Complexo de Detenção e Ressocialização – Dicas de RPG #98

No Dicas de RPG de hoje, a autora Naomi Maratea nos leva a explorar o intrigante RPG CDR (Complexo de Detenção e Ressocialização). Neste cenário futurista, os jogadores assumem o papel de detentos em busca de redenção em uma sociedade distópica. Com uma narrativa envolvente, o CDR oferece desafios emocionantes, conflitos internos e externos, além de oportunidades de crescimento dos personagens, enquanto lutam por sua liberdade dentro do complexo de detenção.

O Dicas de RPG é um podcast semanal no formato de pílula que todo domingo vai chegar no seu feed. Contudo precisamos da participação de vocês ouvintes para termos conteúdo para gravar. Ou seja, mande suas dúvidas que vamos respondê-las da melhor forma possível.

Portanto pegue um lápis e o verso de uma ficha de personagem e anote as dicas que nossos mestres vão passar.

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Complexo de Detenção e Ressocialização

Voz:  Naomi Maratea
Edição do Podcast: Senhor A.
Arte da Capa: Raul Galli.

Músicas:

Music by amidtownfarewell from Pixabay

 

 

Gangsta’s Paradise – Quimera de Aventuras

Nesta Quimera de Aventuras vamos falar sobre a música Gangsta’s Paradise do falecido rapper americano Coolio. Neste Quimera, pretendo destrinchar a letra da música e tirar possíveis plots de aventura de partes da letra da musica.

https://movimentorpg.com.br/wp-content/uploads/2023/04/Coolio-Gangsta_s-Paradise-ExtendedMP3_320K.mp3?_=1

Coolio

Artis Leon Ivey Junior, também conhecido como Coolio, era um rapper americano que foi membro do grupo WC and the Maad Circle. Mas que começou carreira solo no meio dos anos 90.

Coolio era considerado uma criança muito esperta, curiosa e apaixonada por livros. Mas depois de tribulações em sua família com o divorcio de seus pais, ele começou a se aproximar de gangues de Los Angeles. Aos 17, foi preso por roubo e, quando voltou ao high school (nosso equivalente do ensino médio) começou a investir na carreira de rapper, pelo o que é conhecido e aclamado hoje.

Um de seus maiores sucessos, Gangsta’s Paradise.

Been spendin’ most their lives, livin’ in the gangsta’s paradise

Gangsta’s Paradise

A musica é feita em cima de um sample da musica do cantor Stevie Wonder, e de acordo com o próprio Coolio para a revista Rolling Stones, ele ouviu a demo da musica e improvisou os primeiros versos da música e depois escreveu o resto.

A musica venceu o Grammy em 1995 de melhor performance solo de Rap. No mesmo ano, no Billboard Music Awards, ele apresentou junto ao cantores L.V, Stevie Wonder e ao New York Boys Choir.

A musica feita para o filme Dangerous Minds (Mentes Perigosas, no Brasil), que seria lançado no mesmo ano.

Nossa Opinião Pessoal (Música não tem spoiler… Né?)

Gangsta’s Paradise é uma música muito importante pra mim. Principalmente quando estava saindo dos dezenove anos e indo para os vinte, por mais que muita coisa sobre a vida de gangster não se aplique, a musica é quase um testamento sobre pessoas que olham para suas vidas e acham que perderam o controle dela.

Gangsta’s Paradise é uma musica densa, o coral ao fundo junto a letra falando sobre como a vida de crime é curta e perigosa, traz uma emoção que, para mim, é indescritivel.

Quimera de Aventuras

Abaixo, na parte da Quimera de Aventuras, faremos algo um pouco diferente; Irei pegar versos da musica e transformar em uma aventura que tente seguir, o mais próximo possível, o que a musica expressa e quer dizer.

Cenários e Sistemas

A vida curta e perigosa do crime expressa em Gangsta’s Paradise pode ser usada em qualquer cénario, de qualquer sistema.

O crime, independente do multiverso, é o mesmo e as questões que as cercam são as mesmas em qualquer cenário.

Mas um destaque, possivelmente, seja o sistema CDR – Centro de Detenção e Ressocialização, aonde um dos personagens pode ser inspirado na mensagem da realidade do crime que a música passa.

Ganchos de Aventura

As I walk through the valley of the shadow of deathI take a look at my life and realize there's nothin' left'Cause I've been blastin' and laughin' so long, thatEven my mama thinks that my mind is gone

Um NPC, que pode variar de acordo com o cenário e campanha, seja um ladrão em cenários de fantasia, contrabandista em cenários de Sci-Fi ou mesmo um Vampiro já velho em Vampiro. Depois de olhar para a sua vida percebe que nada mais sobrou para ele. Tudo que fez até ali foi para nada, e mesmo tudo que importava para ele, foi embora.

But I ain't never crossed a man that didn't deserve itMe be treated like a punk, you know that's unheard ofYou better watch how you're talkin', and where you're walkin'Or you and your homies might be lined in chalk

Mesmo com todas essas considerações em mente, o personagem entende que suas ações foram justificadas e hoje entende que tem que tomar cuidado com quem fala ou com quem anda ou acabará em uma situação ruim, ou até mesmo morto. Esse NPC pode ter alguma ligação com um grupo criminoso ou até mesmo um pacto com o principal antagonista da mesa. O importante é que ele entende que suas ações foram necessárias naquele momento, mas que agora está em um “beco sem saída”.

I really hate to trip but I gotta locAs they croak, I see myself in the pistol smoke, foolI'm the kinda G the little homies wanna be likeOn my knees in the night, sayin' prayers in the streetlight

Nosso NPC não necessariamente parou sua vida de crimes, ele ainda comete e segue no sistema que manteve por tanto tempo. Mas se vê como uma inspiração a novos membros, e vê seu reflexo nas ações que outros membros tentam cometer e, quando vê outros tendo ele como inspiração, se ajoelha desesperado pelo caminho que os mais novos estão seguindo. Neste caso mais novos não são necessariamente de idade, mas como a influência dele arrasta outros para o buraco que ele só se enxergou agora.

Been spendin' most their lives, livin' in the gangsta's paradise
We keep spendin' most our lives, livin' in the gangsta's paradise

O NPC entende, ele passou boa parte da sua vida vivendo em um paraíso bizarro nos atos criminosos que faz e precisa sair dessa situação.

Look at the situation they got me facin'I can't live a normal life, I was raised by the streetSo I gotta be down with the hood teamToo much television watchin' got me chasin' dreams
Após essa realização, ele percebeu que depois de tudo que fez, não pode mais viver uma vida normal, ele foi criado naquele ambiente. Então deve fazer algo para derrubar a organização que participa. Talvez até ache que seja uma utopia, baseada em historias que ouve sobre hérois e aventureiros (em cenários de fantasia) ou qualquer referencia de inspiração que houver no cenário.

Chamado para a Aventura

I'm an educated fool with money on my mindGot my ten in my hand and a gleam in my eyeI'm a loc'd out gangsta, set trippin' bangerAnd my homies is down so don't arouse my anger, fool
Ele chama os personagens dos jogadores para auxiliar em sua tentativa de ir contra o sistema que participou por tanto tempo. Mesmo receoso em enfrentar o que ajudou a construir, ele se mostra determinado a isto. Os jogadores decidem, é claro, se aceitam ajudá-lo ou não, podem achar estranho a mudança de atitude, mas a recompensa é boa e a causa é justa.
Death ain't nothin' but a heartbeat awayI'm livin' life, do or die, what can I say?I'm 23 now, but will I live to see 24?The way things is going, I don't know
O NPC parece bastante agitado para fazer isto logo, os personagens podem perceber que ele está colocando todas as cartas em jogo e até pretende se sacrificar para cumprir este objetivo. Os jogadores podem fazer ele perceber que é o contrario. Que na verdade…
Tell me why are we so blind to seeThat the ones we hurt are you and me?
Ele pode estar cego para o que realmente está em jogo e que ele apenas está se culpando por algo que já está auxiliando em resolver. Mas ainda não consegue enxergar isso.
Power and the money, money and the powerMinute after minute, hour after hourEverybody's runnin', but half of them ain't lookin'It's goin' on in the kitchen, but I don't know what's cookin'
Os jogadores planejam e adentram com o NPC aonde o grupo criminoso trabalha, veem poder e dinheiro circulando como água. Após horas de planejamento e tensão, é hora do ataque final. Após a execução do plano tudo funciona, ou não, dependendo de como os jogadores se saírem.
They say I gotta learn, but nobody's here to teach meIf they can't understand it, how can they reach meI guess they can't, I guess they won'tI guess they front, that's why I know my life is out of luck, fool
Pode ser que outros personagens, ou mesmo os próprios jogadores, tentem ensinar ele a tentar outro caminho. Mas ele acredita que não consegue aprender porque ninguém se importou de tentar ensiná-lo. Que eles não podem entendê-lo, portanto não consegue alcançá-lo.
Durante o ataque ao grupo, talvez o NPC tente ações mais ousadas que o necessário, e a conversa e as interações dos jogadores com ele são o martelo final se o NPC, mesmo depois de toda essa realização, vai viver mais um dia para se dar mais uma chance, ou não.

Considerações Finais

Usar música como plano de fundo de RPG é uma das minhas paixões. Não só porque amo trilha sonora, mas lendo letras de música conseguimos tirar muita coisa legal e interessante.

Esse é um modelo diferente de Quimera de Aventuras, não apenas por utilizar da musica como fonte de inspiração, como também como fonte de criação para ganchos de RPG.

O que o grupo da sua mesa fará? Convencerá o NPC que ele não precisa viver e morrer no “paraíso gangster”? Ou creem que ele não tem direito a uma segunda chance?


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Gangsta’s Paradise – Quimera de Aventuras

Revisão e Montagem da Capa: Isabel Comarella
Texto: Gustavo “AutoPeel” Estrela

CDR – Resenha

Poucos jogos tem a habilidade de te arrebatar desde o começo. Devido a sua intenção, CDR será um deles, certamente. De antemão, importante ressaltar que o Complexo de Detenção e Ressocialização é uma obra, já financiada, de Naomi Maratea, que busca nos levar ao contexto do que acontece dentro dos superlotados sistemas penitenciários. Por isso apresenta o CDR, problematizando a todo momento a realidade do país.

Sobretudo, não é possível falar sobre o CDR sem apontar o défict brasileiro em lidar com o tema. Ainda, não creio que seja minimamente a intenção do jogo deixar de lado a deplorável realidade das penitenciárias. Portanto, CDR é um jogo sobre conscientização, problematização, mas ainda assim um jogo de RPG, para sua criatividade formular o que for necessário para uma aventura frutífera com seu grupo.

Por que o jogo existe?

CDR

Me permito copiar não só essa parte do título nesta resenha, mas também parafrasear trechos que precisam ser mantidos o mais fiel possível a intenção do jogo. Sendo assim, CDR existe para a problematização sobre as péssimas condições do sistema carcerário brasileiro. É certo dizer que presídios são instituições que não evitam a violência, mas lá a promovem. Por isso, mais certo do que isso é afirmar que essa é a intenção do presídio, cujo objetivo é ressocializar apenas no papel.

O jogo existe, também, para alertar sobre os desejos da burguesia, que deseja enclausurar sem reparação, aqueles que cometem crimes. Certamente, você pouco vê a elite participando dessa proposta de ressocialização. Dado o apresentado, CDR é uma crítica social, mesmo sendo um jogo.

Os personagens em CDR

Seu personagem será um detento, e você está cumprindo a sua pena. O que acontecerá na prisão depende de quem você é, claro, e da contadora de causos (mestre do jogo). Sua pena determina quando tempo você ainda passará na tranca. E o moral que seu personagem tem, representa o quanto ele é respeitado. As possibilidades de personagens são:

  • Cadeado é um cara que não conta os segredos dos irmão, não importa o que aconteça.
  • Camarão é um novato que acabou de chegar na cadeia e ainda não aprendeu como agir nesse local.
  • Johnson é um cara 13 das ideia; alguém que não apresenta um comportamento comum, mas, mesmo assim, foi jogado em uma cadeia comum.
  • Lagarto é um cara que faz tudo que os outros mandam, seja por medo ou com segundas intenções.
  • Laranja é alguém que assume a culpa por coisas que os outros fizeram, seja por medo ou com segundas intenções.
  • Mula é uma pessoa responsável por levar itens proibidos para dentro da penitenciária ou os transportar pela cidade.
  • Noia é alguém cujo comportamento é afetado pelo vício em drogas. É muito fácil cair no vício quando se vive em um inferno, e, dentro da prisão, esse vício pode ser mortal.
  • Torre é um chefão, geralmente ligado a uma facção criminosa. Dá ordens e orientações para outros presos e até para pessoas fora do presídio.
  • Velhote é um preso que já está encarcerado faz muitos anos e já manja de como as coisas funcionam.
  • X9 é o oposto do cadeado. Cagueta que troca informação secreta por vantagens.
  • Outra opção, que você pode definir!

O sistema de CDR

O sistema carcerário é violento

Primeiramente, o jogo apresenta apenas 4 atributos, sendo eles: Corpo, Dureza, Cabeça e Firmeza. Nesse sentido, corpo e dureza são atributos físicos, ativo e passivo, respectivamente, enquanto Cabeça e Firmeza são atribuos mentais e sociais, ativo e passivo, igualmente. Logo, de fácil assimilação e utilização dentro do próprio jogo. Por último, o sistema utiliza 2d6 como sua base nas rolagens de dado.

Em segundo, é relevante dizer que os testes são feitos, em sua maioria, contra um número alvo determinado. Em contrapartida, combates de um jogador contra o outro (e eles podem ocorrer), usam rolagens resistidas (os dois jogadores jogam). Além disso, o jogo flui de forma diferente, quando os bônus da ficha do personagem diminuem o número alvo, e os 2d6 devem atingir ou passar o resultado para terem sucesso.

Ademais, o que existe?

À primeira vista pode parecer deveras simples, mas o CDR apresenta um sistema mais bem elaborado de privilégios e posses. Em se tratando de privilégios, são habilidades, características ou benefícios que são dados ao seu personagem. No que tange as posses, são os itens que ele possui. Dessa forma, pense em como é interessante não ter nenhum item em sua posse e arrumar uma forma de conseguir uma faca, por exemplo, tendo de construir uma.

Cada personagem apresenta um vulgo e uma gana. É sabido que vulgo é a forma como te conhecem, na quebrada e na tranca, já a gana apresenta um objetivo, que pode ser tratado a curto, médio ou longo prazo. Ainda, existe a opção de jogarem fora do CDR, no seu bairro onde pode, ou não, ter uma biqueira. Dessa forma,  o jogo apresenta uma crítica social ao crime e a forma como ele é visto pela sociedade.

É isso aí, caro amigo NERD, GEEK, RPGISTA, se curtiu esse texto, considere acompanhar os outros que fiz aqui no movimento RPG. Importante também dar uma olhada neste que é um portal riquíssimo de diversos outros títulos. Aproveita para me apoiar nas outras redes sociais clicando aqui. Muito obrigado e até a próxima!

CDR – Centro de Detenção e Ressocialização – No Catarse

CDR – Centro de Detenção e Ressocialização é o primeiro jogo de RPG de mesa do mundo que aborda a temática sobre presídios. Neste jogo de interpretação de papéis, os  jogadoras vão se colocar no papel de presidiários brasileiros, experimentando diariamente a opressão do sistema carcerário.

A autora Naomi Maratea traz também inúmeras referências a grandes nomes e obras da arte como Racionais MC’s, Sabotage, Carandiru e Cidade de Deus, a proposta do jogo é sair da bolha do RPG de mesa e propor reflexões que conversem com a maior parcela da população brasileira: a quebrada. Portanto o sistema não se trata apenas da abordagem da violência vivenciada nos presídios, o RPG CDR possui uma carga dramática maior, pois lidar com medos, traumas, culpas, impulsos e a luta pela sobrevivência pode se tornar muito mais mortal que um briga física. Sendo assim, as jogadas de dados serão menos frequentes do que estamos acostumados, sua interpretação, será sua principal arma. Dessa forma o sistema CDR pode ser uma ótima entrada para novos jogadores, pois serão já iniciados na fora motriz do RPG, a INTERPRETAÃO

Componentes do projeto

O projeto pode ser encontrado no Catarse, acessando por aqui. Existirão chaves e marcadores de ficha feitos em impressão 3D, esses recursos estarão relacionadas às mecânicas do jogo, além do livro físico, do PDF e do acesso às metas extras.

O livro será no formato A5, com 40 páginas, colorido, com papel couché fosco, com capa em papel cartão 300g com acabamento em refile e enobrecida com verniz UV Total e Vinco. Essa informação está sujeita a mudanças, mas não diferirá demais.

Recompensas:

Visitante: Para R$ 10 ou mais
Seu Vulgo no Livro: Para R$ 20 ou mais
Bicho Feroz: Para R$ 30 ou mais
Malandro é Forte: Para R$ 45 ou mais
Aqui é Facção: Para R$ 50 ou mais
Vamos apoiar o Projeto!

O Movimento RPG agora tem uma super novidade. Temos nosso próprio Clube do Livro, A Ordem da Quimera(acesse por esse link). E em Fevereiro estaremos com o livro O Último Ancestral do autor Alê Santos, que participará conosco do encontro no dia 28/02. Para participar é muito fácil, acesse o link anterior e lá entre em contado direto com a Lorde Isabel Comarella (Bell Comarella#0272). Aproveite e faça parte nosso servidor no Discord.
O Último Ancestral

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