By Night: Criando uma Cidade para sua Crônica – Parte 2 – Dicas de Vampiro: A Máscara

Dando continuidade à nossa série sobre como desenvolver seu próprio cenário para crônicas de Vampiro: A Máscara, hoje vamos nos aprofundar um pouco mais nos ganchos que formam a base da história.

População

O livro de Vampiro 5a edição diz que “Populações vampíricas costumavam girar em torno de um para cada 100.000 mortais, mas nas noites de hoje, quem saberá dizer?” Isso leva muitos narradores a acreditar que é impossível criar crônicas em cidades pequenas. Por essa proporção, no nosso país, apenas 15 cidades poderiam ter uma população de pelo menos 10 vampiros, enquanto 5.250 dos 5.570 municípios brasileiros ficariam sem nenhum.

Mas vamos trabalhar com a ideia de que os territórios dos vampiros não necessariamente se sobrepõem às fronteiras humanas. Um príncipe da Camarilla poderia tranquilamente ser responsável por uma região inteira, ao invés de apenas uma cidade. Vamos seguir com essa ideia.

Campos de Palmas é uma cidade com cerca de 600.000 habitantes. Seu rápido crescimento e industrialização atraiu vários vampiros para a região, que, após uma breve e intensa disputa por territórios, acabaram se espalhando pelas cidades da região. A microrregião de Campos de Palmas abrange outras quinze cidades que juntas somam a marca de 12 milhões de habitantes.

Ultimamente tenho gostado de criar cidades fictícias para minhas crônicas de Vampiro, pois posso moldá-las conforme a minha vontade.

Seguindo esses dados, vamos estimar uma população vampírica de cerca de vinte membros. É um pouco acima da média de um a cada 100.000, mas não chega a ser nada absurdo. Desses vinte, vamos colocar cinco na Camarilla, cinco nos Anarch e o resto dividiremos entre a coterie formada pelos PJs e mais alguns “coringas” pra quando a gente precisar improvisar um novo personagem do nada.

Vamos falar mais sobre como criar esses personagens nos próximos artigos. Por hora, precisamos de…

Ganchos

Por enquanto nossa região é só um lugar. Mas RPGs não são feitos de lugares. São feitos de histórias, e para botar a história em movimento, precisamos de bons ganchos. Principalmente para explicar essa população de vampiros acima da média.

Como na nossa história usaremos um emaranhado de várias cidades pequenas, uma ideia legal é pensar que existia um status quo que foi quebrado recentemente. O próprio livro do Vampiro 5a edição sugere uma série de ganchos, como o Chamado dos anciões, que pode facilmente desestabilizar uma região inteira criando vácuos de poder. Outros ganchos podem sugerir maneiras legais de conectar a cidade.

Após o Chamado dos anciões, o antigo príncipe da Camarilla na região desapareceu. Seu sucessor luta para estabelecer seu domínio, mas sua posição é frágil. O xerife da cidade, um tremere, é uma base de apoio importante para que o príncipe mantenha seu poder, mas isso o coloca em uma posição de dependência do bruxo.

Porém, um novo loteamento em uma das cidades da região revelou o que parecem ser vestígios de uma antiga população pré-colombiana. As obras foram interrompidas para que arqueólogos estudem o local, o que chamou muita atenção do xerife. O problema é que o sítio arqueológico está em território anarch, o que pode levar a uma escalada do conflito entre as facções.

Já vi muitos jogadores e narradores de Vampiro subestimando o potencial de narrar uma crônica em uma (ou várias) cidades pequenas.

Esse panorama dá um belo pontapé inicial para nossa crônica. Em uma crônica da Camarilla, o grupo pode ter a missão de desbravar o território anarch e fortalecer a posição da Camarilla no local das escavações. Ou o grupo pode se juntar aos Anarch na defesa do seu território contra as incursões da Torre de Marfim. Ou ainda se meter nas disputas individuais entre os membros (cujas relações construiremos nos próximos artigos).

Mapa

Como estamos lidando com uma cidade fictícia, talvez seja bom esboçar um mapa da região, principalmente para termos uma ideia das distâncias entre as cidades. As cidades podem ser muito próximas, cerca de quinze ou vinte minutos de viagem entre cada uma (a região que eu moro é mais ou menos assim) ou então bem distantes, levando cerca de uma hora ou mais para ir de um local ao outro.

Mas para quem não tem grandes habilidades cartográficas, podemos simplificar em uma pequena rede de pontos interconectados. Mais pra frente podemos transformar isso em um mapa de verdade (ou contratar um artista para fazê-lo, dependendo do escopo da crônica).

Como já definimos parte do enredo, podemos adicionar esses detalhes no nosso rascunho, junto com quaisquer outros que acharmos pertinentes. Porém, é importante lembrar que, por enquanto, isso é um rascunho. Quando definirmos os NPCs importantes da crônica, podemos adicionar mais anotações ao mapa, como territórios e domínios.

Colocamos no mapa a divisão entre as facções, a localização do sítio arqueológico e mais duas cidades maiores da região. Além disso, o acesso entre as cidades pode não ser tão fácil, dependendo do trajeto.

Por Fim

Nossa cidade, Campos de Palmas, está começando a tomar forma. Nos próximos textos, vamos falar dos principais NPCs da crônica. Até lá, não se esqueça de conferir as várias resenhas que temos em nosso site. 

Bom jogo a todos!

Ganchos de Missões I – Biblioteca do Outro Lado

Criado por Rafael Lange (Cellbit), Ordem Paranormal é uma série com cenário original e sistema desenvolvido e publico pela Jambô Editora. 

OPRPG já possui o seu primeiro suplemento, o Sobrevivendo ao Horror que foi produzido por Rafael Lange (Cellbit), Dan Ramos, Miguel Souza, Leonel Caldela e os irmãos Guilherme e Rafael Dei Svaldi. Clique aqui para obtê-lo.

Olá, Agentes e Cultistas! É uma prazer está de volta e dessa vez estarei estreando os Ganchos de Missões, matérias que visam trazer novas ideias para as missões de vocês!

O que é uma Missão?

Ser um agente de campo da Ordem requer muitas vezes que você junto a um grupo de outros agentes, embarquem em um mistério a ser resolvido. Missões são muita das vezes a catapulta principal por impulsionar os personagens a iniciarem seu envolvimento com a trama, seja ela uma one-shot, uma campanha mais longa ou uma série com diversas missões que levam o grupo até um desafio maior. Dentro das missões, os jogadores assim como o narrador vão avançado a história, formando ou quebrando laços, descobrindo mistérios ou os revelando, do mesmo modo que é através de missões que poderes ocultos são adquiridos.

Missões possuem níveis de complexidade variada, podendo ser de uma simples missão de busca, ou uma situação em que os personagens necessitam achar diversas pistas afim de montar um quebra-cabeça que os leva para a resolução de diversas situações.

Seja lidar com um simples zumbi de sangue, evitar a invocação de uma Aniquilação, ou localizar um tomo antigo como um poderoso rituais inscrito, missões podem ser tão diversas quantos os personagens, do mesmo modo que os mesmos podem inserir ideias, as modificando por completo. Missões são os locais em que os personagens de OPRPG ganham vida, adquirindo histórias e cicatrizes e as vezes, perdendo seus nomes.

Ganchos de Missões?

Ganchos são  sugestões de missões que você pode usar como ou inserir em sua campanha de OPRPG. A seguir, um exemplo de missão:

A Embarcação Fantasma: Um grupo de agente foi designado a investigar os estranhos relatos sobre um navio fantasma que já foi avistado por dezenas de pessoas.

Em um gancho como esse, diversos locais podem ser explorados e usados para investigação, combates e outros tipos de cena, sejam esses locais o próprio navio, ilhas secretas e encobertas pela névoa Paranormal, recifes de corais amaldiçoadas ou o próprio mar aberto. Essa sugestão casa perfeitamente com as novas mecânicas feitas por Miguel Souza em sua matéria “Terrores Marinhos” apresentada na DB 206.

Em breve, estarei apresentando ainda mais ganchos de missões para que você possa explorar novas ideias e conceitos.

Finalizando o Artigo

Ordem Paranormal possui um cenário que permite diversas ideias de missões, sejam elas das mais simples até as mais complexas e por mais que uma missão possa ser familiar a outra, o Paranormal é sempre incerto.

Espero que tenham gostado dessa matéria um pouco mais curta e espero ainda mais que vocês estejam prontos para o retornos das minhas matérias (estava com saudades de escrever por aqui) s2s2


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By Night: Criando uma Cidade para sua Crônica – Dicas de Vampiro: A Máscara

RPG é sobre criar histórias em conjunto. Isso muitas vezes é visto como uma atribuição assimétrica, com os jogadores responsáveis apenas por criar os personagens e o narrador visto como o único criador do mundo onde se passa a história e dos coadjuvantes e antagonistas.

Porém, a tarefa de criar uma cidade para uma crônica de Vampiro: a Máscara é árdua para se fazer sozinho. Hoje, vamos iniciar uma série de textos sobre como criar seu mundo e envolver as decisões dos jogadores desde o princípio.

Ganchos

Minha forma favorita de criar qualquer aventura ou campanha de RPG (brevemente descrita no nosso podcast Dicas de RPG) é o que eu costumo chamar de “algo está acontecendo e os personagens chegam lá”.

Um erro comum de jogadores e narradores iniciantes – especialmente em Vampiro – é querer criar histórias envolventes que funcionam bem como literatura, mas que são imiscíveis com qualquer interação com outros jogadores. O clássico jogador que escreve doze páginas de background descrevendo a relação entre seu detetive caitiff com uma neófita ventrue, cria de um membro importante da Camarilla, mas que fica frustrado quando algo que acontece durante o jogo estraga o final novelesco que ele tinha planejado tão ambiciosamente em sua cabeça. Ou o narrador que fica inventando um monte de desculpas absurdas para um NPC importante não morrer “antes da hora” em uma emboscada bem armada pelos personagens dos jogadores.

O ponto é que ao criar a cidade para sua crônica de Vampiro você não precisa de histórias. Precisa de ganchos!

“Eu queria te apresentar minha família, mas você sempre parece que desvia do assunto…”

Algo está acontecendo…

Toda história começa com algum tipo de status quo. Na verdade, existem várias camadas de status quo sobrepostas com diferentes níveis de complexidade.

A mais básica sai diretamente do mapa de relações criado pelos jogadores ao construir a coterie. Lá estarão descritas relações entre os personagens dos jogadores e outros PJs, PJs e NPCs e até alguns NPCs com outros NPCs. Essas relações são o ponto de partida para o que vai acontecer na crônica, mas provavelmente muitas delas vão mudar ao longo do jogo.

A segunda camada seria de relações entre NPCs vampiros e outros NPCs. Muitas dessas relações ficarão ocultas dos personagens a princípio, e serão desveladas ao longo do jogo. É importante levar em consideração que muitos desses vampiros estarão maquinando seus próprios planos, então é legal ter em mente que a não interferência do grupo vai gerar consequências.

Por último, existe a relação entre NPCs vampiros e a sociedade mortal. Desde territórios de caça, entidades influentes até a justificativa mais banal de porquê você botou aquelas duas bolinhas em influência. Em textos futuros vamos esmiuçar todas essas relações e como transformar isso em uma crônica jogável.

“Influência 2 no motoclube? Tá bom então…”

…e os personagens chegam lá

A segunda parte é a mais simples. Com tudo planejado (ou vagamente esboçado, não estamos tentando enganar ninguém aqui), basta ver para onde os personagens dos jogadores vão e reagir de acordo. Ou melhor: o mundo vai reagir de acordo. Aquele assassino quebrador de máscara que o grupo investigou não vai fazer mais vítimas. Porém, o bando do Sabá, que era fraco, já recrutou mais dois membros. Cada escolha do grupo passa a ter um impacto real nos desdobramentos no resto do cenário.

Há também o benefício de todas essas linhas narrativas gerarem constantemente novos ganchos para novas histórias. Os personagens crescem, ganham respeito, cargos, mas também passam a ser alvos de neófitos que cobiçam sua ascensão social. E assim, o Mundo das Trevas nunca para de girar.

Por mais irônico que seja, o Mundo das Trevas precisa parecer vivo aos olhos dos jogadores.

Por fim

Nos próximos textos, vamos esmiuçar, com exemplos, cada uma das ideias apresentadas aqui, e construir juntos uma cidade de exemplo. Se houver alguma dúvida ou sugestão para os próximos textos não hesite em deixar um comentário logo abaixo.

E não esqueça de conferir também nossos podcasts!

Bom jogo a todos!

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