Sangue e Glória – Quimera de Aventuras

Nesta Quimera de Aventuras vamos falar sobre o conto Sangue e Glória, escrito pelo grandioso mago Thul Zandull.  O conto encontra-se aqui no site dividido em 11 partes, hoje vamos usar a Parte 5 do conto.

Sangue e Glória (Parte 5)

O grupo de Orcs estava no território dos Kobods, para adentrar em seu lar e recuperar o que havia restado. A recompensa deles seria as riquezas que lá encontrassem. Ao adentrar no covil dos kobolds, enfrentaram as aranhas que o tomaram dos seus donos anteriores. E com uma boa estratégia, conseguiram derrotar a Aranha Gigante que dominava o ambiente naquele momento. Porem Gorac, o líder do grupo,  foi ferido e ficou de fora da batalha, cabendo a Mira, sua companheira, pegar a espada Benção dos Lideres, que passou pelas mãos de cada antecessor de Gorac e finalizar o combate.

Quimera de Aventuras

Nesta sessão colocamos algumas ideias de uso para aventuras de RPG. Entretanto fique ciente que para isto, teremos que dar alguns spoilers da obra. Leia por sua conta em risco.

Benção dos Lideres

A  espada, já passou pelas mãos de 5 grandes lideres Orcs, antecessores de Gorac, que apesar de ter em seu histórico muitas batalhas, precisa ainda conquistar muito mais para de fato ser tão grande quanto seus antepassados. Na sua aventura, poderá levar o primeiro líder orc da linhagem de Gorac para a honra de possuir essa arma. Banothi, o Banidor, teve apoio de outros lideres de vários povos, na luta contra a guerra que queria os expurgar do seu mundo. O Banidor, usou sua força e ímpeto para sacrificar-se nas trincheiras de defesa, impedindo de os Autarcas conquistassem mais de suas terras. Ele sozinho derrotou muitos soldados, além de grandes campeões inimigos. E seu sacrifício não foi em vão, permitiu que outros grupos desestabilizassem o ataque, e virassem o final da batalha para poderem manter-se em seu territórios e culturas.

Coleção Dungeons&Dragons
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Sangue e Glória – Quimera de Aventuras

Sangue e Glória – Parte 9 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Sangue e Glória – Parte 8, os Orcs conseguiram descer os outros andares da mina. Encontraram lá aranhas, e Mira os alertou sobre estarem impregnadas de magia. Além de se depararem com um Golem de Cristal, um desafio a altura do grupo que poderá libertar o poderoso mago.

E agora…

Sangue e Glória – Parte 9

Gorac pensava consigo que todo treinamento recebido nunca poderia contemplar o que estava diante dele. A criatura humanoide de cristal, animada por magia antiga e poderosa. Refletia se as lâminas seriam capazes de rechaçar os ataques desferidos. Pensava em quanta força aquilo poderia demonstrar e principalmente se os escudos resistiram por muito tempo aos ataques.

Mira estava levemente afastada de Gorac, e analisava as possibilidades abertas pelo sussurro daquele que estava preso por grilhões invisíveis, naquela tumba construída com poderes místicos de outrora. Pensava em quão rápidos e precisos deveriam ser para atingir os pontos levemente opacos indicados. Pensou que Anáxalas seria fundamental para vencerem o desafio, mas ao mesmo tempo poderia ser aquela com menor capacidade defensiva e por isso agradeceu a rápida reação de Xalax ao se posicionar de maneira que pudesse oferecer alguma cobertura a parceira de combate.

Calculando as estratégias 

Gorac e Mira se entreolharam e sabiam que deveriam se revezar e usar uma tática diferente, neste caso. Diante de um ser incansável, o avanço e recuo deveriam ser precisos, de maneira que sempre mantivessem maior atenção do agressor. Fazendo assim com que talvez a habilidosa arqueira tivesse maiores chances de ser bem-sucedida nos disparos. 

Porém, a criatura de cristal foi mais rápida e em poucos segundo seus braços ficaram recobertos com farpas que se espalharam, multiplicando-se e crescendo, tornam-se cada vez mais letais. Em um movimento o ser trouxe os braços para junto de si e depois abriu rapidamente os mesmos, quase como se um fôlego sinistro estivesse ganhando força para soprar uma chuva de cristais afiados em todos que ali estavam. 

Xalax posicionou-se rapidamente, se protegendo com seu escudo, mas infelizmente a dispersão daquelas farpas foi maior do que o escudo podia cobrir. Sentiu várias farpas cravando em suas pernas e pés, fazendo o sangue jorrar e causando um urro de dor. 

Anáxalas, percebendo o perigo, reagiu instantes antes da saraivada cristalina mortal. Escondendo-se atrás de seu companheiro, que infelizmente sofreu toda a ira da criatura. A arqueira conseguiu evitar ferimentos e logo após a agressão já se preparava para revidar. 

Mira e Gorac também não tiveram muita sorte, conseguiram posicionar o escudo e se abaixaram enquanto ficavam firmes em posição defensiva. Mas isso não evitou que farpas ainda cravassem firme na parte inferior do joelho e também nos pés.  Ambos, ao sentirem tamanha dor, resistiram para não se jogarem ao frenesi do combate. Sentiam que naquele contexto o autocontrole seria mais necessário do que a ira cega e a fúria natural de seu povo.

Hora do Contrataque

Assim que o ataque cessou, Gorac e Mira avançaram, porém a cada passo deixando um rastro de sangue. Percebiam que cristais cravados na carne tentavam adentrar suas peles como ocorrera com os ataques das aranhas, mas precisavam manter a atenção da criatura. 

Cada um de um lado, desferindo golpes rápidos, em seguida recuando com escudo em alta posição. Ao passo que Xalax também seguiu a mesma dança mortal tentando um encontrão contra o pesado ser que estava diante deles. Nem um pequeno recuo ocorreu, todos perceberam que o movimento se assemelhava a chocar-se contra um paredão rochoso. Anáxalas, por outro lado, conseguiu o espaço necessário, quando seu protetor de segundos antes avançou, certeira em seus disparos ela obteve sucesso, acertando o primeiro ponto opaco, fazendo com que uma forte luz interior se espalhasse pela criatura.

Com o golpe recebido, o guerreiro de cristal devolveu o encontrão fazendo com que Xalax fosse arremessado violentamente contra a parede. Em seguida com ambos os braços, avançou com velocidade e agilidade desferindo golpes rápidos em Mira. Os dois primeiros quase quebraram o braço da Orc, a terceira estocada lascou e fendeu o escudo, na quarta pancada, Gorac tentava desesperadamente acertar as costas do ser, com o intuito de chamá-lo para si. Mas o avanço era brutal. 

Mira vendo a inutilidade da defesa, conseguiu por um breve momento desviar seu corpo, deixando com que um dos golpes resvalasse no vazio, permitindo que ela tivesse clara visão para golpear. Foi perfeita em sua posição acertando em cheio o segundo ponto opaco, ao custo de duas graves perfurações em seu corpo. 

Com escudo lascado e destruído, a criatura conseguiu estocar e atravessar a musculatura do braço, triturando ossos e abrindo a pele e carne, arrancando-o em um só golpe, ao passo que o esporão do ser cristalino continuou o avanço entrando firme na coxa direita da Orc. Gorac viu horrorizado e enraivecido o que ocorria, pois segundos antes golpeara com toda força sem surtir efeito algum as costas daquele ser. Ele o ignorava, mas agora que havia praticamente eliminado a primeira ameaça virou-se para o líder. 

Nesses segundos de violência, Anáxalas tentou mais dois disparos, sem sucesso. 

Xalax, o Furioso

Xalax acabara de se levantar sentindo que algo havia se quebrado, mas o grupo precisava dele e então liberou sua ira. Seu grito ao ver sua parceira de grupo sendo retalhada somada a sensação de humilhação que a criatura trouxe para si, fez com que o brado desafiador fosse notado pelo ser cristalino. 

Xalax correu, largando o escudo e jogando toda sua força e ira em um chute duplo com os pés. Para surpresa de todos a criatura foi deslocada, desequilibrando com a martelada titânica causada pelo corpo daquele Orc. Gorac aproveitou o momento para pegar Mira, que já estava quase desfalecida. Quando ambos os olhares se encontraram, o líder sentiu suas forças recobradas, era como se ela compartilhasse sua vontade e então ele se deixou tomar pela ferocidade em combate.

Xalax assim que desferiu seu duplo chute com os pés, caiu. Mas rapidamente já se levantou e jogou-se sobre o oponente derrubado, tinha suas duas machadinhas em mãos e golpeou seguidamente, tentando evitar reações. Um destes golpes furiosos acertou o terceiro ponto opaco, mas antes que houvesse tempo para o encerramento do combate, a criatura começou a cobrir-se com as farpas. 

Gorac, já com a ira ampliando reflexos, força e vigor, também correu. Já soltara, arma e escudo para acudir sua amada e agora corria para puxar Xalax. Foi algo em tempo. O arco da explosão de cristais, não foi tão efetivo, pois a criatura estava tentando se levantar. Mas ainda assim as farpas cobriram o tórax e arrasaram o braço esquerdo e face de Xalax. Gorac percebeu que a orelha sumira, um dos olhos fora perfurado e havia tantos cristais cobrindo o braço que seria um milagre se ele sobrevivesse.

Gorac mostra sua força e porque é líder 

Não usaria armas, mas seus punhos e o ferro que quase se mesclava a seu corpo. 

Avançou e desferiu seu primeiro soco com tanta força que sentiu seus dedos se quebrarem no corpo da criatura. Porém a violência de seu soco era tamanha que as costas cristalinas da criatura se quebraram com o golpe. Anáxalas se assustou, pois diante dela não havia Gorac. Sentia a força dos ancestrais, havia espíritos mágicos, que vieram para contemplar aquele desafio hercúleo.

Mira, ainda gritava por ele e a cada vez que ouvia a voz daquela que era sua amiga, companheira, confidente e amada, ele sentia o calor e força dos antepassados. 

A criatura ignorou Anáxalas e ao se virar para Gorac, tentou rechaçá-lo com os golpes rápidos e mortais. Mas sem escudo, sem armadura, motivado por forças misteriosas, o Orc escapava, movimentando seu corpo entre os golpes. E a cada vez que se movimentava entre os cristais afiados, cortava-se, mas ao mesmo tempo desferia socos violentos no corpo da criatura. 

Gorac não tentava mais acertar o ponto opaco, ele queria quebrar aquela magia com seus punhos, ele queria triturar os cristais que tentaram levar sua amada e fiel Mira, aquela que por tantas vezes esteve à frente dele, cuidando e zelando por sua vida.

Anáxalas via seu líder mover-se com velocidade e golpear com tanta força que começou a perceber as rachaduras no corpo de cristal.

Gorac, seguia soco após soco. Seus dedos já estavam quebrados. Ele não sentia dor. Apenas continuava movimentando, respirando fundo e levando metal, carne e ossos de encontro ao cristal, que cedia a cada contragolpe. O Orc percebeu que a criatura começou a se movimentar com lentidão. Em um dos movimentos com o esporão, o ser cristalino vacilou, ele se antecipou, jogando seu corpo em movimento contrário e assim teve um amplo espaço para socar a base do braço. 

A força fora tão avassaladora que o braço do Orc partiu-se dentro da manopla de metal, mas em troca também conseguira arrancar aquele esporão maldito. Mesmo sem ter mais um braço para lutar, Gorac continuava chutando e socando com o braço que restava, com dedos quase irreconhecíveis. O ser cristalino não conseguia mais desferir ataques, usando o esporão que restava, tentando defender o último ponto opaco vulnerável. 

Foi então que vendo suas forças prestes a se esvair, o grande líder lembrou de tudo que significava o elmo que usava, havia uma história, um legado. Não hesitou, arremessou-se sobre a criatura e com o braço que tinha pegando apoio no esporão para levantar seu corpo levemente no ar, posicionando sua cabeça para baixo para desferir uma violenta cabeçada contra o corpo trincado do oponente. A cabeçada fora tão forte que seu elmo se partiu e com ele ouviu-se ressoando o som de algo trincando e quebrando dentro do monstro de cristal. 

A criatura ruía quando Gorac se virou para Mira, vendo que ela ainda olhava para ele. Teve forças para cambalear até sua amada, encostar sua testa na dela e beijá-la. Ambos desmaiaram um próximo ao outro. 

Apenas Anáxalas pode contemplar o que restava do caixão de cristal quebrar-se e o idoso humano que lá repousava despertar de sua prisão…

Continua…


Sangue e Glória – Parte 9 – Contos de Thul Zandull 

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella 
Artista de Capa: Douglas Quadros 

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Sangue e Glória – Parte 8 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Sangue e Glória – Parte 7, Thull Zandull nos mostrou como esse mundo chegou nesse ponto. A Fé Diáfana trouxe sofrimento e segregação aos povos. Mas um de seus Inquisidores deu sua vida em sacrifício para provar a farsa dessa Igreja opressora. 

E agora…

Sangue e Glória – Parte 8

O dia amanheceu chuvoso. Mas esse empecilho natural não seria suficiente para impedir que os Orcs finalmente descessem pela garganta rochosa. Eles usaram o elevador de roldanas feito engenhosamente pelo Kobolds. Gorac e Mira analisaram os reparos cuidadoso feitos por Shivar e novamente demonstraram seu respeito ao objeto que ali estava. Pois o pequeno havia feito um trabalho magnífico em tão pouco tempo. 

Concordaram que Kagror e Orog deveriam ficar na superfície caso necessitassem recuar com maior velocidade. Já que o mecanismo, tinha manivelas de controle na gôndola do elevador e também no lado externo. Assim, em caso de urgência, os mais fortes fisicamente, poderiam se empenhar em rodar a manivela com velocidade permitindo assim que os membros abaixo pudessem se proteger melhor. Com essa situação acordada, Anáxalas então pôs-se a organizar a maior quantidade de flechas. Enquanto Xalax preparava suas armas de arremesso, afiando cuidadosamente suas machadinhas. 

Quando tudo estava preparado, começaram a descida, havia sempre um rangido incômodo  de madeira que somado a chuva pesada causava um desconforto contínuo. Pois demonstrava uma prenuncia sinistra da força antiga que encontrariam logo abaixo. 

A garganta rochosa era escarpada e traiçoeira. Portanto entre as rochas podia-se notar pequenas fontes de luz vindas de formações cristalinas de tamanhos variados que emitiam um brilho levemente esverdeado. Observar estes detalhes na descida era intrigante e ameaçador. 

Porém chegaram até o fundo, em uma plataforma construída e reforçada que oferecia a eles uma escada para prosseguirem até a boca de uma caverna.  Eles perceberam que havia uma parede de alvenaria com portões maciços de madeira entreabertos. As formações cristalinas se espalhavam ali em maior quantidade. E Xalax foi o primeiro a notar que no local onde construíram a plataforma havia vestígios de uma ampla escadaria que deveria levar à superfície. Porém terminava abruptamente no paredão rochoso. 

Os Orcs encontram a força da magia 

O mateiro citou aos demais que o local parecia ter sido enterrado em rocha e terra e indagou se realmente era uma boa ideia prosseguir. Ao passo que Gorac falou incisivamente que deveriam prosseguir com a demanda. 

Caminharam até os portões e lá dentro observaram a luminescência esverdeada em contrastes com as teias que se espalhavam pelo teto e paredes. Assim como ovos de aranhas prestes a eclodir. Era estranho, mas os ovos ali pulsavam em ķMira foi a primeira a citar que a magia ali era forte. Talvez os desafios vencidos contra as criaturas acima seriam diferentes dos perigos encontrados abaixo. 

Citou histórias sobre como as criaturas sofriam mudanças causadas pela magia. Xalax se antecipou e pediu para todos espalharem seus unguentos e mastigarem as ervas que poderiam ajudar. Enquanto Anáxalas já se preparou para responder a qualquer ameaça. 

Justamente nesse intervalo de preparação que a arqueira notou o avanço e os sons incômodos das patas de aranha contra a superfície rochosa do corredor. Logo, descreveu a seus companheiros que as aranhas tinham ao longo do corpo uma camada cristalina. Nas patas o cristal se acumulava, formando esporões afiados. Enquanto que no corpo formavam uma espécie de armadura natural. Eram levemente maiores que aquelas enfrentadas acima e nitidamente traziam consigo um perigo avassalador.

Com as descrições, Gorac rapidamente ordenou o recuo para lutarem em área aberta para facilitar os movimentos.  Anáxalas recuou até a parte superior da plataforma, Mira e Gorac ficaram na base da escada. Enquanto Xalax ficou em posição intermediária, já segurando duas machadinhas. 

Somos treinados e fortes

Oito criaturas se espalharam pela área. Sendo rapidamente alvejadas por flechas e os arremessos precisos do mateiro. Era nítido a resistência da camada cristalina daquelas monstruosidades mágicas. Porém todo o grupo era experiente, e se esforçavam em atingir áreas mais vulneráveis. A precisão e experiência  dos Orcs em lutas fizeram com que duas criaturas tombassem pouco antes de saírem do corredor.

Mira e Gorac mantinham a posição apenas mantendo a proteção do suporte a distância. Porém logo se engajaram em luta, rapidamente movimentando suas armas com habilidade. Ambos garantiam o domínio do terreno, Gorac com a lâmina grande fazia movimentos amplos. Ele impedia a aproximação das aranhas, enquanto Mira, munida de espada longa e escudo dava cobertura, se movimentando rapidamente na área. 

Sentiam a resistência da couraça cristalina, em cada golpe. Então percebiam que se as armas não fossem de qualidade, talvez já tivessem se estilhaçado durante a luta. Havia resistência e dificuldade, mas percebiam que as criaturas não se moviam estrategicamente. Elas apenas se acumulavam sobre o casal que atraía a atenção. Fato que permitia a Anáxalas e Xalax tempo para escolherem os pontos que atingiriam. O combate durou pouco tempo, graças a habilidade e entrosamento do grupo de guerra. 

Quando a ameaça cessou, todos se entreolharam imaginando que uma criatura de maior tamanho seria difícil de superar. Tendo em vista a proteção mágica oferecida pela couraça cristalina. A arqueira se adiantou em observar se haviam flechas que poderiam ser reutilizadas, enquanto o mateiro recolhia as armas arremessadas com precisão. 

Gorac e Mira começaram a observar os pequenos cortes recebidos, lascas do cristal tentavam entrar em suas peles. Mas eles rapidamente arrancaram os fragmentos. Sabiam que tinham extraído todos, pois eles queimavam em contato com a pele. Para qualquer outra criatura, os ferimentos já seriam um problema, mas para os Orcs, apenas escoriações leves. 

Adentrando a morada do Velho Veneficus

Começaram a analisar o corredor e perceberam que a estrutura era bem trabalhada, não havia rachaduras ou marcas da ação do tempo. Paredes e teto firmes e sinais e outros corredores ao longo do percurso. À medida que avançavam tinham o cuidado de dilacerar os ovos encontrados. Pequenas aranhas em processo de mutação eram destruídas antes que pudessem causar problemas.

Apesar de passarem por caminhos que levariam a outras salas, havia ao final daquele longo corredor central uma emanação forte de luz azulada que prendia a atenção dos quatro Orcs. 

Quando finalmente chegaram ao final, notaram que ali havia um salão de grandes proporções. Com pilares vistosos nos cantos, que por sua vez terminavam em um ponto arqueado, que tornava o teto uma grande cúpula, em formato de conchas abertas, algo que merecia apreço e atenção. As paredes continham detalhes em relevo, no centro do teto havia uma estrutura feita por aros, de tamanhos variados, um dentro dos outros, se movendo de maneira que parecia uma grande esfera viva. Em pontos aleatórios da parede havia suportes com objetos variados e curiosos. Tudo intacto. Abaixo do aro, repousava uma formação cristalina azulada, que lembrava uma tumba. Era transparente e no seu interior notava-se um humano de idade avançada amarrado com tiras de couro que continham inscrições em tons prateados. Em sua boca uma mordaça que parecia forjada em metal, quase uma máscara. 

O local todo tinha uma aura carregada de magia, mas isso não fez com que os Orcs baixassem sua guarda. Sentiam uma presença opressora ali. E antes que pudessem analisar mais detalhes da sala, perceberam que partes da tumba de cristal começaram a se quebrar diante deles. O volume foi diminuindo ao ponto que apenas uma leve camada mantinha o velho humano aprisionado. 

São muitas as proteções 

Enquanto o restante do material, em cacos se remontava a frente deles com uma forma levemente humanoide. 

O corpo daquele guardião era todo lâmina afiada, não haviam dedos, no que seria os braços, apenas duas superfícies que lembravam a ponta de um aríete, maciço, afiado e com pequenas irregularidades que deveriam ser capazes de rasgar a carne com facilidade. Não havia cabeça, apenas tronco de cacos, braços em formato de armas e suas pernas, mais largas e com maior aglomeração de cristais. Houve um breve momento de assombro diante da criatura, ela se deslocava com lentidão aparente, mas nem necessitava, pois era uma massa de terror azulada que desejava, com certeza, retalhar qualquer um que tentasse se aproximar.

Foi no breve momento de angústia e desespero que Gorac e em seguida os demais, sentiram uma breve pressão em suas mentes. Havia um sussurro dentro de suas cabeças, uma voz idosa e fraca que dizia a eles, para concentrarem suas visões ao longo do tronco do ser mágico. Não entendiam bem, mas sentiam que suas percepções eram guiadas a pequenos pontos onde o cristal perdia seu tom brilhoso, tornando-se levemente opaco. Tinha cerca de cinco centímetros e seria difícil observar se houvesse movimentações de ambas as partes. O sussurro indicava que aqueles eram os únicos pontos vulneráveis e precisavam ser atingidos para que o oponente caísse.

Um último desafio

Contaram quatro pontos, mas seria extremamente desafiador atingi-los. Todos concordaram que a tática seria um misto de avanço e recuo rápidos. Apenas estocadas certeiras poderiam causar algum tipo de dano. Xalax se juntou a Mira e Gorac no combate corpo a corpo, escolhendo a adaga como arma, para poder estocar ou arremessar com precisão próxima. Anáxalas sempre carregava seu escudo. Gritou para seu líder que seria a melhor opção, ao passo que sabiamente o mesmo, sacou uma espada curta, para poder focar na defesa oferecida. Os três que ficariam no embate próximo agora estavam com escudos levantados e apreensivos com a informação ofertada pelo ancião aprisionado.

O combate mais difícil da vida de todos estava prestes a começar!

Continua…


Sangue e Glória – Parte 8 – Contos de Thul Zandull 

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella 
Artista de Capa: Douglas Quadros 

 

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