Interpretação de Personagem é um assunto batido em qualquer conversa de RPG, mas o nosso amigo e mestre José Lima Junior deu uma aula sobre as escolhas que temos que fazer quando juntamos personalidade e interpretação de personagens. Com um exemplo bastante prático (e épico) nosso narrador conta como é difícil na maioria das vezes agir de acordo como nosso personagem, mas para a narrativa e o jogo em si é uma escolha fantástica. Acompanhe a cruzada de Henrico para levar os cientistas ao seu destino.
O Dicas de RPG é um podcast semanal no formato de pílula que todo domingo vai chegar no seu feed. Contudo precisamos da participação de vocês ouvintes para termos conteúdo para gravar. Ou seja mande suas dúvidas que vamos responde-las da melhor forma possível.
Portanto pegue um lápis e o verso de uma ficha de personagem e anote as dicas que nossos mestres vão passar.
Tema: Interpretação de Personagens. Tempo: 00:06:11.
Vejo muitas reclamações de jogadores de RPG, e principalmente de narradores em relação ao nível da Roleplay de suas mesas. Para quem não sabe, o termo Roleplay dá origem ao nome do jogo “RolePlay Game – RPG” e se refere ao ato de interpretar, encenar situações ou um papel. Como o próprio nome já diz, RPG é um jogo de interpretação de papéis. Mas será que as pessoas estão preocupadas com isso?
A Mecânica e o Roleplay
Muitas pessoas se preocupam apenas com a mecânica do jogo, rolar dados, invadir masmorras, e como o próprio nome diz “mecânica” deixa o jogo mecânico. Costumo dizer que as nuances e o colorido das mesas de RPG estão mais voltadas para a interpretação do que para a mecânica. Os dados e as regras fazem da interpretação um jogo, mas o RPG não pode se resumir a eles. RPG é interpretação possível de se jogar até mesmo sem dados e regras. Pensando nisso preparei algumas dicas para você melhorar sua interpretação ou Roleplay, nas mesas que você participa.
Dica 1 – Construa personagens esféricos
Quando se monta um personagem é comum pensar se ele será bom ou mau, mas muitas vezes essa regra não funciona. Um personagem esférico é aquele que transita entre decisões boas e más. Nós seres humanos somos esféricos, é claro que tendemos para um lado, mas muitas vezes temos atitudes que vão no caminho oposto. Assim é com os personagens que em determinadas situações terão que abrir mão de suas convicções para descobrir e encarar algo novo. Essa dica te convoca a não ser linear, se surpreenda e transite entre universos possíveis.
Dica 2 – Crie uma voz e trejeitos para seus personagens
Lembre que seu personagem está vivo e ao longo de sua vida desenvolveu uma voz única, com sotaque ou sem, dependendo da região que veio. Ele também criou trejeitos e manias que o torna único, por isso você deve investir nesses aspectos. Personagens com características marcantes deixam legado e fazem da história mais divertida para todos.
Dica 3 – Descreva suas ações
Como você lança uma magia? Como seu personagem ataca ou se defende? Que cara ou gesto ele faz quando alguém o contraria? Essas perguntas ajudam você a se guiar e a entender que a história no RPG não é só contada pelo narrador, mas também pelos personagens. Não tenha preguiça de descrever o que você faz e como você faz. Por exemplo: ao invés de dizer “Eu ataco”, você pode descrever esse ataque e dizer – “Eu pego forte no punho da minha espada e corro em direção ao inimigo, chegando perto eu desfiro um golpe de cima para baixo na direção do ombro dele.” Percebe como fica muito mais legal e divertido?
Por fim
Não tenha vergonha do que seus colegas irão pensar, se jogue e se contagie com o jogo, afinal, naquele momento você é o personagem e o melhor para você é que ele seja alguém interessante.
Sou Renan Kirchmaier, membro do Mestres de Masmorra, visite nosso canal no YouTube para ver mais conteúdo a respeito e aproveite também para ver os outros manuscritos que temos aqui no site do Movimento RPG com várias temáticas interessantes clicando aqui.
Nos vemos pelas mesas da vida. Que rolem os dados.
Você gosta de jogos desafiadores, de raciocínio rápido, blefe, manipulação e dedução? Em resumo, você gosta de treta? Então tenho o jogo certo para você: The Resistance.
Ficha técnica
O jogo é considerado um party game, com duração média de 30 minutos. Participam de 5 à 10 jogadores (mas costuma ficar melhor de 7 para cima. O jogo é bem enxuto, com algumas cartas e um tabuleiro pequeno. O essencial dele é a conversa (e as mentiras) que rola.
A temática é futurista distópica: o mundo está dominado por um império e existe um grupo que representa a resistência. Os jogadores recebem seus personagens no início, podendo ser da resistência (azul) ou espiões do império (vermelho). O objetivo é descobrir quem são os vermelhos e não permitir que eles destruam a resistência. Este jogo é similar a Máfia e Lobisomem, seu principal diferencial é que ninguém é eliminado durante a partida.
Aqui no Brasil, o jogo é vendido pela Galápagos em uma versão que contém 5 variantes do jogo (com diversos personagens especiais). Tem um vídeo bem legal da Galápagos que você pode assistir clicando aqui. Outra opção que temos é a Jogaderia, que aluga jogos de tabuleiro na região da Grande Florianópolis, eles também são bem fãs do The Resistance. E você pode ver clicando aqui um vídeo deles explicando um pouco mais sobre o jogo.
Também existe uma versão com temática medieval (não é vendida no Brasil), baseada nos personagens das lendas do Rei Arthur. Aqui eu contei tudo para vocês sobre Avalon: The Resistence.
Como funciona?
No início da partida você recebe seu personagem (de forma sigilosa). Você pode ser do time azul ou vermelho. Os vermelhos saberão quem está no seu time, mas os azuis não. E aí, meus amigos, está montada a treta toda.
As rodas acontecem em duas partes. Primeiro um jogador irá determinar quem vai em uma missão da resistência. Mesmo sem ter informações concretas, ele deve decidir em quem ele confia ou não. O time inteiro vota se concorda ou não com as pessoas escolhidas.
Quando o time é definido, apenas quem está no time vai para a missão. Então eles votam secretamente se a missão será um sucesso ou um fracasso. O objetivo dos azuis é que a missão se concretize, por isso eles votam sempre sucesso. Já o time vermelho quer que as missões falhem. Para isso eles devem votar em falha e convencer as demais pessoas de que outra pessoa que é o vermelho (para se manter nas missões e continuar dando falhas).
Os jogadores podem (e devem) debater cada decisão, cada frase dita. A ideia é argumentar e contra argumentar até convencer a todos da sua versão. Os jogadores podem mentir, blefar, manipular… Tudo o que conseguirem, para garantir a vitória para o seu lado.
O jogo se adapta ao número de jogadores, alterando a quantidade de azul e vermelho e também quantas pessoas vão em cada missão. Isso altera a dinâmica do jogo, o que é bem instigante.
5 jogos em 1
Importante falar que o jogo possui 5 modos. Eu particularmente gosto do modo com cartas especiais, onde tem a figura do líder (que conhece que são os azuis). Nesta versão, a carta do Assassino pode vencer o jogo matando o líder. Este modo é chamado de Assassino. Gosto dele porque as cartas especiais nos dão mais informações para debater entre os jogadores. Além disso, podemos balancear o game, trocando quais cartas entram naquela partida. Mas neste texto vamos focar somente na versão mais simples do jogo, futuramente falarei sobre as demais formas de jogar este maravilhoso jogo.
Tá, mas porque eu deveria jogar?
The Resistance é um jogo de muito atrito. As pessoas vão blefar e mentir. É a parte mais essencial do game. Então os jogadores precisam entrar nesse clima e não guardar rancor. Ele pode ser considerado um party game, mas tem um potencial gigantesco para causar brigas reais.
Dito isso, volto para a pergunta: “Por que, raios, eu ia querer jogar isso”? E eu te digo: porque é divertido DEMAIS. O jogo é muito instigante e dinâmico. Você precisa ter um raciocínio lógico alto e veloz para ler bem o que está acontecendo.
É sensacional quando você é do time azul e consegue colocar o time certo e alcançar o sucesso. É ainda MELHOR quando você é do time vermelho e consegue manipular todo mundo para acreditar que você é azul! Ou quando você assina o líder e ganha o jogo!
A experiência de jogar The Resistance constantemente me deixa falar: o jogo só melhora. Você vai aprendendo as dinâmicas e conhecendo as pessoas, ficando cada vez mais afiado na leitura dos outros e mesmo em como se comunicar para convencer os demais do seu ponto de vista.
Você precisa desenvolver uma estratégia durante cada partida, para conduzir o game para o lado certo. A pior coisa é quando você é do time azul e todos estão desconfiados que você seja vermelho. Reverter um quadro desses requer muitas habilidades de interpretação e argumentação. Para quem é rpgista: The Resistance é interpretação e improviso na veia!
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