Os sistemas tornam os guerreiros chatos?

Guerreiros são incríveis. Eles são o herói quintessencial de toda fantasia e mitologia, com seus feitos extraordinários de habilidade e proeza no campo de batalha. Na mitologia, nós temos Hércules, que estrangulou o leão de Neméia; ou Belerofonte, que, voando montado no Pégasos, derrotou a quimera; ou o deus guerreiro Susanoo, que num combate titânico derrotou a cobra gigante Orochi. Na ficção moderna, poucos guerreiros conseguem ter uma fama maior que a de Conan, o bárbaro cimério; contudo, indo além de fantasia de espada e feitiçaria, nós também podemos ver os Cavaleiros Jedi de Star Wars e os vários super heróis de quadrinhos – como o Batman e a Mulher Maravilha.

Por que guerreiros são incríveis?

Eu acredito que seja por eles tocarem aquele ponto primal dentro de todos nós, o instinto de lutar, de nos colocarmos de pé e confrontarmos a oposição. Eles lutam com ferro, carne, punhos e ossos, sangrando conforme fazem seus caminhos através dos seus inimigos. Eles podem usar a força – como Sansão – a inteligência – como Ulysses – ou agilidade incrível – como Zorro – mas eles inevitavelmente tomam o campo de batalha em suas mãos com sua habilidade.

Contudo, estas manobras incríveis não são o que normalmente acontecem na maioria dos rpgs. Na verdade, jogar com guerreiros na maioria dos rpgs se resume a dizer ‘eu ataco’ e rolar alguns dados para ver se o inimigo foi atingido e depois rolar alguns outros para dano. No máximo, um jogador pode ser permitido ‘tentar’ fazer algo incrível como balançar num candelabro dando um mortal de costas, pousar numa mesa, dizer uma frase de efeito e chutar o cara mau para dentro da lareira. Porém, fazer algo assim acabaria, na maioria dos rpgs, conferindo milhares de penalidades para sua jogada. Portanto, ao invés de fazer algo incrível, você permanece fazendo as ações básicas ‘chatas’ e diz ‘eu ataco’.

O Sistema Trava o Roleplay

Mesmo D&D (e os sistemas OSR) – que é um rpg que tenta simular fantasia heroica- não trata guerreiros muito bem. O D&D Old School tem algumas noções abstratas (rounds são longos, ataques e defesas permitem uma certa liberdade de interpretação), o que dá espaço para certo roleplay. Contudo, não há encorajamentos para os jogadores narrarem seus ataques pois tudo se resume à jogada de ataque contra a CA, com pouca ou nenhuma variação ou ajuda do sistema mecânico. E o New School de D&D (3a, 4a e 5a edições) talvez seja ainda pior, pois tornou os aspectos de combate muito determinísticos. Os rounds de combate ficaram bastante rígidos, cada ataque representando um único golpe, cada ação sendo minuciosamente detalhada. Todas essas especificações focam demais no aspecto de ‘jogo’ do combate e pouco no aspecto de ‘interpretação’.

E esse é o problema principal de guerreiros e combate na maioria dos rpgs: eles não aliam ‘mecânicas’ à ‘narração’. Mesmo assim, existem sistemas que permitem muita interação entre os dois. O Marvel Heroic Roleplay (MHR) exige que os jogadores interpretem cada aspecto que eles queiram usar durante um ataque – portanto, se você tem Super Velocidade e Super Força e quer usar ambas num ataque, você terá de descrever como cada uma é usada, não podendo simplesmente falar ‘Eu ataco’. O Open Versatile Anime rpg (OVA rpg) também deixa claro que as ações devem estar correlacionadas com a narração. Talvez até o maior exemplo de alinhamento entre mecânica e narração esteja no Dungeon World, derivado do Apocalypse World engine, pois cada movimento e cada ação são indissociáveis da narração de dentro do jogo.

Conclusão

Ter narração sem um respaldo mecânico torna a ação vazia e sem sentido. E ter mecânicas sem narração torna o jogo frio e distante – em verdade, se for só pelas mecânicas, é muito melhor jogar um jogo de estratégia ou um vídeogame (como Dark Souls e Final Fantasy). Mas rpgs como Dungeon World, MHR e OVA nos mostram que é possível encontrar um meio termo entre mecânica e narração e tornar combates (e guerreiros!) incríveis.

Para criar diferentes tipos de guerreiro clique aqui. Já para entender a função de um guerreiro, clique aqui.

Tecnomago – Classes para D&D

O Tecnomago

Fundamentalmente, seja qual for a razão, essa busca por poder é o que os Tecnomagos mais tem em comum. A vida é de tal forma que a única coisa que eles desejam – a capacidade de manipular magia – simplesmente não é uma possibilidade para eles. Mas contrariando suas adversidades, eles usaram sua inteligência (e alguns diriam, um toque de insanidade) para fazer o que é improvável, senão impossível – aproveitar a própria essência da magia e chamar de sua.

 

Construindo um Tecnomago

Tecnomagos podem se encaixar perfeitamente no papel de suporte. Eles desempenham um papel semelhante a um bardo, mas com mais foco ofensivo. Eles têm a capacidade de desempenhar o papel social do grupo, embora a Carisma não seja tão alta como a dos bardos, já que não é o atributo utilizado para conjuração.

Embora eles não tenham tantas perícias quanto os bardos o valor elevado de inteligência ajuda a compensar isso.

Com vários itens mágicos únicos e a capacidade de recarregar algumas magias sem descansar em níveis mais altos, eles podem confiar um pouco mais em suas magias do que em um bardo de nível igual. Os Tecnomagos também são capazes de desempenharem um bom papel em um combate corpo-a-corpo, especialmente se tiverem tempo de usarem magias de suporte em si mesmo no início do combate.

Habilidades: O atributo para conjuração dos Tecnomagos é a Inteligência, portanto, ela tende a ser alta. Os atributos secundários dependerão de como o personagem foi criado. Força e Constituição são importantes para um Tecnomago que planeja se fortalecer com suas magias e então entrar em combate. Destreza é uma boa escolha para um personagem que é construído para enfraquecer o inimigo com magias e depois acabar com ele à distância. Sabedoria e Carisma dão força às perícias que o Tecnomago possui.

Raças: Qualquer raça pode vir a se tornar um Tecnomago embora as raças mais desfavorecidas magicamente tendem a migrar para a classe com mais frequência.

Tendência: Qualquer uma.

Recursos iniciais: 4d4×10 peças de ouro.

Dado de vida: d6.

Idade inicial: moderado.

Tabela: O Tecnomago

Nível BBA Testes de Resistência

Especial

Magias por Dia

Fort Ref Von 0 1º 2º 3º 4º 5º 6º
+0 +0 +2 +2 2 Dispositivos Tecnomago, Conhecimento Tecnomago 2 0
+1 +0 +3 +3 Criar Itens Menor 3 1
+2 +1 +3 +3 Funilaria 1 3 2
+3 +1 +4 +4 3 Dispositivos Tecnomago 3 2 0
+3 +1 +4 +4 Funilaria 2 3 3 1
+4 +2 +5 +5 Sobrecarga 1 4 3 2
+5 +2 +5 +5 Funilaria 3, 4 Dispositivos Tecnomago 4 3 2 0
+6/+1 +2 +6 +6 Recarregar 1d6 4 3 3 1
+6/+1 +3 +6 +6 Improvisar Reparos 4 4 3 2
10º +7/+2 +3 +7 +7 Funilaria 4,  5 Dispositivos Tecnomago 4 4 3 2 0
11º +8/+3 +3 +7 +7 Criar Itens Maior 4 4 3 3 1
12º +9/+4 +4 +8 +8 Sobrecarga 2 4 4 4 3 2
13º +9/+4 +4 +8 +8 Funilaria 5 4 4 4 3 2 0
14º +10/+5 +4 +9 +9 Recarregar 2d6 4 4 4 3 3 1
15º +11/+6/+1 +5 +9 +9 Criar Itens Superior 4 4 4 4 3 2
16º +12/+7/+2 +5 +10 +10 Funilaria 6 4 4 4 4 3 2 0
17º +12/+7/+2 +5 +10 +10 Efeito Persistente 4 4 4 4 3 3 1
18º +13/+8/+3 +6 +11 +11 Sobrecarga 3 4 4 4 4 4 3 2
19º +14/+9/+4 +6 +11 +11 Absorver Magia 4 4 4 4 4 4 3
20º +15/+10/+5 +6 +12 +12 Funilaria Eficiente 4 4 4 4 4 4 4

Perícias de Classe: (4 + Modif. de Inteligência / nível, ×4 no 1º nível)

Blefar (Car), Concentração (Con), Ofícios (Int), Ofícios (Dispositivo Tecnomago)  (Int), Decifrar Escrita (Int), Abrir Fechaduras (Int), Esconder-se (Des), Conhecimento (Todas escolhidas individualmente) (Int), Ouvir (Sab), Furtividade (Des), Profissão (Sab), Identificar Magia (Int), Procurar (Sab), Sentir Motivação (Sab), Observar (Sab) e Usar Instrumento Mágico (Int).  

Características da Classe:

Todos os itens a seguir são características do Tecnomago.

Proficiência em Armas e Armaduras: Um Tecnomago é proficiente em todas as armas simples, além de espada longa, sabre, porrete, espada curta, arco curto e chicote. Os Tecnomagos são proficientes em armaduras leves e médias, mas não em escudos. Um Tecnomago pode conjurar magias Tecno usando armaduras leves ou médias sem sofrer chance de falha arcana. No entanto, um Tecnomago vestindo uma armadura pesada ou usando um escudo sofre toda penalidade inerente do equipamento em questão. Um Tecnomago multiclasse continuará a receber as penalidades inerentes às magias de outras classes.

Dispositivo e Magias: um Tecnomago lança magias misteriosas através do uso de seus dispositivos especiais. Ainda que eles não tenham a capacidade de controlar a magia diretamente, eles são capazes de criar itens que lhes conferem a capacidade de manipular os poderes arcanos. Nota: isso significa que um Tecnomago não conta como um conjurador.

Um Tecnomago começa com 2 dispositivos especiais escolhidos da lista à seguir: Dispositivo de Projeção de Campo (Abjuração), Óculos de Análise Espectral (Adivinhação), Descarregador de Fluxo de Energia (Evocação), Ressonador Visual / Áudio Mórfico (Ilusão) e Transmogrificador da Matéria (Transmutação).

Além disso, todos os Tecnomagos têm um Dispositivo de Coleta e Descarga de Armazenamento Arcano no qual todos os seus dispositivos se conectam. Isso fornece o poder mágico aos seus itens, o que, por sua vez, permite que eles conjurem suas magias.

No 4º nível, um Tecnomago pode criar um terceiro dispositivo especial da mesma lista mencionada acima. Ele pode criar um quarto dispositivo especial no 7º e o dispositivo especial final no 10º nível. Se o Tecnomago perder um dispositivo especial, ele poderá recriá-lo. Isso leva a mesma quantidade de tempo e dinheiro que a criação de um item mágico maravilhoso igual ao último nível em que o Tecnomago adquiriu um dispositivo especial (portanto, 1º, 4º, 7º ou 10º). Ele não precisa gastar nenhuma experiência na criação do dispositivo especial. O Tecnomago deve ter sucesso em um teste de ofícios (Dispositivo Especial) com uma CD igual ao necessário para criar um item maravilhoso com o nível do dispositivo especial. Uma falha significa que metade dos materiais são desperdiçados. Os dispositivos especiais que o Tecnomago obtém ao subir de nível não requerem tempo ou dinheiro extra (pode-se presumir que ele passou um tempo enquanto se aventurava trabalhando nos dispositivos especiais).

Cada dispositivo especial permite ao Tecnomago lançar magias de sua respectiva escola de magia, com as magias sendo escolhidas na lista de Magos / Feiticeiros. O número de magias que um Tecnomago conhece em cada nível é descrito na Tabela: Magias Conhecidas do Tecnomago. Isso representa as fórmulas que ele conseguiu inscrever em seus dispositivos especiais. Esses números são fixos e não aumentam com uma pontuação alta em inteligência. O Tecnomago não precisa escolher todas as suas magias quando estiverem disponíveis, mas uma vez escolhidas, as magias só podem ser alteradas conforme mencionado abaixo.

Um Tecnomago pode lançar qualquer magia que ele conhece sem prepará-la antes do tempo. Toda magia do Tecnomago tem um componente material (o dispositivo especial de magia da escola apropriada), mas nenhum componente verbal (embora, se a magia originalmente tivesse um requisito verbal, o dispositivo especial fará barulho ao lançar essa magia). Isso significa que o Tecnomago pode lançar magias mesmo quando silenciado, amordaçado ou incapaz de falar, mas não pode lançar um feitiço se ele não puder utilizar seus dispositivos especiais de magia por algum motivo (se eles estiverem presos, se tiver sido retirado ou caído, etc).

Para aprender a conjurar uma magia, um Tecnomago deve ter uma pontuação de Inteligência igual a pelo menos 10 + o nível da magia e o dispositivo especial apropriado à escola da magia em questão. A CD para um TR contra a magia de um Tecnomago é de 10 + o nível da magia + o modificador de Inteligência do Tecnomago. Como os conjuradores, um Tecnomago pode lançar apenas um certo número de magias de cada nível por dia. Sua distribuição diária de magias é apresentada na Tabela: O Tecnomago. Além disso, ele recebe magias adicionais por dia se tiver um alto valor de Inteligência. Quando a Tabela: O Tecnomago indica que ele recebe 0 magias por dia de um determinado nível, ele ganha apenas as magias bônus aos quais teria direito com base em sua pontuação de Inteligência para esse nível. Ao atingir o 4º nível, e a cada três níveis de Tecnomago depois (7º, 10º e assim por diante), um Tecnomago pode escolher aprender uma nova magia no lugar de uma que ele já conhece. O Tecnomago “perde” a magia antiga em troca da nova (ele refaz um de seus dispositivos para lançar a nova magia no lugar da antiga). O nível da nova magia deve ser o mesmo da que está sendo removida e no máximo 2 níveis abaixo do nível máximo que o Tecnomago pode lançar, além disso, ele só pode trocar 1 magia por nível e também pode aprender novas ao mesmo tempo que troca uma delas. 

Como observado acima, um Tecnomago não precisa preparar suas magias com antecedência. Ele pode lançar qualquer magia que ele conhece a qualquer momento, assumindo que ele ainda não usou sua quantidade de magias por dia para o nível da magia em questão.

Nota – como o Tecnomago não pode realmente conjurar nenhuma magia, ele não sabe usar naturalmente um item mágico que conjura magias arcanas, entretanto, ele ainda pode usar a perícia Usar Instrumento Mágico como qualquer outro personagem poderia. Além disso, ele não pode aprender talentos metamágicos ou de criação de itens, com exceção da habilidade especial do item de ofícios (veja abaixo).

Nível Magias Conhecidas
4 2 ¹
5 3
6 3
6 4 2 ¹
5 ª 6 4 3
6 4 3
6 4 4 2 ¹
6 4 4 3
6 4 4 3
10º 6 4 4 4 2 ¹
11º 6 4 4 4 3
12º 6 4 4 4 3
13º 6 4 4 4 4 2 ¹
14º 6 4 4 4 4 3
15º 6 4 4 4 4 3
16º 6 5 4 4 4 4 2 ¹
17º 6 5 5 4 4 4 3
18 6 5 5 5 4 4 3
19 6 5 5 5 5 4 4
20 6 5 5 5 5 5 4

¹ Desde que o Tecnomago tenha uma inteligência alta o suficiente para lançar magias desse nível.

Conhecimento Tecnomago (Ex): Um Tecnomago adiciona metade de seus níveis de classe (mínimo 1) à todos os testes relativos a qualquer conhecimento e torna todos os conhecimentos perícias que não exigem treinamento/estudo.

Criar Item: Os Tecnomagos estão constantemente brincando com as forças da energia arcana que alimentam seus aparelhos. Muitas vezes, eles criam itens que funcionam sem saber exatamente como ou porque trabalham (o que tende a ser uma fonte constante de preocupação para os companheiros de viagem que possam ter).

À partir do segundo nível, um Tecnomago pode criar itens mágicos menores e de uso único. Esses itens funcionam da mesma forma que os pergaminhos, com as seguintes diferenças:

  • Os itens só podem replicar magias das escolas de Abjuração, Adivinhação, Evocação, Ilusão ou Transmutação.
  • Os itens não precisam replicar magias que o Tecnomago já conhece.
  • Os itens não podem ser usados por mais ninguém, a menos que essa pessoa faça um teste de Usar Instrumento Mágico (CD igual a 20 + nível da magia) ou se a pessoa for um Tecnomago de nível suficientemente alto para lançar a magia armazenada no item.
  • Os itens podem replicar apenas magias de 0º até 2º nível, além disso, o Tecnomago que está o criando precisa ter acesso a esse nível de magias para criá-lo.

O Tecnomago pode ter 1 item por magia diária que possui daquele nível.

Exemplo: Um Tecnomago de 3º nível poderia ter 6 itens de nível 0 e 3 itens de nível 1. Obviamente, nesse exemplo, ele não poderia ter nenhum item de nível 2 ou superior pois ainda não tem acesso a esse nível de magia.

Um Tecnomago pode destruir um item antigo para criar um novo (use a diferença nos níveis de magia para determinar o custo do novo item).

Os itens custam a mesma quantidade de PO a serem criados como um pergaminho do mesmo nível e são necessários 10 minutos por nível da magia para criar (5 minutos para um item de nível 0). O Tecnomago deve ter sucesso em um teste de Ofícios (Dispositivos Especiais) para fazer o item – este teste tem um CD de 15 + nível da magia. Um fracasso significa que ele perdeu tempo e matérias-primas que custam metade do valor base. Se a falha for de 5 ou mais pontos (ou rolando um 1 natural), adicione o nível da magia a um teste d6 e consulte a Tabela: Acidentes com itens artesanais para consultar o resultado final.

Tabela: Acidentes com itens artesanais

1-6: nenhum resultado adicional.
7-8: A magia dispara, mas centrada no Tecnomago. Se foi uma magia benéfica, então tem o efeito oposto (então a Força de Touro diminui a força do lançador em 4 por sua duração, em vez de adicionar 4, por exemplo).
9-10: A magia dispara, mas é centralizada no Tecnomago e é lançada como se fosse afetada pelo Aumentar Magia (ou com um raio de 6 metros se a magia normalmente tiver uma área que possa ser ampliada). Se foi uma magia benéfica, então tem o efeito oposto.
11-12: A magia dispara, mas é centralizada no Tecnomago, é lançada como se fosse afetada pelo Aumentar Magia (ou com um raio de 6 metros se o feitiço normalmente não tiver uma área que possa ser ampliada) e seja maximizada ou persistente (com duração de 24 horas). Se foi um feitiço benéfico, então tem o efeito oposto.

 No 11º nível o Tecnomago pode criar itens que replicam magias do nível 0 até o nível 4 e no 15º ele pode criar itens que replicam magias do nível 0 até o nível 6.

Funilaria: No terceiro nível um Tecnomago pode escolher um dos seguintes efeitos metamágicos para aplicar aos seus Dispositivos Especiais:

  • Substituição de energia
  • Aumentar Feitiço
  • Substituição de Sujeição¹

¹ O talento substituição de sujeição é encontrado no livro ” Tome and Blood: A Guidebook to Wizards and Sorcerers”, uma tradução pra ele está presente abaixo.


Talento Substituição de Sujeição

Pré-requisito: Qualquer outro talento metamágico, 5 pontos em Conhecimento (Arcano).

Benefícios:  Ao lançar uma magia com descritor ácido, frio, eletricidade, fogo ou sônico você pode modificar a magia para causar dano não letal ao invés do tipo em questão. A magia não sofre alterações de nível com essa alteração.

A magia funciona normalmente em todos os aspectos, exceto no tipo de dano causado.


 

O uso de um talento metamágico requer uma ação completa para lançar a magia, como acontece com qualquer conjurador comum.

No 5º nível, ele pode escolher qualquer talento anterior (incluindo um tipo de energia diferente para Substituição de Energia) ou uma das seguintes opções:

  • Ampliar Magia
  • Estender Magia
  • Moldar Magia
  • Magia Silenciosa

No 7º nível, ele pode escolher qualquer talento anterior, um dos seguintes, ou pode diminuir o aumento do nível da magia de qualquer talento único em 1 (mínimo 0).

  • Potencializar Magia
  • Magia de Alcance
  • Aumentar Magia

No 10º nível, ele pode escolher qualquer talento anterior, um dos seguintes, ou pode diminuir o aumento do nível da magia de qualquer talento único em 1 (mínimo 0).

  • Maximizar Magia
  • Repetir Magia

No 13º nível, ele pode escolher qualquer talento anterior, um dos seguintes, ou pode diminuir o aumento do nível da magia de qualquer talento único em 1 (mínimo 0).

  • Magia Persistente
  • Magia Gêmea

No 16º, ele pode escolher qualquer talento anterior ou diminuir o aumento do nível da magia de um talento único em 1 (mínimo de 0).

O aumento do nível da magia só pode ser reduzido uma vez por qualquer talento.

Sobrecarga: No 6º nível, o Tecnomago pode tentar sobrecarregar um de seus Dispositivos Especiais enquanto lança uma magia e pode fazer isso 1 vez por dia. Para determinar o efeito da sobrecarga, role um d6 e consulte a Tabela: Sobrecarga 1

Tabela: Sobrecarga 1

1: rolar novamente na mesa: Sobrecarga 1 Acidental.
2-3: Magia lançada no nível de conjurador +1.
4-5: Magia lançada como se tivesse potencializada, ou em +2 níveis de lançador (escolha do lançador).
6: Magia lançada como se fosse maximizada, ou em +3 níveis de lançador (escolha do lançador).

Tabela: Sobrecarga 1 Acidental

1: A magia dispara, mas centrada no Tecnomago. Se foi uma magia benéfica, então tem o efeito oposto (a Força de Touro diminui a força do lançador em 4 por sua duração, em vez de adicionar 4).
2: A magia falha e o Dispositivo Especial usado para lançar o feitiço para de funcionar por d3 minutos.
3-4: A magia falha e o lançador perde d3 níveis adicionais de magia.
5-6: A magia falha, sem efeito adicional.

No 12º nível, o Tecnomago também pode rolar a Tabela: Sobrecarga 2 uma vez por dia.

Tabela: Sobrecarga 2

1: rolar novamente na mesa: Sobrecarga 2 Acidental.
2: Magia lançada com +2 níveis de lançador.
3: Magia lançada como se tivesse potencializada, ou aumentada em +2 níveis (escolha do lançador); e no nível de conjurador +1.
4: Magia lançada como se fosse repetida ou aumentada em +3 níveis (escolha do lançador); e em +2 níveis de conjurador.
5: Magia lançada como se maximizada ou aumentada em +4 (escolha do lançador); e em +3 níveis de conjurador.
6: Magia lançada como se maximizada, ou em +3 níveis de lançador (escolha do lançador).

Tabela: Sobrecarga 2 Acidental

1: A magia dispara, mas é centralizada no Tecnomago e é lançada como se fosse afetado pelo Aumentar Magia (ou com um raio de 6 metros se a magia normalmente não tiver uma área que possa ser ampliada). Se foi uma magia benéfica, então tem o efeito oposto.
2: A magia dispara, mas centrada no Tecnomago. Se foi uma magia benéfica, então tem o efeito oposto.
3: A magia falha e o Dispositivo Especial usado para a conjuração para de funcionar por d3 horas.
4: A magia falha e o lançador perde d6 níveis adicionais de magia.
5: A magia falha e o lançador perde d3 níveis adicionais de magia.
6: A magia falha, sem efeito adicional.

No 18º nível, o Tecnomago também pode rolar Sobrecarga 3 uma vez por dia.

Tabela: Sobrecarga 3

1: rolar novamente na mesa: Sobrecarga 3 Acidental.
2: Magia lançada como se Potencializada ou Aumentada em +2 (escolha do lançador); e em +2 níveis de conjurador.
3: Magia lançada como se Repetida (jogue novamente na rodada seguinte, usando todos os mesmos critérios) ou Aumentada em +3 níveis (escolha do lançador); e em +2 níveis de conjurador.
4: Magia lançada como se Maximizada ou Aumentada em +4 (escolha do lançador); e em +3 níveis de conjurador.
5: Magia lançada como se fosse Gêmea (lançada imediatamente uma segunda vez) ou Persistente (escolha do lançador); e em +3 níveis de conjurador. 
6: Magia lançada como Melhorada (Maximizada e depois Geminada) ou Persistente (com duração de 48 horas em vez de 24), a escolha do lançador; e em +4 níveis de conjurador.

Tabela: Sobrecarga 3 Acidental

1: A magia dispara, mas é centralizada no Tecnomago, é lançada como se fosse afetado por Ampliar Magia (ou com um raio de 6 metros se a magia normalmente não tiver uma área que poderia ser alargada) e seja Maximizada ou Persistente (com duração de 24 horas). Se foi uma magia benéfica, então tem o efeito oposto. O dispositivo especial usado para lançar a magia fica inoperante por 24 horas.
2: A magia dispara, mas centralizada no Tecnomago e é Potencializada ou Estendida. Se foi uma magia benéfica, então tem o efeito oposto. O dispositivo especial usado para lançar a magia fica inoperante por 24 horas.
3: A magia falha e o dispositivo especial usado para lançá-la para de funcionar por 12 horas.
4: A magia falha e o lançador perde 2d4 níveis adicionais de magia. O dispositivo especial usado para lançar a magia para de funcionar por d3 horas.
5: A magia falha e o lançador perde d6 níveis adicionais de magia, e o dispositivo especial usado para lançar a magia para de funcionar por 1 hora.
6: A magia é lançada, mas é afetada pelo talento Ampliar Magia (ou tem um raio de 6 metros) e é maximizada (se possível) ou dura 12 horas se não puder ser maximizada. O alvo original ainda é afetado, no entanto, o efeito permanece intacto somente se a magia for benéfica. O dispositivo especial usado para lançar a magia para de funcionar por d6 horas e o lançador perde d6 níveis adicionais de magia.

Recarga: No 8º nível, o Tecnomago levará dez minutos para executar uma recarga rápida em seu Dispositivo de Coleta e Descarga de Armazenamento Arcano. Como consequência, ele recupera  d6 níveis de magia distribuídos como achar melhor.

Exemplo – se no teste d6 der ‘4’, o Tecnomago poderá receber 2 magias de segundo nível; 4 magias de 1º nível; 2 magias de 1º nível e 1 de 2º nível; etc …

Magias de nível 0 contam como 0,5. Quaisquer níveis excessivos de magia que não possam ser usados ​​são perdidos, e o Tecnomago não pode terminar com mais níveis de magia do que normalmente teria depois de descansar.

No 14º nível, a Recarga aumenta para 2d6 níveis de magia.

A Recarga pode ser feita uma vez por dia.

Improvisar Reparos: No 9º nível, o Tecnomago pode tentar imbuir qualquer um de seus talentos metamágicos como Funileiro em qualquer dispositivo mágico que use cargas. Para ter sucesso, ele deve fazer um teste bem-sucedido de Ofícios (Dispositivo Especial) com um CD igual a 20 + o nível do item. Se ele falhar, não poderá tentar novamente esse item e, se falhar por mais de 10, o item perderá metade das cargas restantes. A modificação leva 1 minuto por nível do item. Se for bem-sucedido, qualquer pessoa que use o item poderá aplicar o talento metamágico a ele ao custo de uma taxa adicional para cada nível de magia adicional que o talento custaria (com um mínimo de 1 custo adicional).

Efeito Persistente: No 17º nível, o Tecnomago pode lançar uma magia por dia sobre si mesmo e ter sua duração estendida para 24 horas sem que ele ocupe um nível de magia mais alta. O Tecnomago não precisa ter aprendido o talento metamágico de Funileiro (Magia Persistente) para usar essa habilidade. Somente uma magia com uma duração maior que Instantânea pode se tornar persistente com essa habilidade.

Absorver Magia: No 19º nível, o Tecnomago pode tentar absorver uma magia hostil que o alveje. Ele deve ser capaz de interromper a ação do lançador e ter sucesso em um teste de Dissipar (d20 + nível da magia + nível de lançador). Se ele falhar, qualquer TR relativo a essa magia também falhará automaticamente. Se ele conseguir, a magia é anulada e ele ganha automaticamente um número de níveis de magia igual ao nível da magia absorvida. Se isso exceder o limite normal de magias por dia, os níveis excedentes serão perdidos e ele deverá rolar imediatamente um teste relativo a Tabela Sobrecarga 3 Acidental (determinar aleatoriamente qual dispositivo perde a funcionalidade). Trate a magia que o Tecnomago estava tentando absorver como nível de conjurador caso necessário.

Funilaria Eficiente:  No 20º nível, utilizar um dos talentos metamágicos não levará mais uma rodada completa.

Fonte da tradução: https://www.dandwiki.com/wiki/Techno_Wizard,_Variant_(3.5e_Class)

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Malkavianos – Clãs de Vampiro: A Máscara

Algumas pessoas dizem que os Malkavianos são o clã mais difícil de se interpretar direito. Loucos, voláteis e, esquisitos, interpretar um malkaviano é sair da sua zona de conforto. Mesmo assim escolhi-os para dar início à nossa série sobre os Clãs de Vampiro: A Máscara por um simples motivo. É meu clã favorito.

Loucura

“O sangue amaldiçoado do clã poluiu suas mentes de forma que todos os Malkavianos do mundo são irremediavelmente insanos”. Esta trecho está no início da descrição do clã na saudosa versão Revisada (ou, como alguns chamam, 3ª Edição). Agora feche os olhos e pense num personagem insano da cultura pop. Pensou? Certo, agora pense em um que não é o Coringa.

Na humilde opinião deste que vos escreve, a dita loucura de um malkaviano NÃO é, necessariamente, o que define o personagem. Claro que temos personagens bem legais na ficção que são definidos por alguma condição mental, como Leonard Shelby de Amnésia, mas vamos tentar analisar a mente Malkaviana por um viés diferente desta vez.

Malkavianos não são burros. Eles sabem que são amaldiçoados, e mais do que isso: eles sabem do estigma que o clã sofre. É perfeitamente natural que um malkaviano tenha plena consciência da sua condição, a questão é como isso afeta a visão e as ações dele perante a sociedade vampírica.

Um exemplo bem legal é o filme Don Juan DeMarco (SPOILER). Don Juan é plenamente consciente do ambiente à sua volta. Ele sabe que está num sanatório, mas opta por manter, para si mesmo e para os outros, a ilusão de que é um herói mascarado.

A maldição do sangue é uma vulnerabilidade. Um malkaviano inteligente fará o que puder para escondê-la, e fingir-se de louco – uma loucura diferente da sua maldição verdadeira, digamos assim – é uma maneira singular de manipular as coisas a seu favor.

 Manipular coisas a seu favor, você disse?

Outros Caminhos da Loucura

Outro caminho possível é o malkaviano que procura disfarçar completamente sua loucura ou mesmo negar a natureza da própria maldição, talvez até fingindo ser membro de outro clã. Construir este tipo de personagem requer certa sutileza, buscando tiques e detalhes que façam vir à tona a maldição malkaviana sem entregar o jogo logo de cara.

“Certo”, você diz. “Mas e o Coringa?”

Um malkaviano “estilo Coringa”, se você quiser chamar assim, é o personagem que abraça a própria insanidade. É o malkaviano que teve seu mundo completamente destruído pelo Abraço e agora ele usa a maldição como uma espécie de vingança contra tudo e contra todos. Este tipo de personagem geralmente desceu alguns degraus em seu marcador de humanidade, ou até mesmo abraçou uma trilha. É o tipo de personagem que age como uma força da natureza, desenterrando tudo o que há de podre na sociedade a seu redor e vomitando de volta.

Interpretar este tipo de personagem é sempre um desafio. É muito fácil pender mais pro lado do “Fishmalk” (leia abaixo) do que de um Hannibal. Também é o tipo de personagem que precisa de uma boa conversa com o grupo para se ajustar à crônica antes de começar, pois um comportamento completamente errático e caótico pode facilmente atrapalhar a diversão de todo mundo. Quando bem utilizado, contudo, é certamente uma experiência inesquecível.

Se você conhece esta imagem, sabe do que eu estou falando.

Profecia

Um aspecto por vezes negligenciado é a faceta profética dos Malkavianos. Isto é, inclusive, bem representado pelos poderes disponíveis, como Auspícius ou Demência, ou mesmo a famosa Rede. Mesmo que o malkaviano não assuma a figura de oráculo ou profeta, externalizar essas visões ou rompantes acaba tornando-se parte da identidade do vampiro. Religiosos fiéis, políticos alarmistas, artistas atormentados (sim, nem todos os artistas do mundo são Toreador), cientistas e estudiosos que perseguem algum tipo de verdade são apenas alguns exemplos de como um vampiro poderia canalizar as habilidades proféticas do clã.

Malkavianos costumam ser os mais sábios dentre os vampiros. Eles são os únicos que enxergam a verdade inegável – que o Mundo é que está louco – e recusam-se a simplesmente aceitar que “as coisas são como são”..

Incorporar o estereótipo do malkavian sábio é essencial – é o que dá aquele tempero especial no personagem. Não precisa ser um sábio “certinho”, tipo “mestre no topo da montanha” (embora funcione, pois malkavianos vêm em todas as formas e sabores). A comediante stand-up que vai presa por atacar figuras públicas, o filósofo ácido que invade livrarias e queima os próprios livros para protestar contra o Capitalismo, o mendigo que recusa dinheiro como forma de demonstrar seu ponto de vista podem funcionar dentro do estereótipo de sábio tão bem quanto o menestrel ou a conselheira do Príncipe.

Put down that fish, Malk.

É muito fácil interpretar mal um malkaviano. Aquele estereótipo do louco bobinho, alívio cômico, que fica fazendo piadas e pregando peças pelo simples prazer de atazanar a não-vida dos colegas é conhecido como Fishmalk. É o tipo de personagem que, cedo ou tarde, vai acabar estragando a sessão e a diversão do grupo todo.

A melhor maneira de evitar um fishmalk é levar a loucura a sério, pelo menos um pouco. Pode ser tentador olhar um estereótipo de “louco fofinho” como a Harlequina, fazendo piadinhas sobre vozes na cabeça e tentar emular a maldição do sangue malkaviano baseando-se apenas nisso, mas ao olhar alguns dos transtornos associados à personagem, como Transtorno de Personalidade Dependente, Transtorno Bipolar e Transtorno de Estresse Pós-traumático, a coisa deixa de ser tão engraçada.

Sim, a história da Harlequina está longe de ser bonitinha.

Uma questão importante – transtornos mentais durante a sessão

É bom frisar que algumas pessoas podem não se sentir à vontade retratando transtornos mentais em jogo. Existem pessoas que precisam lidar com esse tipo de coisa na vida real, então um mínimo de sensibilidade e empatia é fundamental quando o grupo estiver construindo os personagens. Nestes casos, as dica dada na primeira parte deste texto tornam-se ainda mais valiosas. Vale a pena reduzir a insanidade “real” do seu personagem a uma mera penalidade mecânica para preservar o bem-estar do resto do grupo.

Bom jogo a todos!

REINO DOS MORTOS [18]

Jim, Kvarn e Galdor se uniram a Toiva em sua gaiola. Agora todos eram prisioneiros da Senhora das Raízes.

– Nós lhe demos o colar! – Jim gritou, segurando as barras. – Por que nos quer presos?

– Da última vez que me deram a Chama de Amon, era apenas um plano para me pegar desprotegida do lado de fora – ela os lembrou, se virando em direção à saída. – Agora que o dia nasceu, as ruas estão vazias, e o caminho para fora de Negressus me aguarda. Muito obrigado por terem matado a aberração para mim! Adeus, queridos – ela ergueu a mão em um aceno, sem olhar para trás.

– Ela nos abandonou para morrermos de fome – Kvarn socou o teto.

– É mais fácil morrermos de sede – Jim corrigiu.

– “É mais fácil morrermos de sede” – Kvarn o imitou. – Faz alguma diferença a forma que vamos morrer?

– Sim – Jim disse, apoiando a teste na grade. – Eu acharia muito melhor morrer de velhice.

– Como o Galdor? – Kvarn perguntou.

– Ei! – o velho mago despertara, ainda fraco por ter usado o máximo de seu poder horas atrás. – Eu ainda estou vivo, seu idiota.

– Seria melhor ter morrido – Kvarn murmurou. – Eu nunca imaginei que o meu fim seria dessa forma.

– A dríade nos abandou à mingua? – Galdor perguntou, tateando sua roupa. – E a maldita levou meus pergaminhos.

– Você não consegue fazer sua magia sem eles? – Jim perguntou, esperançoso.

– Não – o velho respondeu, desanimado. – Eu preciso estar carregando o pergaminho com a magia que for usar. Ele transmite a energia através do meu corpo e BUM! – ele fez um gesto brusco com as mãos abertas. – A magia acontece.

– Toiva! – Jim gritou ao ver a bárbara abrindo os olhos.

– Vocês voltaram! – ela disse, grogue. Então abriu um sorriso. – E aí, conseguiram? Roubaram o orbe do necromante?

– Infelizmente o orbe se quebrou – Jim deu a notícia. Depois olhou para Kvarn.

– Dhazil nos traiu – Kvarn declarou, soturno. – E Clay foi morto. Agora Raíza nos abandou para morrermos de fome nessas jaulas. E levou nossas armas e magias.

– Clay – Toiva sussurrou, incrédula. Ela queria parecer forte, mas não conseguiu esconder as lágrimas que rolavam sobre suas bochechas. – Não acredito.

– Eu sabia que não deveríamos ter aceitado essa missão em Negressus – Galdor murmurou. – Seria melhor tê-la recusado.

De repente, alguém entrou no salão tomado pelas heras e trepadeiras. Raíza voltara pela porta da frente, a passos acelerados. Ela parou diante das jaulas, apreensiva.

– Eu quero propor um novo acordo – disse.

– E por que nós aceitaríamos, criatura traiçoeira? – Kvarn perguntou, furioso. – Se nós a ajudarmos, você nos prenderá novamente, assim como fez agora.

– Dessa vez é diferente – ela assegurou, engolindo em seco. Depois, abriu cadeado por cadeado, liberando a todos. – Se tentarem algo contra mim, minhas raízes irão prendê-los novamente.

– Que tipo de acordo é esse? – Galdor perguntou, desconfiado. – E por que você está tão agitada?

– O acordo é de mútua sobrevivência – ela os alertou. – Se todos nos ajudarmos, quem sabe sairemos vivos daqui?

– De Negressus? – Toiva perguntou.

– Não – Raíza lhe direcionou um olhar preocupante. – Estou mais preocupada em como iremos sair vivos do meu jardim.

Ela os chamou, e o grupo a seguiu. Do lado de fora, o sol da manhã ardia forte e ardente. Durante o dia, os mortos costumavam voltar para os esgotos, mas assim que o grupo subiu na muralha, avistaram as ruas abarrotadas com o exército de zumbis. Eles estavam tão aglomerados que era impossível ver o chão. E todos permaneciam imóveis, virados para a torre da dríade.

Uma figura surgiu na laje da casa mais próxima. Ele vestia manta e capuz roxo, e usava uma caveira sobre o rosto. Era o necromante, Nagond. Atrás dele, uma segunda figura apareceu. Era um soldado usando armadura completa, de baixa estatura, e de corpo mais largo que um barril. Através das peças da armadura, grandes espinhos saltavam de seu corpo. Não era possível ver sua pele, mas pelo buraco do elmo, seus olhos eram vermelhos, escaldantes

– Sor Dhazil, o Cavaleiro da Sucata – Kvarn sussurrou, fechando o punho. – Ele virou a nova aberração do necromante.

– Apenas me devolvam o orbe – a voz rouca de Nagond sobrevoou seu exército até a muralha da dríade. – E eu os deixarei ir.

– E se não devolvermos? – Raíza perguntou.

– Então mandarei meus vassalos invadirem os seus domínios, irmã.

– Minhas plantas os destruirão – ela rebateu, visivelmente insegura.

– A Senhora das Raízes está com medo – Nagond disse, satisfeito. – Você sabe que suas plantas não aguentarão muito tempo contra o meu exército. Vocês logo serão destruídos. Por que simplesmente não me dá de volta o que é meu?

– Porque Bob o quebrou! – Kvarn gritou. – Nós não estamos com o orbe.

– Quem é Bob? – Nagond perguntou, confuso.

– Eu – no meio do mar de mortos, um deles ergueu a mão.

– Eu construí essa prisão na primeira vez que você me traiu, irmã – Nagond apontou para a torre da dríade. – E mesmo assim, você envia esses mercenários para me matarem – ele sacudiu a cabeça, decepcionado. – Como um ato de boa-fé, lhes darei uma hora para rezarem aos seus deuses – ele se virou e sumiu escada abaixo.

– E agora? – Jim perguntou para os seus companheiros. – Guerra?

–  Guerra – Raíza confirmou, fechando os olhos. – Por sorte, vocês não são os primeiros viajantes a passarem por aqui. Eu tenho um arsenal com algumas armas.

– E então, grandão? – Galdor perguntou a Kvarn. – Agora está parecendo mais com o fim que imaginava para você? – E os dois começaram a gargalhar.

 

 

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REINO DOS MORTOS [17]

Galdor e Jim estavam no pátio, diante do corpo de Clay. O mago tentara usar sua magia de cura no amigo, mas não adiantara. Seu líder estava morto permanentemente.

– Pelo menos a magia conseguiu reconstituir sua cabeça – Jim consolou o mago, olhando para o rosto que poucos minutos atrás estava esmagado.

– Rápido! Fechem a porta! – Kvarn gritou, correndo com Bob pelo salão da fortaleza. Uma hoste de zumbis os perseguiam. Galdor se levantou e fez sua magia de vento, fechando as portas no momento em que os dois passaram. – Jim, abra os portões da muralha! Bob, pegue uma dessas pedras reluzentes – ele apontou para o poste mágico.

Jim correu até a manivela do portão e Bob arrancou uma das pedras mágicas. Kvarn parou ao ver o corpo de Clay. O guerreiro foi até ele e o carregou nos braços. Não iria deixar seu líder ali.

Assim que o portão abriu, o grupo começou a correr pela ponte em “S” para o outro lado da imensa caverna. Galdor foi por último, deixando de segurar a porta da fortaleza. Ela se abriu e a hoste de zumbis começou a persegui-los. Os aventureiros atravessaram a ponte correndo. Kvarn ia à frente, carregando o cadáver de Clay nos braços.

Eles adentraram o túnel para os esgotos, e Bob ergueu a pedra reluzente para iluminar o caminho. Apesar das tentativas, o grupo não conseguiu despistar os inimigos. Os zumbis estavam quase os alcançando, quando eles chegaram até a saída do esgoto.

– A rua está cheia! – Jim gritou, olhando pelo buraco no teto. – Ainda é noite, e os zumbis estão na superfície! – O exército do necromante estava a poucos metros de distância, erguendo suas espadas e machados.

– Venham atrás de mim! – Galdor gritou, subindo a escada para a superfície.

O grupo o seguiu, e assim que subiram, o mago usou sua magia de vento, criando uma clareira ao redor. Os mortos foram arremessados para todos os lados. A uma quadra dali, estava a torre de Raíza, erguendo-se acima das cabeças dos mortos.

– Não estamos longe! – Kvarn gritou. – Galdor, consegue mantê-los afastados até lá?

– Há milhares deles ao nosso redor! – o mago gritou, usando o máximo de seu poder. Era como se o grupo estivesse no olho de um furacão. – Não conseguirei manter por muito tempo!

– Precisamos tentar! – Kvarn gritou, indo em direção à torre.

O grupo estava andando lado a lado, no ritmo em que Galdor conseguia manter seu furacão. O velho suava frio, e fazia careta, gastando toda sua energia. Assim que chegaram na metade da distância, o vento acabou, e ele cambaleou, tonto. Jim o segurou. Quando os mortos começaram a correr na direção do grupo, Galdor ergueu as mãos novamente e ativou outro furacão, só que muito menor. Enquanto eles encurtavam a distância, a ventania enfraquecia, e os mortos conseguiam se aproximar mais.

– Resista, Galdor! – Jim gritou, a poucos passos do portão. Mas infelizmente, o mago não resistiu.

Galdor caiu nos braços do arqueiro, desmaiado. Sua energia chegara ao fim. Os mortos se levantaram e voltaram a se jogar contra o grupo. Kvarn fechou os olhos e abraçou Clay com força. Ele engoliu em seco quando sentiu o peso de vários zumbis se jogando sobre seu corpanzil. Jim caiu no chão, ainda segurando Galdor em suas mãos. Sua visão escureceu quando dezenas de mortos o cobriram. Bob apenas gritou, enquanto era pisoteado.

Kvarn abriu os olhos, enquanto os esqueletos tentavam derrubá-lo. Ele viu os dentes morderem sua armadura, famintos por carne humana. Muitos já conseguiram arrancar nacos de Clay. O guerreiro girou o cadáver em seus braços, derrubando alguns zumbis ao redor. Ele olhou para trás e viu que os outros membros haviam sumido debaixo da montanha de mortos.

– Nós falhamos – ele sussurrou, olhando os portões abertos a tão poucos metros de distância. Ele achou isso estranho, pois Raíza não mantinha os portões abertos de noite. Uma visão o fez arfar.

Dedos compridos e cheios de folhas saíram da passagem, e longos cipós e raízes atravessaram o exército dos mortos, jogando dezenas deles para o alto. Kvarn sentiu sua cintura ser envolvida repentinamente, e ele foi puxado com força, atropelando uma tonelada de ossos pelo caminho.

– Clay! – ele gritou, assim que foi arremessado para dentro do jardim, rolando sem rumo, e largando o corpo do amigo.

Quando se levantou, não viu apenas o líder tombado em um canto, como viu Jim e Galdor sendo puxados pelas raízes para dentro. Os dois rolaram no capim, e pararam próximos ao guerreiro.

– Jim! – Kvarn foi até o arqueiro. – Você foi mordido?

– Galdor estava em cima de mim – Jim balançou a cabeça. – Não sinto nenhuma dor. Acho que estou bem.

Os dois foram até o mago (ainda desmaiado), e não acharam nenhuma marca de dentes. Eles se olharam e sorriram, aliviados. O arqueiro e o guerreiro se abraçaram por um bom tempo, até notarem a aproximação de alguém.

– E então? – Raíza perguntou, entre duas árvores. – Conseguiram pegar o orbe?

– Onde está Toiva? – Kvarn perguntou, sério.

– Ela está na jaula dela – Raíza respondeu. – E o orbe?

– Ele se quebrou – Kvarn informou, temendo as consequências daquelas palavras. – Mas nós tentamos. O anão nos traiu, e Clay está morto.

– Se o seu líder está morto, não há motivos para vocês ficarem com a Chama de Amon – a dríade disse. – Me dê o colar, e eu soltarei sua amiga.

– Fique com ele – Jim pegou o colar que estava com Galdor e o jogou para Raíza. – Agora solte-a.

A dríade colocou o colar no pescoço, sorriu, acariciando-o, e olhou para os dois, pensativa. Em seguida, ela se virou e se afastou, e várias raízes saíram da terra e prenderam Kvarn e Jim.

 

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Ligeia RPG

Ligeia é um RPG independente criado por Dinho Reis e lançado em setembro deste ano. O livro é gratuito para download, mas há um financiamento coletivo recorrente de suporte ao cenário através do catarse, com suplementos mensais para os apoiadores, acesso a playtests, entre outros.

Visualmente, o material é maravilhoso. As ilustrações são excelentes e tem um estilo vetorial muito característico, enquanto a diagramação lembra muito os livros de D&D. A ficha de personagem tem um belíssimo círculo arcano no verso, um agrado para pessoas como eu que acreditam que uma boa direção de arte é importante para a imersão.

Cenário de Ligeia RPG

O mundo de Ligeia tem muito da fantasia medieval clássica, quase como se o jogo se propusesse a ser uma alternativa ao D&D. As raças e classes são muito parecidas, inclusive, mas Ligeia se diferencia em oferecer muitas, muitas, muuuuuuuuuitas opções para customizar seu personagem, com raças, sub-raças, heranças, classes (aqui chamadas “vocações”), nações, divindades e inúmeras habilidades diferentes compradas com pontos.

Sistema de Ligeia RPG

As ações são resolvidas rolando 2d6 e somando o atributo pertinente contra uma dificuldade variável. Algumas habilidades adicionam “dados de melhoria”, permitindo que o jogador role mais dados e escolha apenas os dois resultados melhores. Mesmo com uma mecânica aparentemente simples, o jogo pode se tornar extremamente tático quando levamos em consideração todas as regras de combate e as infindáveis opções de customização disponíveis.

O sistema de magias traz influência do Ars Magica e é uma das características mais icônicas do jogo. Combinando palavras mágicas você consegue gerar efeitos únicos. O próprio livro traz alguns exemplos, com modificadores que cada nova palavra adicionada ao encantamento pode trazer. Além disso, há também um sistema de corrupção, parecido com a Humanidade de Vampiro, que traz um eixo moral mais cinzento, diferente do maniqueísmo que permeia grande parte das obras de fantasia.Um resumo do sistema de personalidade Myers-Briggs também é mostrado no livro, para dar ainda mais colorido ao personagem e ajudar a guiar a interpretação do jogador.

Apoie!

Jogos brasileiros independentes são sempre bem vindos, e tenho certeza que jogadores buscando um mundo fantástico com um sistema tático e um bazilhão de maneiras diferentes de customizar seus heróis e suas habilidades vão curtir conhecer o cenário.

Bom jogo a todos!

Kult: RPG com Safeword

Com o anúncio oficial da editora Buró sobre o lançamento da quarta edição de Kult: Divinity Lost no Brasil, vou aproveitar para comentar um pouco sobre este excelente, porém desconhecido jogo europeu.

Kult surgiu lá nos longínquos anos 90, quando jogos sobre o fim do mundo estavam na moda. Era um jogo adulto e sombrio (como muitos da época) num cenário contemporâneo que misturava mitologia judaico-cristã, gnosticismo, ocultismo e uma pitada de Hellraiser.

O principal diferencial de Kult, contudo, era seu cenário rico e extremamente conciso. Em tempos imemoriais, os humanos eram deuses. Até que uma entidade chamada Demiurgo aprisionou estes humanos primordiais em uma prisão mental chamada de Ilusão (nosso mundo) e os fez esquecerem sua natureza divina. Acontece que, no começo do século XX, Demiurgo desapareceu, enfraquecendo a Ilusão e fazendo com que alguns humanos tenham lapsos sobre a verdadeira realidade do mundo. É aí que entram os personagens jogadores.

Os personagens jogadores são Awares (Conscientes), pessoas comuns que, em algum instante da vida, conseguiram ter um vislumbre do mundo por trás da Ilusão. Isso, invariavelmente, vai colocá-los frente a frente com cultistas, loucos, Awakeneds (Despertos) e criaturas bizarras vindas dos mundos além da ilusão.

O sistema da atual edição é baseado na Apocalypse Engine, e tem mecânicas simples e ao mesmo tempo muito interessantes. Todas as ações dos personagens jogadores são resolvidas jogando 2d10 e somando o valor do atributo (tipicamente entre -2 e +3) contra uma dificuldade fixa. O mestre NUNCA rola dados. Ao invés disso, cada vez que um personagem falha em um de seus testes, dependendo do resultado, o mestre opta por fazer um Move (uma decisão narrativa que prejudica o jogador imediatamente) ou anota um Hold para usar contra o jogador mais tarde.

Por exemplo: Um PJ tenta subornar um guarda para passar para um local de acesso proibido e tem uma falha completa. O mestre pode fazer um Move e decidir que o guarda aciona a polícia e o PJ, além de não conseguir entrar, pode acabar preso ou em confronto com a polícia. Se o PJ teve um sucesso parcial, o mestre anota um Hold e decide que, mais tarde, o guarda vai se arrepender do que fez e acionar a polícia. O PJ conseguiu entrar no local, mas vai ter que lidar com as consequências depois. Parece simples mas, de todos os sistemas que já joguei, este é o que mais força o mestre a tomar decisões narrativas interessantes e inesperadas. E isso é um ponto muito positivo.

A criação de personagens também é extremamente rápida. Basta escolher um Archetype (Arquétipo), um Dark Secret (Segredo Sombrio, que determina como seu personagem viu através da ilusão pela primeira vez), Vantagens, Desvantagens e distribuir 10 valores fixos entre os 10 atributos. Cada Archetype ocupa apenas uma página dupla, já com sugestões de Dark Secrets, Vantagens e Desvantagens.

O livro importado é lindo, e vamos torcer para a Buró manter a qualidade do material. As ilustrações são sensacionais e a ficha de personagem imita a Árvore da Vida da Cabala, fortalecendo ainda mais a imersão no clima místico de Kult.

Que você pode destruir completamente com uma caneta colorida.

O livro não foge de temas pesados, como pedofilia, estupro e violência gore. Inclusive, no capítulo do mestre, você vai encontrar, acertadamente, dicas sobre como lidar com temas pesados em suas sessões, como conversar com seus jogadores sobre temas pesados ANTES de pensar em abordá-los durante o jogo. Também sugere usar uma safeword, uma espécie de palavra-chave para indicar quando interromper certas cenas.

Aliás, se há alguma crítica ao Kult de minha parte, é que certas descrições no livro podem ser gatilhos para algumas pessoas. Mesmo sendo um jogo adulto, parece que os escritores não seguiram as próprias recomendações e acabaram indo longe demais em determinados momentos. Fica o puxão de orelha.

Apesar disso, o saldo geral é bem positivo. Se a Buró fizer um bom trabalho de tradução e impressão, teremos mais um excelente jogo no mercado brasileiro em 2020. Torço também para que tragam o maravilhoso baralho de tarô com temas do cenário.

Bom jogo a todos!

Ordem de Iniciativa

Já vi um monte de vezes, em fóruns, grupos e chats, pessoas sugerindo aplicativos, sites e outras maracutaias eletrônicas para ajudar a controlar a ordem de iniciativa e o andamento das rodadas. Hoje eu vou ensinar um método PERFEITO E INFALÍVEL para mestres que, como eu, preferem o bom e velho bloquinho de anotações atrás do escudo.

Imagine que temos uma situação de combate. Carlos, Simone e Frederico rolam, respectivamente, 12, 13 e 4 nas suas iniciativas. Você, mestre, rola 9 e 6 para o boss e seus minions. Anote em uma tabela conforme a figura a seguir, junto com CA, Defesa ou qualquer outro atributo que tenha essa função.

Cada coluna marca a rodada em que você está, e a cada ação, o mestre marca na tabela quais personagens já agiram. Simone age primeiro, e ela decide fazer um ataque simples.

Carlos opta por utilizar a magia Santuário, com duração de 1d4+1 turnos. Ele rola um 2, indicando que a magia acabará na quarta rodada.

Quaisquer eventos ou acontecimentos que fizerem parte da batalha podem ser anotados na tabela. Supondo que os personagens devem aguentar 6 radadas antes de chegarem reforços, fica muito mais fácil administrar isso quando você visualiza na tabela. Ou quando um jogador opta por adiar seu turno, você pode simplesmente deixar em branco e, quando chegar ao final da rodada, perguntar ao jogador se ele vai agir, como Carlos na segunda rodada da figura abaixo.

Quaisquer outras informações pertinentes podem ser anotadas junto com a ordem de iniciativa também. É uma dica simples e que pode economizar um tempo valioso do mestre e dos jogadores durante cenas de combate.

Bom jogo a todos!

REINO DOS MORTOS [16]

Dhazil corria pelo interior da fortaleza, perdido entre os corredores sem janelas, iluminados apenas por pedras de luz, protegidas por globos de vidro. O anão sabia que seu tempo estava acabando. Seu corpo já era um esqueleto, e sua mente estava prestes a morrer. Ele corria sem rumo, pedindo para Spólios salvá-lo.

Sua peregrinação culminou em uma câmara de pedra, circular, com três portas de acesso. No centro, havia um pedestal com uma bola de cristal no topo.

– O orbe – ele sussurrou, se aproximando do objeto.

– Eu não faria isso – uma voz surgiu de uma das portas, e uma figura encapuzada adentrou a câmara. Ele vestia uma manta roxa, e sob o capuz, seu rosto era coberto por uma máscara de caveira. Seus olhos eram azuis, mágicos. Ele trazia um cajado de osso consigo. – Esse orbe é muito precioso pra mim.

– Você é o necromante – Dhazil recuou, assustado.

– Sim, mas as pessoas costumam me chamar de Nagond, filho de Gerion – ele se apresentou. – Na verdade, é só “Nagond”. Não precisa ficar falando o nome do meu pai. E quem é você, pequenino?

– Eu sou sor Dhazil, o Cavaleiro da Sucata – o anão disse, altivo.

– Diga-me sor Dhazil – o necromante caminhava ao redor da câmara, calmamente. – Essa sua armadura enferrujada é da guarda de Altopico?

– Sim – Dhazil gaguejou. – Como sabe? Nosso uniforme não é visto há mais de cem anos.

– Um pelotão de Altopico estava em Negressus quando os mortos tomaram conta da cidade – Nagond disse. – Você está aqui desde aquela época?

– Sim – Dhazil respondeu, lembrando-se do terror. – Nós viemos em uma missão diplomática para selar a paz entre Altopico e Negressus. Mas não sabíamos que a praga já estava se espalhando pelos esgotos daqui. Quando tudo virou um caos, nós lutamos até o último homem.

– E quem lhe deu a Chama de Amon? – Nagond perguntou. – O Quebrador de Maldições? E por que você não está usando-o agora?

Dhazil colocou a mão no pescoço, onde ficava o colar.

– Sor Kardum me deu – disse ele. – Ele era o meu mestre.

– Imagino que ele tenha o roubado de minha irmã, Raíza. Por isso ela continua presa em seu jardim mágico todos esses anos.

– Sim, meu senhor – o anão baixou os olhos, temeroso. – Mas não tenha tanta compaixão por ela. Foi a sua própria irmã que nos mandou aqui, para roubarmos o orbe.

– Compaixão? – o necromante riu. – Eu não esperava outra coisa de minha irmã. Mas diante disso, devo confessar que minha tolerância chegou ao fim. Está na hora de acabar com o sofrimento de Raíza. Ela precisa morrer. O problema é que o meu assassino acabou de ter a cabeça esmagada no pátio. O que me diz, Cavaleiro da Sucata? Deseja trabalhar para mim, ou prefere voltar a ser um andarilho inconsciente?

– Por favor, mestre! – Dhazil caiu de joelhos. – Eu imploro! Não quero voltar a ser um zumbi! Se tem como impedir a transformação, faça! Eu farei qualquer coisa por isso.

Subitamente, um soldado zumbi adentrou a câmara, foi até o centro e pegou o orbe do pedestal. Ele fez uma continência com a mão, se virou e saiu, levando a bola de cristal. O necromante ficou paralisado por um tempo, sem saber o que estava acontecendo. Então ele se virou para Dhazil.

– Rápido! Traga-me o orbe de volta!

– Imediatamente, meu senhor! – Dhazil se levantou e correu pela porta por onde o zumbi saíra. Levou poucos segundos até encontra-lo. – Ei, parado! Devolva já essa bola de cristal!

– Oi, eu sou Bob Harrow – o zumbi fez uma reverência, segurando a capa com uma mão, e o orbe com a outra. – E quem é você?

– Cale-se! – Dhazil foi até ele e tomou a bola de sua mão, e voltou para a câmara. – Pronto, mestre Nagond. Recuperei o orbe.

– Ele deve ter usado o Chama de Amon – o necromante pegou a bola, olhando em direção à porta. – Mas não importa, daqui a pouco ele se tornará um morto novamente.

– Senhor, e quanto à minha situação? – Dhazil perguntou, mas o necromante não respondeu. Ele olhava para a bola em sua mão, intrigado.

– Isso aqui não é o orbe! – gritou, jogando a bola no chão, partindo-a em milhares de cacos de vidro. – Isso é uma lâmpada de um poste! Aquele maldito levou o meu orbe!

Os gritos do necromante ecoavam pelo castelo enquanto Bob corria para o subterrâneo, rumo à masmorra. Os mortos da fortaleza corriam para a câmara do necromante, urgentemente. Um zumbi guardava a passagem para as celas, e Bob enfiou uma adaga (a que ele resgatara do corpo de Clay) em seu olho. Depois, não foi difícil achar o molho de chaves em sua cintura. Ele passou por cima do corpo e adentrou a masmorra.

– Kevan, cadê você? – Bob perguntou, segurando firme o orbe com os dedos ossudos.

– Quem está aí? – Kvarn estava amarrado em correntes à parede. Ele estava ferido e coberto de sangue. – Você é um morto!

– Você também será se eu não soltá-lo – Bob respondeu. – O guarda não hesitou em me dar a chave depois que eu enfiei uma adaga em seu olho.

O som de passos ecoaram nas escadas, e Bob guardou o orbe na capa. Cinco zumbis apareceram na masmorra, segurando espadas. Bob balançou o corpo de um lado para o outro e gemeu. Os zumbis se olharam e voltaram a sair.

– Que idiotas – Bob sorriu, e usou as chaves para abrir os grilhões de Kvarn. – Eu consegui te libertar. E também roubei o orbe do necromante – ele tirou a bola da capa, orgulhoso, e a jogou para cima. Mas o zumbi não estava acostumado com dedos sem carne. O orbe caiu de sua mão e se espatifou no chão, em um misto de cacos e fumaça. Ele olhou para Kvarn que caíra de joelhos, incrédulo. – O mago vai ficar furioso.

 

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Introdução ao Project Spider

Um desenvolvedor de software manauara e outro taubateano se juntam e o que acontece? RPG !!!

Com apoio do Questfinder e Movimento RPG, temos esse espaço para divulgar esse trabalho.

É isso mesmo… Esses dois malucos após um longo bate-papo e alguns anos, 3, de imaginação tiveram a ideia de ressuscitar o RPG solo ou chamado livro jogo, que se encontra nos antigos livros clássicos de RPG de leitura. Famosos nos anos 80-90 e praticamente mortos no pós 2000.

Viemos para uma pequena apresentação do sistema web de leitura e criação de historias. Lhes apresento o Project Spider

 

projeto de rpg solo

 

O sistema web tem como característica ser uma lista de histórias onde o usuário pode ler e participar de escolhas, fazendo assim seu próprio caminhar.

O sistema vai além de escolhas, onde visa cenas de rolagem de dados… isso mesmo, R-O-L-A-G-E-M DE D-A-D-O-S !!! O que faz com que você fique horas  jogando somente para testar sua sorte!

Não somente jogar mas também criar seu livro e compartilhar sua imaginação onde outros usuários irão se divertir e relaxar na leitura.

 

 

O intuito principal é incentivar a escrita e a elaboração de contos inteligentes e dinâmicos.

Muitas pessoas sempre quiseram ao menos uma vez na vida escrever seu livro, com a ferramenta elas não só podem escreve-lo como também podem fazer com que o leitor participe e ainda fantasiar para dar uma pitada de magia.

É um modelo bem simples e didático de criação, e ainda assim eles disponibilizam vídeos explicando e dando exemplos para facilitar ainda mais.

Na pagina do facebook há posts relacionados a tudo do universo de RPG, com dicas de uso de sua ferramenta e suas melhorias na plataforma.

O sistema nasceu 100% web, hoje já podemos ler através do celular, e amanhã ? podemos aguardar para ver o tamanho potencial deste sistema.

 

 

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