Regras da Casa – Dicas de RPG #107

No dicas de RPG de hoje, Kastas, da Tríade Geek e RPG, vai falar sobre a importância e como criar as  famosas regras da casa!

O Dicas de RPG é um podcast semanal no formato de pílula que todo domingo vai chegar no seu feed. Contudo precisamos da participação de vocês ouvintes para termos conteúdo para gravar. Ou seja, mande suas dúvidas que vamos respondê-las da melhor forma possível.

Portanto pegue um lápis e o verso de uma ficha de personagem e anote as dicas que nossos mestres vão passar.

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Regras da Casa

Voz: Kastas
Edição do Podcast: Senhor A
Arte da Capa: Raul Galli

Músicas:

Music by from Pixabay

REINO DOS MORTOS [3]

Clay girou sobre os tornozelos, tentando encontrar uma solução. Seus olhos encontraram uma casa ao seu lado, de paredes altas e caiadas.

– É uma grande construção – ele disse apontando para a porta. – Deve ter saída para a rua do outro lado. Alguém consegue arrombar?

Toiva ergueu as duas espadas e as desceu na altura da fechadura. As lâminas entraram com tudo, fazendo fissuras na madeira. Ela deu um chute, abrindo a porta e puxando as espadas de volta. Em seguida, algo aconteceu muito rápido. O cabelo ao lado de sua cabeça voou, e uma flecha acertou o crânio do zumbi que saltara em sua frente. Ele viera de dentro da casa.

– Obrigada – ela se virou para Jim que já puxava outra flecha.

– Rápido, entrem! – Clay gritou, apontando para a porta.

De fato, era uma grande mansão, com escadas laterais que levavam para uma galeria. O grupo caminhou até o centro da sala, quando a porta de um quarto foi derrubada, e vários zumbis começaram a sair de dentro.

Galdor se virou e começou a girar a mão, fazendo um pequeno furacão em sua frente, arrebatando os mortos com a força do vento e os jogando pela porta de saída.

– Tem mais! – Toiva gritou, vendo zumbis surgirem de um segundo quarto. – A casa está cheia!

– Lar vazio é um lar triste! – Kvarn gritou, e se jogou pela porta desse quarto.

– KVARN, NÃO! – Clay gritou, desesperado.

– Tarde demais para ele – Toiva disse, incrédula.

Ao se virarem para o corredor que levava para o outro lado da casa, o grupo parou. Uma silhueta se movia pelo caminho. Alguém se aproximava, e não dava para passar por ele. Era o dono da casa, provavelmente. Ele vestia uma toga branca, agora coberta de sangue e fezes. Seu corpo devia pesar uns duzentos quilos. A pele e banha balançavam como geleia ao redor de um esqueleto. Havia uma haste de lança atravessada em sua barriga. O zumbi gordo ergueu os braços e começou a se aproximar do grupo.

– Estamos cercados! – Toiva gritou, olhando para trás.

A porta em suas costas estava bloqueada pelos zumbis que Galdor continuava empurrando para fora.

– Jim, acabe com ele! – Clay apontou para o gordo no corredor.

Jim tinha poucos segundos para acertar o alvo antes de serem atacados. Ele nunca teve que atirar nessas condições. Tentou colocar a flecha no arco rapidamente, mas sua mão tremia, desordenada. Assim que o gordo os alcançou, ele atirou.

A flecha passou raspando pela cabeça do zumbi e acertou a parede. O gordo se jogou sobre o grupo, abraçando e caindo sobre Clay. Galdor sentia o suor escorrer pelo seu rosto enquanto mantinha a ventania direcionada para a porta que tremia freneticamente. O umbral começou a se soltar, abrindo um buraco maior.

– Eles vão entrar! – o mago gritou.

Toiva saltou sobre o gordo, tentando puxá-lo para o lado, sem sucesso. O zumbi abriu a boca e fechou os dentes sobre o couro cabeludo de Clay, fazendo sangue jorrar por sua pele. Jim conseguira encaixar outra flecha e correu para o lado, procurando um ângulo melhor. Ele esticou a corda e a soltou. A ponta da flecha entrou em um ouvido do gordo e saiu pelo outro.

O arqueiro correu até Toiva e tentou ajuda-la a tirar a criatura de cima de Clay. Apesar da força de ambos, o zumbi mal se movia. Clay não conseguia respirar, e seus olhos começaram a fechar.

– Isso não é hora de dormir, seu folgado! – Kvarn apareceu, coberto de sangue, segurando um escudo novo.

Ele ergueu o escudo e correu, se lançando contra o gordo, como um touro. Rapidamente, tirou o peso de cima de Clay. O líder do grupo despertou assustado.

– Eu não vou conseguir segurar por muito tempo – Galdor gritou, quando sua ventania começou a enfraquecer.

– Precisamos sair daqui – Toiva ajudou Clay a se levantar. – Galdor, rápido, venha!

O grupo disparou pelo corredor livre, rumo ao outro lado da casa. Não havia porta nos fundos, só uma passagem aberta. Eles alcançaram a rua e correram até um beco vazio.

– Muita gente morreu em suas casas – Galdor os alertou. – Devemos abrir as portas somente em caso de necessidade.

– Mas seria importante vasculharmos alguns lugares – Jim disse. – Precisamos encontrar remédio e comida.

– Eu concordo com o garoto – Kvarn disse, erguendo o escudo em forma de lágrima. Ele era feito de madeira, com tiras de aço, e coberto por couro verde. No centro havia o desenho de um sol branco. – Eu encontrei essa belezinha aqui na mansão. Nós não vamos encontrar boas armas jogadas na rua.

– Kvarn, você foi muito imprudente lá dentro – Clay se sentou, limpando o sangue dos olhos. – Poderia ter morrido.

– Graças à minha investida eu encontrei o escudo – Kvarn bateu na madeira. – Ele protege uma área bem grande, e é bom para empurrar inimigos também.

– Parece que o Kvarn encontrou uma namorada – Toiva brincou, guardando suas espadas. Ela se virou para Clay. – Como está sua cabeça?

– A mordida foi superficial – ele respondeu, tocando na ferida. – Vou ficar bem. O que me preocupou mais foi morrer esmagado.

– Gordo é foda – Kvarn brincou, apertando sua própria barriga volumosa.

– E agora, sul? – Jim perguntou.

– Sul – Clay ficou de pé, com metade do rosto coberto pelo próprio sangue.

Antes que eles saíssem do beco, um vulto cruzou a rua. Depois outros passaram rápidos. Galdor sussurrou “corredores”.

 

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