Já Ouviu Falar de RPG Terapêutico? – Off-Topic #44

Saudações, Rpgista!!! Você já ouviu falar em RPG terapêutico? É uma novidade empolgante que tem ganhado destaque recentemente, e neste Off-Topic, quero explorar com você essa abordagem inovadora que utiliza jogos de interpretação de papéis para transformar vidas. Vamos dar uma olhada na base teórica, nos objetivos terapêuticos, nas evidências de eficácia e nas aplicações clínicas do RPG terapêutico. Bora mergulhar nesse mundo?

RPG Terapêutico

O RPG terapêutico, também conhecido como RPG de aconselhamento, é um conceito que traz os jogos de interpretação de papéis para o campo da terapia. Como fã de jogos que, assim como eu, você certamente também é, vai adorar saber que essa modalidade combina diversão com autoconhecimento e crescimento pessoal.

Base Teórica do RPG Terapêutico

Entender a base teórica do RPG terapêutico é o primeiro passo para compreender como ele funciona. Ele se apoia em várias teorias psicológicas, incluindo a Teoria do Jogo, que reconhece o jogo como uma ferramenta para explorar emoções e interações, e a Terapia de Jogo, que utiliza atividades lúdicas para promover a resolução de problemas e o autoconhecimento. Além disso, o RPG terapêutico pega emprestado da Terapia Cognitivo-Comportamental para ajudar os participantes a identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais enquanto jogam.

Objetivos Terapêuticos do RPG Terapêutico

Mas qual é o objetivo do RPG terapêutico? Vamos dar uma olhada:

  1. Habilidades Sociais Afiadas: Enquanto jogam, os participantes praticam habilidades sociais como comunicação, empatia e resolução de conflitos em um ambiente seguro e sem julgamentos.
  2. Expressão Emocional: O jogo permite que os jogadores expressem emoções por meio das personagens que interpretam, o que pode facilitar a comunicação de sentimentos que são difíceis de colocar em palavras.
  3. Autoestima nas Alturas: Superar desafios no jogo pode impulsionar a autoestima e a confiança dos participantes, ajudando-os a se sentirem melhores consigo mesmos.
  4. Aprendizado Divertido: Dependendo do sistema de RPG escolhido, os participantes podem adquirir habilidades práticas, como resolução de problemas e tomada de decisões, de uma forma divertida e envolvente.

Evidências de Eficácia

Você deve estar se perguntando se essa abordagem realmente funciona, certo? Bem, embora o campo do RPG terapêutico ainda esteja em crescimento, há evidências promissoras. Um estudo de caso publicado no “Journal of Clinical Psychology” (Smith et al., 2019) relatou melhorias significativas na ansiedade social em adolescentes após a participação em um programa de RPG terapêutico. Isso é empolgante!

Considerações Éticas

Claro, o RPG terapêutico também vem com suas próprias considerações éticas. Terapeutas devem garantir que participantes estejam confortáveis e entendam o que estão fazendo. O consentimento informado é essencial. Além disso, a confidencialidade deve ser mantida, mesmo durante um jogo terapêutico.

Aplicações Clínicas e Futuras Pesquisas

O RPG terapêutico pode ser aplicado em uma variedade de configurações clínicas, incluindo terapia individual e de grupo, e até mesmo em programas de reabilitação psicossocial. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas para avaliar sua eficácia em diferentes contextos e populações. Pesquisas futuras podem explorar como o RPG terapêutico pode ser usado para tratar condições específicas, como transtorno do espectro autista e transtornos de ansiedade.

Minha Opinião

Em resumo, o RPG terapêutico é uma abordagem emocionante que combina a diversão dos jogos com benefícios terapêuticos reais. Embora ainda haja muito a aprender, as evidências iniciais indicam que ele pode ser uma ferramenta valiosa para o bem-estar emocional e o desenvolvimento pessoal. É uma ótima forma de mostrar que existem inúmeras formas de terapias diferentes que podem trazer resultados muito promissores e se adequam mais à realidade de vida de quem participa.

Mas não deixe de continuar acompanhando aqui o MRPG! Afinal de contas eu não parei aqui, e tem muita coisa bacana ainda esse ano por vir! Teremos Mar de Mortos em sua terceira temporada, juntamente com Sombras do Passado, nossa mesa de Império de Jade com Marcela Alban e Bernardo Stamato! Tem os textos da Liga das Trevas, os materiais da Teikoku Toshokan, os perigos da Área de Tormenta e muito mais!

Então é isso aí, conto com você em 2023, para que seja um ano cheio de começos e recomeços par todos nós!

Estilos de Jogar RPG – Off-Topic #16

Começar a jogar RPG é simples, porém nem tanto às vezes.

São inúmeros cenários, sistemas, regras, desafios e muito mais! A diversidade é tanta, e tão grande, que as vezes é mais difícil escolher algo pra jogar, do que jogar em si!

Mas a vantagem, também, é que existe tanta diversidade, que certamente há algo que agrade a todos os gostos possíveis, a todas as idades e todas as formas de jogar.

Mas… falando em formas de jogar… já pensaram em quantas formas diferentes existem para se jogar?

Claro que abordar e falar de todas elas de uma vez seria mais complicador que facilitador, porém, existem alguns “agrupamentos” que podemos abordar. Bora ver?

 

ADVOCACIA DE REGRAS

É uma das maneiras mais delicadas de se jogar, que consiste em esmiuçar um sistema, suas regras, e agir tal qual uma pessoa da área de Direito faria: regra a regra, caso a caso, e seguindo fielmente as regras (ou suas brechas).

Tenho pra mim (e aqui deixo claro que isso seria apenas uma opinião particular e pessoal, e não uma verdade do mundo rpgista como um todo) que GURPS talvez seja o sistema que mais se encaixa nesse estilo de game.

Com suas regras complexas e muito variadas, GURPS é um sistema criado para que seja possível, com ele, jogar qualquer tipo de história imaginável (e algumas até inimagináveis).

Seu manual é muito vasto, com regras e tabelas muito detalhadas, o que faz a alegria de players que adoram esmiuçar regras e analisar funcionalidades de sistemas.

É uma forma de jogar que diverte quem gosta, e vale lembrar, não existe uma “forma correta” de jogar RPG que não seja para se divertir!

Vale lembrar também que Adogades de Regras não são pessoas chatas ou muito apegadas a regras, mas geralmente são pessoas que gostam de “explorar” essas regras, com direito a criar novas e melhores regras para melhorarem suas jogatinas!

Teste de Sucesso

OVERPOWER

Poder acima de tudo, força acima de todos!

Claro, existem players que querem apenas o poder, a força, os feitos épicos, e a capacidade de se sentirem overpowers!

Tal estilo de jogo (novamente, na minha opinião) é muito visto em sistemas como D&D (e suas inúmeras versões) e 3D&T (que em sua essência, foi criado pra ser épico).

Para esse estilo de jogar, o negócio é fazer os melhores combos possíveis, as armas mais poderosas, os ataques mais devastadores, os times mais eficazes.

Esse estilo é muito derivado dos clássicos games eletrônicos ou os wargames de tabuleiro, conde o objetivo sempre é ser forte o suficiente para vencer os desafios.

E sim minha gente, isso é muito divertido de jogar também! Até porque, se não fosse, não seriam bons RPGs né?

Nada de errado em querer ter poderes absurdos, realizar feitos gloriosos, e ter seu nome estampado nas Lendas contadas de feitos épicos em mesas de RPG.

Existem várias formas de se jogar overpower, e nem todas são apenas com feitos físicos. Genialidade acima do normal, mesmo que fisicamente comum, ainda é um poder devastador! Por exemplo, o maior inimigo do Superman, Lex Luthor, é um ser humano normal altamente inteligente, e diga-se de passagem, extremamente perigoso!

ROLEPLAY

Esse é, particularmente, meu estilo preferido!

Aqui o foco é na interpretação, na narrativa e no contar de histórias. É o estilo muito enfatizado nos sistemas do Mundo das Trevas, por exemplo (apesar de novamente essa ser minha opinião).

Jogar com foco no roleplay (termo em inglês para “interpretação de papéis” uma tradução livre) é muito divertido pois permite que Players e Masters criem suas histórias de forma conjunta!

Muitos momentos dramáticos, amedrontadores ou épicos podem ser jogados assim!

Obviamente que ter o foco na narrativa, ao contrário do método Advocacia de Regras por exemplo, pode exigir algumas burladas de regras, manipulações de resultados e afins, já que o objetivo é o contar da história, e não as regras em si!

Lembrando que não há uma forma correta de jogar RPG que não seja pra se divertir, e que existe a Regra de Ouro do RPG de não se prender com excesso a regras, é um método muito válido de jogar!

CASUAL

E também existe a forma casual de se jogar.

Jogar casualmente é simplesmente “pegar e jogar”. Geralmente é feito com aventuras “one-shot” que duram apenas uma sessão ou um tempo pré-determinado.

Essa é a forma mais comum de se jogar em eventos por exemplo, já que não é possível narrar uma longa campanha de várias sessões em um ou dois dias.

Jogos casuais existem aos montes, e mesmo sistemas já citados como Storyteller, D&D e 3D&T podem ser ótimos quando usados para aventuras ocasionais ou casuais.

O bom de um jogo casual é que é possível unir vários estilo de jogo em uma única narrativa.

Pode ter uma personagem overpower, uma pessoa advogando regras pra ajudar a manter a linha narrativa, uma pessoa que prefira um roleplay com uma personagem interessante para dar movimento na trama e por aí vai.

Tanto é possível, que umas das clássicas formações de times de personagens de RPG se baseia em uma personagem forte (que geralmente é de alguém estilo overpower), uma personagem mais social (que geralmente é de alguém mais ropleplay) e personagens mais mentalistas (que pode muito bem se encaixar no estilo de advogar regras).

TUDO JUNTO E MISTURADO

Tendo esses exemplos em mente, bora jogar minha gente!

Um estilo de jogo, sistema ou o que for, não é motivo para se fazer uma separação na comunidade rpgista.

Existem possibilidades, sistemas, regras, estilos e tudo mais para todas as pessoas no mundo poderem jogar e se divertir!

Vale lembrar e salientar também que um estilo ou forma de jogar RPG não invalida o outro, e que muito pelo contrário, unir estilos e gostos tão diferentes é uma excelente maneira de criar histórias mais longevas, criativas, inclusivas e divertidas para todes que forem participar!

No fim, só uma coisa importa: JOGAR RPG!

Então, bora jogar RPG?

Rise From Your Grave – Off-Topic #6

Saudações rpgísticas a você, pessoa maravilhosa que está aqui lendo esse textinho! Você já parou para refletir sobre a morte? “Por que as pessoas morrem? O que acontece após a morte? Seria a morte um fim ou o início de uma jornada?” Esses questionamentos não são incomuns em nossas vidas, e de certa forma, em algum momento acabamos nos perguntando sobre isso. Mas e nas nossas mesas de RPG? Como lidamos com a morte? Pode ela ser uma ferramenta narrativa? Uma punição a players? O fim de uma personagem? O início de uma nova saga? Bom, que tal refletirmos um pouco sobre ela?

DIE MONSTER! YOU DON’T BELONG IN THIS WORLD!

É indiscutível que, na maioria dos cenários e jogos que envolvam combates, principalmente em cenários de fantasia medieval, que os inimigos acabem mortos após sucessivas rolagens de dados, cálculos de danos e tudo mais, deixando em alguns casos pilhas de cadáveres ao longo do caminho. Sejam monstros irracionais, mortos-vivos reanimados ou até mesmo criaturas dotadas de razoável inteligência, o que geralmente vemos é um banho de sangue e um massacre.

Geralmente nesses cenários, a cultura é politeísta, dessa forma existem divindades mais pacíficas e divindades mais cruéis, até mesmo divindades da morte. Mas será mesmo que é ok para qualquer personagem matar indiscriminadamente? Não há uma bússola moral ou dogma que precise ser seguido às vezes? Nem todas as divindades apoiam a chacina indiscriminada! Muitas vezes, é necessário que os inimigos sejam apenas atordoados ou afugentados, e não massacrados!

A matança indiscriminada pode não ser a única saída de um problema, e nem mesmo o caminho principal a ser seguido. Matar não é um ato tão leviano a ser feito sem consequência nenhum. É um exercício interessante de se propor à mesa, criar uma situação onde os inimigos precisem ser derrotados, mas não possam ser mortos por algum motivo. Além também de ser uma ferramenta interessante para se trazer à tona um Bleeding sobre humanidade, empatia, compaixão, benevolência e muito mais!

Tais questionamentos são interessantes de serem trabalhados sempre! Qual o valor da vida? Qual a justificativa de matar? Como as personagens se portam diante de tais fatos? O que isso causa na mesa como um todo? Existem alternativas menos mortais ou sanguinárias?

NO CÉU TEM PÃO? E MORREU!

Mas e quando a morte chega às personagens de players? Essas personagens estão isentas da morte? Seria a morte o fim da jogatina?  Seria hora de dizer adeus àquela fica e criar outra personagem? Não necessariamente…

A morte em si é uma ferramenta narrativa importante e valiosa! Voltemos ao exemplo d cenário de fantasia medieval: é muito comum esses cenários terem seus “componentes mágicos” por assim dizer, então é possível que existam magias de ressuscitação, o que pode gerar toda uma campanha em busca de trazer determinada personagem de volta à vida. Alguns cenários oferecem também realidades de existência paralelos ao “mundo real”, e a “alma” da personagem pode estar em um desses planos, mais um gancho para uma aventura. Morrer é um tema que não necessariamente seria uma punição, e pode na verdade ser o início de mais uma longa e divertida campanha!

A morte também serve para ativarmos alguns gatilhos de Bleeding: como lidar com a perda, com o desapego, com as mudanças e afins. Como encarar as divindades após os atos em vida e histórias do tipo podem render ótimos momentos de Bleeding para toda a mesa, e não apenas às pessoas diretamente envolvidas.

Claro, a morte também pode ser usada como ferramenta de controle, de limitação, e até mesmo de punição. Aquela personagem que não combina com o grupo criado, que atrapalha a diversão de geral, ou que simplesmente quem controla não se adequa à mesa ou não comparece às sessões, pode ser “fatalmente removido” da história, faz parte das técnicas narrativas. Mas lembrando: apesar de ser uma ferramenta válida, não pode ser usada de forma leviana!

É outro ponto bem válido de se trazer à tona nas discussões e planejamentos da mesa: a morte deve ser evitada? Ela deve acontecer? Deve ser gerada por um fator de sorte, ou fator narrativo? Faz parte do drama, ou é mera “punição”?

DIE ANOTHER DAY

Escapar da morte, fugir dela, ou a reverter, são ótimas ferramentas de foco narrativo. Players que veem suas personagens chegarem a 0 pontos de vida (ou pontos negativos em alguns casos) podem se desesperar achando que esse seria o fim da história e da diversão, mas não necessariamente. Como dito antes, as possibilidades de se continuar a história após esses feitos são inúmeras.

Pode ser que a trama continue com a alma da personagem no plano da divindade que ela cultue, ou a personagem pode ter sido salva da morte certa de alguma forma, e despertou tempos depois sã e salva em algum lugar, e agora pode buscar por vingança, por reencontrar o grupo, por descobrir quem ela é (no caso de amnésia por exemplo), de reaver sua alma ou corpo e por aí vai. Morrer não necessariamente é o fim, e na verdade pode ser apenas o início!

Utilizar a morte como ferramenta narrativa ainda é algo bem pouco explorado (pelo menos pelo que eu tenho acompanhado da galera por aí), apesar de ser uma ferramenta muito útil! Colocar todo o grupo tentando reverter os feitos de uma chacina, por exemplo, é uma boa maneira de mostrar ao grupo que suas ações tem consequências, e que matar nem sempre é a única (ou melhor) das respostas a algum problema!

Morrer não necessariamente é um fim em si, e pode até mesmo ser o gancho inicial de uma boa narrativa! Usar levianamente a morte na mesa ou na história, é abrir mão de uma excelente ferramenta ou técnica que pode sim ser muito positiva em se tratando da mesa como um todo!

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