Anões e Elfos – Biblioteca Arkanita

Esta semana, a iniciativa da Biblioteca Arkanita apresenta os netbooks Anões e Elfos, ambos de Rodrigo “Lamazuus” Linn. Estes dois netbooks exploram as raças de fantasia Anões e Elfos dentro do cenário de Arkanun/Trevas, em uma época anterior ao lançamento do livro Vikings, que introduz oficialmente estas duas raças ao cenário.

Conteúdo do netbook “Anões”

Este netbook apresenta as seguintes informações:

  • Origem das Lendas, discutindo a possível conexão entre os Anões e Yimir.
  • O Reino dos Anões e Cidades Gloriosas, descrevendo Nidavellir, o reino dos Anões situado na Velha Arcádia, suas cidades e suas conexões com outras localidades pela Orbe.
  • Pequenos Habitantes, Civilização Subterrânea, Honra, Respeito e Coragem e Oposição à Magia, expandindo todo o conhecimento sobre a cultura, comportamento e valores dos Anões.
  • Os Irmãos Corrompidos e Duegares, apresentando os malignos Anões que abordam a Magia que preferem viver em Halzazee.
  • O Trabalho nas Forjas, explicando o grande talento de ferreiros e artífices que os Anões têm naturalmente.
  • Personagens Anões, com regras para jogar com um personagem Anão ou Duegar no cenário de Arkanun/Trevas.
  • Kits de Personagem, apresentando e adaptando especialmente para Anões e Duegares o Ferreiro, Guerreiro, Ladrão, Clérigo e Mago.
  • Campanha, com ideias e recomendações sobre como jogar com Anões e Duegares da melhor forma.

Conteúdo do netbook “Elfos”

Este netbook apresenta as seguintes informações:

  • Divindades da Noite e Mortalidade, descrevendo o relacionamento entre os Elfos de Alfheim com os povos escandinavos.
  • Banimento dos Impuros, A Terra Sombria, A Trilha dos Renegados e Um Novo Reino, narrando o surgimento dos Elfos Negros e sua migração para Halzazee.
  • Os Irmãos Corrompidos, Duegares e A Expansão do Norte, apresentando os malignos Anões que abordam a Magia que preferem viver em Halzazee e como se intensificou o conflito entre Elfos e Elfos Negros.
  • A Comunidade e Elfos Negros, expandindo informações sobre a cultura e comportamento dos Elfos e Elfos Negros.
  • Personagens Elfos, com regras para jogar com um personagem Elfo ou Elfo Negro no cenário de Arkanun/Trevas.
  • Kits de Personagem, apresentando e adaptando especialmente para Elfos e Elfos Negros o Caçador, Shaman, Guerreiro, Bardo e Clérigo.
  • Campanha, com ideias e recomendações sobre como jogar com Elfos e Elfos Negros da melhor forma.

Você pode baixar estes netbooks aqui mesmo na Biblioteca Arkanita. Clique aqui para iniciar o download de Anões e aqui para Elfos. E continue acompanhando as postagens semanais da Biblioteca Arkanita para outros grandes netbooks como Anões e Elfos!

Você pode também nos ajudar a movimentar o RPG fazendo parte do nosso Patronato. Mas se não puder, tudo bem! Venha fazer parte da nossa comunidade, começando pelo YouTube por exemplo.

Mundo de Zephyrus – Biblioteca Arkanita

Esta semana, a iniciativa da Biblioteca Arkanita apresenta o recém-lançado cenário Mundo de Zephyrus, de “Cleron o Andarilho”. Este cenário de fantasia se encontra em um netbook de incríveis 167 páginas descrevendo todo o mundo e seus principais continentes, as tradicionais raças de fantasia como elfos e orcs, e as regras para Magia, além de descrições aprofundadas sobre cada local de importância e os principais NPCs de todo o cenário.

Conteúdo do netbook

  • 1 Conceitos Básicos, com a explicação de todos os conceitos e palavras-chave ligados ao RPG e, especialmente, ao Sistema Daemon.
  • 2 Gênesis, narrando toda a origem deste mundo, incluindo o surgimento dos deuses e das raças de fantasia mais relevantes, assim como o surgimento das práticas mágicas entre as raças deste mundo.
  • 3 Raças dos Personagens, Temos uma quantidade de raças e sub-raças jogáveis derivadas de três básicas, os Elfos, Orcs e Humanos. O netbook descreve diversas sub-raças élficas e inclusive descreve como eles surgem (tirando os Altos Elfos, todos os outros são híbridos), e introduz a sub-raça dos Sekyls, uma proposta totalmente inovadora no cenário.
    • Altos Elfos, Elfos Celestes, Elfos Escarlates, Elfos da Neve e Elfos da Noite
    • Orcs
    • Humanos e Sekyls (uma espécie de Elementalista cujo poder não surge da Magia)
  • 4 Aprimoramentos, com os Aprimoramentos positivos e negativos geralmente vistos em módulos básicos e na maioria dos netbooks também se encontrando aqui, para auxiliar na construção de personagem sem que se dependa de outros livros ou netbooks.
  • 5 Perícias, com todas as Perícias já conhecidas presentes aqui, sob o foco de um cenário de fantasia medieval.
  • 6 Equipamentos, explicando como é o dinheiro em Zephyrus e também propondo a regra de Pontos de Peso, para um controle mais preciso sobre quantos itens um personagem pode carregar consigo.
  • 7 Equipamentos Gerais, listando itens geralmente comprados por aventureiros em suas missões.
  • 8 Armaduras, com uma ótima lista de armaduras e escudos com custo, IP, pontos de peso e outras características.
  • 9 Magia, com a explicação sobre os cinco grandes grupos de Magia no cenário (em forte alinhamento com as naturezas das cinco cores de Magic: The Gathering), e quais Caminhos os compõem. Embora esteja listado o caminho Humanos entre os cinco grandes grupos, na página seguinte existe a divisão entre Mente e Corpo como Caminhos da Magia.
    • Magia Azul: Água, Ar, Espírito, Humanos e Metamagia.
    • Magia Branca: Água, Espírito, Humanos, Luz e Terra.
    • Magia Negra: Demônios, Espírito, Fogo, Humanos e Trevas.
    • Magia Verde: Animais, Ar, Espírito, Plantas e Terra.
    • Magia Vermelha: Animais, Ar, Fogo, Luz e Terra.
  • 10 Rituais, com uma lista curta de rituais para cada grande grupo de magia, em adição aos rituais já conhecidos em outros livros e netbooks do Sistema Daemon.
  • 11 Kits, apresentando os oito principais kits de personagem que ajudam a dar cor ao cenário: Bárbaro, Guerreiro, Ranger, Mago, Ladrão, Cavaleiro, Bardo e Artista Marcial.
  • 12 Reinos de Zephyrus, apenas com um parágrafo simples, porém preciso, de como estão organizados os principais reinos deste cenário.
  • 13 Organizações, outro parágrafo curto, com o propósito de enfatizar a existência de Clãs Protetores, Guildas, Ordens de Cavaleiros, o Centro Econômico e Treinamento Huurling (CETH), organizações religiosas e Sociedades de Magos.
  • 14 Aventureiros, introduzindo em um parágrafo o termo “Huurling”, uma forma pejorativa pela qual os aventureiros deste cenário são chamados.
  • 15 a 32: diversos pequenos capítulos neste netbook dedicados a locais de relevância em Zephyrus e expandindo as regras para se jogar no cenário:
    • Novos kits: Alquimista (em Válor), Samurai, Shinobi, Monge, Wu Jen, Ronin, Nukenin (em Ikeda), Pirata e Navegante (ambos para locais com portos ou em aventuras marítimas).
    • Perícias Regionais: Battoujutsu, Ninjutsu, Taijutsu, Genjutsu e Fuuinjutsu (todos em Ikeda).
    • Ordens de Cavalaria: Cavaleiro de Ferro, Cavaleiro de Prata (ambos em Itiltar), Cavaleiro de Ouro (em Válor), Clã Darksteel, Clã Whiteiron, Clã Redgold, Clã Goldenbrass e Clã Silverblue (os cinco em Petra).
    • Clãs Protetores: Clã da Luz (em Itiltar), Flechas Fluentes (em Nilmarien), Clã Kinzoku, Clã Kage, Clã Mokuzai, Clã Chikyu (os quatro em Ikeda), Amazona (em Theia), Clã da Água (em uma pequena ilha próxima a Petra e Theia), Clã do Ar (em uma torre nas Planícies do Sol), Clã da Terra (próximos às Montanhas do Bloqueio), Clã do Fogo (no Vulcão Kretan), Tribo dos Alshams, Tribo dos Alsaharas e Tribo dos Alriyah (os três no Deserto de Mitras).
    • Ordens Religiosas: Paladino do Templo de Níva (em Itiltar), Guerreiro do Sol (no Deserto de Mitras) e Andarilho das Sombras (na Ilha de Mitras).
    • NPCs de importância: Acádius Frame, Derrick Eaglefang, Enown, Brilter, Isis Whitblanc, Siviec Nevedin, Imperador Yan Netashi, Esmeralda, Safira, Sultão Nazir, Cassandra Silverblue, Seana, Toroak Marator, Araveos o Sereno, Tácios o Gigante, Gravitron e Phobos.
    • Bestiário: Leão das Neves, Cobra Grande, Onça Camaleão, Snolf, Urso Verde, Crocodilo das Trevas, Golem de Aço Negro, Elemental das Areias Negras, Graykais, Magmadonte e Dragão de Vidro.
  • 33 Um Mundo de Mágica, expandindo as informações sobre as propriedades mágicas de diversos itens, locais e situações:
    • Metais especiais: Aço Rubro, Ferro Frio, Aço Negro e Santil.
    • Ligas metálicas especiais: Aço Púrpura, Metal Antimágica, Aço Cristal e Aço Verde.
    • Gemas mágicas, introduzindo a Ratita.
    • Plantas mágicas: Grama Blade, Planta Lince, Lírio do Leite, Musgo Azul, Erva Touro, Amora Branca, Amora Preta, Raiz Escarlate, Cogumelo Amarelo, Rosa Verde, Rosa Prateada, Folha Colorida, Alga Azul e Grama Púrpura.
    • Comidas: Batata Púrpura, Alface Verde Estrelada, Laranja Escarlate, Truta Turmalina, Cenoura Velhinha, Búfalo Cinzento e Javali do Chifre Rosado.
    • Madeira Élfica: explicação dos efeitos deste material sobre arcos e flechas, lanças e cajados.
    • Acessórios Mágicos: lista com diversos objetos mágicos que podem ser encontrados em Zephyrus.
    • Artefatos Mágicos: itens mágicos únicos, sendo eles os Sabres Gemas, o Mage Breaker, os Anéis do Dragão e os Medalhões dos Zefir.
    • Loja de Itens Mágicos: cálculos para tornar um item mágico ou para comprar itens mágicos, divididos por reino de Zephyrus.

Clique aqui para realizar a compra do netbook no Clube de Autores (valor no momento de publicação deste artigo: R$ 27,01) – no entanto, a plataforma de leitura não é agradável e não permite download em formato PDF para ter junto de outras obras em formato eletrônico. Ele pode ser também comprado como livro impresso no site da Amazon estadunidense – clique aqui.

Continue acompanhando as postagens semanais da Biblioteca Arkanita para outros grandes netbooks como Mundo de Zephyrus!

Você pode também nos ajudar a movimentar o RPG fazendo parte do nosso Patronato. Mas se não puder, tudo bem! Venha fazer parte da nossa comunidade, começando pelo YouTube por exemplo.

Como Nascem os Bardos – Contos de Soros

TEMPO 1 – MANHÃS

Era manhã de inverno no continente de Soros, sentada em frente da carroça, que sempre andava abarrotada de quinquilharias teatrais, uma mãe elfa tentava acalmar seu filho, afinal aquela era uma carroça de uma famosa trupe circense e as coisas ao redor dela sempre andavam agitadas o dia todo. Ao primeiro raio de sol já se podia ver o fogo tímido da fogueira ganhar força para esquentar a água do chá do desjejum. Quem sempre fazia essa função era um homem mais velho, um humano, chamado por todos que trabalhavam naquela trupe, de pai. O velho Ulisses Plumad’Ouro, era o líder por ali. De fato ele não era pai biológico de ninguém, mas possuía bom coração e adotou muitos ao longo dos seus 70 anos de vida, bem vividos. Sua trupe era composta por cinco pessoas. Vigo ViraCorpo era um meio-elfo contorcionista; Alina Fogoforte era uma humana cuspidora de fogo; Andrey BlocodePedra, um anão levantador de peso; Prisca AsasdeFada era a elfa, que já foi citada nessa história, e a criança que ela tentava acalmar era o jovem Fidel Aspas, um meio-elfo, seu filho.

Se acalme jovem príncipe! – Insistia a elfa, enquanto massageava os seios lentamente.

Esse menino ainda tá pedindo leite? – Indagou Ulisses, enquanto fazia o chá. – Você devia colocar limites nele, afinal uma criança de 8 anos não deveria mais pedir peito…

Jovem Rei, a mamãe não tem mais leite e … – insistia Prisca

Você devia tratar esse menino direito, pare de chamar ele de rei, de príncipe… Todos nós sabemos que ele não é nada disso, você devia ensinar ele a falar. A língua dele não solta porque ele fica querendo chupar seu peitoAlina Fogoforte era sempre ríspida em suas pontuações.

Alina você devia entender a relação dos dois, quando Fidel aprender a falar não irá parar mais! Vigo ViraCorpo ao dizer isso trocava olhares com Prisca. Era de ciência de todos que Vigo era apaixonado por ela, e que os dois já haviam se relacionado. O meio-elfo cuidava do jovem Aspas como se fosse seu próprio filho, afinal os dois eram ligados pela mesma raça.

Ei magrelo, ajuda o tio anão a levantar essa pedra, mostra pra eles o quanto você é forte.Andrey BlocodePedra adorava brincar com o menino, os dois passavam horas levantando pedras. Andrey pegava as grandes, Aspas tentava, mas o tipo franzino do menino deixava-o levantar somente as bem pequenas.

Prisca olhava com gratidão para o anão, enquanto a criança se entretia com as pedras e com as brincadeiras propostas por Andrey. Aquela elfa tinha algo de diferente, sempre foi a atração principal daquela trupe. Sua beleza havia levado aqueles artistas a se apresentar para reis. Todos conheciam a fama de AsasdeFada, uma exímia dançarina, que parecia flutuar enquanto dançava, daí vem seu apelido. Mas o encanto daquela mulher também era sua perdição. Objeto de desejo de muitos homens e mulheres de Soros. Prisca, sentada em frente a fogueira, tomando seu chá que havia ficado pronto e apreciando seu filho brincar, guardava segredos difíceis de compartilhar.

TEMPO 2 – TARDES

O sol não dava trégua no verão de Soros, ao lado da carroça de espetáculos da Trupe Odisséia o desânimo pairava sobre os membros da companhia. As apresentações não davam mais tanto dinheiro quanto antigamente, na verdade fazia mais de um mês que eles não conseguiam pagamento algum. A reserva financeira que fizeram nos tempos áureos estava no fim e o racionamento de comida era constante. De barriga vazia ninguém ali era capaz de produzir nada. Reclamações e insultos era o que imperava naquele lugar. Neste dia em específico a briga foi mais intensa e Aspas, ainda jovem, precisou agir.

A culpa de toda essa desgraça é sua Prisca, nós éramos a companhia do Rei, mas você tinha que se engraçar logo com Rodri.Alina FogoForte estava realmente furiosa e dessa vez Vigo ViraCorpo estava do seu lado.

Eu sempre te defendi, mas você realmente parece que não me valoriza. Alina está certa, você e esse moleque devem sair da companhia. Ele é uma boca a mais e você não possui mais seus encantos.

Prisca escutava tudo calada, Aspas também, afinal ainda não havia aprendido a falar, todos achavam que aquele garoto tinha problemas, ficava quieto, tocando os instrumentos e nunca disse uma palavra. Os insultos continuavam e a situação naquele calor de tarde estava realmente mais quente que o de costume. Ulisses e Andrey, tinham ido até a vila mais próxima com o intuito de arranjar alimento e uma taberna que se interessasse pelo trabalho da Trupe. 

Você é uma vagabunda, Prisca, a gente sempre deu duro para conseguir nosso lugar nessa companhia enquanto você dava… – Nesse momento Alina foi interrompida por uma rapieira que atravessava sua glote e fazia seu sangue jorrar na cara de Prisca. 

O corpo desfalecendo de Alina, caiu lentamente no chão e por trás dela podia se ver a figura do jovem Aspas segurando uma rapieira, adereço de um dos espetáculos da trupe. Vigo ViraCorpo olhou assustado para a situação, afinal ele e Alina haviam começado um relacionamento a pouco. Ele caminhou lentamente até o corpo de sua amada. Enquanto ouviu as primeiras palavras do garoto Aspas.

Corre, pega essa maldita e corre para bem longe, antes que seu destino seja o mesmo que o dela. – nesse momento o crepúsculo se aproximava e sumindo juntamente com o sol no horizonte ViraCorpo se distanciava carregando o corpo de Alina

TEMPO 3 – NOITES

As noites de outono estavam mais silenciosas que nunca, a frente da Trupe, uma cova rasa cavada por Aspas durante o dia agora estava preenchida pelo corpo de Andrey BlocodePedra. O anão já com idade avançada adquiriu uma doença pouco mais de um mês atrás e toda sua força se esvaiu. Aspas se martirizava, achava que tinha sido culpa sua. De fato, Andrey ficou muito abatido com a partida repentina de Alina e ViraCorpo, nunca entendeu o motivo dos dois terem abandonado a trupe. Mas Aspas sabia e por isso se culpava vendo o amigo sofrer, enquanto guardava esse segredo. Aquele acontecimento tinha sido anos atrás, mas a presença daquelas memórias eram constantes na cabeça do jovem. Após o enterro ele se dirigiu com sua mãe para a sua tenda, enquanto Ulisses ficou próximo a cova de Andrey observando as estrelas e contemplando o silêncio. O velho via sua família definhar e nada podia fazer para salvá-la.

Mãe, você acha que eu tive culpa na morte de Andrey? – Perguntava Aspas a caminho da sua tenda

Para de dizer besteiras meu filho, você não é culpado por uma pessoa ter morrido de doença…

Mas Alina vivia dizendo que eu era a culpa dessa família ter perdido seu esplendor, que eu havia trazido a maldição para cá.

Deixa de besteiras Aspas, aquela mulher só usava sua língua para plantar discórdia, e o seu destino foi traçado pelas asneiras que ela falava. Você apenas fez o que tinha que fazer. Agora tente limpar sua cabeça desses pensamentos e durma, amanhã será um longo dia. – Prisca falava isso enquanto se ajeitava para dormir – Boa noite, filho!

Mãe, por que eu acho que você me esconde algo? – A pergunta tinha sido em vão,  Prisca havia pegado no sono e mais uma vez Aspas tinha ficado sem resposta. Revirou na sua cama, mas não conseguia dormir, seria mais um noite em claro. Levantou, se dirigiu para fora da tenda e foi ao encontro de Ulisses. O velho estava sentado do lado de fora de sua tenda olhando fixamente para as estrelas, enquanto fumava um cachimbo fedorento, porém saboroso. 

Ainda acordado Aspas? – Perguntou o velho logo após cuspir o fumo do cachimbo no chão.

Cada vez mais está difícil dormir.Aspas puxou um banco e sentou ao lado de Ulisses.

Aproveita agora que Andrey finalmente descansou e não teremos que escutar seus gemidos de dor durante a noite. 

Pai … se um dia alguém fizesse mal a minha mãe você seria capaz de matar essa pessoa? 

Ulisses olhou Aspas, se levantou, foi até a carroça, pegou a rapieira que Aspas havia usado para estocar Alina e voltou a se sentar ao lado de Aspas. – Você meu filho, me pergunta algo que na verdade você já tem a resposta. – manejou habilidosamente a rapieira no ar e a entregou a Aspas, que o olhava aflito.

– Então… você sabe? – O silêncio tinha ficado mais intenso nesse momento. – Pai, por que o senhor não me puniu? Pai…

Você queria que eu tivesse feito o que?Ulisses o interrompeu bruscamente – Deixado você e sua mãe para os lobos comer? Não sou esse tipo de pessoa, garoto e já está na hora de você saber… – Pegou o cachimbo e deu trago profundo – Eu não sou seu pai.

– O que o senhor quer dizer com isso?Aspas se levantou abruptamente do banco e se colocou em pé à frente de Ulisses. Era possível, a tal distância, sentir o calor da respiração do velho.

Está na hora de saber a verdade Aspas, sente-se é melhor escutar com calma. – O velho puxou novamente o banco e ofereceu ao garoto. – Certa vez estávamos realizando uma apresentação no castelo do rei Rodri, tínhamos muito prestígio na época, sua mãe era a mulher mais bonita do reino e não demorou para Rodri se interessar por ela. O rei era casado, mas todos no reino sabiam que ele não resistia a uma mulher, seus atos de infidelidade para com a esposa era conhecido por todos. Na noite após a apresentação no castelo fomos convidados a ficar para o jantar e a dormir por lá. O rei estava muito satisfeito com os serviços prestados e fazia questão da nossa presença. O jantar foi grandioso, nos divertimos muito. Prisca foi dormir e o rei também se retirou. Estávamos bêbados demais para notar a ausência dos dois, que a essa hora já estavam em algum cômodo do castelo agarrados um nas coxas do outro. Depois disso ficamos no castelo por alguns meses, nos tornamos a companhia do Rei, mas logo Prisca começou a mostrar seus sinais de gravidez. Sabíamos que Rodri mandava matar os bastardos e então decidimos guardar esse segredo e ir embora sorrateiramente no meio da noite. Logo depois a Rainha anunciou que também estava grávida e o rei tinha mais com que se preocupar. Sua mãe te pariu na estrada e quando nasceu constatamos o que era certo, seus olhos verdes provam sua descendência, você é o filho mais velho do falecido rei Rodri

Aspas saiu correndo, correu por horas no meio daquela mata silenciosa, chegou no final da noite a uma cidade pequena. Ele não olhou para trás, seu coração disparado e seu corpo agitado precisavam descansar e ele se dirigiu até a taberna do lugar, pediu uma cerveja e bebeu até não se lembrar mais.

TEMPO 4 – MADRUGADAS

As madrugadas das primaveras eram especiais, o cheiro da florada se espalhava pelas cidades  e encantava Aspas. Sabia distinguir o perfume das flores e das mulheres, vivia metido em bordeis e tabernas. Tinha a essa altura da vida alguns vícios em jogos, trapaças e virilhas. Não tinha o costume de ficar muito tempo no mesmo lugar, afinal para cada lugar tinha um golpe, um roubo, ou uma charlatanice diferente. E assim conseguia viver mesclando a arte aprendida na Trupe Odisseia com a habilidade aprendida nas ruas. Aspas se tornou um homem astuto. Após uma longa noite de viagem ele havia chegado a mais uma pequena vila, o cheiro perfumado de umas das casas logo revelou à sua narina que ali havia prazeres para ele. Adorava os bordéis, sempre acolhedores e divertidos. Amarrou seu cavalo junto a alguns outros que pastavam ali na frente daquele estabelecimento, ajeitou a roupa, pegou seu bandolim e entrou. O lugar não estava tão cheio, sentou em uma das mesas, pediu uma bebida e chamou uma das moças que estava de costas no balcão, uma senhora de uns cinquenta anos, porém bem esbelta, gostava das mulheres mais velhas.

– Pois não! – A moça se dirigia até ele, enquanto Aspas, assustado, deixava seu instrumento musical cair no chão.

Após longos anos, foi a primeira vez que as palavras lhe faltaram. Não sabia o que dizer, ficou mudo, observando a mulher se aproximar e sentar na cadeira a sua frente. 

Há muito que te sigo Aspas. Anda, peça um quarto, tenho coisas a lhe dizer e é melhor se apressar, não temos muito tempo.

Aspas rapidamente se dirigiu até o balcão do estabelecimento e pediu um quarto. Subiu as escadas, que levavam até os dormitórios, acompanhado daquela mulher, que ele não via há anos. Suas pernas bambas revelavam o medo e o desconforto que ele sentia com aquela situação. Entrou no quarto, não quis sentar, ficou parado próximo a cama. A moça entrou em seguida e trancou a porta atrás dele.

– Vejo que está surpreso em me ver. – Aquela voz esganiçada não era a mesma que ele conhecia, mas a cicatriz no pescoço, bem na altura da glote, revelava uma mulher que ele achava que estava morta.

A..lii.na..– balbuciou as palavras enquanto sentia uma faca encostar no seu abdômen. –  O que faz aqui? Não há motivo para isso…

– Sente-se e fique calado. –  Ela o interrompeu o empurrando sobre a cama – Ouça o que eu vou lhe dizer, rapaz e fale apenas quando eu mandar. Sua mãe está morta e o velho Ulisses também. 

– Mas como…?Aspas estava pálido, sua boca estava seca, ele pegou o jarro ao lado da cama, encheu a taça de vinho e virou em um único gole, deixando o líquido escorrer pelo seu queixo.

– Shiiiii… apenas escute rapaz. Você fez bem em abandonar aquela Trupe, logo depois que você saiu, Ulisses e Prisca adoeceram, eu cheguei a reencontrá-los, mas pouco pude fazer por eles. Vigo também morreu da mesma doença e me parece que essa praga assola todo continente de Soros. Sua mãe antes de morrer me disse  que você havia ido embora sem se despedir e me pediu no seu leito de morte para que eu o encontrasse. Logo eu, a quem você achou que tinha matado. Mas como vê, sou difícil de matar, não é mesmo? 

– O que você faz aqui Alina? O que você deseja de mim?Aspas bebia compulsivamente sem acreditar no que seus olhos viam. Ele podia jurar que aquela mulher estava morta, mas como era possível ela estar ali diante dos seus olhos?

– Eu vim aqui a procura de vingança de Aspas, você me tirou tudo que eu tinha, agora é sua vez de pagar.Alina FogoForte pegou um frasco de óleo em sua algibeira e jogou sobre Aspas, acendeu uma vela, que estava em cima da mesa de cabeceira e caminhou lentamente na direção dele, enquanto o homem se encolhia na cama.

Alina não me mate… Eu posso dar um jeito em tudo… AlinaAlina, por favor eu… – Nesse momento Aspas sentiu uma pancada na cabeça.

– Acorda vagabundo, aqui é uma taberna e não uma estalagem, se bebeu demais volte para  sua casa. – A taberneira batia com a colher na sua cabeça, enquanto repetia essa frase. 

Aspas havia dormido sobre a mesa e o calor da vela já no fim, quase queimava seu rosto. Acordou, sua testa escorria suor, sua cabeça girava, olhou ao redor e nenhum sinal de Alina, pensou que devia ser mais um pesadelo com aquela mulher. O gosto de vinho na boca e a dor no estômago eram sinais de que ele havia bebido demais. O céu começava a clarear do lado de fora da taberna. Ele pegou suas coisas e caminhou em direção a saída. Deixou umas poucas moedas para pagar o que tinha consumido. Na porta da taberna parou repentinamente. A taberneira gritava por ele e tentava lhe mostrar algo.

– Ei bêbado, uma mulher deixou isso aqui para você, ela tinha uma voz estranha e uma cicatriz no pescoço. – A taberneira estendeu a mão e entregou um bilhete a Aspas.

Ele cambaleou até aquela mulher, pegou o bilhete e leu: -“Eu conheço seu segredo jovem rei, e irei cobrar o que você me deve.” Um beijo caloroso A.FF. – sua cabeça rodou, uma luz encheu seus olhos e ele caiu desmaiado no chão da taberna sobre os feixes de raio de sol de uma nova manhã.

Sou Bruno Quiossa, membro do Mestres de Masmorra, visite nosso canal no YouTube para ver mais conteudo a respeito e aproveite também para ver os outros manuscritos que temos aqui no site do Movimento RPG com varias temáticas interessantes clicando aqui.

Nos vemos pelas mesas da vida. Que rolem os dados.


Escrito por: Bruno Quiossa
Revisão e Arte da Capa por: Douglas Quadros

Tagmar RPG – Resenha

Pense em viver uma aventura regada à magia e na era medieval, em um mundo de fantasia… Se pensou em RPG’s como D&D ou Pathfinder você errou, estamos falando de Tagmar!

Sobre o livro

Tagmar – A Fronteira, Tagmar – O Arado de Ouro, Tagmar – Livro Básico, Tagmar – Livro dos Mostros, Tagmar – O Império

Tagmar, é um RPG de fantasia medieval totalmente feito no Brasil, 100% brazuca, lançado pela finada editora GSA, na década de 90.

É uma criação de Marcelo Rodrigues, Ygor Morai, Julio Augusto e Leonardo Nahom, no início da década de 90, foram lançados alguns complementos posteriores antes do fechamento da GSA em 97.

Capa da edição de 1991.

 

O diferencial da época para o aclamado AD&D 2º Ed. era que todo o necessário para se jogar estava em um só livro, que continha regras para jogadores, mestres, monstros e cenário, além de uma aventura pronta.

Contudo temos o complexo de achar que tudo que é gringo é melhor, associado a um sistema de criação de personagens e regras que não é igual tão prático quanto o sistema desenvolvido por Gygax, o que culminou em Tagmar não fazer tanto sucesso quanto esperado.

Os criadores foram fortemente influenciados pelo tema magno da época, os contos de J.R.R. Tolkien, ambientados em um medieval tendendo ao real, com sistemas de classes sociais como ex-escravos, pessoas livres, indo até nobres.

Mas vamos ao que interessa, o jogo

Tagmar é um RPG para quem tem afinidade com GURPS, pois, acima de tudo, possui cálculos, tabelas e detalhamento para combate. Além disso possui uma tabela que exemplifica o que ocorre com cada tipo de ataque.

São utilizados somente dois tipos de dados, d10 e d20, que servem para as rolagens dos atributos, sorteio das classes sociais, alturas e pesos, rolagens de ataques e acertos etc.

Portanto ele tem uma forte fundamentação em tabelas, há muita coisa em tabelas e sorteios, o que obriga a fugir um pouco do arquétipo do conforto.

Criando um personagem

Por exemplo, um jogador pode criar um mago, humano, alto e magro, que veio de uma família rica. Contudo, em Tagmar você até pode escolher ser um mago humano, mas se tirar um número x nos dados, pode ser um baixinho gordinho e ex-escravo.

Sem dinheiro para comprar o mínimo que precisa, sofrendo as consequências desta classe social, tendo que baixar a cabeça para nobres e burguesia e enfrentar este estigma social.

Além disso influenciar na criação de personagens, também influencia no Roleplaying e no background, porque um ex-escravo estaria andando com um nobre e um elfo burguês (outros PC’s do grupo)?

Porque ele resolveu seguir se aventurando? 

Como se livrou da escravidão?

Quem era seu mestre e que influência isso teve em sua vida?

A aleatoriedade do sorteio te faz fugir da previsibilidade.

Em termos de regras, os personagens tem acesso a algumas raças que estavam em alta na época, tais como:

Humanos, Pequeninos (Halfling), Anões, Meio-Elfos, Elfos Florestais [Os pobres] e Dourados [Os ricos].
Mapa do continente.

Cada raça possui suas vantagens e desvantagens, bem como profissões que tem acesso ou não. Estas profissões seriam o que conhecemos em D&D como classes de personagens:

Guerreiros, Ladrões, Sacerdotes, Magos, Rastreadores e Bardos.

Quanto às classes sociais, que influenciam no desenrolar da história e criação do personagem, são elas:

Ex-escravos, Ex-servos, Pessoas livres, Pequenos Comerciantes, Artífices, Grandes Comerciantes, Baixos Nobres e Altos Nobres. 

Cada classe social, além de implicar na dramatização do personagem, tem sua própria quantia de recursos iniciais, o que o torna interessantemente diferente do D&D normal, que cada classe de personagem tem uma quantidade de recursos base (ou rolavel, mas com mesmo pool de dados).

Em Tagmar, o grupo inteiro pode ter a mesma profissão (classe), ser da mesma raça, porém ainda pode ter recursos monetários totalmente diferente, em virtude da diferença de posição na sociedade.

Exemplos de personagens.

Isso torna o jogo muito mais realista, sem estragar com a fantasia do cenário.

Algumas das regras

Tagmar também introduziu o conceito de Energia Heroica (EH), e Energia Física (EF), a EH é, digamos o dano que você leva sem que seja em regiões vitais, já a EF seria a vida propriamente dita do personagem.

O sistema de combate é feito através deeeeee (tcham tcham tcham tcham) uma tabela ( 😀 ), que sofre alterações de acordo com o atributo Agilidade.

Para verificar se seu ataque foi bem sucedido ou não, rola-se um d20 e verifica o resultado. Para cada ataque, há uma chance do dano ser crítico que possui umas descrições bem interessantes e características, como por exemplo.

Um ataque crítico de uma espada (corte) será dado com um dano adicional de 75%, mais uma condição, com por exemplo, corte na cabeça põe o adversário em coma por um dia se o mesmo não estiver usando elmo. 

Legal, neh?

Isso também influencia na escolha de uma arma, o crítico que pode se ter com ela.

Um crítico (20 no d20) seguido de outro 20 na confirmação do crítico mata o adversário na hora, mesmo que fosse um dragão (a critério do mestre).

Tabela de Resoluções de Ações e Críticos.

Também há a falha crítica, que pode ir desde um golpe ruim que erra o adversário, até você ter que fazer um ataque em um companheiro próximo.

Basicamente essa tabela do Tagmar pode servir de incremento para qualquer jogo, basta ter um d20 e adaptar as regras. (Eu adoro essa parte desse sistema :D)

O sistema de magias é dado por níveis de especialização, seguindo um critério bem simples, segue um exemplo.

Boooooooollllaaaaaa deeeee FOOOOOOOGGGGOOOOOOOOO!

Por fim

Tagmar possui, para sua época, incrementos incríveis. Contudo não tinha grande apelo para a parte interpretativa, já que fazia parte do universo da época, exploração de masmorras, combates épicos e reinos que necessitavam urgentemente de heróis. Em resumo, poucas palavras e mais ação.

O AD&D seguia a mesma linha, mas era gringo, então só isso já o fazia parecer ótimo.

Atualmente o Tagmar segue de forma independente, feito pelo Projeto Tagmar e está em sua 3ª edição, como vocês podem conferir no post do Vinícius, link abaixo!

Tagmar 3.0

Ele é totalmente gratuito para baixar, livros básicos e suplementos, e segue a mesma linha do Tagmar de 1991, mas com vários upgrades.

O Livro Tagmar Terceira Edição podem ser baixados clicando aqui!

 

 

 

Conhece o Tagmar?!

 

Ficou curioso?!

 

Deixa um comentário aqui ohhh! 😀

Sair da versão mobile