Como Nascem os Bardos – Contos de Soros

TEMPO 1 – MANHÃS

Era manhã de inverno no continente de Soros, sentada em frente da carroça, que sempre andava abarrotada de quinquilharias teatrais, uma mãe elfa tentava acalmar seu filho, afinal aquela era uma carroça de uma famosa trupe circense e as coisas ao redor dela sempre andavam agitadas o dia todo. Ao primeiro raio de sol já se podia ver o fogo tímido da fogueira ganhar força para esquentar a água do chá do desjejum. Quem sempre fazia essa função era um homem mais velho, um humano, chamado por todos que trabalhavam naquela trupe, de pai. O velho Ulisses Plumad’Ouro, era o líder por ali. De fato ele não era pai biológico de ninguém, mas possuía bom coração e adotou muitos ao longo dos seus 70 anos de vida, bem vividos. Sua trupe era composta por cinco pessoas. Vigo ViraCorpo era um meio-elfo contorcionista; Alina Fogoforte era uma humana cuspidora de fogo; Andrey BlocodePedra, um anão levantador de peso; Prisca AsasdeFada era a elfa, que já foi citada nessa história, e a criança que ela tentava acalmar era o jovem Fidel Aspas, um meio-elfo, seu filho.

Se acalme jovem príncipe! – Insistia a elfa, enquanto massageava os seios lentamente.

Esse menino ainda tá pedindo leite? – Indagou Ulisses, enquanto fazia o chá. – Você devia colocar limites nele, afinal uma criança de 8 anos não deveria mais pedir peito…

Jovem Rei, a mamãe não tem mais leite e … – insistia Prisca

Você devia tratar esse menino direito, pare de chamar ele de rei, de príncipe… Todos nós sabemos que ele não é nada disso, você devia ensinar ele a falar. A língua dele não solta porque ele fica querendo chupar seu peitoAlina Fogoforte era sempre ríspida em suas pontuações.

Alina você devia entender a relação dos dois, quando Fidel aprender a falar não irá parar mais! Vigo ViraCorpo ao dizer isso trocava olhares com Prisca. Era de ciência de todos que Vigo era apaixonado por ela, e que os dois já haviam se relacionado. O meio-elfo cuidava do jovem Aspas como se fosse seu próprio filho, afinal os dois eram ligados pela mesma raça.

Ei magrelo, ajuda o tio anão a levantar essa pedra, mostra pra eles o quanto você é forte.Andrey BlocodePedra adorava brincar com o menino, os dois passavam horas levantando pedras. Andrey pegava as grandes, Aspas tentava, mas o tipo franzino do menino deixava-o levantar somente as bem pequenas.

Prisca olhava com gratidão para o anão, enquanto a criança se entretia com as pedras e com as brincadeiras propostas por Andrey. Aquela elfa tinha algo de diferente, sempre foi a atração principal daquela trupe. Sua beleza havia levado aqueles artistas a se apresentar para reis. Todos conheciam a fama de AsasdeFada, uma exímia dançarina, que parecia flutuar enquanto dançava, daí vem seu apelido. Mas o encanto daquela mulher também era sua perdição. Objeto de desejo de muitos homens e mulheres de Soros. Prisca, sentada em frente a fogueira, tomando seu chá que havia ficado pronto e apreciando seu filho brincar, guardava segredos difíceis de compartilhar.

TEMPO 2 – TARDES

O sol não dava trégua no verão de Soros, ao lado da carroça de espetáculos da Trupe Odisséia o desânimo pairava sobre os membros da companhia. As apresentações não davam mais tanto dinheiro quanto antigamente, na verdade fazia mais de um mês que eles não conseguiam pagamento algum. A reserva financeira que fizeram nos tempos áureos estava no fim e o racionamento de comida era constante. De barriga vazia ninguém ali era capaz de produzir nada. Reclamações e insultos era o que imperava naquele lugar. Neste dia em específico a briga foi mais intensa e Aspas, ainda jovem, precisou agir.

A culpa de toda essa desgraça é sua Prisca, nós éramos a companhia do Rei, mas você tinha que se engraçar logo com Rodri.Alina FogoForte estava realmente furiosa e dessa vez Vigo ViraCorpo estava do seu lado.

Eu sempre te defendi, mas você realmente parece que não me valoriza. Alina está certa, você e esse moleque devem sair da companhia. Ele é uma boca a mais e você não possui mais seus encantos.

Prisca escutava tudo calada, Aspas também, afinal ainda não havia aprendido a falar, todos achavam que aquele garoto tinha problemas, ficava quieto, tocando os instrumentos e nunca disse uma palavra. Os insultos continuavam e a situação naquele calor de tarde estava realmente mais quente que o de costume. Ulisses e Andrey, tinham ido até a vila mais próxima com o intuito de arranjar alimento e uma taberna que se interessasse pelo trabalho da Trupe. 

Você é uma vagabunda, Prisca, a gente sempre deu duro para conseguir nosso lugar nessa companhia enquanto você dava… – Nesse momento Alina foi interrompida por uma rapieira que atravessava sua glote e fazia seu sangue jorrar na cara de Prisca. 

O corpo desfalecendo de Alina, caiu lentamente no chão e por trás dela podia se ver a figura do jovem Aspas segurando uma rapieira, adereço de um dos espetáculos da trupe. Vigo ViraCorpo olhou assustado para a situação, afinal ele e Alina haviam começado um relacionamento a pouco. Ele caminhou lentamente até o corpo de sua amada. Enquanto ouviu as primeiras palavras do garoto Aspas.

Corre, pega essa maldita e corre para bem longe, antes que seu destino seja o mesmo que o dela. – nesse momento o crepúsculo se aproximava e sumindo juntamente com o sol no horizonte ViraCorpo se distanciava carregando o corpo de Alina

TEMPO 3 – NOITES

As noites de outono estavam mais silenciosas que nunca, a frente da Trupe, uma cova rasa cavada por Aspas durante o dia agora estava preenchida pelo corpo de Andrey BlocodePedra. O anão já com idade avançada adquiriu uma doença pouco mais de um mês atrás e toda sua força se esvaiu. Aspas se martirizava, achava que tinha sido culpa sua. De fato, Andrey ficou muito abatido com a partida repentina de Alina e ViraCorpo, nunca entendeu o motivo dos dois terem abandonado a trupe. Mas Aspas sabia e por isso se culpava vendo o amigo sofrer, enquanto guardava esse segredo. Aquele acontecimento tinha sido anos atrás, mas a presença daquelas memórias eram constantes na cabeça do jovem. Após o enterro ele se dirigiu com sua mãe para a sua tenda, enquanto Ulisses ficou próximo a cova de Andrey observando as estrelas e contemplando o silêncio. O velho via sua família definhar e nada podia fazer para salvá-la.

Mãe, você acha que eu tive culpa na morte de Andrey? – Perguntava Aspas a caminho da sua tenda

Para de dizer besteiras meu filho, você não é culpado por uma pessoa ter morrido de doença…

Mas Alina vivia dizendo que eu era a culpa dessa família ter perdido seu esplendor, que eu havia trazido a maldição para cá.

Deixa de besteiras Aspas, aquela mulher só usava sua língua para plantar discórdia, e o seu destino foi traçado pelas asneiras que ela falava. Você apenas fez o que tinha que fazer. Agora tente limpar sua cabeça desses pensamentos e durma, amanhã será um longo dia. – Prisca falava isso enquanto se ajeitava para dormir – Boa noite, filho!

Mãe, por que eu acho que você me esconde algo? – A pergunta tinha sido em vão,  Prisca havia pegado no sono e mais uma vez Aspas tinha ficado sem resposta. Revirou na sua cama, mas não conseguia dormir, seria mais um noite em claro. Levantou, se dirigiu para fora da tenda e foi ao encontro de Ulisses. O velho estava sentado do lado de fora de sua tenda olhando fixamente para as estrelas, enquanto fumava um cachimbo fedorento, porém saboroso. 

Ainda acordado Aspas? – Perguntou o velho logo após cuspir o fumo do cachimbo no chão.

Cada vez mais está difícil dormir.Aspas puxou um banco e sentou ao lado de Ulisses.

Aproveita agora que Andrey finalmente descansou e não teremos que escutar seus gemidos de dor durante a noite. 

Pai … se um dia alguém fizesse mal a minha mãe você seria capaz de matar essa pessoa? 

Ulisses olhou Aspas, se levantou, foi até a carroça, pegou a rapieira que Aspas havia usado para estocar Alina e voltou a se sentar ao lado de Aspas. – Você meu filho, me pergunta algo que na verdade você já tem a resposta. – manejou habilidosamente a rapieira no ar e a entregou a Aspas, que o olhava aflito.

– Então… você sabe? – O silêncio tinha ficado mais intenso nesse momento. – Pai, por que o senhor não me puniu? Pai…

Você queria que eu tivesse feito o que?Ulisses o interrompeu bruscamente – Deixado você e sua mãe para os lobos comer? Não sou esse tipo de pessoa, garoto e já está na hora de você saber… – Pegou o cachimbo e deu trago profundo – Eu não sou seu pai.

– O que o senhor quer dizer com isso?Aspas se levantou abruptamente do banco e se colocou em pé à frente de Ulisses. Era possível, a tal distância, sentir o calor da respiração do velho.

Está na hora de saber a verdade Aspas, sente-se é melhor escutar com calma. – O velho puxou novamente o banco e ofereceu ao garoto. – Certa vez estávamos realizando uma apresentação no castelo do rei Rodri, tínhamos muito prestígio na época, sua mãe era a mulher mais bonita do reino e não demorou para Rodri se interessar por ela. O rei era casado, mas todos no reino sabiam que ele não resistia a uma mulher, seus atos de infidelidade para com a esposa era conhecido por todos. Na noite após a apresentação no castelo fomos convidados a ficar para o jantar e a dormir por lá. O rei estava muito satisfeito com os serviços prestados e fazia questão da nossa presença. O jantar foi grandioso, nos divertimos muito. Prisca foi dormir e o rei também se retirou. Estávamos bêbados demais para notar a ausência dos dois, que a essa hora já estavam em algum cômodo do castelo agarrados um nas coxas do outro. Depois disso ficamos no castelo por alguns meses, nos tornamos a companhia do Rei, mas logo Prisca começou a mostrar seus sinais de gravidez. Sabíamos que Rodri mandava matar os bastardos e então decidimos guardar esse segredo e ir embora sorrateiramente no meio da noite. Logo depois a Rainha anunciou que também estava grávida e o rei tinha mais com que se preocupar. Sua mãe te pariu na estrada e quando nasceu constatamos o que era certo, seus olhos verdes provam sua descendência, você é o filho mais velho do falecido rei Rodri

Aspas saiu correndo, correu por horas no meio daquela mata silenciosa, chegou no final da noite a uma cidade pequena. Ele não olhou para trás, seu coração disparado e seu corpo agitado precisavam descansar e ele se dirigiu até a taberna do lugar, pediu uma cerveja e bebeu até não se lembrar mais.

TEMPO 4 – MADRUGADAS

As madrugadas das primaveras eram especiais, o cheiro da florada se espalhava pelas cidades  e encantava Aspas. Sabia distinguir o perfume das flores e das mulheres, vivia metido em bordeis e tabernas. Tinha a essa altura da vida alguns vícios em jogos, trapaças e virilhas. Não tinha o costume de ficar muito tempo no mesmo lugar, afinal para cada lugar tinha um golpe, um roubo, ou uma charlatanice diferente. E assim conseguia viver mesclando a arte aprendida na Trupe Odisseia com a habilidade aprendida nas ruas. Aspas se tornou um homem astuto. Após uma longa noite de viagem ele havia chegado a mais uma pequena vila, o cheiro perfumado de umas das casas logo revelou à sua narina que ali havia prazeres para ele. Adorava os bordéis, sempre acolhedores e divertidos. Amarrou seu cavalo junto a alguns outros que pastavam ali na frente daquele estabelecimento, ajeitou a roupa, pegou seu bandolim e entrou. O lugar não estava tão cheio, sentou em uma das mesas, pediu uma bebida e chamou uma das moças que estava de costas no balcão, uma senhora de uns cinquenta anos, porém bem esbelta, gostava das mulheres mais velhas.

– Pois não! – A moça se dirigia até ele, enquanto Aspas, assustado, deixava seu instrumento musical cair no chão.

Após longos anos, foi a primeira vez que as palavras lhe faltaram. Não sabia o que dizer, ficou mudo, observando a mulher se aproximar e sentar na cadeira a sua frente. 

Há muito que te sigo Aspas. Anda, peça um quarto, tenho coisas a lhe dizer e é melhor se apressar, não temos muito tempo.

Aspas rapidamente se dirigiu até o balcão do estabelecimento e pediu um quarto. Subiu as escadas, que levavam até os dormitórios, acompanhado daquela mulher, que ele não via há anos. Suas pernas bambas revelavam o medo e o desconforto que ele sentia com aquela situação. Entrou no quarto, não quis sentar, ficou parado próximo a cama. A moça entrou em seguida e trancou a porta atrás dele.

– Vejo que está surpreso em me ver. – Aquela voz esganiçada não era a mesma que ele conhecia, mas a cicatriz no pescoço, bem na altura da glote, revelava uma mulher que ele achava que estava morta.

A..lii.na..– balbuciou as palavras enquanto sentia uma faca encostar no seu abdômen. –  O que faz aqui? Não há motivo para isso…

– Sente-se e fique calado. –  Ela o interrompeu o empurrando sobre a cama – Ouça o que eu vou lhe dizer, rapaz e fale apenas quando eu mandar. Sua mãe está morta e o velho Ulisses também. 

– Mas como…?Aspas estava pálido, sua boca estava seca, ele pegou o jarro ao lado da cama, encheu a taça de vinho e virou em um único gole, deixando o líquido escorrer pelo seu queixo.

– Shiiiii… apenas escute rapaz. Você fez bem em abandonar aquela Trupe, logo depois que você saiu, Ulisses e Prisca adoeceram, eu cheguei a reencontrá-los, mas pouco pude fazer por eles. Vigo também morreu da mesma doença e me parece que essa praga assola todo continente de Soros. Sua mãe antes de morrer me disse  que você havia ido embora sem se despedir e me pediu no seu leito de morte para que eu o encontrasse. Logo eu, a quem você achou que tinha matado. Mas como vê, sou difícil de matar, não é mesmo? 

– O que você faz aqui Alina? O que você deseja de mim?Aspas bebia compulsivamente sem acreditar no que seus olhos viam. Ele podia jurar que aquela mulher estava morta, mas como era possível ela estar ali diante dos seus olhos?

– Eu vim aqui a procura de vingança de Aspas, você me tirou tudo que eu tinha, agora é sua vez de pagar.Alina FogoForte pegou um frasco de óleo em sua algibeira e jogou sobre Aspas, acendeu uma vela, que estava em cima da mesa de cabeceira e caminhou lentamente na direção dele, enquanto o homem se encolhia na cama.

Alina não me mate… Eu posso dar um jeito em tudo… AlinaAlina, por favor eu… – Nesse momento Aspas sentiu uma pancada na cabeça.

– Acorda vagabundo, aqui é uma taberna e não uma estalagem, se bebeu demais volte para  sua casa. – A taberneira batia com a colher na sua cabeça, enquanto repetia essa frase. 

Aspas havia dormido sobre a mesa e o calor da vela já no fim, quase queimava seu rosto. Acordou, sua testa escorria suor, sua cabeça girava, olhou ao redor e nenhum sinal de Alina, pensou que devia ser mais um pesadelo com aquela mulher. O gosto de vinho na boca e a dor no estômago eram sinais de que ele havia bebido demais. O céu começava a clarear do lado de fora da taberna. Ele pegou suas coisas e caminhou em direção a saída. Deixou umas poucas moedas para pagar o que tinha consumido. Na porta da taberna parou repentinamente. A taberneira gritava por ele e tentava lhe mostrar algo.

– Ei bêbado, uma mulher deixou isso aqui para você, ela tinha uma voz estranha e uma cicatriz no pescoço. – A taberneira estendeu a mão e entregou um bilhete a Aspas.

Ele cambaleou até aquela mulher, pegou o bilhete e leu: -“Eu conheço seu segredo jovem rei, e irei cobrar o que você me deve.” Um beijo caloroso A.FF. – sua cabeça rodou, uma luz encheu seus olhos e ele caiu desmaiado no chão da taberna sobre os feixes de raio de sol de uma nova manhã.

Sou Bruno Quiossa, membro do Mestres de Masmorra, visite nosso canal no YouTube para ver mais conteudo a respeito e aproveite também para ver os outros manuscritos que temos aqui no site do Movimento RPG com varias temáticas interessantes clicando aqui.

Nos vemos pelas mesas da vida. Que rolem os dados.


Escrito por: Bruno Quiossa
Revisão e Arte da Capa por: Douglas Quadros

Crônicas Históricas

Muitos RPGs despertam interesse em períodos históricos do mundo real. Além de Mundo das Trevas, Cthulhu e Kult são alguns cenários que incentivam muito essa mistura da história real com o terror e o fantástico. Então, vamos ver algumas dicas de como estruturar sua crônica histórica.

Pesquisa…

A pedra fundamental de qualquer crônica histórica é a pesquisa. Criar um cenário imersivo é fundamental para qualquer jogo, e se você não estudar pelo menos um pouco o período da história que você pretende retratar, vai ter dificuldades em estabelecer o clima e o cenário adequados à sua narrativa.

Ver filmes e documentários já ajuda bastante, mas muitas vezes eles são limitados a uma visão macropolítica dos eventos. Saber que a França declarou guerra à Áustria em 1792 pode ser importante para sua história, mas conseguir descrever o jantar de uma típica família francesa do século XVIII também é. E arrisco dizer que este tipo de detalhe vai acabar aparecendo com mais frequência na sua crônica.

Se você é uma pessoa que, como eu, gosta de estudar, pode se pegar lendo coisas muito específicas, como a importância das conchas nos ritos fúnebres cartagineses ou a programação típica da TV estatal da GDR. Esse tipo de coisa é divertido, com certeza, mas como estamos falando de um hobby, nunca deve se transformar num fardo.

“Também pega os canais dos inimigos da classe, mas ninguém vai querer ver essas porcarias certo? Certo?!”

…e Liberdade Criativa

Nem toda pesquisa do mundo é capaz de reconstruir com fidelidade as situações específicas que você vai vivenciar em uma sessão típica de RPG. Muitas coisas escapam ao registro histórico, principalmente quando lidamos com civilizações muito antigas. Somado a isso, ainda existe a famosa imprevisibilidade dos jogadores, que vão dar um jeito de fazer tudo diferente do que você planejou. Se você leu tudo sobre os bares de Angola em 1930, o cara vai dar um jeito de querer ir na igreja.

Nesse caso, simplesmente invente. Tente lembrar de um filme ou série com uma cena parecida e bola pra frente. No nosso caso hipotético da igreja angolana de 1930, me vem à mente a série Lovecraft Country. Tudo bem que são 20 anos de diferença e do outro lado do Atlântico, mas, como todo mestre sabe, é impossível se preparar pra tudo.

O mais importante nesse caso é realmente manter a imersão. Se sentir necessidade, explique depois da sessão quais liberdades criativas precisou tomar para a história acontecer. Ninguém vai julgá-lo por isso. Mesmo filmes e séries com dezenas de consultores são cheias de erros históricos. E falando nisso…

Anacronismo

Anacronismo é um erro cronológico. Algo fora do lugar. O tipo mais comum de anacronismo é quando certas tecnologias aparecem num período histórico, quando só deveriam ser vistos depois. Você pode imaginar um cavaleiro medieval com um rifle moderno, por exemplo.

Claro que esse é o tipo mais galhofento de anacronismo. Um tipo mais sutil – e até inevitável, eu diria – é o uso de ideias e pensamentos anacrônicos.

É praticamente impossível para nós imaginar como um cidadão da França do século XIII pensava. A própria concepção dessa frase já está completamente errada, uma vez que “cidadão” e “França” são ideias que só apareceriam tempos depois.

A melhor maneira de lidar com isso em jogo é não forçar a barra. Se os personagens da sua crônica são capazes de imaginar conceitos como repúblicas ou o capitalismo em épocas onde não faria sentido, incorpore isso na história. É um hobby, e não dá pra esperar que cada jogador se aprofunde com tanto afinco em dezenas de artigos científicos só pra jogar RPG.

“Quer saber? Cavaleiros cruzados com rifle também tá liberado. Dá nada.”

Preconceito em Cenários Históricos

Este é um tema que sempre aparece em discussões sobre esse tópico. Sendo sincero, muitos mestres e jogadores simplesmente usam isso como desculpa para demonstrar atitudes machistas, homofóbicas ou racistas com a desculpa da “fidelidade histórica”.

Perdoem a franqueza, mas isso é uma imbecilidade tremenda.

Sim, preconceito existiu em toda a história e em todos os lugares do mundo. Aliás, ele ainda existe. Mas isso não impediu que tivéssemos mulheres guerreiras, reis LGBTQ+ ou afroamericanos influentes. Basta pesquisar um pouco e ver que a história está cheia de exemplos assim.

Personagens de RPG são, na maioria esmagadora das vezes, exatamente a exceção do que a sociedade espera. Em uma crônica histórica não é diferente. Se um jogador ou jogadora quiser jogar com uma mulher que, de uma forma muito única, conseguiu tornar-se um padre católico, isso com certeza dará uma história interessante. Dissidências, disputas de poder e organizações políticas podem surgir de eventos assim. Naturalmente, muito preconceito e conflito surgiriam em volta disso, mas quem sabe ela acabe tornando-se uma lenda tempos depois.

Além disso, todos os personagens em uma campanha de RPG devem ter possibilidade de ação. Em muitas épocas, plebeus, nobres, mulheres, homens e estrangeiros estavam submetidos a leis diferentes, por exemplo, mas isso não quer dizer que eles devem simplesmente aceitar todas as decisões dos NPCs (imagine que jogo chato).

Sem contar no apagamento histórico. Geralmente só somos apresentados ao lado branco-europeu-ocidental-masculino da história.

Mestrar uma crônica histórica é encontrar o equilíbrio entre a pesquisa e a liberdade criativa, mas com certeza pode enriquecer muito seu jogo. E não se esqueça de ver a coluna da Megaliga sobre Monstros Gregos para 3d&t.

Bom jogo a todos.

História Épica – Falhas Críticas #34

Era uma vez um grande guerreiro. Ele era conhecido por todos os reinos por seus grandes feitos. Derrotou Yxxagheralwoth, o poderoso dragão marrom. Enfrentou Saitama, o monge careca conhecido por destruir seus adversários com apenas um golpe e descobriu o paradeiro da lâmina devastadora de Gortrix.

Uma pena que nosso grande guerreiro morreu na semana passada em um encontro com kobolds. Como? Ele era um guerreiro de 1º nível com background.

Aqui vai mais uma dica para vocês, NÃO CRIE UMA HISTÓRIA ÉPICA para um personagem de nível 9 ou menor.

Até a próxima…


Tenha sua Falha Crítica Publicada

Mande suas histórias de Falhas Críticas para nosso e-mail contato@movimentorpg.com.br. As melhores histórias vão ser eternizadas pelos ilustradores do Estúdio Tanuki e você vai poder ver aqui no site do Movimento RPG.


História Épica

Texto de: Raul Galli.
Revisão de: Douglas Quadros.
Arte de: Estúdio Tanuki.

Veja todas as tirinhas no nosso instagram ou diretamente no site.

História de Felix Phestux

Lembre-se esse é uma história criada para um post, para ver como chegamos a isso, clique aqui.

Ambições de uma vida diferente.

Felix é filho de camponeses em alguma aldeia distante das grandes metrópoles do reino, apesar de ter tido uma vida dura tendo apenas a enxada e o arado como companheiros desde a infância até o final da adolescência, ela era muito mais agradável do que a vida de aventureiro parecia ser. As gangues da cidade, as guildas e a corrupção não atraem quem vive no interior, pois no campo cada gota de suor é proporcional a realização que Felix podia sentir.

Era uma rotina, alimentar os animais pela manhã e depois ir buscar os ovos na casa do senhor Túlio, que tinha uma pequena fazenda á apenas alguns quilômetros. Mas o que mais encantava o jovem Felix era o sorriso de Lúcia, filha do senhor Túlio. Para ver os seus longos e belos cabelos dourados da cor do sol do amanhecer, Felix não se importava de andar todos os dias esses quilômetros, era um trabalho que valia a pena cada segundo e as vezes o garoto chegava mais cedo, apenas para passar mais tempo com a menina, que ainda coletava os ovos.

Duas vezes por semana, Felix precisava ir a cidade para comprar alimentos, ou trocar mercadorias por ferramentas. Essa cidade era muito pequena comparada as grandes metrópoles ao redor. A cidade possuía apenas uma pequena mas confortável estalagem para viajantes, um ferreiro para compra e venda de ferramentas, um estábulo para os animais, um açougue, e uma pequena loja de mercadorias variadas. O jovem quando visitava a cidade, ia até a loja para comprar e trocar mercadorias, e as vezes passava tempo demais na loja, isso tudo para também admirar a filha do senhor Otaviano, um antigo patrulheiro que fizera carreira rastreando bandidos a muito tempo, mas que agora cuidava deste armazém da vila. Rebeca auxiliava seu pai na loja com os pedidos menores.

Rebecca possuía lindos olhos castanhos claros e cabelos lisos marrons como a cor do mogno, e pele branca como a neve das montanhas do sul. Rebecca parece estar mais interessada do que Lúcia em algum tipo de relacionamento.

A idade já vinha chegando, e estava na hora de escolher uma esposa. Felix já possuía dezessete anos, e tinha dinheiro suficiente para comprar algum pedaço de terra para constituir família, como seus pais e avós fizeram antes dele. Os país de Felix escolheram algumas moças dos arredores para ele escolher uma como esposa. Sem dúvida boas mulheres que dariam boas esposas. Porém o tempo passou e o rapaz não pode escolher Lúcia, que se casou com um mascate e se mudou para longe. Rebecca por sua vez, estava mais linda do que nunca, o único problema é que ela também já estava na idade de escolher um marido, mas Felix nunca demonstrou interesse formal e ela voltou seus olhos pra Baden, o filho mais velho do Ferreiro.

Mas agora não era mais momento pra hesitar, Felix tomou a iniciativa, e resolveu correr atrás do tempo perdido, os dois se encontraram algumas vezes na estalagem local. Passaram mais tempo juntos até que Rebecca pudesse realmente entender quais eram suas intenções. Após alguns meses de muitas conversas, Felix levou em consideração que precisava mudar de vida se quisesse ficar com sua amada. E como parte do acordo de casamento, seu sogro pediu para que o jovem aprendesse um novo ofício.

Levou cerca de um ano para que Felix aprendesse a ler e a escrever com facilidade e além disso, também aprendeu o idioma do reino vizinho. Aprendeu matemática, leu livros sobre medicina natural e vários guias de plantas naturais. Seu ultimo teste foi um grande desafio, precisava rastrear e capturar o seu próprio mentor. Felix tinha um prazo de cinco dias para realizar a façanha, mas com todo conhecimento e técnica que aprendeu durante o treinamento, não levou mais que dois dias para encontrar Otaviano, que apesar de ainda possuir muitas técnicas, deixou um rastro com sua bengala.

Naquele dia após ter recebido a notícia de que se graduaria, Felix voltou pra casa muito feliz por ter conseguido finalizar a parte que faltava para tomar a mão de sua amada como esposa. Seus irmãos agora tomavam conta da fazenda já que seus pais eram velhos e não podiam mais dar conta de tantos serviços. Ao contar a boa notícia para eles, todos ficaram muito felizes com a notícia, até que um dos seus irmãos chegou com a notícia de que o caçula da família estava desaparecido a algumas horas.

Desesperados seus pais imploraram para que Felix o encontrasse. O recente rastreador então pegou seu arco, uma pequena armadura feita de couro de porco e embrenhou-se floresta adentro na esperança de localizar seu irmão desaparecido. Após algumas horas ao cair da noite, encontrou alguns rastros que indicavam que uma pessoa havia corrido, provavelmente fugindo de algo. Ele seguiu aqueles rastros que o levaram até uma clareira, plana com grama baixa, onde haviam marcas de sangue espalhadas por toda parte.  E no centro da clareira, cinco lobos comiam os restos do que parecia ser o corpo completamente desfigurado de seu irmão. Tomado pelo ódio, Felix pegou seu arco, puxou algumas flechas e as disparou duas flechas seguidas em direção aos lobos. Com uma precisão que somente o ódio permite dois deles caíram mortos na mesma hora. Os demais lobos, vendo o novo predador no local fugiram ganindo de medo.

Alguns meses após estes eventos, Felix agora já casado, mora numa pequena fazenda longe da cidade. Trabalha na sua fazenda, criando pequenos animais como ovelhas e galinhas, além de plantar alguns vegetais para se alimentar. Felix ensinou Rebecca a usar o arco e a espada para se defender quando necessário. Sua casa não é longe da estrada que leva para o reino vizinho, e um bom modo de fazer dinheiro é como guia para viajantes e refugiados. O casal oferece cama e comida para essas pessoas em troca de algumas moedas.

“Agora quem sabe o que eu Felix Phestux e minha esposa Rebecca Phestux, iremos passar, somente os deuses sabem, mas seja o que for, estaremos unidos.”

Todo Personagem tem uma história! Você não vem do nada!

Sim galera, é verdade, seu personagem simplesmente não cai do nada, ele não aparece misteriosamente em algum lugar, nem brotou do chão como uma planta. Assim como você, seu personagem tem uma história, fez, faz, ou fazia algo até a trama da campanha começar, fez escolhas boas ou ruins. Teve uma vida difícil ou privilegiada, chorou ou foi feliz, trabalhou, estudou, ou treinou. Tudo isso é o que faz seu personagem ser alguém. Hoje eu vou me esforçar pra ensinar vocês a como construir uma história, então presta bastante atenção.

Isso não significa que você vai escrever assim!

Histórias comuns também podem ser interessantes

Sim, isso é verdade, histórias comuns também podem ser muito interessantes, seu personagem pode ter tido uma vida ordinária, no sentido de ser comum, filho de camponeses por exemplo. É o jeito que você conta a história que a torna interessante.

Não, isso não é uma aula de redação, eu não vou ensinar você técnicas de escrita pra você tirar notas boas no ENEM, eu vou te ensinar a refinar suas ideias, e tornar seu background e coeso. Então nós vamos criar uma história JUNTOS!

Felix é filho de camponeses em alguma aldeia distante das grandes metrópoles do reino, apesar de ter tido uma vida dura tendo apenas a enxada e o arado como companheiros desde a infância até o final da adolescência.

Notem que é uma história comum e ordinária, sem nada grandioso, porém, acrescentar detalhes comuns na vida dele fará com que a história ganhe mais corpo. Como por exemplo, ele se apaixonar pela filha de um outro camponês de uma aldeia vizinha, ou de um pequeno mercador local.

Quando você cria uma história sem sentido, é assim que o mestre enxerga. Totalmente desconexo.
Embora a vida de camponês fosse dura, ela era muito mais agradável do que a vida de aventureiro. As gangues da cidade, as guildas e a corrupção não atraem, no campo, cada gota de suor era proporcional a realização que Felix podia sentir. Era uma rotina, alimentar os animais pela manhã, coletar os ovos na casa do Senhor Túlio que tinha uma pequena fazenda apenas alguns quilômetros. Mas o que mais encantava era o jovem Felix era o sorriso de Lúcia, filha do senhor Túlio. Com seus longos e belos cabelos dourados da cor do sol do amanhecer. Não fazia a menor diferença para o garoto andar todos os dias esses quilômetros só para ver seu sorriso. Era um trabalho que valia a pena cada segundo, as vezes o garoto chegava mais cedo, apenas para passar mais tempo com a menina, que ainda coletava os ovos.

Crie dilemas simples

Você pode perceber que a história é de uma vida comum, porém com mais detalhes. Deu pra perceber que o jovem Felix nutre uma paixão por essa menina a qual ele vê todos os dias, e que ele não se interessa por uma vida na cidade.  Mas como o título sugere, Felix precisa de um dilema, uma escolha que ele precisa fazer para tornar a história mais interessante. Não coloque escolhas bruscas como o bem e o mal.  A escolha simples não precisa ser trivial, como por exemplo escolher a roupa que vai vestir.

“Não é fácil ser Mau” Risada maligna
Duas vezes por semana, Felix precisa ir a cidade para comprar alimentos, ou trocar mercadorias por ferramentas. Essa cidade é muito pequena comparada as grandes metrópoles ao redor. A cidade possui apenas uma pequena mas confortável estalagem para viajantes, um ferreiro para compra e venda ferramentas, um estábulo para os animais, um açougue, e uma pequena loja de mercadorias variadas. O jovem sempre frequenta a loja para comprar e trocar mercadorias, as vezes o jovem passa tempo demais na loja, isso tudo para também admirar a filha do senhor Otaviano. Que assim como seu pai, auxilia na loja com os pedidos menores. 

Diferente de Lúcia, Rebecca possuí lindos olhos castanhos claros, com cabelos lisos marrons como a cor do mogno, e pele branca como a neve das montanhas do sul. Além disso, Rebecca parece estar mais interessada do que Lúcia. Já que ela é um pouco mais velha, e deseja uma vida diferente da que eu posso dar.

Resolva os dilemas

Como já podemos perceber Felix tem uma predileção por Lúcia, porém é Rebecca quem parece ser a escolha mais apropriada para o jovem. Você precisa ponderar as possibilidades, o que acontece se Felix decidir por Lúcia ele pode ter problemas na vida, já que esse é o estilo de vida que ele gostaria. Enquanto Rebecca possui uma vida diferente da que Felix conhece, podendo abrir mais possibilidades. Então, para continuar vamos escolher Rebecca.

A idade já vem chegando, e está na hora de escolher uma esposa. Felix já possui dezessete anos, e já possui dinheiro suficiente para comprar uma nova terra e então constituir família como seus pais, e seus avós fizeram antes dele. Seus país escolheram algumas moças dos arredores para escolher uma como esposa. Sem dúvida boas mulheres que dariam boas esposas. Porém o tempo passou, e o rapaz não pode escolher Lúcia, que se casou com um mascate se se mudou para longe. Mas Rebecca estava mais linda do que nunca esteve, o único problema, é que ela também já estava na idade de escolher um marido. E como você nunca demonstrou interesse formal, ela voltou seus olhos pra Baden, o filho mais velho do Ferreiro.

Mas agora não era mais momento pra exitar, Felix tomou a iniciativa, e resolveu correr atrás do tempo perdido, os dois se encontraram alguma vezes na estalagem local. Passaram mais tempo juntos até que Rebecca pudesse realmente entender quais eram suas intenções. Após alguns meses de muitas conversas, Felix levou em consideração que precisava mudar de vida se quisesse ficar com sua amada. Como parte do acordo de casamento, seu sogro pediu para que o jovem, aprendesse um novo ofício.

Consequências das Escolhas

O mundo funciona com uma lógica básica. Ação e Reação, as escolhas que seus personagens fazem, afetam diretamente o mundo em que eles vivem. Escolhendo ficar com Rebecca o pai dela pediu que você tivesse um pouco mais de instrução, e financiou  os estudos numa pequena guilda de caçadores numa fortaleza próxima.

Levou cerca de um ano para que Felix aprendesse a ler e a escrever com facilidade, além disso, ele também aprendeu o idioma do reino vizinho. Ele também aprendeu matemática, leu livros sobre medicina natural, e vários guias de plantas naturais. Seu ultimo teste foi um grande desafio, ele precisava rastrear, localizar, e capturar o seu próprio mentor. Ele tinha um prazo de cinco dias para realizar a façanha, mas com todo conhecimento e técnica que ele aprendeu, ele não levou mais de dois dias para realizar a missão.

Explicando as Habilidades dentro da História

Claro que agora a história do personagem está bem encaminhada, já é possível entender o que o personagem será, e que caminho ele irá seguir. Mas dentro da história precisa explicar seu leque de habilidades, faça isso com calma, não se apresse. Mas pra você que ainda não entendeu. Felix é um Ranger de 1° Nível.

Aquele dia depois de ter conseguido a notícia de que se graduaria, Felix voltou pra casa muito feliz, por ter conseguido finalizar a parte que faltava para tomar a mão de sua amada como esposa. Porém seu sogro havia partido para a cidade capital em busca de novas mercadorias. Seus irmãos agora tomavam conta da fazenda já que seus pais eram velhos e não podiam mais dar conta de tantos serviços. Ao contar a boa notícia para seus pais eles ficaram muito felizes com a notícia, até que um dos seus irmãos chega com a notícia de que seu irmão caçula estava desaparecido a algumas horas.

Desesperado seus pais imploraram para que Felix o encontrasse, agora que ele estava graduado na guilda, então ele pegou seu arco, uma pequena armadura feita de couro de porco, e embrenhou-se floresta adentro na esperança de localizar seu irmão desaparecido. Após algumas horas já ao cair da noite ele encontrou alguns rastros, que indicavam que uma pessoa havia corrido, provavelmente fugindo de algo. Embora ainda não fosse um rastreador eficiente, ele permaneceu no rastro. Os rastros levaram até uma clareira, plana com grama baixa, onde haviam marcas de sangue espalhadas por toda parte. Tudo que ele havia encontrado era um corpo completamente desfigurado, devorado por lobos. Tomado de ódio, ele puxou seu arco, e uma espada e segurou em duas mãos e golpeou os lobos. Matando dois deles e fazendo os outros fugirem.

Prepare uma surpresa

Agora que as habilidades foram devidamente explicadas, você precisa (mas não é obrigatório) de um plot twist, não precisa ser nada muito mirabolante, mas também, não precisa ser sem graça pra deixar seu mestre com essa cara.

“Mas o que?”

Mas pra você que ainda não entendeu, Felix com seu primeiro nível de Ranger escolheu Animal: Lobo como seu primeiro inimigo predileto. Já que lobos foram responsáveis pela morte do seu irmão caçula. Pra você que não sabe, o Plot Twist é uma reviravolta na história ou no enredo, algo que não era esperado, ou que passou completamente desapercebido… até agora.

Se passaram alguns meses desses eventos, agora eu sou casado, moro numa pequena fazenda longe da cidade próximo a fronteira distante do reino. Trabalho como eu queria, na minha fazenda, criando pequenos animais como ovelhas, e galinhas, além de plantar e colher. Ensinei Rebecca a usar o arco e a espada para se defender quando necessário. Nossa casa não é longe da estrada que leva para o reino vizinho, e um bom modo de fazer dinheiro é como guia para viajantes e refugiados. Oferecemos cama e comida para essas pessoas em troca de algumas moedas. A nossa existência tem sido prazerosa e solitária. Agora quem sabe o que eu Felix Phestux e minha esposa Rebecca Phestux, iremos passar, somente os deuses sabem, mas seja o que for, estaremos unidos.
sua história pode ficar incrível com poucos passos.

E pronto, você acabou de ter o seu Plot Twist, nada mirabolante, simples e coeso. Você preparou o terreno para sua aventura de maneira sucinta e correta. Então, agora pra finalizar eu vou juntar tudo, num único texto. Para ver clique aqui Apreciem e lembre-se MODERAÇÃO!

 

RPGCON 2020 – Convenção on-line de RPG tirando acerto crítico na quarentena

Heróis, o ano é 2020 e nós todos temos a missão de ficar em casa, com algumas ressalvas por necessidades individuais ou serviços essenciais. Estamos fazendo muitos testes de sabedoria, aprimorando perícias e aptidões, alguns de nós se adaptaram a jogar via internet e alguns não seja qual for o motivo. Mas é fato que todos nós sentimos falta de nos reunir com nossos amigos, para jogar RPG pessoalmente, conversar sobre temas relacionados, sobre a experiência de interpretar aquele personagem que você montou que sai da sua zona de conforto, ou então sobre uma aventura que você está planejando, dúvidas sobre regras e sistemas mais adequados para você. Essa conversa não pode ocorrer pessoalmente, e foi pensando nisso que o pessoal do RRGCON – Convenção online de RPG organizou um super evento totalmente on-line com muitas palestras de assuntos variados com muita gente bacana entendendo do assunto, e também com mesas de jogos para quem quisesse, além de gincanas durante o evento, sorteios de prêmios e era possível receber descontos em muitos produtos com cupons do evento. Nós acompanhamos algumas palestras do evento, digo algumas por terem muitas mesmo, o site do evento está no ar e você pode ver na íntegra as palestras e ficar por dentro dos assuntos tratados. Vamos saber dos temas de algumas palestras:

 

RPGCON 2020 – Tormenta20: a nova edição do maior RPG brasileiro

Apesar de JM Trevisan ser originalmente divulgado como palestrante, ele foi substituído pelo também autor de Tormenta Guilherme Dei Svaldi. Dei Svaldi e Rogerio Saladino comentarem o lançamento digital do aguardado Tormenta20, novo módulo básico do jogo que bateu o recorde nacional de financiamentos coletivos. Depois disso, os dois autores responderam perguntas do público que acompanhava a live com o bom-humor de quem sabe que terminou uma etapa difícil de uma missão longa.

 

RPGCON 2020 – White Wolf e a comunidades latinas

Alessa Malkavian, a Community Ambassor da White Wolf na América Latina, conta um pouco sobre a história dela de fã a colaboradora da White Wolf. Já sobre o papel de Community Ambassor, ou Embaixadora da Comunidade, ela comenta sobre como a  empresa enxerga os jogadores brasileiros, de outros países na América Latina e como a empresa faz para que todos se sintam mais próximos do universo da White Wolf.

Assista a palestra completa clicando aqui.

 

RPGCON 2020 – Como NÂO apresentar o RPG para iniciantes

Nessa palestra rápida, o game designer José Noce vai direto ao ponto e explica quais são os maiores problemas na forma como geralmente a comunidade tenta apresentar o RPG para quem nunca jogou antes. Seja na hora de explicar como o jogo funciona, na falta de paciência com a inexperiência dos novatos ou escolhendo um sistema complicado ou caro demais como porta de entrada.

Assista a palestra completa clicando aqui.

 

RPGCON 2020 – História do RPG no Brasil

Pedro Borges faz um resumo da história do RPG no Brasil, começando dos jogadores com folhas fotocopiadas nos anos 80, passando pelas revistas especializadas, publicações traduzidas e jogos nacionais nos anos 90, até chegar nas mesas de RPG virtuais por sistemas como o Roll20. Uma palestra bastante instrutiva feita por alguém que está no hobby desde que começou no Brasil.

Assista a palestra completa clicando aqui.

 

RPGCON 2020 – Mesas seguras e diversão com inclusão

Nessa palestra a favor de manter o RPG como um hobby divertido para todos, Paladino parte de uma premissa muito simples: Trate os jogadores como as pessoas que são. As dicas para tornar as mesas inclusivas para todos vão desde fazer contratos sobre o que cabe ou não no jogo de acordo com as sensibilidades de cada um, até coisas que deveriam ser levadas para todos os aspectos da vida, como aprender a ouvir e dar abertura para a comunicação.

Assista a palestra completa clicando aqui.

 

RPGCON 2020 – RPG solo: um mundo de possibilidades

Hernades Pereira apresenta a modalidade de jogo solo, não pense que se trata de você jogar a distância com terceiros, é sozinho mesmo. Você, seus dados, suas anotações e um sistema criado para gerar aleatoriamente respostas para suas perguntas. Ele indicou alguns sistemas que podem ser adaptados para se tornar solo, e também falou da importância da modalidade para pessoas dentro do Espectro Autista.

Assista a palestra completa clicando aqui.

 

RPGCON 2020 – RPG no desenvolvimento da criatividade, relações interpessoais e raciocínio lógico

Cintya Willemann nós dá dicas sobre como manter uma boa relação na mesa de jogo com seus companheiros, no on e no off, como interagir com seu personagem que pode ser contrário em tudo ao personagem de outro jogador e mesmo assim trabalharem juntos para manterem a aventura acontecendo com qualidade, dá dicas também sobre como tornar seu personagem mais interessante e orgânico na história, para que você de divirta mais.

Assista a palestra completa clicando aqui.

 

RPGCON 2020 – Psicologia, RPG e qualidade de vida

Eli Andreoli é psicólogo e trás para nós em uma palestra bem estruturada conceitos da área, apesar de ser técnico em muitos momentos, todos são capazes de compreender o que ele quer transmitir ao dizer que adultos precisam de momentos lúdicos, e exemplifica que o RPG contempla muitos dos aspectos necessários para se conectar com sua criança interior, e diz sobre a importância desse símbolo para nossa qualidade de vida.

Assista a palestra completa clicando aqui.

 

Lembrando que estamos passando apenas um resumo das palestras, o evento estava recheado de opções, trouxe muita informação agregadora e nos ajudou bastante a ter planos nessa quarentena. Podemos aproveitar esse momento para criar uma campanha, melhorar nossa interpretação, fazer o mapa de uma região, ou dependendo do seu esforço fazer uma maquete de um ambiente de jogo. Mantenham-se firmes, e vamos aproveitar eventos parecidos para manter nossa sanidade alta!

 

Problemas para criar a historia do personagem?

Em todo grupo de RPG, sempre tem aquele cara que tem dificuldades na criação do background do seu personagem. As vezes não passa de preguiça um bloqueio, porque com o questionamento certo, a historia vai sendo criada. Então para você chegar a mesa com seu background já pronto e não ter que ouvir do seu mestre aquela expressão de “Como assim você tem amnésia de novo?”, responda as perguntas abaixo e crie seu background épico!

1- Família
Qual a sua relação com seus familiares?

Quantos familiares o personagem possui e qual sua relação com eles. A criação de uma família traz identidade ao personagem, ele não é apenas um soldado perdido pelo mundo. Tem um passado, pessoas que se preocupam com ele, que podem ajuda-lo quando precisa. O mestre pode utilizar os
familiares para dar mais veracidade e emoção a aventura.

2 – Aliados
Quem são seus aliados?

Além dos familiares, os personagens fazem aliados e amigos durante sua vida. Os aliados também podem ajuda-los nas missões e podem solicitar a ajudas dos jogadores. É importante descrever como eles se tornaram amigos ou aliados, abrindo mais histórias a serem exploradas durante o jogo.

3 – Inimigos
Você tem inimigos e como eles se tornaram seus inimigos?

Todo jogo tem os rivais, inimigos e arqui-inimigo. Os personagens podem conseguir inimigos durante as aventuras ou antes delas. Alguns inimigos podem ser: disputas dos antigos anos de estudo, famílias rivais, familiares inimigos ou até mesmo brigas entre antigos amigos… Esses inimigos também ajudam a dar mais veracidade aos personagens pois possuem um motivo para persegui-los.

4 – Origem
Qual sua cidade natal?

O nome da cidade natal do personagem e alguma informação que o jogador possa achar interessante, como uma descrição da cidade.

5 – Infância
Como foi a sua infância?

Como foram os primeiros anos da vida do personagem, quais as atividades que fazia, teve problemas… Aqui o jogador pode descrever alguma história ou fato importante para o jogo, como algum trauma que ele tenha sofrido, ou algum evento que aconteceu com sua família. Mas não escreva toda historia do personagem, apenas os fatos mais marcantes.

6 – Religião
Qual a sua religião?

Em alguns cenários a Religião do personagem pode influenciar na campanha, já em outros ela não será importante. Mas é bom descrever a relação do personagem com as religiões: ele frequenta a igreja, segue os dogmas… O jogador pode falar sobre as religiões que o personagem não gosta.

7 – Profissão
Porque escolheu a sua profissão?

Em algum momento o personagem teve que decidir qual caminho seguiria. Em alguns casos ele decide que não seguira nenhum caminho… A profissão reflete a ocupação ou classe do personagem. Cada um pode ter um motivo diferente para escolhe-la. Esse motivo pode estar ligado a alguma outra informação do background, como ser um Guerreiro, porque passou a vida como escudeiro, ou um ladrão que teve de sobreviver após fugir de casa. Caso o personagem não tenha uma profissão ou classe, falar sobre sua ocupação, o que ele faz durante os dias.

8 – Hobbies
Quais seus Hobbies?

Nem mesmo os jogadores mais workacholics ficam 100% do tempo trabalhando (matando dragões, roubando carros, mordendo Tremeres…). As atividades que os personagens fazem no tempo livre são os hobbies, atividades que não ocupam todo tempo deles. Podem ser: atividades esportivas, estudos,
treinamento, montagem de miniaturas, beber… Os Hobbies são importantes para criar uma personalidade aos personagens, mas eles não devem ficar presos a elas, mudando de interesse.

9 – Hábitos/Manias
Você tem algum hábito?

Acordar cedo, não tomar banho, andar sempre arrumado… São hábitos. Todos os personagens têm hábitos, mas só os mais importantes precisam ser registrados. Os hábitos importantes são aqueles que podem interferir na aventura ou com as pessoas que participam dela (como rezar todos os dias pela manhã ou nunca limpar as roupas depois do combate).

10 – Físico
Descreve como o personagem é fisicamente e como se veste.

A aparência física é importante durante o jogo, pois afeta a maneira como reagem às suas ações. O personagem deve descrever: seus olhos, cabelos, corpo e todas as características (como cicatrizes, marcas…). Além da física, as roupas do personagem mudam a reação. Chapéu, elmo, armadura,
roupa, anéis… Apontar os vestimentas auxilia na sua caracterização.

11 – Equipamentos
Algum equipamento é importante para você?

Os equipamentos podem ser muito mais que simples pedaços de metal. Alguns itens podem ter histórias, lendas, fama… As historias podem interagir com o background do personagem. Equipamentos familiares são muito indicados para aventuras, itens que estão na mesma família a várias gerações ou itens misteriosos. Poder não é igual à importância, cuidado para não confundir poder e background.

12 – Riqueza
Como você conseguiu sua riqueza?

Os personagens já começam com dinheiro na maioria dos jogos, é importante informar como eles conseguiram esse dinheiro: trabalhando, família, roubando… Outro aspecto é a importância que o personagem tem pela riqueza. Ele gosta de riquezas, possui roupas caras… A ganância, ou não, interfere na relação entre os personagens e nas aventuras.

13 – Poder/Ambição
Você deseja poder e qual tipo de poder?

Cada jogador terá a sua definição de poder. Alguns pretendem ser melhores soldados, outros querem ter muitas magias… O jogador precisa descrever o que entende por poder. E mais importante, até onde ele irá para conseguir poder.

14 – Valor
Quais seus valores?

Valores ajudam a criar a personalidade do personagem. Os Valores podem ser: Defender os fracos, ajudar os pobres, nunca se render… O jogador não precisa ter valores, mas seu personagem fica mais frágil, sem personalidade.

15 – Futuro
O que você quer? Onde pretende estar em 10 anos?

Qual o objetivo do personagem, o que ele pretende das aventuras? Qual o objetivo de vida: tornar-se Rei, tornar-se o maior mago do mundo, ser um Vampiro de 3a geração, ser feliz… Esses objetivos podem mudar durante a aventura, como acontece normalmente e, em alguns casos, o personagem pode não ter um objetivo, seguindo apenas seus amigos, vivendo cada dia.

As perguntas ajudam a criar o background ou um roteiro para sua criação. Os jogadores podem escrever um texto com seu background, usando as perguntas como um guia, mas lembrando que o background é um resumo da história do personagem, não um diário de suas ações.

Galera quem gostou da postagem e for fazer, coloca sua historia ai em baixo pra deixar alguns exemplos pros novatos!

Obrigado e até a próxima!

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