Sangue e Glória Parte 7 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Sangue e Glória – Parte 6, nos deparamos com a fragilidade dos fortes guerreiros Orcs. No entanto, também nos espantamos com a grandeza de espírito que um Kobold pode ter por seu povo!

E agora…

Sangue e Glória – Parte 7

A família Van Driel tinha uma extensa história na capital do Império Argênteo, Vedrana. Sua família sempre esteve ligada à manutenção da paz, no interior da grande e fervilhante cidade. Porém a Fé Diáfana havia se tornado a principal crença daquele crescente regime em ampla expansão. O título de imperador foi substituído pelo chamado Pontífice Autarca. Em seguida os conflitos decorrentes das mudanças que ocorreram uma década atras; no ano 100 depois da Tempestade; eram nitidamente observados na maneira como as legiões eram comandadas. 

O patriarca da família Van Driel, era o tribuno Davor. Que no momento decisivo do conflito civil levou seus comandados para o lado que demonstrava sinais de vitória. Tal atitude, fez com que mantivesse suas posses e títulos. Porém agora tendo sempre que se reportar a um membro da Autarquia, normalmente um Exarca do alto escalão. Para todos, era nítido que aquele regime ungido por uma força misteriosa estava de alguma maneira ligada aos eventos misteriosos ocorridos cem anos antes. 

A Tempestade de Estrelas 

A Tempestade de Estrelas, como diziam os estudiosos da Academia de Nova Gênesis, foi um evento no qual os Deuses entraram em conflito e do qual uma grande deidade emergiu. 

O Diáfano, concedia nitidamente a seus adoradores poderes miraculoso. E  rapidamente os milagres operados por seus seguidores trouxeram mais força àquela religião. Enfim, a família Van Driel sobreviveu aqueles anos turbulentos. E o primogênito Harm, finalmente havia concluído seus estudos formais e deveria assumir mais responsabilidade políticas. Por nascer em família de prestígio e estar intimamente ligado à ideologia vigente, o jovem teve acesso a pesquisas. Logo descobriu informações ligadas aos geodos arcanos e o grande Expurgo. 

Segundo havia estudado, a Tempestade das estrelas, espalhou por todo mundo conhecido a essência dos Deuses caídos no conflito. Tais vestígios de centelha divina, alteravam os locais onde eram encontrados e nitidamente permitiam aos mortais terem acesso a verdadeira magia. 

Antes deste evento, os Veneficus podiam controlar pequenas forças mágicas. Fazendo truques ou magia de pequeno impacto. Porém ao terem acesso às centelhas caídas do céu, podiam literalmente comandar energias poderosas ao custo de sua liberdade. Mas com o passar dos anos, podia-se perceber que os manipuladores de magia adquiriam traços monstruosos. Que estavam relacionados ao ambiente natural no qual as centelhas se ligavam. As almas dos Veneficus também ficavam ligadas àquelas centelhas e a sobrevivência dependia da proximidade dessas fontes de poder.

Com o passar das décadas as centelhas transformavam-se em formações cristalinas belíssimas. Momento no qual receberam o nome de Geodos Arcanos, nome pelo qual todos ligados à Fé Diáfana reconheciam. 

Tamanho poder não foi ignorado. Logo, houve necessidade de se estudar a fundo tais eventos e manifestações. Sendo assim tomaram a decisão que levou a caçada e a destruição dos mais poderosos Veneficus, evento conhecido como Grande Expurgo. 

A Queda do Veneficus Agrabav

Harm Van Driel estudou com afinco a história do Império. A fim de resgatar os grandes e decisivos momentos e se especializar como Autarca Inquisidor. Isto ocorreu no ano 115 Depois da Tempestade. O agora adulto e prestigiado membro da sociedade, era um dos membros de elite que acompanhavam as companhias responsáveis pelo Expurgo.

Naquele ano fatídico de 120 D.T., o Inquisidor foi destacado para Legião Agurad. O Exarca Joris Gerardus liderava o local. O objetivo principal daquela força militar era pacificar as montanhas Dol-Agurad. Assim permitindo que o Império tivesse a região norte assegurada a partir da cidade de Basil.

Havia na região muitas raças selvagens. E sabiam que um Veneficus tribal de nome Agrabav liderava e mantinha a Mata Velha como seu refúgio. Alguns batedores diziam que o bruxo havia imbuído toda flora e fauna da região com poderes. Logo, ele permitia a todos os seres daquele local um crescimento fora do normal. 

A campanha durou uma década, estavam agora no ano de 130 D.T. Mas finalmente os legionários Punhos de Prata cumpriram sua demanda. Chegaram a um grande círculo de pedras moldadas pela força da magia com acesso às entranhas da terra. Lá o Exarca Joris entregou sua vida para derrotar Agrabav, que nem lembrava o Orc que um dia havia sido. Em seu lugar apenas uma criatura de pedras, terra e raízes causava o caos.

Harm Van Driel teve acesso ao objeto que tanto mal causou naquela região. Além disso, e devido sua posição e urgência em pesquisar aquela fonte de poder.

A Autarquia deu todo suporte para que pesquisas e armas mágicas fossem criadas para garantir o avanço rápido das Legiões. Porém, sem que ninguém conhecesse a verdade por trás das brilhantes armas que abasteciam o alto comando.

O Véu da Mentira se Desfaz

Harm, aos poucos descobriu que o Expurgo em nada tinha relação com os temores que poderiam ser causados pelos poderes adquiridos dos Veneficus. Mas sim para garantir um suprimento de magia, necessária para a manutenção das guerras de conquista. 

Nenhum Geodo Arcano foi destruído, foram mantidos ocultos da visão da grande massa. Seus manipuladores eram mantidos na ativa até o momento crítico que se tornavam dependentes. Assim que isso ocorria, eram substituídos por novos e ávidos estudantes formados em Nova Gênesis. 

Harm, como Inquisidor, percebia o poder crescente. Mas valendo-se de sua influência, mantinha idas e vindas entre a capital e aquela região erma.

Foram duas décadas percebendo a demagogia e a podridão por trás daquele regime Teocrático. Percebia ser uma peça única que demonstrava resistência aos efeitos de dependência da pedra. Algo obtido principalmente devido às suas consultas aos tomos antigos e secretos da Academia. 

A cada ano, a revolta do Inquisidor crescia. Tornara-se o patriarca da família, tinha prestígio, tinha recursos . E mesmo assim a cada década sacrificava as mentes mais brilhantes do Império em prol da glória da Fé Diáfana que agora estendia sua sede de conquistas para mais e mais reinos.

Aquilo deveria parar, foi então que o agora velho Inquisidor, percebia o que deveria fazer. Ele entregou a si mesmo a magia do Geodo Arcano, de maneira permanente. 

Imbuiu um pequeno Goblin da região, um dos últimos líderes tribais, com uma força mística, dando a ele uma busca singular. Algo que poderia mudar os rumos da Magia de uma vez por todas. Portanto, garantindo que a insanidade que ajudava a espalhar de alguma maneira parasse. Dedicou sua fortuna ao financiamento de viagens e criação de assentamentos para aqueles que eram caçados pelo Império. E finalmente começou a reunir seguidores que discordavam da Fé vigente.

O Despertar

Harm Van Driel foi declarado morto em 178 D.T., há exatamente trezentos anos atrás. Havia sido incansavelmente caçado como Herege, aquele que trouxe desgraça para honrada família. 

Seus objetivos aniquilados, seus amigos executados, seu sonho tomado. Porém, aquele homem era diferente de todos os manipuladores de Geodos Arcanos. Ele havia se ligado de tal maneira a centelha que sua morte era impossível. Foi então que os grandes Exarcas da época decidiram enterrar fundo o segredo, e colocar proteções sagradas naquela tumba no círculo de pedras da Mata Velha. 

Nunca mais citariam ou referenciariam aquela ação e os tomos dessa saga foram guardados entre os pergaminhos mais secretos da Autarquia. No entanto em 478 D.T. finalmente Harm teve mais uma chance. Kobolds se instalaram no círculo de pedras, sua consciência despertou depois de um longo sono. E percebeu a presença das criaturas muitos metros acima de onde estava. As proteções mágicas tornaram-se enfraquecidas e sua mente não estava mais nublada. Ele lembrou de tanta coisa e principalmente de seu desejo por liberdade. Ele precisava que alguém cavasse, cavasse fundo para libertá-lo. E aquelas mentes fracas dos Kobolds poderiam ser guiadas. Daria a eles conhecimento, em troca queria libertação.

O dominador de magia antiga poderia finalmente ter uma chance de terminar algo de começou anos atrás. Mas as proteções da Fé Diáfana resistiam. Os pequenos Kobolds foram atacados devido um gatilho mágico disparado quando se aproximavam de seu corpo. Talvez não houvesse mais esperanças. Mas Harm era paciente, o tempo estava a seu favor e naquele mesmo ano, teria outra oportunidade. Orcs experientes com intenções similares derrotaram as criaturas e finalmente desciam a seu encontro. Havia apenas mais um desafio antes de sua libertação.

Harm Van Driel em breve estaria livre outra vez e sua vingança seria implacável!

Continua…


Sangue e Glória – Parte 7 –  Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull 
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de capa: Douglas Quadros 

Venha ser um Padrinho do Movimento RPG, e nos ajude a apresentá-lo a outras pessoas. Movimente essa ideia!

 

Vira-Lata Solitário – Resenha da HQ

Você conhece a HQ brasileira Vira-Lata Solitário?

Não? Como assim? Está esperando o que então? Corre nesse link AQUI e confere essa obra sensacional!

Ou, se preferir, te conto aqui um pouco mais sobre ela e a artista, e quem sabe isso não te empolga a ir conhecer?

Não te convenci ainda?

Ok. Então, que tal se eu te disser que, ali nas páginas dessa HQ, pode ter umas ideias sensacionais de personagens, cenários, narrativas e material de base para RPG?

Não te convenci ainda? Então vamos lá…

A Mercenário Steph Bittencount

 

LEGIÃO DAS SOMBRAS

O Universo de Legião das Sombras, criado e desenvolvido pela Ilustradora, Animadora, Cineasta e Quadrinista Stéffani Magalhães (artista nível épico!).

É um presente alternativo ao nosso, onde seres humanos e criaturas sobrenaturais convivem no mesmo espaço.

É nesse cenário tão semelhante, e ao mesmo tempo tão diferente de nossa realidade, que Stéffani Magalhães nos apresenta personagens cheios de personalidade, com uma narrativa cheia de violência e profundidade.

Particularmente, ver a cidade mineira de Ouro Preto servir como base para uma das histórias me cativou ainda mais, mineiro representado aqui!

O Universo de Legião das Sombras é onde se passam as histórias de Steph Bittencount em sua rotina de caçadas e bebedeiras. Mas será que é só isso mesmo?

VIRA-LATA SOLITÁRIO

Ouro Preto, 1994.

Steph Bittencount segue em sua rotina de caçadas e bebedeiras. Em um bar, acaba com um um bando de vampiros em mais uma “noite comum” da sua nova rotina.

Essa rotina porém muda quando recebe um chamado de seu amigo lobisomem Thalles Guaraxó, que perdeu o carro da sua chefe (uma criança de 700 anos de idade!) e que vai perder a cabeça também se não o recuperar.

O primeiro arco mostra a caçada da dupla aos ladrões de carros, com muita ação, violência, sangue, linguagem pesada, drogas lícitas e algumas cenas lindamente ilustradas!

Transformações em lobisomens, armas mágicas, vampiros, diálogos com demônios internos, dramas pessoais, uma narrativa completa com todos os elementos pra um verdadeiro clássico cult!

A arte da Stéff MBS, toda em preto e branco nas HQS, traz uma realidade sombria e elegante, em um jogo de luz e sombras bem peculiar e interessante.

O desenvolvimento dos personagens de Vira-Lata Solitário também se dá de forma muito interessante. Os diálogos e entrelinhas das situações passam as informações necessárias para entender a cena.

Sem a necessidade de usar uma “personagem palestrinha” pra explicar o que está acontecendo, o roteiro consegue dar o tom da narrativa de forma fluida, seja através do diálogo da dupla principal, dos conflitos pessoais na mente de Steph Bittencount, ou simplesmente pelo desenrolar da ilustração.

Outra característica muito interessante é a falta de pudor na narrativa.

A artista não se poupa e nem se censura em momento algum, seja nas palavras dos diálogos ou no visual das cenas, o que deixa tudo ainda mais chamativo e empolgante.

Steph Bittencount e Thalles Guaraxó

VIRA-LATA SOLITÁRIO E RPG

Se tem uma coisa que me veio à cabeça no momento em que comecei a ler foi: isso é um puta cenário de RPG!

É possível adaptar o cenário para outros sistemas já existentes, como Lobisomem o Apocalipse, mas também é possível usar o cenário criado pela Stéffani Magalhães de forma independente.

A HQ dá uma boa ideia de como funciona a realidade do mundo de Legião das Sombras, e tanto Steph Bittencount quanto Thalles Guaraxó tem informações suficientes para criar suas fichas e poderes.

Utilizar nossa realidade como base, acrescentando mitos, lendas e criaturas também fortalece a facilidade de adaptar o cenário e as personagens da artista.

Diz aí, Vira-Lata Solitário é uma HQ fantástica, de uma artista incrível, com ideias excelentes para aventuras ou cenários, não é?

Que tal então transformamos isso em realidade?

Deixa aqui nos comentários o que você achou dessa obra!

Não se esqueça de conferir a HQ Vira-Lata Solitário, conheça outros trabalhos da Stéffani Magalhães e comente se você quer uma adaptação dessa obra aqui no Movimento RPG!

 

 

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