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Também Quero Viajar Nesse Balão… – Off-Topic #7

Saudações rpgísiticas a você pessoinha linda e maravilhosa que está lendo esse textinho feito com muito carinho! É fato que uma parcela enorme de pessoas que jogam RPG hoje em dia tenha começado esse hobbie bem mais jovem, talvez até próximo da infância (pelo menos o meu caso e de muita gente que eu conheço). Outro fato também é que muitas pessoas que jogam hoje, já em idade mais adulta (por assim dizer) está direta ou indiretamente ligada à alguma criança. Independente do grau de parentesco, é muito provável que uma hora ou outra, essa criança desperte uma curiosidade em saber o que está rolando e o que as pessoas estão fazendo com tantos dados, papéis, livros e se divertindo. E aí surge a grande questão: RPG é coisa pra criança também? É exatamente isso que vamos conversar hoje!

EXISTE IDADE PRA SE JOGAR RPG?

Queria muito começar o texto com essa pergunta, por ser bem capciosa. Será que existe uma idade pra se jogar RPG? Um limite ou censura que deva ser seguido? Há um ponto divisor entre RPG de adulto e RPG de criança?
É possível que a resposta para todas essas perguntas seja SIM! Vamos começar pela idade para se começar a jogar: eu particularmente não creio que exista um ponto de proibição quanto a idade. Como sabemos, na maior parte das vezes é necessário fazer o uso de anotações, leituras e interpretações de textos para se poder jogar RPG, assim como uma grande parcela de boardgames por exemplo. Por isso, é mais complicado jogar com uma criança que ainda não desenvolveu a habilidade para começar ler, escrever e interpretar frases e palavras. Claro que isso não é completamente um impedimento, e sim apenas um ponto que torna levemente mais difícil adaptar a experiência para essa turminha. Obviamente que uma estrutura mais lúdica pode ser criada para inserir as crianças em universo mágico de faz de conta e imaginação, para que possam viver ali suas aventuras e ter seus aprendizados, e que pode ser uma experiência tão ou mais completa que a tradicional vivida por adultos e jovens!

Mas a idade, de fato, pode ser um limitador no quesito “temas a serem abordados”. Como sabemos, RPG é um jogo de imaginação e faz de conta, de criatividade e fantasia, áreas que não tem limites de conteúdo, formas ou reverberações. Nesse sentido, podemos encaixar aquele conceito de que “tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém”. Ao jogar com crianças, alguns temas e cenários de jogo devem ser evitados ou muito adaptados para não ferir a inocência característica dessa fase da vida. Jogos com altas doses de violência, crueldade, terror e afins, inclusive, costumam já vir em seus manuais com avisos que são próprios para pessoas acima de determinada idade, assim como acontece com filmes e games por exemplo.

A questão, então, não é “com qual idade começar a jogar”, mas talvez de levar a questão para “qual material seria interessante de jogar”, levando em consideração a idade e fase mental das crianças envolvidas.

 

POR ONDE COMEÇAR A JOGAR?

Já que crianças podem jogar RPG, provavelmente você já deve estar se questionando “mas começar então por onde”, não é? Hora, isso é ao mesmo tempo simples e também muito complicado. Estamos falando de crianças, e crianças ao mesmo tempo que não veem maldade em muitas coisas, também se fascinam por conteúdos que, mais tarde, podem ser vistos como politicamente incorretos ou não apropriados. Não sei o caso de vocês, mas imagino que, como eu, sejam de uma geração que passou por muita coisa “inapropriada” quando criança, como ver sangue jorrando aos litros nas batalhas dos Cavaleiros do Zodíaco, um velho tarado se aproveitando de uma menor de idade em Dragon Ball, um marinheiro puxando umas ervas pelo seu cachimbo em Popeye, um pássaro muito do errado fazendo todas as trambicagens possíveis pra se dar bem em Pica-Pau e muito mais. Era comum para nós vermos sem maldade, embora hoje possamos notar o quão politicamente incorreto são as obras (mas ainda sim continuam sendo boas).

Minha recomendação, nesse caso, é explorar o que as crianças já conhecem para traze-las ao mundo dos RPGS. Sistemas mais abertos e adaptativos, como 3D&T, permitem que qualquer cenário seja portado para as mesas. Dessa forma, basta pegar o que as crianças estiverem consumindo e adaptar. É necessário deixar o preconceito do pensamento adulto de lado para se mergulhar nessa brincadeira, entretanto. Mesmo que possa parecer uma chatice ver Dora Aventureira na TV, para as crianças é algo mágico. Relembrar a magia de programas que muito nos divertiram, como Castelo Rá-Tim-Bum, também é um caminho atrativo e até mesmo lúdico para se seguir com as crianças.

Não tenham medo de se aventurar pelo mundo do que as crianças andam consumindo! Façam uso do desenhos, programas, personagens, filmes, artistas e demais figuras de linguagem que elas já conheçam e se identifiquem para dar o ponto de partida das aventuras e jogatinas.

O melhor caminho talvez seja se ater menos às regras, rolagens de dados e disputas de poder, para se permitir que elas mergulhem em suas fantasias, imaginações, que deem vida a seus personagens, se sintam parte da história e do mundo fictício que estão criando. Tenho certeza que pra elas a experiência é fantástica, mas para as pessoas organizando, é ainda maior!

Arte do livro “The ABC’s of RPG” –

 

COMO E POR QUE JOGAR RPG?

Ora bolas! Sério que precisamos falar sobre isso? Ok, tá bom, tudo bem… só pra dizer que não falamos, né? Então vamos lá!
Como jogar RPG com crianças? A melhor forma, a meu ver, é brincando e se divertindo (o que, convenhamos, a grande maioria de nós está deixando de fazer para advogar regras de sistemas, né?). RPG pode educar, ensinar e muito mais, mas as crianças, conforme um consenso de especialistas no assunto educação infantil, aprendem muito mais através da diversão, e o conhecimento pode ser muito divertido.

Não se atenham a disputas de dados, regras complexas, equações de cálculos de vantagens, combos de habilidades, lógicas de personagens e cenários… deixem que a imaginação tome conta. Por mais maluco ou fantástico que possa parecer, tentem deixar que o mundo e as regras sejam “criados” pelas crianças. Deixem que elas sintam que estão no comando (apesar de sabermos muito bem quem na verdade está controlando tudo), que estão vivendo de fato o que está em suas cabecinhas.

Assim, seria mais interessante para uma criança, por exemplo, ao invés de simplesmente sentar e olhar a explicação sobre matemática, se ela pegasse uma carona com o Pato Donald pela Terra da Matemágica, onde tudo somente pode ser resolvido através de… matemática! Ou então se elas precisarem de completar o texto de um enigma usando o português! Vivenciar uma experiência de química ou de física ao lado de grades nomes da ciência!

RPG não é apenas ficção e faz de conta. História real e conhecimentos reais podem ser utilizados, explicados, vivenciados e ensinados através do RPG! Uma ferramenta poderosa, capaz de se comunicar com crianças através de sua própria linguagem, de forma dinâmica e acessível, e com resultados grandiosos e gratificantes!

E aí? Que tal planejar agora mesmo juntar as crianças e começar a jogar RPG??

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Publicado por

Eduardo Filhote

Rpgista desde os saudosos anos 90, mais Narrador que Jogador. Podcaster do Machinecast, Filósofo e metido a escritor. Lupino da Liga das Trevas e aventureiro do mundo fantástico de Arton. Prefere Lobisomem a Vampiro, tem preguiça de D&D e considera 3D&T um dos melhores sistemas de jogo.

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