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Preferencialismos Nossos de Cada Dia – Off-Topic #17

Um fato sobre os seres humanos: os gostos são muito diferentes e variáveis. Em um círculo de pessoas, certamente terão aquelas que gostamos mais e as que gostamos menos. Caro que isso é algo natural, normal e corriqueiro. Esse é o preferencialismo.

Mas e quando isso se reflete na mesa de jogo?

Não são raros os casos de uma pessoa que gostamos mais que outas amizades que temos, nem são raros também termos nossas preferências e sintonias de formas variadas. É algo natural à existência humana.

Os gostos variam pelos mais diversos motivos, pelos mais diversos fatores, e podem se alterar a qualquer momento.

Mas apesar de ser natural ou normal, será que estamos preparados para lidar com essa situação nas mesas de RPG?

Como o preferencialismo influencia resultados? Como isso pesa a narrativa e o desempenho do jogo?

O PREFERENCIALISMO NA NARRATIVA

Quando o preferencialismo vem na figura de quem está mestrando ou narrando a jogatina, é possível que um grande problema ocorra.

Como quem narra/mestra é a figura que domina os resultados e caminhos da trama e da jogatina, ter uma pessoa tendenciosa nesse cargo é deveras problemático.

Resultados poderão ser alterados, privilégios serão concedidos e muito mais.

Claro que essa é uma forma ruim de conduzir uma narrativa ou jogatina. E é m ais comum do que parece, acreditem!

Esse tipo de preferencialismo  costuma acontecer quando há casais ou crushs na mesa (e convenhamos né, quem nunca fez algo do tipo?) e todos os esforços se voltam a agradar ou conquistar a atenção dessa pessoa.

Outros casos também podem ser por afinidades de amizades, que muitas vezes privilegiam determinadas pessoas da mesa, principalmente por cima de pessoas novata no hobbie ou na mesa.

É um tanto difícil exercer uma boa narrativa e conduzir eficazmente uma mesa de jogo sem se envolver em qualquer preferencialismo que seja, mas é mais que necessário termos um cuidado redobrado pra que isso não interfira de forma negativa na jogatina.

 

PREFERENCIALISMO NA MESA ENTRE PLAYERS

Existe também o preferencialismo entre as pessoas players da mesa.

Amizades que costumam vir de longas datas, ou a proximidade com a única pessoa conhecida da mesa que fez o convite para jogar.

Motivos para que o preferencialismo aconteça certamente não faltam, e os mesmos problemas dos preferencialismo citados acima ocorrem aqui também, mas existem outros problemas.

O preferencialismo entre players pode tanto render algumas boas histórias competitivas (e sim, o RPG pode ser muito competitivo às vezes) mas pode ser altamente prejudicial quando o assunto é uma jogatina mais “um por todos e todos por um”.

Claro que existem as situações onde a timidez atrapalha um pouco o envolvimento ou a aproximação com outras pessoas da mesa, mas RPG é justamente para ajudar a amenizar tais situações.

Se permitir ficar dependente da única pessoa conhecida da mesa impede o desenvolvimento da jogatina, de conhecer as demais pessoas, de interagir e se divertir.

 

O PREFERENCIALISMO REVERSO

E o contrário ao preferencialismo, será que existe?

Infelizmente, sim. E talvez até mais que o preferencialismo de fato!

Hoje em dia costumamos chamar de ranço, preguiça ou outro termo, mas certamente tem aquela pessoa que nossa finidade realmente não bate muito.

Novamente, isso também é normal, é comum, até saudável.

Não é possível “gostarmos de todas as pessoas”, afinal certamente existem pessoas cujos comportamentos ou ideais sejam  conflitantes com os nossos pessoais, até aí tudo bem.

Mas e quando isso começa a se refletir na mesa de jogo? Não gostar da presença de alguma pessoa na mesa, não quer dizer que as personagens não se gostem, não se entrosem ou não se apoiem.

Ter um “preferencialismo em odiar” acontece também, e isso de fato só serve para prejudicar o bom andamento das jogatinas.

MUITO ALÉM DO BEM E DO MAL

Ter preferencialismo, para o bem ou para o mal, vai acontecer. Invariavelmente.

Isso é parte da nossa natureza enquanto seres humanos, enquanto viventes e sapientes.

Como lidarmos com nossos preferencialismos, seja na vida ou nas mesas de RPG, isso sim é algo totalmente sob nosso controle.

Cabe apenas a nós determinarmos o quanto nos deixamos influenciar e levar por tais condições e pensamentos.

É válido lembrar que o RPG é um exercício de imaginação coletivo, feito em união e ressonância.

Que tal tentarmos nos manter um pouco acima dos nossos preferencialismos, e enxergarmos a situação e as questões como um todo?

E fazendo isso nas mesas de RPG, que tal estendermos isso para os outros pontos das nossas vidas?

 

Publicado por

Eduardo Filhote

Rpgista desde os saudosos anos 90, mais Narrador que Jogador. Podcaster do Machinecast, Filósofo e metido a escritor. Lupino da Liga das Trevas e aventureiro do mundo fantástico de Arton. Prefere Lobisomem a Vampiro, tem preguiça de D&D e considera 3D&T um dos melhores sistemas de jogo.

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