Oblivion – Disciplinas de Vampiro: A Máscara

Oblivion é uma das novas disciplinas do V5 e a última da nossa série de disciplinas aqui no MRPG (a menos que lancem mais disciplinas em suplementos futuros, mas não parece ser o direcionamento que o jogo está tomando). Ela unifica duas disciplinas muito características das edições anteriores: Necromancia e Tenebrosidade. Vamos ver como esses poderes ficaram no V5.

Background

Necromancia era uma disciplina praticada exclusivamente pelos Giovanni e outras linhagens que lidavam com a morte. Muito da essência da disciplina Necromancia foi inspirada por práticas religiosas reais (aliás, quem já fez a famosa Brincadeira do Copo estava praticando uma forma de necromancia, por assim dizer).

A novidade do V5 é aproximar a Tenebrosidade e o conceito do Abismo dos Lasombra ao mundo dos mortos acessado através da Necromancia. “Oblivion” pode ser traduzido como “Esquecimento”, então podemos interpretar que tanto os Lasombra quanto os Hecata buscam seus poderes na completa letargia da morte. Os Lasombra preferem manifestar essa ausência de tudo em impressionantes poderes de manipulação das sombras, enquanto os Hecata geralmente optam pela sutileza e pelo potencial investigativo da disciplina.

Aliás, Oblivion também é o subtítulo do excelente jogo Wraith: The Oblivion, onde os jogadores interpretam aparições e fantasmas presos ao mundo físico. Narradores criativos podem explorar a interação das Shadowlands e Necropoli com as disciplinas vampíricas. Para onde você acha que vão seus tentáculos de sombras quando você não está usando?

“Galera, vamo rapidão aqui que eu tenho que voltar pro escritório.”

Poderes

Em termos de regras, vamos falar sobre a edição mais recente. Muita coisa mudou na forma como o sistema aborda as disciplinas. Oblivion é uma junção de disciplinas e poderes separados das edições anteriores, então muito foi ajustado para que funcionasse, tanto tematicamente quanto mecanicamente. Além dos poderes, também temos as Cerimônias, parecidas com os Rituais da Feitiçaria de Sangue. Vamos ver como ficou.

Os nomes dos poderes estão em inglês, uma vez que o suplemento onde esta disciplina aparece ainda não foi lançado em português.

Nível 1

Shadow Cloak permite manipular as sombras ao redor para melhorar testes de Furtividade ou Intimidação. Oblivion’s Sight permite ver fantasmas e ignorar eventuais penalidades por escuridão. Ashes to Ashes permite desintegrar cadáveres (não vampiros) e destruir sua vitae. Também funciona contra cadáveres animados através de Oblivion. É o mais próximo que Vampiro já chegou de um Destruir Mortos Vivos à lá D&D. The Binding Fetter permite identificar e encontrar locais importantes para espíritos.

“Rapaz, tá tão quente aqui que até minha sombra tá com calor.”

Nível 2

Shadow Cast permite conjurar uma sombra e usar alguns poderes através dela. Arms of Ahriman são os famosos tentáculos de sombra dos Lasombra, dessa vez uma amálgama de Potência. Legal que o livro descreve que os tentáculos são bidimensionais, algo que não lembro de ter lido anteriormente. Fatal Precognition permite ver como será a morte de um mortal próximo. Where the Shroud Thins permite distinguir a intensidade da Mortalha (a barreira que separa o mundo dos vivos e dos mortos) em determinada área.

Nível 3

Shadow Perspective permite projetar os próprios sentidos em uma sombra próxima. Touch of Oblivion permite invocar o poder do Abismo sobre uma criatura, infligindo dano agravado. Aura of Decay manifesta uma aura que traz degradação para o local, estragando alimentos, danificando estruturas, etc. Passion Feast, amálgama de Fortitudo, permite se alimentar de fantasmas.

Nível 4

Stygian Shroud permite invocar uma escuridão sobrenatural que sufoca mortais e cega membros temporariamente. Necrotic Plague cria uma doença mortal contagiosa em um mortal. Umbrous Clutch permite fazer um mortal cair em sua própria sombra direto nos braços do usuário (bônus de XP para quem invocar esse poder imitando o Scorpion do Mortal Kombat).

Nível 5

Shadow Step permite uma espécie de teletransporte através das sombras. Tenebrous Avatar é parecido com o antigo poder dos Lasombra de se mesclar com as sombras. Skuld Fulfilled permite reintroduzir em uma pessoa doenças ou ferimentos passados que já tinham sido curados (com um potencial imenso para roleplay). Withering Spirit causa dano físico e espiritual ao mesmo tempo.

“Eu gosto de dar flores aos mortos.”
“Mas eu não estou morto!”
“Hmm…”

Cerimônias

As cerimônias são uma das partes mais legais da disciplina. Alguns dos antigos poderes de Necromancia transformaram-se em Cerimônias, o que dá um sabor todo especial para o roleplay, mais até do que a disciplina “pura” fazia anteriormente.

São vários poderes e não dá pra discutir um por um aqui, mas coisas como animar zumbis, convocar espíritos e ressuscitar os mortos podem ser encontradas aqui.

Por fim

As disciplinas em Vampiro dependem muito da criatividade do usuário para serem realmente eficientes. Citamos aqui alguns dos usos mais comuns, mas fique à vontade para comentar abaixo os usos criativos que você já tenha feito ou presenciado. E não esqueça de ver também nosso post sobre as Pradarias Ultravioletas.

Potência – Disciplinas de Vampiro: A Máscara

Potência foi, por muito tempo, a disciplina mais simples de Vampiro: A Máscara. Assim como Rapidez, teve mudanças de regras em várias edições, mas manteve-se relativamente consistente com o tempo, até ser totalmente reformulada no V5. Hoje, vamos falar um pouco sobre essa disciplina.

Background

A ideia da superioridade vampírica sobre os humanos se manifesta de diferentes maneiras. Força sobre-humana é a mais simples e direta delas. Além de ser a disciplina tradicional dos Brujah, clãs realmente monstruosos possuem essa disciplina entre suas linhagens, como os Nosferatu e os Lasombra. Isso cria um distanciamento simbólico muito interessante entre os superpoderosos cainitas e os frágeis mortais que servem como alimento.

Potência sempre foi muito utilizada para combate, porrada e peleja. Porém, outras ações físicas podem se beneficiar de força ampliada, como saltar, escalar, erguer peso ou até esculpir mármore. As regras da 5ª edição tenta separar esses poderes para usos mais específicos. E falando nelas…

“Sério mesmo que tu vais reclamar que o pessoal usa Potência só pra porrada?”

Poderes (V5)

Em termos de regras, vamos falar sobre a edição mais recente. Muita coisa mudou na forma como o sistema aborda as disciplinas. Praticamente todas têm opções diferentes de poderes nos vários níveis. Várias disciplinas foram combinadas, alguns poderes exclusivos de clã foram incorporados em outras disciplinas e por aí vai.

Potência mudou bastante na nova edição. Anteriormente, cada ponto simplesmente dava um sucesso extra em ações físicas, com variações de cada edição em relação ao gasto de sangue e a natureza desse auxílio. No V5, cada nível traz poderes individuais, e isso também aconteceu para as outras disciplinas físicas, Celeridade e Fortitude. Vamos ver então como ficou a Potência.

Nível 1

Lethal Body causa dano letal com ataques desarmados, mas afeta apenas os mortais. Bom começo para os porradeiros de plantão. Para os demais, Soaring Leap permite ao cainita saltar vários metros sem a necessidade de pegar impulso.

“Então eu posso dar dano letal com porrada, é? Que tal isso, então?”

Nível 2

Prowess é o poder básico da Potência “das antigas”. Com um Rouse Check, você adiciona seu nível de potência em danos de ataques desarmados e testes de força. Simples e prático, é o único poder disponível para este nível.

O interessante do V5 é que seu sistema permite pegar poderes de níveis anteriores ao aumentar a pontuação de sua disciplina. Então, teoricamente, seria possível chegar a Potência 5 sem pegar este poder, um dos mais importantes e característicos da disciplina. É no mínimo inusitado.

Nível 3

Brutal Feed permite sugar todo o sangue de um alvo em apenas um turno, causando dano agravado no processo. É um poder extremamente letal se usado em combate. Spark of Rage, amálgama com Presença, faz uma pessoa ou uma multidão ficarem furiosas e pode causar testes de Frenesi. Uncanny Grip permite usar a força bruta para ser automaticamente bem sucedido em testes para escalar.

Nível 4

Draught of Might permite compartilhar os poderes de Potência com qualquer um que beba seu sangue. Poderes parecidos também aparecem nas demais disciplinas físicas nesse nível.

Nível 5

Earthshock cria uma onda de choque que força todo mundo num raio de 5m a fazer um teste para não cair. Pode ou não ser combinado com um superhero landing. Fist of Caine permite causar dano agravado a mortais e outras criaturas sobrenaturais com as mãos nuas. Combinado com Prowess, torna Potência uma disciplina extremamente letal para os brigadores da noite.

Ok, talvez Potência tenha um certo direcionamento para o combate mesmo.

Por fim

As disciplinas em Vampiro dependem muito da criatividade do usuário para serem realmente eficientes. Citamos aqui alguns dos usos mais comuns, mas fique à vontade para comentar abaixo os usos criativos que você já tenha feito ou presenciado. E não esqueça de ver também os outros materiais da Liga das Trevas.

Bom jogo a todos!

Dominação – Disciplinas de Vampiro: A Máscara

Dominação é um dos poderes mais clássicos de Vampiro: A Máscara. Também é uma disciplina que mudou relativamente pouco ao longo das edições. Entre os clãs que praticam a dominação, você pode encontrar uma diversidade imensa, desde os Ventrue mais caretas até o Malkaviano mais imprevisível. Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre essa disciplina.

Background

A Dominação bebe no mito do vampiro como um déspota tirano e opressor. Um ser maligno que pode obrigá-lo a fazer coisas contra sua vontade. Ventrue, Tzimisce e até Lasombra incorporam muito bem esse arquétipo. Aliás, sempre achei estranho que Dominação não fosse uma disciplina padrão dos Tzimisce antes do V5. Malkavianos usavam a disciplina como uma forma de impor sua loucura aos outros antes do poder da Demência se espalhar pelo clã todo (agora, no V5, fazem parte da mesma disciplina). No bonde da Dominação temos ainda Tremere, Salubri (também incorporada no V5) e a antiga linhagem dos Giovanni (agora parte do clã Hecata).

Inclusive, mesmo a V5, que mudou profundamente várias disciplinas,
manteve muitos poderes clássicos de Dominação.

Poderes (V5)

Em termos de regras, vamos falar sobre a edição mais recente. Muita coisa mudou na forma como o sistema aborda as disciplinas. Praticamente todas têm opções diferentes de poderes nos vários níveis. Várias disciplinas foram combinadas, alguns poderes exclusivos de clã foram incorporados em outras disciplinas e por aí vai. Vamos ver então como ficou a Dominação. Como o jogo ainda não foi lançado oficialmente em português, os nomes dos poderes estão em inglês.

Nível 1

Compel traz um poder muito semelhante ao já clássico Comando, permitindo que o vampiro dê uma ordem simples de até uma frase para um alvo, que deve agir imediatamente para cumprí-la. Cloud Memory permite fazer o alvo esquecer alguns minutos de algo que recém aconteceu (mas não manipular memórias). Suficiente para disfarçar um encontro breve ou uma tentativa de alimentação.

Nível 2

O nível 2 traz vários poderes para o membro escolher: Mesmerize permite impor comandos mais complexos ao alvo, mas ainda sem gatilhos condicionais. Dementation, antes uma disciplina completa exclusiva dos Malkavianos, agora aparece aqui como uma amálgama de Ofuscação. Permite impor uma compulsão a um alvo ou fazer um mortal ceder a um surto psicótico. Slavish Devotion (do Cults of the Blood Gods, amálgama de Presença) torna mais difícil exercer outros poderes vampíricos contra seus servos. Por fim, Domitor’s Favor (do Companion) faz com que seja mais difícil para os vassalos desafiarem o membro.

“Afinal, o sangue fala mais alto, não é rapazes? Rapazes?”

Nível 3

Forgetful Mind é outro poder já clássico das edições anteriores. Permite ao membro reescrever as memórias de um alvo. Submerged Directive é uma evolução do Mesmerize que permite ao vampiro incluir gatilhos para desencadear ações específicas em seus comandos como “quando você encontrar Dante, dê um soco no estômago dele”. São dois poderes extremamente versáteis que permitem uma infinidade de usos criativos e perigosos.

Nível 4

Rationalize, como o nome já indica,  faz com que o alvo dos poderes de Dominação racionalize as próprias ações, justificando tudo como se fosse escolha própria. Ancestral Dominion (Cults of the Blood Gods) faz com que seja possível para um membro dominar seus descendentes sem necessidade de contato visual ou comunicação verbal.

Nível 5

Mass Manipulation permite estender seus poderes da Dominação a grupos de pessoas. Terminal Decree, por sua vez, permite ignorar a diretriz que impede os alvos de acatar ordens que sejam prejudiciais a si mesmos. Ainda é possível para os alvos resistir a esses comandos como se fosse um poder padrão de dominação. Também pode acabar causando a perda de Humanidade, dependendo da natureza dessas ordens.

“Você vai aceitar esse emprego sem carteira assinada.”

Por fim

As disciplinas em Vampiro dependem muito da criatividade do usuário para serem realmente eficientes. Citamos aqui alguns dos usos mais comuns, mas fique à vontade para comentar abaixo os usos criativos que você já tenha feito ou presenciado. E não esqueça de ver também a coluna do Edu sobre o Passado, Presente e Futuro do RPG.

Bom jogo a todos!

 

VTES – Vampire: The Eternal Struggle

Saudações criaturas noturnas!

Nesse primeiro post da série de VTES – Vampire: The Eternal Struggle, você poderá saciar sua sede de sangue, ou atiçá-la. Tudo isso, acompanhando o desenvolvimento de seitas vampíricas nas de noites de Washington, ao mesmo tempo que percebe o desenrolar de uma partida de um card game muito intrigante.

Certa noite, em Washington…

Marcus Vitel contemplou a cidade da sacada de sua cobertura. Imaginou-a em chamas, pensando nos confrontos vindouros e no fim do mundo. Isso já se tornara seu costume. Washington pertencia a ele. Sascha Vykos, Francisco Domingo de Polônia e os outros abutres iriam queimar no inferno. 

Seus agentes haviam negociado cuidadosamente com a Camarilla local. Os poucos que suspeitavam de sua verdadeira linhagem haviam sido comprados, ou silenciados. Quando um de seus peões sugeriu aos Brujah que os Toreador estavam acumulando influência demais, e, que ao mesmo tempo, tinham abraçado grande quantidade de neófitos, não foi preciso muito esforço para que o estratagema fosse iniciado. 

Os anciões Brujah, que haviam sido feridos em mais de uma ocasião pelo empreendedorismo dos jovens Toreadores, instruíram suas crias a pressionarem a primigênie. Assim, teriam mais possibilidades de criar regras mais restritivas para limitar a influência dos Toreadores. Haviam vampiros em excesso na cidade.  Isso colocava a todos em risco.

Para garantir que seriam ouvidos, os Brujah incentivaram suas crias mais descartáveis a se rebelarem contra a tirania dos anciões. Eles atacaram uma das muitas empresas de fachada que lavava dinheiro para a Camarilla, como um ato simbólico. Incautos de que os Malkavianos, que também estavam invejosos da influência dos Toreadores, haviam fortalecido a segurança da empresa com tecnologia de ponta e que agora haviam gravações mostrando um grupo de jovens neófitos utilizando de seus dons de sangue para destruir diversos escritórios, levantando mesas, gabinetes de arquivos e computadores e partindo-os com as mãos nuas.

Isso era toda a evidência que Vitel precisava para iniciar seu plano. Quando ele reuniu o conselho, mostrou o vídeo e disse que os clãs haviam se estendido demais e tornando-se muito desleixados em suas atividades. Os neófitos Brujah seriam exemplarmente punidos, é claro. Mais ainda, para garantir que todos os clãs entendessem a seriedade da primeira tradição, todos os clãs pagariam um quinhão de seus recursos para cada vampiro de sua linhagem na cidade. 

Protestos aconteceram, como era de se esperar. Mas protestar raramente resultava em alguma mudança na sociedade vampírica. Os Brujah dariam fim em uns poucos e problemáticos membros que jamais teriam a oportunidade de se explicar. Os Toreador, que possuíam muito mais membros que todos os outros clãs, seriam prejudicados o suficiente para não poderem se defender quando outro dos peões de Vitel estivessem prontos para o próximo passo de seu plano.

Com os recursos dos clãs drenados, ele clamaria pelas velhas alianças de seu clã e seus aliados na Europa. Os Lasombra eram conhecidos por seu pragmatismo e Vitel se via como o ápice da maestria dos guardiões. É claro que o Clã queria Washington para o Sabá. É claro que tomar uma das antigas fortalezas da Camarilla traria grande prestígio e infâmia para quem orquestrava a operação. Mas Vitel não era uma raspa de caixão de sangue fraco. Ele sabia que sua posição era cobiçada e que ele dificilmente teria mais apoio na seita do que algumas das estrelas em ascensão na cruzada pelos Estados Unidos. Se ele não fosse reinar no trono de Washington, ninguém mais iria. 

Na mesma noite, em um universo paralelo….

Felipe, Marcela, Pedro e Ana jogam uma complicada partida de VTES – Vampire: The Eternal Struggle…

Felipe, jogando com um baralho de votos Lasombra, vira sua carta e diz “Marcus Vitel gostaria de convocar um Levante Anarquista.”

Deck Lasombra

 

Neste momento, algumas sobrancelhas se levantam. A carta diz: “Se o referendo for bem-sucedido, cada matusalém (jogador) queima 1 de recurso para cada servo que controla.”

Deck Toreador Antitribu

Todos os jogadores vão ser feridos por essa carta. Alguns mais do que outros. Marcela, jogando com os Toreador, começa a contabilizar suas perdas. Ela tem sete vampiros na mesa e isso vai deixá-la com poucos recursos. A sorte não está do seu lado, pois ela não tem poder político o suficiente para parar essa ação, visto que os Lasombra controlam mais títulos e, por conta disso, possuem mais votos. Pensando numa estratégia, Marcela se dirige ao jogador Pedro, que controla os Brujah, e diz “Se você votar contra este referendo, eu não vou te atacar nos próximos dois turnos.”

Pedro considera a proposição cuidadosamente. Ele não possui vampiros o suficiente para se defender de todos os ataques de Marcela, mas possui votos para empatar a votação. Ele se dirige a Felipe e diz “Se você me garantir que não vai destruir Marcela nesse turno, eu vou votar a favor desse referendo, mesmo que ele me cause dano.”

Felipe avalia suas opções cuidadosamente. Em sua mão está a carta que permitiria que Vitel desviasse e agisse novamente. Ele poderia acabar com os recursos de Marcela nesse turno, mas isso faria com que Pedro nunca mais confiasse nele, e ele poderia precisar dos votos dos Brujah no futuro. Felipe sorri e diz “Temos um acordo.”  Sabendo que os Toreador têm seus dias contados, conclui: “Termino meu turno”. 

No outro lado da mesa, Ana, jogando com os Malkavianos franze o cenho e se pergunta se valeu mesmo a pena bloquear algumas ações que teriam ferido Felipe em troca da garantia de que não seria um alvo direto das ações políticas do jogador Lasombra pelas próximas rodadas. “Devia ter escolhido meus termos mais cuidadosamente”, pensa ela. Enquanto isso, calcula se terá tempo suficiente para trazer seu vampiro mais poderoso para o jogo para contestar o poder político da mesa. 

Continua…

Ficou interessado?

Em meu próximo post, irei te explicar mais sobre VTES – Vampire: The Eternal Strugglecontando a sua história, dando dicas de jogo e de como adquirir seu deck.

Acompanhe os posts da Liga das Trevas, e aprenda mais sobre o universo do Word of Darkness.

Lasombra – Clãs de Vampiro: A Máscara

Os Lasombra sempre foram um clã muito intrigante para mim. Na saudosa 3E (AKA Revised) eles tinham uma das imagens mais legais do livro e uma das raras em que os poderes característicos do clã apareciam representados. Então vamos olhar para dentro do abismo e conhecer mais sobre esses vampiros que buscam a perfeição.

“A sombra que me move…”

Se você vem acompanhando os outros textos sobre os clãs que escrevi, deve ter percebido que há um padrão que estou explorando. Não falo sobre regras, também não me aprofundo muito no lore oficial de cada clã. Eu procuro entender conceitualmente e filosoficamente o que mantém o clã coeso. Se você está falando dos Brujah, por exemplo, um punk de Seattle abraçado nos anos 90, um cavaleiro francês do século XVII e um filósofo cartaginense de 200 A.C. precisam ter algo em comum. Algo que os define, que os une.

Essa essência sempre me pareceu um pouco nebulosa nos Guardiões. Às vezes algumas pessoas encaram a faceta religiosa do clã, enquanto alguns os vêem como pouco mais do que “ventrues do Sabá”. Alguns simplesmente gostam da apelação que é a Tenebrosidade. Mas, como sempre, acredito que há muito mais potencial para ser explorado além dessa superfície.

O Abismo

Os Lasombra estão “a meio caminho do Abismo”. Isso se reflete não só no seu defeito de clã (piada não intencional) como também nos poderes da Tenebrosidade. Na 5ª Edição ambos foram estendidos. Além de não projetar reflexo, os Guardiões também tem dificuldade de serem registrados por câmeras, gravadores de áudio e, em geral, a tecnologia falha em suas mãos. Sua nova disciplina, Oblivion, agora engloba os poderes da Necromancia também.

Muitos conceitos presentes na história dos Lasombra podem ser explorados dentro deste conceito, desde a relação dos Guardiões com a religião e suas instituições, passando pela formação do Sabá, a Trilha da Noite e até seu desejo intrínseco de alcançar a perfeição a qualquer custo.

Pouquíssimos clãs tinham suas disciplinas representadas nas ilustrações de clã. Isso mostra o quanto a Tenebrosidade é uma peça central na identidade do Clã da Noite.

Religião

Os Lasombra sempre foram muito ligados à religião, e o controle das instituições religiosas (principalmente das ligadas à Igreja Católica). Perceba que eles não necessariamente são fieis ou religiosos, muitos apenas acham prático dominar as igrejas e templos como forma de dominar também o rebanho e a sociedade mortal. Inclusive, ao fundar o Sabá, os Lasombra trouxeram uma forte orientação religiosa para a seita.

A relação com a fé é sempre uma coisa muito profunda para desenvolver no seu personagem (especialmente no Mundo das Trevas onde você está lidando com religiões reais). Naturalmente, nós aqui do Brasil temos uma relação muito próxima com o Cristianismo, mas a influência do Clã da Noite é muito presente no Islã também (inclusive, o clã esteve dos dois lados da Reconquista). Extrapolando um pouco, podemos assumir que os Lasombra também podem estar ligados a várias outras instituições e organizações religiosas, incluindo aí Budismo, religiões Afro-brasileiras, Cientologia ou qualquer outra.

Claro que, ao invés de explorar as crenças do seu personagem, talvez você ache mais interessante explorar o lado institucional da religião. Nesse caso, algumas religiões podem ser pequenas demais ou desorganizadas demais para despertar o interesse dos Guardiões (embora uma disputa por uma instituição neo-pagã em ascensão entre os Lasombra, Gangrel e Tremere possa ser uma ideia interessante para uma crônica).

“Legal, fera, mas quanto dano eu consigo causar controlando instituições religiosas?”

Excelência

Os Lasombra almejam a perfeição. Embora isso possa lembrar um pouco os Ventrue, no sentido de tratar o clã como uma espécie de instituição própria, existem diferenças importantes. Um Lasombra jamais deixaria a hierarquia e o tradicionalismo do clã atrapalharem sua busca.

Os Guardiões abraçam almejando trazer os mais poderosos e dignos para dentro do clã. Se isso entrar em conflito com interesses de vampiros mais antigos, eles que se adaptem! Claro que dificilmente um neófito teria poder suficiente para colocar em cheque um ancião, mas esta mentalidade se faz presente e é, inclusive, parte essencial da ideologia do Sabá. E falando em Sabá:

Sabá e Camarilla

Na 5ª Edição de Vampiro os Lasombra entraram, oficialmente, para a Camarilla. Pelo menos os Guardiões mais antigos e importantes conseguiram arrastar um bom número de membros para a Torre de Marfim. Os que permanecem no Sabá, muito provavelmente, serão abandonados à própria sorte em meio à fanática cruzada religiosa da seita no Oriente Médio.

Isso parece um pouco contraditório em relação a tudo o que discutimos até agora, mas não se engane: serve apenas para mostrar o quão mutável e adaptável o clã é. Para o novo surgir, o antigo deve morrer.

Claude Frollo, de O Corcunda de Notre-Dame, é uma representação interessante de um Lasombra religioso. Eu poderia ter botado a imagem do filme da Disney aqui, mas achei que poderia quebrar um pouco o clima do texto.

Religiosos buscando seu caminho entre a danação eterna e a perfeição inatingível, os Lasombra têm um excelente potencial de roleplay a ser explorado. E não se esqueça de ver o artigo de Edu Filhote sobre os Augúrios de Lobisomem: O Apocalipse.

Bom Jogo a todos!

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