Então É Natal… – Off-Topic #29

Então chegou novamente o Natal!

Música da Simone, show do Roberto Carlos, muita comilança, reunião da família…

Essa época do Natal traz junto de si sempre várias rotinas e rituais que parecem ser uma “obrigação” que todas as pessoas, independente de quaisquer coisas, devem seguir.

E eu, particularmente, acho isso um saco!

É muito surreal essa noção de que todas as pessoas precisam estar alinhadas na mesma vibe de pensamentos e energias, ou que a data magicamente nos torna seres humanos melhores assim, do nada!

Mas o que isso tem haver com o RPG?” – você deve estar me questionando agora. Bom, é possível sim traçar um paralelo nesse ponto! Bora lá?

O Espírito de Natal

Rezam as tradições natalinas (e de fim de ano) que, nessa época, uma estranha e poderosa magia toma conta do mundo e todas as pessoas se tornam gentis, amáveis, de bom coração e mostrando suas melhores facetas.

Talvez isso tenha começado quando Charles Dickens resolveu contar sua história sobre os três espíritos natalinos (passado, presente e futuro) que mudam o gélido coração do Ebenezer Scrooge. Ou talvez não.

O ponto é que, nessa época do ano, parece que se torna uma obrigação ser uma boa pessoa, exercer o perdão, a caridade e a solidariedade, que magicamente tudo que era ruim some e dali em diante apenas um caminho de bons momentos virão.

E sabemos que isso dura, no máximo, por umas 48h, e tudo volta ao normal depois disso.

Mas lidar com toda essa onda de otimismo e bons pensamentos não é fácil, nem simples e muito menos divertido para a grande maioria das pessoas.

De certa forma, é como se uma “obrigação invisível” existisse te forçando a ser, agir ou pensar daquela forma, e isso chega a ser torturante.

Um Conto de Natal, de Charles Dickens – Seria essa a origem do “Espírito de Natal”?

Mas e o RPG?

Agora, vamos traçar um paralelo desse “espírito natalino” com o RPG: quantas vezes você, na sua vida de rpgista, já não viu cenas onde uma “obrigação de como se jogar RPG” surge?

Já debatemos aqui na Taverna do Anão Tagarela várias vezes esse ponto, até aqui na Off-Topic mesmo já trocamos uma ideia sobre isso.

Assim como o “Natal” parece nos obrigar a um caminho, muitas pessoas dentro do cenário rpgista ainda pensam de maneira retrógrada que existe uma única e engessada maneira de jogar RPG que não pode e não deve nunca ser mudada ou desvirtuada.

Esse “conservadorismo” chega a beirar a imbecilidade, e espanta as pessoas do hobbie, ao invés de aproximá-las.

Não existe um caminho definitivo, forma padrão ou características obrigatórias para se jogar RPG, desde que seja divertido pra você e as pessoas com quem você joga!

É um saco quando as pessoas tentam te impor uma maneira de jogar RPG. São limitações, arbitrariedades, discussões infinitas sobre regras que congelam a narrativa pra virar debate, e até mesmo chegam ao ponto de determinar índole e moralidade pelo sistema ou cenário que as pessoas jogam.

Assim como o “Natal” tenta nos obrigar a passarmos pano para muitas merdas “porque é natal”, muitas pessoas também tentam impor como jogar RPG “porque é rpgista há X anos”.

O Espírito Rpgista

Claro que é bom tentarmos sempre sermos as melhores versões de nós mesmos, e melhores como seres humanos, mas tá tudo bem ser uma pessoa individual com seus próprios dramas e caminhos a percorrer!

Não gosta de D20 System por exemplo? Tá tudo bem, divirta-se jogando um outro sistema!

Acha as regras de um sistema ou cenário ruins ou engessadas? Fique à vontade para usar suas próprias regras ou mudar as existentes para melhor representar sua forma de jogar!

Faça da sua maneira, mesmo que isso vá contra a maneira da “maioria”. Não precisa fazer o que todos esperam que você faça, não é assim que deve funcionar!

Sejamos sempre aquelas pessoas que gostam de se juntar com amigos e amigas para contar histórias, viver aventuras, superar desafios!

Não façamos isso por apenas um dia ou apenas algumas horas, mas que possamos levar para todos os dias e todas as horas esse espírito!

Que nos seja possível ter essa magia em todos os aspectos de nossas vidas e não apenas nos momentos de jogo.

Esse sim deveria ser o verdadeiro espírito rpgista, o sentido de ser um “herói”, uma pessoa melhor!

Não sejamos boas pessoas “porque é natal”, nem nos julguemos melhores “porque somos rpgistas”. Não tentemos impor como outras pessoas joguem, ou o que devam jogar.

Sejamos apenas nós mesmos, tentando a cada dia sermos a melhor versão de nós, ganhando XP pra subir de nível cada vez mais, e de preferência em grupo!

Obrigado pelos peixes!

O que importa, é se divertir!

RPG Fora da Zona de Conforto – Off-Topic #19

Saudações, rpgistas!

Hoje queria mudar um pouco as coisas aqui, e compartilhar uma experiência mais pessoal com vocês.

Jogar RPG é algo divertido e prazeroso, nos enturma com pessoas amigas e expande nosso círculo social.

Geralmente é tranquilo afirmar que as mesas ou sessões de RPG são uma “zona de conforto” para gente, não é mesmo?

Mas e quando nos deparamos com a possibilidade de sairmos de nossa bolha para jogarmos? Seria isso algo bacana ou ruim?

Bom, recentemente tive algumas experiências com isso novamente e é sobre isso que gostaria de falar com vocês esse mês!

 

A ZONA DE CONFORTO

O que podemos definir como zona de conforto?

Pra experiência que quero partilhar com vocês, podemos defini-la como uma situação familiar, amistosa ou rotineira de nossas vidas.

Estar na zona de conforto implicaria, no caso do RPG, seria jogar com pessoas, sistemas, cenários e regras que são já conhecidas, familiares e rotineiras em nossas vidas.

Não há nada de errado com isso, diga-se de passagem. Estar na zona de conforto é justamente o que o nome diz, estar numa situação confortável, que nos deixa mais “de boa” pra jogar e nos divertir.

Jogar RPG nos permite criar vínculos com as mais diversas pessoas e expandir nossa zona de conforto.

Foi através do RPG, por exemplo, que ao me mudar de cidade ela primeira vez, consegui enturmar com novos amigos e criar minha zona de conforto na nova cidade.

O mesmo ocorreu quando me mudei pra BH. Foi através do RPG que me habituei e enturmei com a cidade, inclusive ganhando o apelido de Filhote.

 

CRIANDO A ZONA DE CONFORTO

Criar e estabelecer essa zona de conforto não é tão complicado quanto parece, mas também não é tão simples assim.

Estar em um lugar desconhecido imediatamente afeta nosso estado de timidez. E as pessoas também tem suas próprias bolhas.

Ter o assunto em comum, o RPG, cria uma ponte que nos permite aproximar dessas pessoas, e o resto é consequência do que fizermos.

Demonstrar abertura para ouvir novas regras, formas de jogar, interpretações do mesmo cenário e tudo mais foi pra mim o caminho para criar minha zona de conforto.

Com isso veio também a abertura para compartilhar minha visão e experiência, e com isso nossas bolhas foram se juntando em uma bolha ainda maior, criando nossa zona.

Claro que pra cada pessoa isso funciona de uma forma diferente, e é muito provável que você, assim como eu, já tenha sua zona de conforto definida.

A grande questão que venho abordar então é: já temos nossa zona de conforto, seria legal sair dela para jogar?

SAINDO DA ZONA DE CONFORTO

Posso afirmar pela minha experiência que quero partilhar com vocês que sim, vale muito a pena sair da zona de conforto.

Como já mencionei pra vocês várias vezes antes, pra mim RPG é principalmente uma ferramenta de inclusão, educação e diversão.

O RPG sempre foi um norte nesses três sentidos na minha vida, e busco replicar e ampliar isso sempre (inclusive o motivo dessa coluna é esse!), essa é minha zona de conforto.

Eis então que o Douglas Quadros me faz uma inusitada proposta: mestrar um TORNEIO DE ARTES MARCIAIS, usando como cenário o Dragon World criado por Akira Toriyama, ao vivo e online!

Preciso explicar mesmo o quão fora da minha zona de conforto isso é?

Nunca antes havia sequer tentado jogar RPG como um “jogo competitivo”, e muito menos algo tão grandioso quanto um Torneio!

Fora isso, teve todo o lance de ser online, ao vivo, com pessoas com as quais nunca antes havia jogado, e outros pequenos micro-detalhes.

Se minha bolha por exemplo é o bairro onde moro, eu estava nesse momento na Lua, fora da Terra! Um nível inimaginável de desconforto!

No entanto, foi uma das experiências mais gratificantes e divertidas do meu histórico de jogador de RPG!

Um dos mais cômicos e inusitados momentos do Torneio até então!

A VIDA ALÉM DA ZONA DE CONFORTO

Essa experiência me permitiu muito mais do que apenas me divertir.

Situações de narrativas inusitadas, pequenos defeitinhos que podem ser corrigidos e melhorados, interpretações muito diferentes das que eu já havia pensado e muito mais.

Conhecer outras pessoas que jogam, de vários locais diferentes do Brasil!

Sair da minha bolha foi ao mesmo tempo assustador e prazeroso. Foi muito divertido vivenciar essa experiência, embora também um pouco amedrontadora toda a expectativa e ansiedade que vieram juntas.

O que eu quis compartilhar com vocês é que, por mais assustadora que uma situação possa ser, por mais complexa ou surreal, na maior parte das vezes a experiência será mais gratificante e positiva que tudo!

Desejo sinceramente a vocês que saiam de suas zonas de conforto, que explorem esse vasto mundo rpgista além das nossas bolhas, que vivam novas e divertidas aventuras!

Liberté, Egalité, Fraternité – Off-Topic #4

Saudações rpgísticas a você, pessoinha maravilinda que veio até aqui ler essa coluninha! Já trocamos uma ideia bacana sobre Bleeding e como utilizar o RPG para trabalhar várias questões diferentes, ponderamos sobre como estender as narrativas e histórias para várias mesas diferentes, e de certa forma definimos que as regras são guias mas não necessariamente obrigatórias, nos permitindo adaptá-las ao melhor desempenho da mesa. Mas agora eu pergunto: e se juntássemos tudo isso, o que poderíamos aproveitar disso? Como poderíamos unir todos esses pontos em uma forma de tornar o RPG mais amigável, acessível e igualitário? Isso, minha gente, é o que tentaremos fazer agora!

Liberté, Egalité, Fraternité

 

LIBERTÉ

Uma das premissas básicas de qualquer RPG é, em essência, a liberdade! Liberdade para criar histórias, desenvolver personagens, dar vida a mundos e universos inteiros, e acima de tudo, liberdade para vivenciar ser outrem, mesmo que por um breve momento! Todas as pessoas que jogam RPG experienciam essa liberdade em algum ponto ou de alguma forma, e preciso dizer isso a vocês: se isso não ocorre, há algo de muito errado na sua forma de jogar!

Precisamos ter em mente esse conceito de “liberdade” ao falarmos de RPG. Cada pessoa é única, e tem seus gostos e particularidades que influenciam sim nas jogatinas (lembram do Bleeding?). Isso sempre deve ser levado em consideração quando falamos de RPG: todas as pessoas têm o direito à LIBERDADE, seja ela criativa, narrativa ou interpretativa, afinal de contas, é justamente isso que buscamos em nosso tão amado hobbie! Então quando alguém quiser jogar com um personagem fora dos padrões, ou quando a mesa quiser explorar um cenário diferente, ou quando o comum acordo for testar um novo sistema, apenas respeitem! Isso é liberdade! E convenhamos: nós que jogamos RPG sempre defendemos a bandeira da liberdade, né?

Claro que devemos manter em foco que nossa liberdade não pode ferir a liberdade de outras pessoas. Ser livre também é ser responsável por essa liberdade, então se valer de qualquer espécie de haterismo ou discurso de ódio apenas porque “é divertido” pra alguém é no mínimo uma falta de noção gigante, e dependendo da situação é até mesmo um crime! Sejam livres para jogarem como quiserem, da forma que quiserem, quando quiserem, com quem quiserem, e deem liberdade para novas pessoas ingressarem nesse nosso mundinho tão maravilhoso! Façam valer um Bleeding positivo de inclusão e acolhimento, compartilhem narrativas, histórias e experiências com outras mesas, alterem as regras de forma que sejam válidos o uso e a criação de personagens diferentes e fora dos padrões!

Liberdade para ser e criar

EGALITÉ

Todas as pessoas são iguais numa mesa de jogo. Seja a pessoa no papel de Mestre, sejam as pessoas que jogam, sejam as pessoas que desenvolvem artes, aquelas que gravam e convertem em Podcasts as jogatinas, façam vídeos, escrevam contos e livros, desenvolvam sistemas… enfim, estamos em um mesmo pé de igualdade, que é fazer parte do mundo do RPG.

Não importam cor, religião, sexo, ideologia política, esporte preferido, nada! A única coisa um pouco relevante é o fator idade (já que alguns temas, assuntos ou cenas podem acabar sendo impróprios para menores de 18 anos). Fugiu disso, a relevância para um bom jogo de RPG é 0, se não for até mesmo negativa!

Se somos livres para usarmos nossa criatividade, e responsáveis também por essa liberdade, então devemos manter na consciência (e nas jogatinas) a ideia de que somos todos iguais! Não há diferença que valide excluir alguém da jogatina, recusar novas pessoas para o hobbie ou qualquer coisa do tipo, salvo atitudes criminosas! Nós, rpgistas, deveríamos ser um povo acolhedor e receptivo, abraçando e acolhendo todas as pessoas que direta ou indiretamente despertarem o interesse de fazer parte desse mundinho muito mágico! Então vamos fazer nossa parte!!!!

Convidemos as pessoas a participarem das jogatinas, a conhecerem como funciona, a lerem e pesquisarem, mas acima de tudo, façamos com que essas pessoas se sintam iguais, presentes e importantes! Façamos das mesas de jogo um ambiente onde qualquer pessoa possa se sentir segura para assumir seus gostos, suas paixões, suas preferências e sua liberdade criativa! Não tenham preconceitos de qualquer espécie, afinal de contas, já sofremos preconceito o suficiente pelo simples fato de termos nosso hobbie, né?

Mais que diferentes, somos iguais

FRATERNITÉ

Já que tentaremos então ser pessoas que valorizam a liberdade e a igualdade, estaremos já muito encaminhados em exercer também a fraternidade! Afinal, quem nunca fez um círculo de amizades fortes em mesas de RPG?

Falando por experiência própria, alguns dos melhores amigos que fiz pra vida vieram de mesas de RPG! Alguns desses amigos são tão importantes que não importa nossa distância ou o tempo que não nos vemos, basta um oi e tudo volta ao exato momento no tempo onde nos vimos pela última vez! Além disso, RPG é uma ferramenta incrível de inclusão! Saber que uma mesa está disposta a jogar com aquela pessoa que tem dificuldades de se socializar, que tem problemas familiares, que se sente rejeitada pela sociedade, é sempre algo lindo de se ver, de se envolver e fazer parte!

Fraternidade é uma relação de “familiaridade” com outras pessoas, aceita-las como membros da família e importantes em nossas vidas! Pensem bem: essas pessoas nos causam Bleedings que podem nos ajudar a lidar com nossos problemas, nos permitem compartilhar essas experiências e histórias com outras pessoas que até então poderíamos pensar jamais termos contato, e no ajudam a perceber que regras não são moldes de gesso, e que elas podem e devem se adaptar às necessidades presentes!

Criar um ambiente fraterno e amistoso irá não apenas melhorar a jogatina, como também pode salvar vidas! Podemos, com gestos simples e humanos, ligados a nosso tão querido e amado hobbie, ajudarmos as pessoas a se sentirem melhores, mais confortáveis, menos deprimidas e mais bem aceitas na sociedade! Façamos nossa parte, sejamos nós o exemplo do mundo que queremos!

Que tal fazer das nossas mesas de RPG o maior Bleeding do mundo, estendendo Liberdade, Igualdade e Fraternidade a todas as pessoas que estiverem ao nosso alcance?

Conectar, interligar, fraternizar

 

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Compêndio do Jogador Iniciante – pt. 1/2

Olá meu querido orelha seca! É com grande prazer que iniciamos aqui uma sequência de Compêndios que tem por objetivo auxiliá-los com boas práticas no que diz respeito ao modo como estão e vão jogar o RPG.

Se você está pensando em adentrar nesse mundo fantástico chamado RPG ou então já faz parte dele mas está tendo dificuldade de adaptação e/ou entendimento, esse material foi feito especialmente para você!

Anote cada detalhe, deixe suas perguntas nos comentários abaixo do post e prepare-se para enfim desvendar os confins desse mundo fantástico.

A ideia de montar esses materiais surgiu da nossa própria necessidade. Não achamos nenhum material claro e prático para recomendar aos nossos amigos que estavam querendo aprender a jogar RPG, então, resolvemos arregaçar as mangas e construir algo que seria o que nós sempre precisamos.

Para começar eu gostaria de registrar que acredito que todos deveriam ler esse guia e não somente os iniciantes. Isso porque é importante que os mais experientes entendam que o iniciante precisa de auxílio, precisa que o grupo esteja disposto a lhe auxiliar a tirar dúvidas que os livros não tiram ou até mesmo as que os livros também tiram. Sem contar o fato de que isso aproxima o grupo e cria um laço que favorece ainda mais o motivo principal de todos estarem juntos: SE DIVERTIR!

O início do RPG, em sua grande maioria, empolga o jogador a vivenciar a possibilidade de ser alguém com as características que sempre sonhou ter. Então, você meu amigo iniciante, liberte a sua mente e deixe ela viajar e te levar até aquilo que você precisa para criar a ficha e a história do personagem dos seus sonhos.

Nós temos aqui um Compêndio que explica O que é o RPG (para acessá-lo clique AQUI) e alguns dos detalhes à seguir já estão contidos lá, entretanto, seguiremos aqui com alguns complementos sobre coisas cruciais que você precisa para começar a jogar:

 

O que é ficha?

A ficha é um documento que contém as informações que delimitam as capacidades de um personagem. Quanto peso consegue carregar? Quão bom é em negociar? Quão rápido em raciocinar? Etc. A ficha registra e armazena dados que são a base de consulta no momento das rolagens dos dados. No ato inicial da criação da ficha, obviamente, existem limites da quantidade de pontuações a serem preenchidas. A quantidade e o limite da quantidade de pontuação inicial que é permitida na ficha é definida pelas regras do sistema que você irá jogar.

 

Para que servem os dados?

Acabamos de falar que a ficha delimita as capacidades do personagem. As regras estipulam a dificuldade para executar determinadas realizações. Os resultados adquiridos nos dados influenciam matematicamente em um cálculo que confronta habilidades vs. dificuldades. Ou seja, se você tem uma habilidade em sua ficha que chama-se Escalar e possui 10 pontos de proficiência nela e as regras estipulam que para escalar determinado local, a dificuldade é igual a 20, isso significa que, em sua rolagem do dado, um de 20 faces para esse exemplo, você precisaria tirar ao menos um 10 para que somado aos 10 pontos em sua ficha, alcance a dificuldade total de 20 pontos. Um resultado (já calculado) abaixo do 20 caracteriza-se como uma falha e um que alcance ou ultrapasse caracteriza-se como um sucesso na execução daquela ação.

O Sistema que você irá jogar é quem define dentro de suas regras quais e quantos dados você precisará. No RPG usamos a letra “D” como uma abreviatura para a palavra Dado e ao lado do “D” colocamos um número que representa a quantidade de faces que o dado possui.

Por exemplo: O dado mais comum e conhecido por todos é o dado de 6 faces, esse chamamos de D6 ou d6.

Os dados mais comumente utilizados no RPG são:

D4

 

D6

D8
D10 (comum)
D10 (percentual)

 

D12

 

D20

OBS:. Em alguns sistemas o valor igual a dificuldade é considerado uma falha ao invés de um sucesso. É importante salientar também que a forma como são efetuados os cálculos, se resultados abaixo ou acima definem um sucesso nos testes por exemplo, tudo pode variar de acordo com o sistema que você for jogar.

 

O que é História?

O nome já é bem explícito, entretanto, vamos dissecar um pouco mais esse item do RPG. De fato, cada um de nós tem uma história de vida para contar. Não só isso, mas a sua história, explica e/ou justifica muitas vezes o porquê de você ser ou como você é hoje em dia. Imagine que você não tivesse ou não lembrasse nada sobre sua história. Como você decidiria sobre algo que você não sabe se é certo ou errado, ou então, como você decidiria algo se você nem sabe o que lhe agrada ou aborrece?

A história traz vida a um personagem e dá ferramentas para enriquecer o mundo que o mestre irá elaborar e que implicará em singularidades específicas da história do seu personagem. Em sua história é importante que ao decorrer de sua elaboração, ela procure responder perguntas como: Onde você nasceu? Quem e como eram seus pais e familiares? Quem eram seus amigos? O que você gostava de fazer? Porque decidiu trabalhar com o que você trabalha? Etc. Tudo isso enriquece a história mas também auxilia você mesmo na interpretação de seu personagem.

Mas quem cria a História do personagem? Cada jogador é responsável por criar a história do seu personagem e os limites dos feitos e descritos nela são os limites daquilo que a ficha do personagem apresenta. Por exemplo: Você não descreverá na história do seu personagem que ele arrebentou as barras de ferro de uma prisão com as próprias mãos para libertar um amigo se na ficha do seu personagem a força dele corresponde a um valor de alguém fraco ou incapaz de tal feito.

 

O que é XP ou Experiência?

Todo jogo de RPG limita a maturidade e o poder de seus personagens pela quantidade de Pontos de Experiência que ele já adquiriu. Ora, se formos fazer uma análise rápida, não é muito diferente de nossas vidas reais, afinal, são nossas experiências e vivências que nos tornaram quem nós somos hoje em dia. No RPG, comumente existem níveis que limitam e criam degraus a serem alcançados, entretanto, existem jogos de RPG que não possuem tais níveis, mas ainda assim, os pontos de experiência podem conferir mais poder ao personagem, mas nem sempre terão esses degraus bem distintos.

Quem define quantos pontos e quando você ganhará esses pontos é o mestre. A quantidade de pontos adquiridos é avaliada por diversas situações, mas a principal é a fidelidade da sua interpretação ao que foi proposto na História do personagem. Imagine por exemplo um personagem com as características do Batman mas agindo como o Coringa. Não teria nexo algum correto? Exatamente! Interpretar é fundamental, mas em alguns jogos de RPG, ele não é a única métrica que define a quantidade de XP, mas com certeza, de todas, é a métrica mais importante.

Posso perder XP além de ganhar? Tudo depende do sistema que você jogará, entretanto, de maneira geral, você apenas pode deixar de ganhar. Um exemplo de uma forma de perder XP é quando seu personagem morre e é ressuscitado (Em alguns sistemas isso é possível), entretanto, de maneira geral você apenas ganha ou deixa de ganhar.

 

O que é Sistema?

Todo jogo de RPG terá um material que define as regras. O Sistema é exatamente o que caracteriza e configura essas regras. Imagine que você jogará um jogo de tabuleiro. A primeira coisa que você faz antes de jogar é ler as regras para jogar certo? Exatamente! Essas regras que você leu são como o Sistema dentro do RPG e é imprescindível que pelo menos o Mestre da mesa as domine e assim possa auxiliar os jogadores durante o jogo.

Os dois Sistemas mais conhecidos para indica-los seriam:

  • D&D: Dungeons & Dragons é com certeza o ícone do RPG. O D&D usa um tema e um cenário de Fantasia Medieval. Mistura basicamente itens do tema da era medieval da nossa história como espadas, armaduras e etc, a uma fantasia com magias e criaturas e raças muitas vezes mitológicas como Dragões, Elfos, Grifos, etc. Esse é um jogo coletivo onde geralmente os jogadores interpretarão personagens que agem em grupo para alcançarem seus objetivos.
  • Storyteller: Esse sistema utiliza vários cenários que retratam um mundo fictício que considera realidade a existência de criaturas sobrenaturais em meio a sociedade comum. Essas criaturas tem seus meios de evitarem que sejam reveladas às pessoas comuns. Dentro desse Sistema existem alguns sub-Sistemas chamados: Vampiro: A Máscara, Lobisomem: O Apocalipse, Mago: A Ascenção, entre outros.

Mais detalhes sobre os Cenários à seguir.

Storyteller

 

D&D

 

 

O que é Cenário?

Todo Sistema geralmente é acompanhado de um Cenário, entretanto, muitas vezes o mesmo Sistema poderá ser utilizado para vários outros Cenários. O Cenário, como o próprio nome já diz, é o que irá definir o mundo e a história do jogo.

Imagine que você escolhe um jogo de tabuleiro para jogar. Você escolhe um com o tema de zumbis num cenário pós apocalíptico, ou que você terá que evoluir as tecnologias e recursos da sua população, enfim, esses temas são o que definem o que seria o Cenário. Outro exemplo que podemos dar seria da trilogia do Senhor dos Anéis. Comumente chamamos o tema de Senhor dos Anéis como Fantasia Medieval e um dos cenários que poderíamos usar pra jogar algo similar seria o Forgotten Realms/Reinos Esquecidos do sistema Dungeons & Dragons/D&D. Por fim, um último exemplo seria do filme Underworld/Anjos da Noite. Esse é um filme que pode ser caracterizado como um tema Punk Gótico e Horror, um dos cenários possíveis seria o de Vampiro: A Máscara que é utilizado no Sistema Storyteller.

 

Bom meu amigo, vamos fazer uma pausa aqui e voltamos no próximo post para concluir essa introdução. Espero que até aqui tenhamos contribuído grandemente pra que você se anime e se torne um grande jogador de RPG!

Um grande abraço e até a próxima!

 

Leia a próxima parte clicando aqui.

O que é RPG?

RPG é a sigla que abrevia o termo em inglês Role-Playing Game, que em português significa “jogo de interpretação de personagens”.

De maneira prática, o RPG é um jogo em que os jogadores precisam interpretar personagens em um cenário fictício estimulando o raciocínio lógico, criatividade, relacionamento interpessoal e cooperativismo.

Em registros oficiais, o RPG surgiu no ano de 1974. O primeiro lançamento foi o jogo Dungeons & Dragons (Masmorras e Dragões, em português), criado por Gary Gygax e Dave Arneson. No início, o D&D (abreviatura de Dungeons & Dragons), era um simples complemento para um outro jogo de peças de miniaturas chamado Chainmail (cota de malha), criado em 1971 também pelos dois amigos. Chainmail era um jogo de tabuleiro simples e a ideia do RPG surgiu de Gygax e Arneson ao imaginarem o quanto seria mais divertido se eles inserissem também o fator de interpretação.

Para explicar de maneira mais prática vamos abordar alguns artefatos do jogo e explicar pra que cada um deles serve.

 

O Mestre

Na realidade O Mestre é um papel que deve ser assumido para se jogar RPG. Alguns gostam do termo narrador, entretanto, gosto do termo Mestre pois denota um respeito que acho importante ser considerado. No jogo, O Mestre é o deus! Respeitar isso ajudará em um bom desenrolar dos seus jogos.

De fato a principal responsabilidade do Mestre é narrar o jogo. Mas não é só isso. Considerando uma situação totalmente aleatória, o Mestre irá planejar toda a história, construir personagens coadjuvantes, minerar e desenhar imagens, mapas e etc. Além de narrar ele irá intermediar e julgar as ações como aceitáveis de maneira que auxilie o jogo para um rumo correto.

É importante que o mestre conheça bem as regras do sistema (iremos falar dele à seguir) para conseguir controlar bem os limites daquilo que é possível. Não é imprescindível que ele saiba tudo, entretanto, quanto mais ele souber, mais terá desenvoltura e segurança para desempenhar seu papel.

 

O Jogador

Como o próprio nome já diz, o jogador é quem vai viver o jogo. Seu principal papel é se submeter a autoridade do Mestre e principalmente se esforçar para interpretar e ser fiel à aquilo que propôs ao seu personagem. Sua responsabilidade também é construir sua ficha e a sua história, artefatos que explicaremos mais adiante também.

 

História do Personagem

Um dos artefatos mais importantes para contribuir para um jogo rico em detalhes. A responsabilidade pela confecção desse artefato é exclusiva do jogador mas pode ter auxílio do mestre e de outros jogadores que estejam dispostos a isso. Para quem tem dificuldade ou não sabe como fazer a história do seu personagem, criamos um post específico para isso que pode ser acessado clicando AQUI.

 

Ficha do Personagem

Outro artefato de responsabilidade do jogador. Também pode ter auxílio do mestre e dos demais jogadores para sua confecção. A ficha é um documento que conterá todas as características que definirão todos os detalhes necessários do seu personagem. É ela que irá dizer o quão bom seu personagem é em fazer uma determinada ação. Cada sistema possui uma ficha diferente e com regras diferentes, portanto, não entrarei em mais detalhes aqui sobre ela.

 

Sistema

O Sistema é o conjunto de regras que compõe o jogo de RPG. Em geral, não existe um sistema único para jogar todos os estilos de RPG, então, dependendo do estilo que você queira jogar, você terá que definir qual sistema desejará jogar, adquirir todo material que compõe pelo menos as regras básicas e ler para poder jogar com seus amigos.

Alguns Sistemas de exemplo teríamos: D20, Storyteller, Gurps, Toon, etc.

 

Cenário

Além do Sistema, o cenário é quem define o estilo de jogo. Existem sistemas que podem ser utilizados para qualquer tipo de cenário bastando adaptar as regras para o mesmo. Os cenários é que vão definir se o jogo será estilo Fantasia Medieval ou Horror Gótico por exemplo.

Alguns cenários de exemplo teríamos: Forgotten Realms (D&D), Dragonlance (D&D), Vampiro: A Máscara (É um cenário mas também um subsistema do Storyteller/World of Darkness), Lobisomem: O Apocalipse (idêntico ao anterior), etc.

 

Dados

Os dados talvez sejam os artefatos mais emblemáticos do jogo de RPG. Com toda certeza, não existe outro jogo que se utilize de uma variedade tão grande de tipos de dados. No RPG utilizamos dados de vários tipos, os quais classificamos pela quantidade de lados que o mesmo possui. Por exemplo: Dados de 4, 6, 8, 10, 12 e 20 lados. Para abreviarmos nós chamamos com o “D” na frente, por exemplo: D4, D6, D8, etc. Quais dados serão utilizados e quantos? Isso quem definirá será o sistema que vocês forem jogar.

Ao contrário do que muitos dizem, o RPG, assim como teatro, promove um crescimento muito grande em cada um dos seus participantes e aqui também teremos alguns manuscritos que irão trazer de maneira prática como o RPG contribui com vários profissionais.

 

Agradecemos a leitura de vocês e esperamos que esse conteúdo contribua de maneira ímpar no início da sua caminhada como jogador de RPG.

Deixem seus comentários e um grande abraço!

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