Aventuras Prontas – Taverna do Anão Tagarela #39

Aventuras prontas são consideradas por muitos uma ótima maneira de começar a narrar, entretanto quando devemos usa-las realmente? Nesta Taverna do Anão Tagarela falamos sobre diferentes formas de uso de aventuras prontas e também criticamos alguns pontos que muitos amam. Escute e entenda a nossa opinião neste episódio fantástico.

A Taverna do Anão Tagarela é uma iniciativa do site Movimento RPG, que vai ao ar ao vivo na Twitch toda a segunda-feira e posteriormente é convertida em Podcast. Com isso, pedimos que todos, inclusive vocês ouvintes, participem e nos mandem suas sugestões de temas para que por fim levemos ao ar em forma de debate.

Portanto pegue um lápis e o verso de uma ficha de personagem e anote as dicas que nossos mestres vão passar.

‎Assunto:‎‎ Aventuras Prontas

‎Horário: ‎‎1:05:08‎

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E-mail: contato@movimentorpg.com.br – Tem dúvidas sobre alguma coisa relacionado a RPG? Mande suas dúvidas para nosso e-mail.

Aventuras Prontas:

‎Host: ‎‎Douglas Quadros.‎‎ ‎
‎Participantes:‎‎ ‎‎Raul Galli‎‎ | Mateus Herpich
‎Arte da Capa:‎‎ ‎‎Raul Galli.‎

Mods, Hacks & House Rules – Taverna do Anão Tagarela #38

Nesta Taverna do Anão Tagarela falamos sobre Mods, Hacks e House Rules ou as popularmente conhecidas regras da casa! Escute a nossa opinião sobre estas modificações nos jogos, o quanto elas ajudam ou atrapalham o desenvolvimento das nossas mesas.

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‎Assunto:‎‎ Mods, Hacks & House Rules‎

‎Horário: ‎‎1:10:19‎

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Mods, Hacks & House Rules:

‎Host: ‎‎Douglas Quadros.‎‎ ‎
‎Participantes:‎‎ ‎‎Raul Galli‎‎ | ‎‎Mateus Lenindragon‎
‎Arte da Capa:‎‎ ‎‎Raul Galli.‎

Histórias de RPG – Taverna do Anão Tagarela #37

Juntamos alguns colaboradores do MRPG pra fazer o que RPGista mais gosta de fazer… Contar Histórias de RPG! Acompanhe essa pauta fria com histórias engraçadas (algumas nem tanto) dos colaboradores do Movimento RPG.

A Taverna do Anão Tagarela é uma iniciativa do site Movimento RPG, que vai ao ar ao vivo na Twitch toda a segunda-feira e posteriormente é convertida em Podcast. Com isso, pedimos que todos, inclusive vocês ouvintes, participem e nos mandem suas sugestões de temas para que por fim levemos ao ar em forma de debate.

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Tema: Histórias de RPG

Tempo: 1:05:04

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Histórias de RPG:

Host: Douglas Quadros.
Participantes: Raul Galli | João Carlos
Arte da Capa: Raul Galli.

Revista Digital Aetherica #00 – Resenha da Revista

Aetherica, a mais nova e ousada aventurança do MRPG, dessa vez pelas terras das revistas digitais. Pensada e elaborada pra trazer mais conteúdo de RPG com a mesma qualidade que você já encontra aqui no site, mas com uma roupagem e apresentação diferente, a edição #00 já está disponível na Loja do MRPG completamente grátis! E tem muito conteúdo bacana.

Aetherica #00

Lançada em Dezembro de 2021, Aetherica #00 tem como editor Douglas Quadros, a mente por trás do MRPG. A diagramação ficou por conta do Raul Galli, o Raulzito. As artes de capa e ilustrações são do Marcos de Oliveira.

Já na parte de conteúdo, tem colaboração de Bernardo Stamato, Jeferson de Campos Lima, Diemis Kist, Anequilação, Bell Comarella e Ingrid Krause.

Essa equipe super talentosa e dinâmica trouxe uma revista com uma qualidade de alto nível e conteúdo ainda melhor, entre contos, sugestões de regras, uso do RPG e muito mais!

O Conteúdo

Despertei sua curiosidade com o que a revista tem a oferecer? Pois então vamos lá de forma resumida pra não dar spoiler e apenas te dar vontade de ir lá conferir por conta própria!

No começo, temos… O começo! Capa, nota do editor, menu… Ora bolas, trata-se de uma revista, certos padrões ainda precisam ser seguidos! Mas isso acaba em duas páginas, e aí já podemos migrar para o conteúdo em si!

Conto Bastardos: por Bernardo Stamato

Um conto capa e espada sobre dois sujeitos que precisam terminar um trabalho. Do mesmo autor da série de livros de fantasia A Era do Abismo.

Sistema de Interrogatório para D&D 5° Edição: por Douglas Quadros

Sugestão de regras para o sistema de D&D 5° Edição (mas não se limitando apenas a ele) sobre testes e narrativas de interrogação em busca de informações.

Tirinha Caramelo: por Anequilação

Uma tirinha hilária sobre um acontecimento épico em uma mesa de RPG. Qual sistema? Qual situação? Ora, leia a revista!!!

Imaginar, Narrar, Encantar: o RPG Enquanto Ferramenta Pedagógica no Ambiente Escolar: por Ingrid Krause Soares

Já imaginou usar o RPG como ferramenta de ensino? Quais poderiam ser suas aplicabilidades, formas de uso e por onde começar?

Nesse artigo, Ingrid Krause, que é professora de História (entre outras coisas) traz uma luz sobre como o RPG pode ser uma poderosa ferramenta de educação.

Conto Sangue e Glória Parte 01: por Jefferson de Campos Lima

Uma aventura de fantasia medieval fantástica com navios, piratas e muita emoção. Essa primeira parte do conto está muito interessante e deixando um gosto forte de quero mais!

Barcos e Navios Em Regras: por Raul Galli

Raulzito veio sanar as dúvidas de geral sobre as embarcações. Não é mais necessário estudar engenharia de navios ou ter servido na Marinha pra entender como usar Barcos e Navios em suas histórias!

Coluna Enquanto Isso, Nos Bastidores do MRPG: por Bell Comarella

O “cantinho da Bell” que vai trazer uma proximidade maior entre a equipe por trás do MRPG e você que está lendo e acompanhando a gente! Um espaço mais amistoso e receptivo!

Conto Talvez Um Dia: por Diemis Kist

Um conto pós-apocalíptico brasileiro com uma reviravolta de deixar um frio na espinha. Velhos conceitos com uma roupagem totalmente nova! Genial!!!

Sistema Genérico Para Uso de Fé/Convicção: por Douglas Quadros

Usando como base o conto de Diemis Kist, Douglas apresenta uma série de “regras” sobre efeitos e dinâmicas de Fé/Convicção para RPG. Válidas para quaisquer sistemas/cenários.

Sistema 42: por Douglas Quadros

Um sistema de RPG completo e GRATUITO! Sim, isso mesmo! Um sistema de regras completo e gratuito com tudo que você precisa jogar, inspirado no Universo Ficcional das Obras de Douglas Adams (como O Guia do Mochileiro das Galáxias).

Making Off da Capa: por Marcos de Oliveira

Os bastidores do trabalho artístico do desenhista Marcos de Oliveira com os passos usados para a capa da Aetherica #00

Minha Opinião

Ah, vou ser sincero!

É um misto de “muito orgulhoso e felicidade de ter lido e conhecer essa galera incrível por trás do conteúdo”, com “um ódio imenso de ter sido tão “pouco”, porque da vontade de continuar lendo, lendo, lendo… E não parar!

Os contos são geniais, bem escritos e com temáticas que embora sejam “familiares”, também seguem seus próprios caminhos e nos apresentam conclusões únicas e caminhos peculiares.

RPG como ferramenta de ensino é algo que não apenas acredito muito, como também defendo (inclusive já até o fiz aqui na Off-Topic), então me senti super representado no artigo da Ingrid Krause.

Já na parte das regras… Como assim um sistema completo? Foi uma grata e fantástica surpresa muito bem-vinda e já sendo aplicada em uso com amigos aqui!

Sinceramente, se você leu até aqui, e ainda não sentiu vontade de ir lá buscar sua revista (que eu já mencionei que é de graça essa edição né?) não sei mais o que dizer!

Não perca tempo não, pega esse link AQUI e corre lá pegar sua edição.

Se puder, volte aqui e compartilhe o que achou!

Boa jornada! o/

Pré-venda de Crônicas da Tormenta Volume 3

Ontem a noite dia 10/08/2021 a Jambô Editora abriu a pré-venda de Crônicas da Tormenta Volume 3, e você pode garantir o seu clicando aqui! Crônicas da Tormenta é uma série de livros que trás diversos contos que se passam no cenário de Tormenta. Contudo neste compilado você não encontra apenas autores já conhecidos por escrever no cenário como Guilherme Dei Svaldi, Leonel Caldela e J.M. Trevisan. Em contrapartida nestas coleções diversos autores são convidados a escrever para este cenário. Inclusive a agora autora oficial da série, Karen Soarele ingressou no cenário através destes convites.

Crônicas da Tormenta Volume 3

Porem o volume 3 foi um pouco diferente dos demais, pois os autores foram escolhidos através de um concurso, onde os interessados poderiam enviar seus contos para serem avaliados e estes seriam os que estariam no novo volume. Em conclusão resultado deste concurso é a coletânea Crônicas da Tormenta Volume 3.

Os Autores

A lista da autores deste volume conta com algumas figuras clássicas do cenário, mas devido ao concurso, muitos novos autores integraram o time que agora escreve para este cenário que tanto amamos. Enfim os autores que você vai encontrar no livro são:

Informações Sobre o Livro

O livro tem 384 páginas no formato 15,5 x 23 cm e encadernação de brochura. A capa do livro já foi definida e pode ser vista ao lado. Assim também, o organizador do livro Vinicius Mendes editor assistente na Jambô Editora.

Atualmente com a pré-venda de Crônicas da Tormenta anunciada, você já pode adquiri-lo e garantir o seu. Frequentemente os livros lançados pela editora esgotam na primeira semana então corra para não ficar sem.

Clica aqui e compra o seu logo! 

 

Tokyo Defender Henshin #2: Contos

A revista digital Tokyo Defender, especializada no sistema 3D&T, lança sua Henshin #2: Contos, um formato comemorativo para conquistas da revista – neste caso, por atingirmos 1.300 Curtidas em nossa fanpage no Facebook. Esta edição da Henshin é dedicada a contos, extremamente diversos entre si, mas igualmente envolventes. Os títulos são:

  • O Relatório, por J.V Teixeira
  • Oito Caudas e Meia, por Matheus Queiroz
  • O Domador de Dragões, por TH Silva
  • Os Hóspedes, por Luane Martins
  • A Coleção de Estátuas, por Vinicius Mendes
  • A Dança de Catherine, por Taís Turaça
  • Celestial, por Marcela Alban
  • Próximo Caçador, por Waldir L. Santos

Baixe esta edição no Movimento RPG!

Temos canais de informação e interatividade no Facebook, Instagram, Spotify, Discord e Dungeonist. Siga-nos e nos diga o que achou desta Tokyo Defender Henshin #2: Contos e o que quer para as próximas edições especiais! A equipe da revista ainda formou a Megaliga Tokyo Defender, com as melhores publicações de seus blogueiros aliados no Movimento RPG!

Revista Tokyo Defender #17

A revista digital Tokyo Defender, especializada no sistema 3D&T, chega à edição #17, disponibilizada gratuitamente. Para esta edição, as matérias de destaque são:

  • Adaptação dos personagens do jogo eletrônico Killer Instinct 1 e 2
  • Novas mágicas para campanhas místicas mais sombrias
  • Adaptação de Afro Samurai
  • Conto: Hershell, o esqueleto amaldiçoado
  • Tropa de Exossoldados Insectoman, um super sentai original da Tokyo Defender
  • Adaptação de Pacific Rim: The Black

Baixe esta edição no Movimento RPG!

Temos canais de informação e interatividade no Facebook, Instagram, Spotify, Discord e Dungeonist. Siga-nos e nos diga o que achou das matérias da edição #17 da revista Tokyo Defender e o que quer para as próximas edições! A equipe da revista ainda formou a Megaliga Tokyo Defender, com as melhores publicações de seus blogueiros aliados no Movimento RPG!

Sangue e Glória #5 – Contos de Thul Zandull

Sangue e Glória – Parte 5

O encontro misterioso da noite anterior ainda reverberava na mente de Gorac. Contudo os perigos inerentes de se fazer um acordo com um dominador de magia antiga seria algo impossível de se ignorar. Até mesmo para o mais ávido e ganancioso. Porém só o fato dele ter um meio de estender o conflito. Ou seja, levando a guerra ao coração do poder Autarca já valia o risco.

A crença odiosa que subjugou por séculos diversos povos. Dessa forma quase aniquilou variadas raças, e ainda trata com o açoite qualquer questionamento a Fé Diáfana devia ser derrubado de uma vez. Além dessa possibilidade, Gorac também pensava que seu nome e dos seus seria gravado para sempre em Karzas. Porém  eram muitas informações atormentando sua mente naquele momento. 

Mira se aproximou notando os olhos distantes de seu líder enquanto os outros organizavam tudo para prosseguir viagem. Todavia Orog e Xalax já haviam sido liberados por ela para fazerem a varredura dos perigos e das informações necessárias do caminho a frente. 

Mira se aproximou de Gorac e questionou o que havia. O líder de guerra, virou-se e olhando para sua velha parceira de lutas, e assim contou tudo que ocorria em seus pensamentos. Mira ouviu atentamente, sempre esteve ali, lealmente para ajudá-lo. 

Uma parceria mais profunda

Foi então que ela disse “São muitas coisas, muitas chances para dar errado. Mas enquanto não escolhermos um caminho eles apenas vão ser fantasmas que vão nos atormentar. Sendo assim, em vez de pensar em andar, o certo é andarmos e lidarmos com os perigos dessa viagem. Ainda não tem inimigos aqui, só vão ter quando seguirmos. Lutar com fantasmas vai tirar suas forças, vamos escolher os inimigos e centrar neles. Viajamos muito, lutamos muito para conseguirmos o pouco que trouxemos para essa terra que nos odeia. Agora, os problemas viraram chances, de verdade uma chance de mudar as coisas. Você é bom líder, preocupado com o clã, com o grupo de guerra, nós vamos seguir você onde for…”

Gorac ouviu atentamente e percebeu que Mira sempre estaria ali. Não se importando se suas escolhas custassem a vida dela. Se aproximou e tocou seu rosto. Encostou sua testa na dela e complementou “Você sempre esteve comigo. É mais que minha parceira nas lutas. Que nosso vínculo dê frutos nessa terra que conquistaremos juntos”.

Um rápido beijo cortou o momento de incertezas. Kagror riu alto, apontando para Anáxalas, “Ahhhh mulher, eu ganhei a aposta, ainda está dentro do meu tempo, falei que ia acontecer, pode pagar sua dívida!”. A Orc bufou, mas se aproximou entregando as moedas que provavelmente haviam sido reunidas após aquele grupo discutir sobre a situação de Mira e Gorac. Era muito perceptível que esse vínculo estava mais que selado em tantas campanhas e situações que ambos venceram juntos.

Ao encontro de perigos 

Colocaram-se em marcha. Ainda que os animais de carga sofressem com o terreno irregular. Mas venciam lentamente as dificuldades da Mata Velha com apoio dos Orcs. 

Contudo os batedores Orog e Xalax haviam retornado apontando um caminho mais fácil para prosseguirem. Após horas de viagem, já a noitinha, chegaram a um pequeno monte que permitia visão da área que atacariam. Perceberam a frente, o círculo rochoso e a maneira como os kobolds haviam construído uma muralha de madeira fechando brechas. Portanto, permitindo assim uma defesa fabulosa do local. Porém um ataque vindo de cima seria muito inesperado para os pequenos estarem preparados. 

O velho Shivar explicou que havia ali dois portões, o local mais afetado pelo ataque estava do lado oposto do ponto em que chegaram. Muitas pesadas criaturas se chocaram na área que ainda estava em expansão. Sendo reforçada, o que por sinal facilitaria a invasão naquele momento, no ponto indicado pelo kobold. Mesmo as aranhas gigantes menores, já eram maiores que ele mesmo. 

Anáxalas explicou ao grupo que aquele ataque estava ligado ao mistério que iniciaram na noite anterior. Analisou os padrões de violência sobre as estruturas e citou que havia traços de estratégias. E que na opinião dela estariam ligados ao açoite mágico muito comuns em outrora, magias que motivavam e direcionavam a mente de criaturas de vontade fraca.

Enfim o confronto 

Apesar da informação, não havia mais tempo para dúvidas. Todos tiraram pesos extras dos materiais carregados e começaram a descansar e se preparar para a luta que estava próxima deles. Xalax espalhou unguentos e pediu a todos para mastigarem algumas ervas e raízes. Essa ajudariam a manter o foco na luta e amenizariam qualquer dor que tivessem devido ferimentos. 

Gorac preparou seu elmo de chifres, afiou sua lâmina e organizou todos para uma carga ao portão frontal. Apenas Anáxalas ficaria um pouco recuada dando suporte com o arco. O grupo avançaria e Gorac manteria o arco frontal com a lâmina de grande porte. No entanto, os demais manteriam o escudo em pé assegurando o avanço da formação em “V”. Com o término da carga, todos formariam um círculo. Em seguida a arqueira se colocaria na posição central cedendo cobertura enquanto todos estariam firmes combatendo as hostes de aranhas. Concordaram e enfim, já com o manto da noite, puseram-se a avançar.

A carga inicial trazia consigo toda violência da raça Orc. As ervas e raízes dadas pelo mateiro, entorpeceu a mente para qualquer agressão externa ao mesmo tempo em que abriram facilmente os portões da fúria de guerra. Os urros rapidamente alertaram as aranhas que avançaram sobre os inimigos tentando evitar que entrassem naquela morada aracnídea. Mas nada puderam fazer contra lâminas afiadas que eram habilmente e brutalmente manuseadas pelo povo guerreiro. O líquido vital das criaturas manchava a terra e a grama alta. Enquanto o grupo mantinha um percurso de morte pelo terreno. O som de rasgos violentos, os sons das feras sendo partidas e rechaçadas com facilidade alimentavam as chamas da fúria daquele grupo. Agora quanto mais inimigos, maior era o clamor colérico e os urros.

As vezes é preciso improvisar na batalha

A frente deles havia os restos da muralha de madeira que rapidamente vieram abaixo com a força descomunal do choque daqueles frenéticos Orcs. Anáxalas rapidamente subiu em uma rocha próxima. Mantendo uma posição alta enquanto a tática de avanço foi trocada por um semicírculo protetivo. Os combinados de antes do ataque foram levemente alterados devido ao local vantajoso encontrado. 

As aranhas se acumulavam, flechas zumbiam e acertavam perfeitamente o centro dos vários olhos daquelas criaturas. Gorac não deixava as criaturas se aproximarem fazendo da lâmina de grande tamanho um arco ceifador de carne.

Os demais com seus escudos mantinham posições, estocando e rasgando. O número continuava a crescer, mas os Orcs ficaram firmes. Houve tentativas de ataque vindas de cima, com saltos e quedas das árvores provenientes das defensoras. Mas as flechas precisas davam a cobertura necessária para a manutenção da formação. As pinças afiadas das aranhas  começaram a perfurar as grossas peles dos Orcs, mas mesmo com sangue jorrando a fúria permanecia.

Uma a uma as criaturas se lançavam sobre os atacantes, sem hesitação. Era nítido como todas também estavam envolvidas por uma força sinistra que as colocavam como uma muralha viva diante dos invasores. Os corpos iam se acumulando, o movimento dificultado, e ainda assim a luta persistia. Aranhas surgiam de frestas na rocha, de dentro da mata, de construções no interior da vila Kobold. Mesmo com a opressão da vantagem numérica das criaturas, Gorac gritava para não se movimentarem e manterem a formação.

É o esperado, mas ainda não acabou

Anáxalas já havia trocado seu arco pela espada curta e escudo, gritando que não poderia mais dar suporte a ataques vindo de cima. Foi então que Mira berrou que a melhor opção seria manter a defesa de uma estrutura. Assim mantendo um gargalo de segurança entre eles e as aranhas. Gorac imediatamente concordou e fez um grande esforço para varrer criaturas à sua frente abrindo uma brecha para o movimento. 

Deslocar-se em meio ao emaranhado de feras, era desesperador, mas os Orcs eram treinados e forjados para lutas sangrentas. Kagror estava ensanguentado com tantas marcas de perfurações. Já Xalax temia por sua vida, mas ele também sentia o corpo vacilar devido aos números de cortes em suas pernas. Mira sentia os músculos gritarem devido a manutenção de tanto tempo de esforço e Orog já começa a vacilar devido às feridas abertas que jorravam sangue.

Conseguiram acessar uma construção com muita dificuldade. Ao passo que Gorac ordenou que dois mantivessem a posição de defesa da entrada enquanto os demais recuperavam o fôlego. Aranhas maiores surgiram e o embate durava. Revezavam-se enquanto mantinham a posição, até que o número de inimigos e a pressão começou a diminuir. As aranhas começaram a dispensar quando todos ouviram um movimento proveniente de algo grande e avassalador. 

Um impacto violento balançou toda a estrutura e parte do teto rachou revelando do lado de fora uma aranha de tamanho descomunal. Ela tinha mais de três metros de altura, cerdas afiadas brotando do corpo como uma proteção proveniente das profundezas do mal. Os olhos gigantes e avermelhados, patas com placas quitinosas afiadas, além de esporões mortais que percorriam todo corpo evitando qualquer agressão.

Mira e a bênção dos Líderes 

Os Orcs mantiveram os escudos levantados, sacaram adagas e machadinhas que percorreram o ar ao ser arremessados em direção a fera gigante. Gorac puxou seu último fôlego e avançou para retalhar as patas próximas, mas sofreu um impacto direto que o arremessou metros para trás. Caiu desacordado com a violência do golpe. Mais um encontrão da criatura contra a estrutura e mais a entrada ruiu. 

Mira, vendo o que ocorreu a seu companheiro, gritou ameaçadoramente, ela correu até a espada de lâmina longa e a segurou firme. Abandonou qualquer hesitação defensiva e partiu para o ataque. Esperou o momento certo do novo encontrão e de novos arremessos de armas de seus parceiros de luta. Quando teve uma brecha, saltou em direção a gigante, agarrando-se em uma pinça. O movimento de recuo da fera, fez com que o Mira tivesse seu salto alavancado pelo agarrão que fizera com um de seus braços àquela pinça mortal. Isso fez com que Mira caísse por cima do corpo da criatura. 

Equilibrando-se devido aos movimentos bruscos, não hesitou e começou a golpear a parte superior. Isto fez com que a aranha ficasse totalmente atordoada, sem ter como reagir a agressão. O grupo então aproveitou o momento para também sair das posições de defesa e cercar a aranha gigante golpeando-a de todos os lados.

Mira teve finalmente a chance e selou a vitória cravando a lâmina dos líderes Orcs profundamente na base superior daqueles múltiplos olhos. Mais algumas aranhas tentaram vingança, mas agora com número reduzido não foram páreo para os ataques Orcs.

Adentrando as minas

A vitória foi alcançada, mas primeiro havia a preocupação pelo líder caído. Todos correram para o que restou da estrutura onde estavam. Mira se adiantou segurou a cabeça de Gorac encostando sua testa na dele, lágrimas surgiram de seus olhos. Mas antes que pudesse expressar mais um sentimento conseguiu ouvir a respiração do líder e sua voz rouca dizendo que seu momento não havia chegado.

Em suma todos que ali demonstraram sua felicidade, diante da vitória e de nenhuma perda. Porém todos vacilaram e buscaram locais de descanso. Os ferimentos e efeitos do veneno, poderiam não matá-los, mas agora estavam obviamente vulneráveis e precisavam recuperar-se urgentemente.

Com a possibilidade de aproximação, Shivar pôs-se a trazer os animais e recursos. Em seguida todos seguiram até uma estrutura ainda intacta e tomada de teias e ali organizaram tudo para poderem se recuperar. Enquanto um apoiava o outro, o velho Kobold correu para analisar o elevador de roldanas que haviam feito. Todavia disse que poderia consertar, mas demandaria alguns dias. Gorac então falou, “…não se preocupe, no estado em que estamos, ninguém irá a lugar algum…”. Pesados risos sucederam a fala rouca e cansada. 

Continua…


Sangue e Glória – Parte 4 – Contos de Thul Zandull

Autor: Thul Zandull;
Revisor: Isabel Comarella;
Artista da Capa: Douglas Quadros.

 

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Sangue e Glória #4 – Contos de Thul Zandull

Sangue e Glória – Parte 4

O tempo estava fechado, com prenúncios de chuva, mas nada que pudesse, de fato, atrapalhar a jornada. Gorac estava preocupado com Kagror, pois o ferimento da luta ocorrida contra os Autarcas fora grave. Havia o vigor da raça ao lado daquele grande guerreiro, mas o líder sabia que muitos valorosos Orcs tinham sucumbido diante de inimigos silenciosos. Mesma situação se aplicava às queimaduras sofridas por outros membros do grupo.

Diante da situação e pensando que até o momento tinham acumulado vitórias e espólios especiais, pensou em não agir como tolo, resguardando suas forças para as verdadeiras batalhas. Se o velho Shivar estivesse certo, haveria dificuldades à frente que demandariam força completa. Sendo assim, quando a paisagem pedregosa começou a mudar, destacou o rastreador Orog e o mateiro Xalax para irem a frente com a intenção de acharem um bom local para acamparem e reporem as forças naquele dia. 

A Mata Velha não podia ser ignorada, havia criaturas de grandes proporções e magia antiga naquele local. Histórias diziam como o ambiente tinha olhos invisíveis e vontade sob aqueles que ali adentravam. Diante disso, sabiamente Gorac destacou sua arqueira de maior habilidade, Anáxalas para caçar algo que pudesse ser usado em um rito de oferenda à entidade que regesse aquele mar verde que adentrariam, foi antes específico que a caça fosse proveniente ainda daquele limite rochoso que estavam atravessando.

Kagror, Gorac, Mira e Shivar mantinham a marcha enquanto os demais seguiram as ordens dadas. Aos poucos a vegetação se espalhava para todos os lados, um caminho irregular, repleto de rochas de tamanhos variados cobertos por raízes, musgos e plantas variadas e grandiosas. Havia um poder vital retumbante naquela morada ancestral das entidades naturais. Apesar de questionador de alguns costumes de seu povo, Gorac respeitava a magia e as histórias originadas dela, portanto havia cautela em seus passos. Tal cuidado, seria recompensado pela percepção apurada de Mira, que foi a primeira a alertar sobre rastros frescos notados no caminho que faziam. Segundo ela, provavelmente um grande javali. O alerta deixou todos mais atentos aos movimentos da floresta.

Para alguns, é apenas mais uma batalha

O estado de atenção foi crucial para que repentinamente o grupo notasse o barulho de um avanço violento pela vegetação. Os galhos quebrando, os sons dos cascos brônzeos e as presas ferozes que se jogavam em uma carga mortal em direção a eles. Infelizmente para aquela besta furiosa, havia diante dela Orcs forjados em batalhas, experientes e sagazes quando o assunto era sede de sangue.  

Mira foi a primeira a se movimentar com a intenção de sair da direção da investida, ao mesmo tempo em que disparou uma flecha certeira no corpo do animal. Gorac ergueu Shivar pelas roupas e o arremessou em um galho grosso, enquanto sacava com a outra mão, uma de suas machadinhas. Kagror ficou imóvel esperando o momento, também de posse de lâminas menores, neste caso, adagas.

A besta sofreu com a flechada, mas manteve a corrida em direção a Kagror, que esperou até a janela derradeira de tempo para esquivar-se e desferir um golpe que rasgou o couro rígido com facilidade. Ao continuar sua rota, Gorac teve espaço para arremessar a machadinha com violência e precisão na base do pescoço do animal, que ao ser atingido gradativamente diminuiu seu ritmo até sua queda e morte, metros à frente. 

Todos riram da situação, descontraindo o momento, já que imaginaram animais mais ameaçadores do que um Casco Brônzeo, proveniente daquele ambiente opressor. Com a presa abatida, percebiam que somado à caça dos animais de carga que estavam consigo, havia muita comida e recursos, algo que poderia significar uma coisa, um descanso longo regado a muita comida.

Os batedores encontraram um espaço adequado abaixo de uma pedra inclinada, havia cobertura e espaço ideal para acampamento. Os itens saqueados dos Autarcas traziam mais luxo aquele ambiente selvagem, o que mais agradou na pilhagem foram temperos e ervas que traziam mais sabor à carne. Orog e Xalax também haviam tido sucesso em suas empreitadas, acharam raízes e plantas necessárias aos cuidados que todos requisitavam para melhorarem. 

A caçadora por outro lado ficou irritada, pois teve todo cuidado de trazer uma oferenda, enquanto seus companheiros já haviam matado um animal de grande porte. Ainda assim, Anáxalas fez os ritos antigos, montando um grande patuá com ossos do javali, enfeitou-os com penas das grandes aves e o pendurou em uma árvore com a intenção de agradecer a caça enquanto prestavam respeito ao poder do ambiente que os cercavam. Todos entoaram gritos e canções de guerra seguindo os rituais das épocas tribais de outrora. Com o rito solene prestado, prepararam grandes fogueiras para aproveitar a fartura que ali havia. 

Os sussurros da Mata Velha

Gorac designou as vigílias e deitou-se mais aliviado percebendo que Mira havia feito boas escolhas. O grupo que o acompanhava era forte. No próximo dia, já a tarde avançariam lentamente, o que seria suficiente para o vigor e fôlego retornar aos corpos de todos, porém a noite escondia mistérios…

O líder foi despertado com uma estranha sensação de perigo. Ao acordar não havia ninguém à sua volta, apenas a fogueira crepitante e uma figura sentada ao lado dela. O indivíduo era franzino, uma figura humana cansada e idosa, mas de barba branca bem aparada espalhada pelo rosto marcado pelo tempo, rugas se acumulavam e contavam histórias de décadas de vida. Já não havia cabelo em sua cabeça e mantos adornados protegiam seu corpo, provavelmente do frio. Apesar da idade não tinha uma aparência curvada, logo notou que a figura conseguia manter uma postura ereta e firme. O encontro sinistro fez com que Gorac pegasse sua arma, mas ao levantá-la notou que a mesma estava envelhecida, enferrujada e quebradiça. Urrou e partiu para combate, amaldiçoando aquela bruxaria e pensando em acabar com o velho com seus punhos e dentes, mas antes que desse um passo mais sentiu forças invisíveis segurando-o.

O velho interrompeu o rompante furioso dizendo: 

“Não há forças em seu corpo para lutar contra os conhecimentos antigos. Não se preocupe, mestre de batalha, não sou seu inimigo e muito menos estou aqui para ameaçar sua jornada. Na verdade, seus passos irão atravessar os meus por um fortuito acaso semeado por mim décadas atrás. Infelizmente meu corpo carece de cuidados, já que está dormente e selado, mas minha mente e minha magia apenas cresceram com o tempo. Estou aqui para lhe passar uma mensagem, neste ambiente solene no qual os senhores dos sonhos semeiam suas vontades. Estou aqui para que você decida prosseguir algo que teve início com os pequenos Kobolds. Necessito de sua ajuda para me libertar das correntes que me prendem. Caso faça isso, terá a seu lado um Veneficus, um dominador dos Geodos Arcanos há muito dormente em uma prisão subterrânea esquecida. 

Shivar foi um dos muitos que inspirei em suas noites de descanso para construírem e prosperarem, sem perceberem que estavam em minha busca, em um trabalho por minha liberdade. Porém, a iminente aproximação dos Kobolds despertou defesas antigas que não pude lidar por minha situação. Posso te oferecer a chave para ir além, pois as areias do tempo sempre correm a favor de um Veneficus. Se desejas conquistar, há chaves que posso te oferecer para derrubar a Autarquia, posso lhe oferecer um futuro glorioso. Terá o momento de escolha quando enfrentar as aranhas, tome a decisão correta.”

Com o discurso encerrado, a figura fez gestos e um clarão se espalhou a partir das chamas, o que ofuscou o Orc. Ao recobrar a consciência percebeu a sua volta todos do grupo assustados olhando para ele. Mira foi a primeira a se adiantar e perguntar o que havia ocorrido. Todos tinham despertado momentos antes com os gritos que ele emanou e ao tentarem fazer algo, descreveram que Gorac estava em um transe, com os olhos abertos, mas ao mesmo tempo brancos e distantes. 

Kobolds e seus segredos

Gorac imediatamente levantou-se e foi até o velho Shivar, questionando-o sobre o sonho. O velho Kobold estava calmo e começou a contar que alguns membros de seu povo sempre sonharam com essa figura, que os instruía e guiava. Foi por ela que fizeram descobertas e se tornaram fortes, seu líder sabia o nome daquele guia poderoso e então o pequeno disse em voz alta que a figura misteriosa se chamava Harm Van Driel.

Estranhamente todos sentiram um arrepio, como se uma porta tivesse se aberto. Medo não era algo comum aos Orcs, mas naquele momento todos estavam perto de entender a sensação. Gorac, percebeu que sua jornada havia se misturado a algo muito antigo, porém lidar com essas forças era algo perigoso. Ficou em silêncio por longo tempo, contemplou aqueles que aguardavam orientações e disse calmamente: 

“Descansaremos como previsto, após o meio-dia seguiremos em direção a antiga aldeia do povo de Shivar e lá limparemos a ameaça, depois decidimos o que fazer com aquilo que foi oferecido a mim. A oferta, vem de um bruxo, um pacto por poder, um pacto oferecido em meus sonhos. Eu penso, vocês podem pensar também e depois das ameaças, juntamos o que pensamos para tomar uma decisão”. 

Todos ficaram confusos, mas começaram a juntar as evidências daquela noite. Uma certeza havia, a oferta trazia promessas de sangue e glória!

Continua…


Sangue e Glória – Parte 4 – Contos de Thul Zandull

Autor: Thul Zandull;
Revisor: Isabel Comarella;
Artista da Capa: Douglas Quadros.

 

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Sangue e Glória #3 – Contos de Thul Zandull

Sangue e Glória – Parte 3

O Autarca Kent Chambers sentia o peso de sua idade nessa longa viagem até a comunidade de Harlam. Contudo seu amigo Lester Chapman também apresentava sinais de cansaço. Se não fosse a presença do cavalariço Pete, provavelmente os dois senhores teriam sucumbido devido aos pesados trabalhos para obtenção de água e manutenção do acampamento.

Chambers prosseguia com grande habilidade na confecção do mapa da região, pontuando os melhores trajetos. Todavia o trabalho consumia tempo e os perigos das montanhas eram sempre variado. Animais com características rochosas, bestas mágicas que por vezes quase cruzaram seu caminho com a dos cartógrafos.

Chapman se perdia em lembranças dos tempos gloriosos nos quais serviu na Ordem dos Zelotes. Por muitas vezes liderando hostes em nome da Fé Diáfana.  Porém os tempos de expansão e vitórias pareciam cada vez mais distantes.

Havia muitos inimigos e pouca resiliência para estes tempos sombrios. Ele também se entristecia ao ver como seu amigo Chambers tentava em vão disfarçar a angústia da separação de Jasmine e Willian daquele grupo. Os dois eram promissores, mas Jasmine demonstrava algo especial, a obstinação e a têmpera dos grandes Exarcas de outrora. 

Ambos os mestres da fé conseguiam apaziguar os desafios com o uso de pequenos milagres. Mas toda emanação por menor que fosse da presença de sua Divindade causava muita fadiga nos velhos senhores. A luta, uma emboscada goblin, que ocorrera há mais de dois dias ainda causava dores a ambos. Porém  quanto maior a emanação mais havia choque de retorno ao corpo. Quando eram jovens, conseguiam manifestar poderes incríveis e se recuperavam rapidamente das dificuldades. No entanto o uso destes poderes ao longo de décadas fragilizou a saúde de maneira irreversível. 

Sonhos perdidos na montanha

Em suma Pete sentia-se honrado com o trabalho e sempre se colocava à prova para doar-se totalmente aos esforços em nome da Fé. Mas seu amigo fazia falta, seja nas conversas noturnas e longas vigílias, seja na divisão de alguns trabalhos braçais. No entanto apesar da separação necessária, percebia que tiveram muita sorte até aquele momento. Os pequenos desafios vencidos com astúcia e a chegada a Harlam seriam recompensados. Com boa comida e tratamento digno aos representantes do Grande Senhor que Tudo Vê. 

O senhor  Chambers havia dito que chegava a hora do descanso. Afinal faltava apenas um dia, sendo que o pior trecho pertencente àquelas malditas trilhas nas montanhas em breve seriam deixadas para trás. Encontraram no caminho que faziam uma área em que a rocha formava uma espécie de concha, na qual a temperatura era amena. Portanto poderiam armar acampamento para concretizar e organizar as anotações feitas até aquele momento. Pete organizou tudo, prendeu os animais de carga e começou a preparar a refeição. Que por sinal seria farta, pois havia abatido um velho alce perdido naquele labirinto natural e rochoso. Os alforjes cheios e a tranquilidade reinavam entre aquele trio, pelo menos momentaneamente. O cheiro de boa comida já se espalhava e os velhos Autarcas já guardavam seus livros e anotações quando ouviram silvos bem conhecidos.

Quatro flechas atingiram Pete. Três em seu peito e uma que atravessou em cheio seu pescoço. Nem houve tempo para o sofrimento. O longo manto da Morte enrolou-se sobre ele de maneira que talvez em outra vida, ainda estivesse confuso com o que ocorrera naquele momento. 

Nunca foram apenas velhos

Imediatamente os dois Autarcas abandonaram dúvidas e se colocaram em pé percebendo que o destino inevitável enfim alcançara ambos. Viram surgir por entre as pedras um pouco mais a frente, dois Orcs de pele verde em tom bem escuro tal qual os musgos daquelas pedras. Sendo um mais alto, protegido por uma armadura feita por camadas de pele costuradas e reforçadas por tiras de couro e rebites de metal, empunhando um machado grande erguido por ambas as mãos e o outro de peito nu, mas com um elmo chifrudo em sua cabeça, item típico de líderes de guerra. Em suas mãos uma espada grande de alta qualidade, forjada em material que quase reluzia com a luz que ainda havia. Os dois estavam em uma carga violenta com alvo bem definido.

Chapman foi o primeiro a pronunciar suas palavras de poder, pedindo a intercessão do Diáfano naquela luta. Sentiu que os músculos retesaram  enquanto em suas mãos um chicote flamejante surgiu. Sendo assim Chambers pediu uma dádiva pela vida de ambos, fechando seus corpos, encarcerando seus espíritos mesmo que qualquer ameaça rasgasse suas peles.

Os Orcs não se intimidaram e continuaram sua carga, resultando em golpes precisos nos corpos dos dois Autarcas. Porém Chapam recebeu o golpe do líder, um amplo rasgo em diagonal que quebrou o osso de seu ombro e continuou abrindo caminho até resvalar por seu tórax. Mesmo rechaçado, não houve dor e a magia de seu amigo começa a fazer seu efeito, amenizando a violência da agressão e restaurando o vigor. No entanto Chambers já não teve a mesma sorte, pois para evitar um golpe direto do machado em seu crânio, colocou o braço a frente, que foi imediatamente decepado pela violência de seu algoz. A magia ao fazer efeito amenizava dores e fechava ferimentos. Porém membros perdidos não poderiam ser restaurados, mas diante da situação desesperadora, não havia mais o que fazer.

Chapman avançou fazendo o chicote estender-se de tal maneira que a língua flamejante lambeu os corpos de ambos os Orcs. O grandalhão urrou de dor quando uma das caudas flamejantes cauterizou seu olho esquerdo. O líder protegeu-se como pôde, mas seu peito e braços foram marcados em chamas. 

Chambers mantendo a concentração tocou no local onde fora golpeado e começou a orar. O local da ferida se abriu e se espalhou pelo braço, ao mesmo tempo em que ele percebia a troca de suas poucas energias vitais pela condução do poder entre os planos divino e terrestre para golpear seu agressor. Dessa forma uma rajada de luz prateada surgiu quando ele apontou para o Orc portador do machado. O impacto foi direto, queimando e rasgando a carne da criatura, que mesmo empurrada e jogada ao chão ainda se mantinha viva. 

Na Fé a amizade começou na Fé ela findou

Antes que os Autarcas pudessem continuar com a retaliação, perceberam mais zunidos. Quatro flechas certeiras no corpo de Chapman. Contudo este hesitou, percebendo que nenhuma dádiva suportaria resistir a tantos ferimentos. O velho Zelote cambaleou, mas não perdeu o foco de sua magia e gritou fazendo com que as caudas flamejantes saíssem de suas mãos e rastejassem em busca dos atacantes. E assim o fez, percebendo que as caudas serpentearam até encontrar e causar dor e agonia aos arqueiros ocultos entre as rochas. Seu prazer foi momentâneo. Pois aquele esforço fez a magia curativa perder força. Antes que pudesse pensar em fazer algo para se manter na luta, teve tempo de ver o líder em um estado de fúria preparando o golpe que iria em direção a seu pescoço. Sendo decapitando imediatamente.

Chambers ajoelhou ao ver que seu inimigo estava caído e não morto. Porém se concentrou nas preces curativas para tentar ganhar fôlego para uma última magia. Porém ao perceber o sacrifício de seu amigo, perdeu levemente a concentração. Havia dor e desespero em seus pensamentos. Olhou diretamente os olhos do líder Orc quando este se virou para o novo alvo. O sangue que esguichava do ferimento mortal de seu velho parceiro de Fé, transformava aquela criatura em algo bestial oriundo das profundezas dos pesadelos. No entanto o Orc urrou e levantou a espada para o alto desferindo um golpe retilíneo na cabeça do velho senhor. A lâmina fendeu a cabeça e parou na metade do tronco, tamanha era a força produzida pela fúria.

O combate havia terminado.

Bons ventos para os Orcs

Gorac correu até Kagror, que aos poucos se levantava. A ferida era feia, deixaria uma grande cicatriz, mas felizmente não era mortal. Já seu olho, estava perdido para sempre. Kagror riu alto e agradeceu aos ancestrais, pois ainda sobrara um olho para permitir novos dias de luta. Mira saiu de uma saliência na rocha cambaleando pela dor. Gritou que a última magia os feriu demais, mas nada que não pudessem se recuperar.

O líder estava cansado e estava surpreso com aqueles velhos malditos que quase acabaram com seus planos. Ordenou que os demais vasculhassem tudo. Recolhessem os recursos preciosos que ali estavam e que juntassem os corpos dos três. Diante da falta de medo demonstrada na luta, Gorac preferia que o fogo consumisse os corpos de oponentes dignos. Mira organizou tudo enquanto Xalax já aplicava emplastros e unguentos nas feridas causadas pelos Autarcas derrotados. Seus remédios amenizaram muito as dores.

Shivar, o Kobold, ao analisar os papéis logo percebeu a riqueza que tinham ali. Se apressou em mostrar os mapas a seu líder que ficou muito satisfeito com o achado. Agora tinham um caminho curto para o ataque futuro a Basil, trilhas detalhadas que fariam o assalto a cidade ser menos complexo do que imaginava.

Gorac começava a acreditar que finalmente, aquele trabalho marcaria seu nome entre os grandes guerreiros e líderes de seu povo.

Continua


Sangue e Glória – Parte 3 – Contos de Thul Zandull

Autor: Thul Zandull;
Revisor: Isabel Comarella;
Artista da Capa: Douglas Quadros.

 

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