação que vai aproximar os jogadores do encontro com Cthulhu – ou de evitar que ele desperte – os jogadores precisam descobrir COMO farão isso. De que forma você pode fazer que eles encontrem as respostas? Trazendo-as para a narração e deixando que seus jogadores debatam sobre isso. Essa é uma forma muito dinâmica de jogo, pois você se livra da responsabilidade de deixar o jogo à mercê dos resultados dos dados e deixa de acordo com as ações dos jogadores, dividindo a narração com eles.

Dividir a narração os deixará compenetrados, focados em discutir as informações que receberam e em agir, isolada ou grupalmente. Eles mesmos te darão elementos narrativos interessantes para acrescentar, como pistas e informações falsas das deduções que você poderá abordar, bem como os medos e receios que seus personagens terão. Se ainda assim não for o suficiente, deixe-os criarem planos, os leve para o lugar errado, frustre seus planos. Faça-os se planejar de novo e o melhor: contra o tempo.

sistema Rastro de Cthulhu

 

Eu sou Kastas, do Contos da Tríade, e digo que o medo é o combustível para um jogo de Rastro de Cthulhu! Se quiser saber mais sobre esse e outros sistemas, clique nesse link!

Referências Gerais – Referências Para Império de Jade

Império de Jade é um enorme e homogêneo amontoado de referências orientais. E isso está muito, mas muito longe de ser ruim!

Grande parte da magia do universo do jogo é a possibilidade de dar vida e viver aventuras semelhantes àquelas obras que tanto curtimos! Independente de qual referência oriental mais te agradou, você pode se inspirar nela para criar seu Sentai, Antagonistas e até Tramas!

Referências não faltam e nunca são demais quando falamos de Império de Jade!

E só pra exemplificar o que eu disse, se você acompanhou Despertar da Fúria, nossa aventura em Império de Jade que rolou aqui Twitch do MRPG no fim de 2021 (e que teve as ilustres presenças de Marcela Alban e Bernardo Stamato) deve ter percebido que referências ali não faltaram, né?

De nomes de personagens à aparências e golpes, tudo podia ser facilmente relacionado a várias obras orientais diferentes!

Não se acanhe, não se envergonhe, não tenha medo! As referências estão em todos os lugares, use-as!

Quantas referências você consegue encontrar nas artes oficiais de Império de Jade?

 

Mangás & Animes

Os mais consumidos materiais orientais em terras brazucas são sem dúvidas os “quadrinhos” e “desenhos” orientais (principalmente japoneses).

Podemos colocar os dois no mesmo balaio, já que praticamente todo mangá ganha um anime e grande parte dos animes, quando não inspirados em algum mangá, acabam ganhando um (e ambos possuem as mesmas “classificações” quanto a público alvo e características técnicas).

As temáticas e formas de desenvolvimento são extremamente variadas, com propostas que vão desde crianças da primeira infância à adultos da terceira idade.

O que importa é que elementos usados em suas narrativas, formas de criação de personagens, tramas, cenários e elementos podem ser usados facilmente dentro do Império de Jade (caso já não estejam lá para serem usados naturalmente).

E os mangas e animes são classificados em

gêneros de acordo com sua proposta temática ou de público alvo, e todos eles tem seu espaço em Tamu-ra.

Não importa o gênero ou a temática, seu mangá pode ter as referências importantes sim!

Shonen – o clássico “material para meninos adolescentes” (falando de maneira grosseira). É o gênero que foca em um personagem ou pequeno grupo, com elevado número de poderes e batalhas, além do foco em temas como amizade, amadurecimento e conflitos pessoais.
O próprio livro base já usa alguns elementos que podem ser encontrados em várias obras shonen como Naruto (jutsus, ninjas, grupo de ninjas, organização política), Rurouni Kenshin (samurais, técnicas de lutas com espadas, kensei, organizações criminosa, sentais vilanescos), Kimetsu no Yaba – Demon Slayer (demônios oni, caçadores de oni, técnicas de combate, cenário do Japão), Dragon Ball (monges, técnicas de lutas, golpes), Ynu-Yasha (henges, onis, monges, técnicas de batalhas, shugenjas).

Shoujo – o clássico “material para meninas adolescentes” (falando grosseiramente também). São histórias e narrativas com maior peso em desenvolvimento de relacionamentos pessoais e afetivos, com grandes cargas dramáticas e maior peso nas adversidades de personagens e seus conflitos.
Engana-se quem pensa que com isso não reste espaço para batalhas épicas, poderes mirabolantes e personagens muito cativantes!

De Sailor Moon (com shugenjas, monges, técnicas especiais, demônios e onis) até Sakura Card Captors (com Jutsus, magias, mistura de elementos da cultura chinesa e japonesa, misticismo e artes marciais) os Shoujos também tem presença forte no Império de Jade.

Diga-se de passagem, há espaço nos Shoujos até para robôs e monstros gigantes (como Code Geass e Guerreiras Mágicas de Reyarth bem mostraram).

Ysekai – personagens tirados de sua realidade e transportados para uma nova realidade, onde viverão inúmeras aventuras e quem sabe até ganhar poderes especiais.

Portais dimensionais não são uma novidade em Arton ou Tamu-ra, já que a própria Tormenta é algo nesse sentido.

Trazer personagens de outros mundos para o Império de Jade pode render boas e divertidas aventuras, como a própria Jambô já mostrou em sua Twitch na aventura A Convocação de Valkaria.

Não importa o seu manga ou anime favorito, certamente alguns elementos ali podem ser usados como referências para suas próprias aventuras e histórias!

Tokusatsu

É como são chamadas as séries live-action japonesas.

Assim como os mangas e animes, também tem vários gêneros e franquias diferentes, e com mais de 45 anos de produção, é material que não acaba mais!

Super Sentai – é o estilo de tokusatsu com equipes de heróis em uniformes coloridos. Geralmente composta por 5 membros (mas em alguns casos com 3 ou mais de 5), sua principal influência em Império de Jade é na ideia dos Sentais (como o próprio nome já sugere).

Dos nostálgicos Changeman e Flashman aos americanizados Power Rangers, os super sentais influenciam em moldes de equipes, nas cargas narrativas e até mesmo para alguns Kaijus (já que os super sentais também são famosos pelos seus Monstros Gigantes).

Metal Hero – é o estilo do “herói metálico”, geralmente agindo sozinho ou com uma equipe de apoio secundária. Do Ninja Jiraya ao Policial de Aço Jiban, os Metal Heroes influenciaram algumas classes (como o samurai Lion Man ou os ninjas de Jiraya), Antagonistas (afinal os vilões são bem estilosos) e podem dar ideias de muitas tramas.

Henshin – o estilo de tokusatsu com heróis que se transformam para receber inúmeros  poderes e habilidades.

Os principais representantes desse gênero são as séries Rider, que possuem também varias versões diferentes.

No Brasil ficaram famosas pelas séries japonesas Black Kamen Rider e Kamen Rider Black RX, além do americano Kamen Rider – O Cavaleiro Dragão.

Tokusatsu e suas infinitas possibilidades de referências

Kaijus

Os monstros gigantes também estão presentes na ilha, e são uma ameaça constante.

Da clássica franquia Godzilla com seus inúmeros Kaijus, passando por outros gêneros que apresentam monstros gigantes como a franquia Ultraman, há muito material que pode ser usado como referência para se pensar uma aventura usando Kaijus.

Quanto estrago esses monstros podem fazer,? Qual a proporção de tamanho? Essas perguntas e muitas outras mais podem ser facilmente referenciadas através dessas obras.

Mesmo obras americanas altamente influenciadas pelas originais orientais como Pacific Rim tem seu material a contribuir com ótimas referências.

 

Cinema

Claro, não podemos esquecer do cinema oriental!

Embora poucas obras de fato cheguem até aqui (mesmo com o recente sucesso de obras coreanas como Round6) o cinema oriental tem material demais que deve sim ser usado como referência!

Não se engane achando que apenas o cinema clássico (como as obras do mestre Akira Kurosawa) podem ser usadas.

Existem obras tailandesas (Ong Bak mostra como um monge lutador pode ser mortal), coreanas e muito mais.

Claro que assim como o cinema ocidental tem suas fases e escolas, o mesmo ocorre com o oriental. Mas de modo geral, filmes sobre samurais, artes marciais ou mesmo sobre o feudalismo do oriente dão ótimas referências.

Mesmo algumas obras americanas se valem de toda a estética e mitologia orientais para fazer produções, como “Os Aventureiros do Bairro Proibido” ou “O Último Samurai“.

O cinema dramático por ser mais realista, e é uma ótima referência dos modos de vida, hábitos e modalidades da cultura oriental.

O cinema oriental e seu vasto conteúdo, cheio de referências

 

As Referências Não Param

Como deve ter percebido, referências para se usar em Império de Jade não faltam, e falar delas superficialmente em apenas um artigo não deve ter dado uma direção certeira (embora já deva ter te dado um rumo).

Que acha de fazermos uma série então de artigos, esmiuçando fontes de referências por agrupamentos?

Deixa aqui nos comentários o que achou dessa ideia!

Se quiser ajudar ainda mais o MRPG também, caso não tenha seu Império de Jade, adquira seu LIVRO FÍSICO ou LIVRO PDF nos links aqui do texto!

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E se curte a Jambô Editora, fique de olho no site pra não perder todos os materiais da editora que iremos trazer!

Então é isso, nos vemos no próximo artigo!

Arigatô, Gozaimas!!!

Refúgio de Ignis – Competição de Contos e Textos #01

Na Torre do Mago, todo mês ocorrem diversos eventos com premiações. No mês de novembro de 2021, realizamos o aguardado evento “COMPETIÇÃO DE CONTOS E TEXTOS”, pelo qual, seguindo determinadas regras, o participante poderia postar uma história, um gancho narrativo, uma experiência e, até mesmo, uma fanfic de sua mesa de RPG favorita e disputar o primeiro lugar por meio de votação do público do servidor.

As três melhores publicações serão postadas aqui para vocês, sendo que hoje trazemos nosso texto campeão do evento, intitulado Refúgio de Ignis, da autora Raquel Naiane, uma jogadora e artista do servidor.

Refúgio de Ignis

Tieflings são criaturas que eram humanas, mas que agora carregam em si a essência de Asmodeus por causa de um pacto feito há inúmeras gerações. E mesmo depois de anos, os humanos desconfiam da presença dessas criaturas e cochicham maldades umas às outras pela herança infernal que carregam. Por isso, há muito tempo, um senhor tiefling conhecido como Kairon, fugiu com um grupo de conterrâneos para além-mar afim de encontrar um lugar no mundo.

Após muitos meses de viagem, já cansados e quase sem suprimentos, eles encontraram uma ilha inabitada, localizada em um dos oceanos que se encontrava nos confins da terra, onde homens comuns não arriscavam ir e nem criaturas diferentes das quais já viviam lá ousavam visitar, e assim, começaram a construir um lugar onde pudessem ser eles mesmos, com seus chifres de diferentes formatos, suas caudas enormes, suas cores meio avermelhadas, cor de olhos sólidos e caninos afiados.

Os séculos foram passando e a ilha evoluiu, ficando conhecida como Refúgio de Ignis, de maneira que tieflings de várias partes iam até ali buscar abrigo, sendo reconhecida como um bom lar para aqueles com sangue infernal. Com o tempo e a prosperidade, eles aprenderam a se proteger, criar animais e plantas para consumo, aprenderam a fazer negócios com outras raças, e constituíram uma monarquia para liderar.

O povo, sempre feliz, agradecia pelo lugar próspero e seguro que havia sido formado, até que de repente, crianças começaram a nascer com a pele e chifres totalmente brancos, causando preocupação ao rei vigente que, após não ter sucesso em encontrar uma solução dentro da própria ilha, mandou aventureiros pelo mundo em busca de magos e estudiosos que pudesse ter a resposta.

As crianças continuavam nascendo sem coloração, porém muito saudáveis e, depois de anos, os aventureiros retornaram com um grande livro contendo histórias antigas, onde se dizia que em um passado muito distante, os tieflings nasciam todos incolores, e um ritual característico celebrado entre os 15 e 16 anos permitia que lhes fosse concedida sua “cor original”. Esse costume se perdeu com o passar dos anos e, após serem totalmente desprezados pelas outras raças, as cores avermelhadas passaram a prevalecer entre os da raça (uma nota de rodapé no livro dizia que a cor vermelha teria sido influência de Asmodeus).

Sabendo agora desse ritual, o rei começou a preparar a si e ao povo para quando as crianças completassem a idade prevista, pudessem passar pelo descrito, desse modo, ao chegar ao ano na qual inúmeros jovens teriam a idade próxima, o rei seguiu as instruções do livro: na maior lua cheia da primavera, todos os tieflings deveriam ficar no centro de uma grande arena, e assim que a lua encontrasse seu ponto mais alto, todos jogariam para o alto pétalas douradas (separadas da flor do Los, que conseguiram encontrar após muito esforço e passaram a cultivar no reino), e conforme os textos antigos, quando caíssem sobre os corpos e rostos ansiosos de vários jovens, suas cores começariam a surgir, começando pelos chifres e descendo até finalizar na cauda, permitindo que cores nunca antes vistas nessas espécies aparecessem. A partir desse ponto inicial, a cada dois anos o rei promove esse evento, que ficou conhecido como Ritual das Cores, para que todos pudessem adquirir suas cores originais.

Alguns anos à frente, Damaia e seu esposo Ekemon reinavam com suas duas filhas: a primogênita e sucessora do trono, Zendaya, e sua irmã, três anos mais nova, Maya.

Até que em um dia de tédio, a mais velha com 07 anos e a mais nova com 04, decidiram fugir das paredes do palácio sem os guardas perceberem e irem até a Floresta Esquecida, que era o lugar onde aventureiros da ilha iam para ficarem fortes, pois sempre apareciam monstros e criaturas para enfrentar, que de alguma forma, ficavam apenas na floresta (lendas diziam ser uma maldição que os tieflings trouxeram àquele lugar por causa de seu sangue).

Conseguiram chegar à floresta com muito esforço para não serem vistas, e imaginavam que conseguiriam ficar tão fortes quanto os aventureiros que ali adentravam. Andando pelo lugar, nenhum monstro elas encontraram, porém, acharam algo que chamou muito mais a atenção de ambas: um homem com roupas pretas, encapuzado e com uma bolsa lateral. Vivendo na ilha, elas apenas haviam visto em livros outros tipos de raças, e jamais imaginaram que encontrariam ali no reino criaturas sem chifres ou cauda, que tivesse pupila nos olhos ou dentes não pontiagudos, e assim, o interesse delas naquele ser totalmente esquisito cresceu.

O que elas não sabiam, é que por aqueles dias haviam acontecido inúmeros sequestros de crianças que por vezes não voltavam, ou quando acontecia de voltarem, estavam sem seus chifres e havia se descoberto que poderia ter algum intruso no reino que buscava pelos chifres, pois sem as cores, eles valiam um preço absurdo nas grandes capitais].

Começaram a conversar entre si e aos poucos o homem foi ganhando a confiança de ambas, até que disse que mostraria a elas uma magia muito bonita e a primogênita desconfiou sabendo dos perigos que a magia possuía. Ela começou a olhar em volta procurando por socorro e quando percebeu, o homem estava com a mão no ombro da mais nova enquanto proferia palavras e remexia sua outra mão na frente dos olhos da pequena, fazendo-a dormir e colocando seu pequeno corpo com cuidado no chão.

Zendaya, sem entender muito do que estava acontecendo, se aproximou do homem e viu quando, em um único golpe, ele cortou o chifre direito de Maya. Afoita, empurrou-o para o lado e começou a gritar pelos guardas, se dirigindo violentamente para cima do homem e arranhando-o no rosto com as mãos. Ele, por sua vez, de uma maneira muito fácil, jogou-a para longe, voltando-se para a tiefling caída, e antes que Zendaya pudesse fazer algo, ouviram os passos dos soldados que estavam procurando pelas princesas ao notarem seu desaparecimento.

O encapuzado, vendo-se prestes a ser pego, começou a se afastar em direção às árvores, mas enquanto andava, levantou sua mão para a criança adormecida e um enorme raio azul disparou. A irmã mais velha que já tinha se levantado e estava se dirigindo à caçula, vendo a situação, jogou-se na frente e tomou para si toda a dor daquela gélida magia.

O homem usou algum tipo de feitiço que não permitiu que fosse encontrado, e as crianças foram levadas ao castelo onde receberam tratamentos. A pele da primogênita ficou gelada, enquanto a caçula acordou com fortes dores de cabeça e com um chifre faltando, porém logo tomou chás específicos e a dor diminuiu. Após contarem a história para seus pais e receberem conselhos e advertências sobre o comportamento que elas haviam tido, principalmente a herdeira do trono, elas foram mandadas para a cama.

Ambas dormiam no mesmo quarto e no meio da noite Zendaya acordou de repente e, olhando em volta, percebeu que tudo estava brilhando em branco. Procurando o causador daquilo, olhou para si e percebeu que sua pele estava completamente azul escuro e que possuía linhas geométricas pelo corpo, da cor branca, a qual emitiam uma forte luz. Assustada, foi até seus pais, que se preocuparam instantaneamente.

O dia seguinte foi corrido para os pais que buscaram por magos e feiticeiros confiáveis para saber do que se tratava, mas eles não sabiam determinar o que a menina tinha, apenas que ela estava amaldiçoada e de alguma forma o Ritual das Cores havia se antecipado em sua pele, assim como, eles não sabiam dizer o que exatamente ela tinha e qual maldição haveria de acompanhá-la durante sua vida.

Preocupados com o equilíbrio do reino e a situação geral, os pais conversaram com os conselheiros e perceberam que se falassem e mostrassem a criança ao povo, poderiam causar um grande tumulto, e talvez a ideia de que haviam voltado a ser impuros pudesse surgir ou que a maldição que a criança tinha poderia recair sobre toda a ilha ou qualquer outra bobagem poderia causar uma grande revolta em todos, principalmente pelo fato de não saberem com o que estavam lidando, e num impasse de desespero e medo, optaram por uma solução pouco fácil para os dois: fingiriam que a sucessora do trono havia morrido defendendo a irmã.

Assim sendo, foram realizados feitiços de memória nos soldados e funcionários que viram as crianças juntas e, principalmente, nas duas crianças, mudando os fatos de ordem e tirando qualquer informação relevante dali. Na tarde do dia seguinte, após muita aflição, apenas os pais, uma conselheira e um mago sabiam da verdade e enquanto os reis anunciavam ao povo a morte de Zendaya, herdeira e sucessora do trono, a caçula chorava sem que ninguém visse.

A criança amaldiçoada foi levada dormindo e escondida para bem longe dali em um navio que partiria do reino naquele dia, juntamente com a conselheira Nya, que passou a ser considerada sua ama e tinha por missão, encontrar a cura para a maldição da criança.

Crescendo, a criança percebeu que quando ficava sob os raios lunares, suas marcas brancas e geométricas brilhavam, fazendo com que aprendesse a se esconder de todos.

Autora: Raquel Naiane
Revisão e Arte da capa: Oblitae

 

Desvendando o Sistema #3 – Rastro de Cthulhu

Outro fator relevante para a dinâmica dos jogos inspirados em Lovecraft são os Mythos, criados pelo autor, mas nomeados dessa forma apenas no futuro, por August Derleth. Existem diversas divisões e versões que abordem os Grandes Antigos, entretanto não será nosso foco abordar as definições em si, ou quais entidades compõem grupos. Abordaremos os próprios Mythos e quais são os principais aspectos a serem tratados quando o assunto é “a descoberta dos Mythos”.

Mythos de Lovecraft

É claro que para isso partiremos de pontos de vista, e trataremos aqui do ponto de vista purista, ou seja, lovecraftiano. Não que o estilo Pulp não nos comova, pelo contrário, é por sua simplicidade que o deixaremos. Nosso investimento é na imersão dos Mythos como fatos ocultistas a serem negados da realidade, por sua absurda e horrenda epiderme.

Os investigadores não podem recuar

Há alguns fatores que facilitam a dinâmica do jogo, são elementos narrativos de tom investigativo. O jogo de Rastro de Cthulhu aborda os investigadores que irão, por diversos motivos, entrar em uma trilha de descoberta sem retorno. Eles sabem que o final dessa história está cercado dos terrores mais indigestos e ainda assim, seguem esse caminho porque apenas eles podem fazê-lo. Somente seu investigador sabe o que está acontecendo por debaixo do véu da realidade.

Trata-se de evitar o despertar, ritual ou a chegada dos Grandes Antigos. Esses Mythos representam o caos cósmico, a indiferença de entidades malignas com a vida; de certa perspectiva, a destruição não lhes afeta, e por isso eles exigem adoração para uma morte menos dolorosa, e ainda assim uma morte terrível. E você, investigador, precisa evitar a qualquer custo que os Mythos retornem. Isso vai tirar de você, de forma dolorosa, no mínimo sua sanidade.

Como os Mythos ainda estão adormecidos ou ainda não chegaram, você lidará com A Verdade. Algumas informações sempre estiveram na nossa cara e nunca percebemos. A influência dos Grandes Antigos está sobre os ombros de seus seguidores – cultistas – e que farão tudo o que for preciso pro despertar dos Mythos. Saber dessa Verdade, impedir os cultistas ensandecidos, vai ser doloroso, minimamente você perceberá que nada do que conhecia antes era real, e como diria os filósofos antigos “dar a luz as idéias é dolorido”.

Nyarlathotep, O Caos Rastejante

Quem são os Mythos?

São diversos os Mythos criados por Lovecraft ou por ele utilizados quando falava dos Grandes Antigos, e aqui vou abordar os principais. Eles podem, de forma direta ou indireta, aparecer na sua campanha. Os investigadores podem também vivenciar os Mythos paulatinamente, conhecendo primeiro os “menos poderosos” e, posteriormente, os irremissíveis.

Quando falamos do Rastro de Cthulhu, abordamos o mais famoso, Cthulhu é conhecido como o Sacerdote dos Grandes Antigos. Ele é descrito como sendo um corpo humanóide com cabeça de polvo e asas de dragão de proporções colossais. Impiedoso, indiferente, Cthulhu pode destruir toda a raça humana, bem como preparar o terreno para a vinda de outros Mythos ainda piores.

Assim também o é Azathoth, o Sultão demoníaco ou Deus Cego Idiota, a mais poderosa e disforme das criaturas. Dizem que se encontra no centro do universo, e que toda a existência são apenas seus sonhos. Por isso, outras entidades menores tocam flautas para mantê-lo dormindo, pois, se Azathoth acordar, tudo se torna Azathoth outra vez. E se os investigadores descobrissem essa abominável criatura e precisassem impedí-lo de acordar de seus sonhos?

Azathoth, o Sultão Demoníaco

Outro dos mais citados é Nyarlathotep, o Caos Rastejante. Um dos filhos de Azathoth, ele é conhecido por ser a vertente da alma do Sultão demoníaco. Com uma incrível curiosidade pela raça humana, Nyarlathotep é o mensageiro dos Grandes Antigos e sua presença anuncia a chegada de outros Mythos. Seu poder é indizível e frequentemente assume uma forma humanóide, no entanto se manifesta como uma figura sem rosto.

E… Mais Grandes Antigos, menos usados

Dagon e Hydra são outras criaturas que estão, como Cthulhu, aprisionadas nos mares, e são meio anfíbios e humanóides, formando uma trindade marítima com Cthulhu. Hastur é outra entidade com aparência semelhante a de Cthulhu, mas sem as asas de dragão, é conhecido como o Rei de Amarelo e seu rosto é composto por uma máscara indescritívelmente assutadora.

Nyctelios teria sido uma entidade banida por seus semelhantes, ele permanece adormecido no mar próximo a Grégia, sua aparência revela um ciclope gigante composto por vermes rastejantes. Yidhra é conhecida como a feiticeira dos sonhos e é aquela que pode se apossar de qualquer forma imaginável após devorá-la. Sua forma é uma mente coletiva composta de corpos amorfos que se alteram entre a identidade de tudo aquilo que ela devorou. Sinistro.

O Livro dos Mythos, Necronomicon

São muitos os Mythos e que você pode conhecer de forma detalhada no Livro do Rastro, o segredo é saber fazer deles um mistério a ser descoberto em “doses homeopáticas”, é abordar o encontro com o terrível inevitável. No final de sua campanha, apresente a decadência da humanidade a ser evitada pelos investigadores a um alto custo; sua saúde física e mental.

 

Eu sou Kastas, do Contos da Tríade, e digo que o medo é o combustível para um jogo de Rastro de Cthulhu! Se quiser saber mais sobre esse e outros sistemas, clique nesse link!

Guia de Criação de Personagem – The Witcher RPG

Primeiramente, Feliz Ano Novo para todos e todas nós. Que 2022 colha os frutos das vivências do ano passado. Assim poderá se transformar em um ano mais próspero, em todos os campos das nossas vidas. Por isso, sendo essa a primeira postagem do ano, venho apresentar mais uma série para te dar aquela mãozinha na hora de criar um personagem. Portanto serão 9 postagens, que trarão o melhor do melhor para aquela classe. Mas hoje vamos conhecer como vamos criar um personagem.

Em The Witcher RPG, o seu personagem é uma pessoa que você representa no jogo, conheça mais sobre o sistema nessa resenha The Witcher –  É nois que voa Bruxão. O seu personagem pode ser simplesmente qualquer coisa que você quiser e criar. O processo de construir o seu personagem é simples. Porém há muitas possibilidades e variações que lhe ajudam a tornar único o seu personagem. 

Você cria o seu personagem em sete passos:

Escolha a sua Raça

Escolha a raça que preferir, não pense apenas na otimização da classe. Mas sim na construção geral daquele personagem. A raça define quais serão as suas habilidades especiais e como as pessoas comuns irão reagir diante de você.

Construa um Caminho de Vida

Para criar um personagem você precisa determinar a sua história. O mestre pode permitir que você escolha os caminhos, ou pode ser aleatório também. Nós faremos de forma aleatória, sempre.

Escolha a sua Profissão

A sua profissão, ou seja sua classe, lhe fornecerá um conjunto de perícias, equipamento inicial e uma Árvore de Perícias especial.

Escolha a suas Estatísticas

Depois de descobrir o que faz para viver, você precisará descobrir quais são as suas capacidades. Elas dizem o quão durão você é, o quão esperto, o quão rápido e assim por diante.

Escolha as Perícias Adquiridas

Após escolher os seus atributos, você pode escolher as suas perícias adquiridas. Elas são perícias não relacionadas à sua profissão. Portanto, foram adquiridas durante o tempo, com suas escolhas de vida e aprendizados pessoais. 

Conseguir o seu Dinheiro

Neste momento, o seu personagem está terminado e agora você deve equipá-lo. O primeiro passo é usar a tabela de Dinheiro Inicial para determinar o quanto de dinheiro você tem.

Equipar-se

Depois de conseguir o dinheiro, você pode começar a comprar armadura, armas e equipamentos que o seu personagem necessitará em suas aventuras.


Seguindo esses passos, será muito fácil criar um personagem para sua aventura no Continente. Deixe nos comentários qual classe quer ver primeiro. 

Aproveite para conhecer nossa Loja virtual. Além de conhecer também nosso Patronato, onde você pode ser sorteado para receber livros físicos de várias  editoras que adoramos. 

 

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