Senhor dos Anéis – Biblioteca Arkanita

Esta semana, a iniciativa da Biblioteca Arkanita apresenta o netbook Senhor dos Anéis, de Júlio César “Gandalf” da Silva e Fabrício Botelho, adaptando a revolucionária trilogia de Tolkien para o Sistema Daemon. Com a estreia da série Anéis do Poder descrevendo eventos da Segunda Era, este netbook vem para auxiliar no entendimento da geografia, raças, deuses e eventos da Terra-Média da trilogia Senhor dos Anéis, popularizada no cinema por Peter Jackson.

Conteúdo do netbook

O netbook Senhor dos Anéis apresenta as seguintes informações:

  • Conceitos Básicos de RPG, apresentando todos os termos mais importantes e seus significados para sessões de RPG, e mais especificamente sobre o Sistema Daemon. Ao longo do netbook, todas as regras necessárias para construir personagens e conduzir campanhas via Sistema Daemon estão disponíveis.
  • A História conhecida da Terra-Média, narrando os principais eventos da Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Eras.
  • Raças, com regras para jogar com Humanos, Hobbits, Elfos e Anões – o nível de descrição de cada raça é muito alto!
  • Um passeio pela Terra-Média, descrevendo reinos e pontos geográficos de relevância em todo o mundo conhecido como Terra-Média.
  • Magia, explicando como os poderes mágicos são acessados e praticados no universo de Senhor dos Anéis.
  • Religião, com uma breve descrição dos deuses Valar (incluindo Melkor, que se corrompeu e passou a ser chamado de Morgoth, o principal antagonista em todas as Eras).
  • NPCs, com as fichas dos principais personagens da trilogia Senhor dos Anéis no cinema: Frodo, Sam, Merry, Pippin, Aragorn, Boromir, Legolas, Gimli, Gandalf, um Nazgûl genérico e Saruman.
  • Ficha de Personagem, com design inspirado em Senhor dos Anéis.

Você pode baixar este netbook aqui mesmo na Biblioteca Arkanita. Clique aqui para iniciar o download do netbook. E continue acompanhando as postagens semanais da Biblioteca Arkanita para outros grandes netbooks como Senhor dos Anéis!

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Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

A Amazon Prime Vídeo Brasil acaba de abalar as estruturas da Terra Média e lançar um teaser trailer da mais nova e tão aguardada série do universo de Senhor dos Anéis.

Com lançamento previsto para 2 de setembro de 2022, Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder promete trazer muito conteúdo para as telas, pois com um orçamento básico de valor aproximado a US$ 465 milhões, algo em torno de R$ 4,5 BILHÕES em conversão atual, essa série promete mesmo… e muito!

Quer ver logo esse teaser trailer? Clique aqui, mas antes deixe seu comentário, o que você espera dessa série? Será que Fëanor vem por aí?

Será que veremos Fëanor a criação das Silmarils?

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RPG É Espaço Para Militância? – Off-Topic #13

Existe espaço para militância dentro do RPG?
Dentre todas as questões possíveis de serem abordadas, será mesmo válido abrir esse espaço para militância?
E entre todos os conceitos abordados, o que podemos considerar como sendo militância?
Podemos considerar o RPG, além de diversão, uma ferramenta de estudos sociais?
Que tal ponderarmos um pouco sobre o RPG e como ele vai muito além de uma simples ferramenta de diversão?

 

ESPAÇO PARA MILITÂNCIA?

O que podemos considerar como sendo um espaço para militância?

Primeiramente, o objetivo é definir o significado de militância. Segundo o dicionário:

  1. qualidade de militante
  2. defesa ativa de algo, principalmente de uma causa ou de um partido, atividade militante
  3. atitude das pessoas que trabalham ativamente por uma causa ou uma organização

Com essa definição em mente, podemos entender que qualquer causa ou ponto de vista, defendido de forma sistemática e ativa, é uma forma de militância.

Mas como isso pode ser levado para dentro das mesas de RPG? Será que existe um sistema ou modelo de jogo próprio pra isso?

Se analisarmos bem a fundo, e considerarmos que uma pessoa militante o é ativamente de forma constante, e de certa forma em tudo que faça, como essa pessoa deixaria de lado sua militância ao jogar RPG?
Será que podemos de fato isolar totalmente o que conhecemos e compreendemos do mundo ao fazer nossos exercícios de imaginação?
Não seria o RPG uma réplica do que imaginamos ou como concebemos o mundo e o que conhecemos?

Quais militâncias e de que forma elas podem estar inseridas ou presentes nas jogatinas e mesas?

 

ESPAÇO PARA MILITÂNCIA ÉTNICA

A militância étnica acontece em praticamente todos os jogos.
Em todos os cenários de fantasia, existem inúmeras raças e etnias. Peguemos como exemplo o cenário de Tormenta, suas inúmeras raças e localizações.

Quando falamos do preconceito que Elfos sofrem, ou de como Tamuranos precisaram se refugiar após a queda de Tamu-ra, estamos abrindo espaço para assuntos étnicos.
Existe de fato uma raça superior? Inferior? O que determina que a diferença impeça a convivência? É possível viver com respeito?
A obra de Tolkien aborda também essas questões, já que de todas as raças e povos da Terra-Média, foi justamente um Hobbit quem foi encarregado da missão de destruir o Um Anel. E ele não estava sozinho, já que Magos, Anões, Elfos e Humanos se uniram ao jovem Frodo.
Se é possível, e em muitas vezes necessário, unir povos, raças, etnias e culturas diferentes no jogo, por que não usar essa pluralidade para ceder um espaço de militância?

E se for uma sessão, por exemplo, de X-Men? É possível mesmo separar toda a militância da questão Mutantes x Humanos? E como não correlacionar isso com a xenofobia e o racismo que existem no mundo real?

RPG é um dos espaços mais plausíveis de se abordar esses assuntos, de forma natural e não tendenciosa, proporcionando Bleedings onde a parte “opressora” pode assumir o papel da parte “oprimida” e vice-versa! Nada mais educativo que “sentir na pele” a situação, não é mesmo?

 

ESPAÇO PARA MILITÂNCIA POLÍTICA

Esquerda? Direita? Centro? Isento? Monarquia? República? Ditadura?
Sério mesmo que isso não tem espaço pra uma mesa de RPG?
Pode ser que de fato não tenha espaço para politicagem. Partidos e candidatos do nosso mundo real, em via de regra, não são os mesmos dos mundos fictícios que jogamos.
Mas política é sim um assunto vital e necessário nos jogos como um todo.
O Mundo das Trevas inteiro, por assim dizer, é um grande e imenso cenário de políticas! Seja o esquema monárquico da hierarquia de Vampiro a Máscara, com seus espaços para embates contra Anarquistas, e ainda a disputa ideológica entre Camarilla e Sabá. Sim, querides, isso é pura política!!
Quando pegamos novamente Senhor dos Anéis, e vemos a formação da Sociedade do Anel, a aliança entre Rohan e Gondor, a batalha dos Ents, tudo isso é política!
Se pegarmos novamente Tormenta, toda a ideia do Reinado, de suas divisões, de suas políticas soberanas, das discrepâncias de leis e governos, tudo isso é política!

Concordo que pode não haver espaço para militância quanto a conceitos, termos e estados atuais. Mas dentro do RPG é possível abordar as relações de como seria um bom governo, das formas diferentes de governos que existem, dos diferentes regimes e tudo mais.
Novamente, podemos aplicar um Bleeding para mostrar como um governo ditatorial funciona, o que de fato deveria ser uma república, as diferentes formas de monarquia, a distância entre governo e população e muito mais!

Se a política está presente em filmes, animes, games, quadrinhos, músicas, séries e em todas as formas de consumo da cultura pop, por que seria diferente com o RPG?

 

ESPAÇO PARA MILITÂNCIA DE GÊNERO E/OU SEXUALIDADE

E quanto à questão de gênero? Será que existe espaço de militância para tal dentro do RPG?
Nesse aspecto em específico, talvez exista o espaço não apenas dentro, como também fora do RPG!
Convenhamos, é notória a situação machista e tóxica do cenário nerd/geek no mundo né? Não são raros os relatos de mulheres ou LGBT+ que sofrem preconceitos pura e exclusivamente por conta de gênero e/ou sexualidade.

E novamente, é algo que está muito presente nos cenários e nas tramas de RPG.
Quando vemos situações como, por exemplo, “Elfos não serem uma raça legal de jogar por serem muito “afeminados””, ou certas personagens serem deixadas de lado por serem “mulheres”, está ali a questão de gênero e de sexualidade.
Mesmo cenários mais densos como Lobisomem o Apocalipse aborda demais essa questão, já que uma de suas principais tribos, as Fúrias Negras, são uma tribo exclusivamente feminina, e que os Filhos de Gaia muitas vezes são retratados como “inferiores” por outras tribos justamente por sua tolerância, ali também está o espaço para militância.

E fora das mesas de jogo, é muito comum, como já citado no artigo sobre Preconceitos e Fobias RPGistas, que mulheres e LGBT+ precisem, de fato, ter espaços separados e próprios para que possam jogar de forma tranquila e sossegada. Isso é o cúmulo do preconceito!

Até poucos anos atrás, ter um nome feminino ou assumidamente LGBT+ era algo totalmente fora que questão, mas hoje em dia talentos como a escritora Karen Soarele, a quadrinista Érica Awano, a youtuber Anna Schermak,a streamer Amedyr e Stephan Martins, ativista LGBT+ não-binario e host do canal Ordem do Dado, não apenas são uma realidade, como também parte essencial do cenário RPGista.
E esse cenário nunca mudaria, e nem estaria como está hoje, se uma abertura para a militância de direitos nunca acontecesse!

 

ESPAÇO PARA MILITÂNCIA ACIMA DE TUDO?

Mas então isso quer dizer que o RPG deve ser um espaço de militância acima de tudo e de todos?
Não. De forma alguma. Em hipótese nenhuma.

O RPG é um instrumento, uma ferramenta, e como tal, seu uso e funcionalidade estão limitados apenas pela imaginação!

Imaginem uma faca. Seu uso “correto” ou tradicional, é para cortar. No entanto, é possível usar uma faca para apertar um parafuso, como espátula para espalhar a margarina no pão, para fazer uma marca em algum lugar, para aquecer e fazer furos em garrafas plásticas…
A faca é uma ferramenta, e quem a usa determina a forma e objetivo de uso que preferir.

O RPG é a mesma coisa! É uma ferramenta, e como tal pode ser usado apenas para a pura e simples diversão, assim como também pode ser usado para ensino, ou até mesmo militância!
O que eu não concordo, e acho que não deveria existir, é o engessamento da ferramenta como algo de uso exclusivo!
Lembremos sempre da regra máxima: “o combinado não sai caro”. Em tendo isso em mente, transformemos o RPG em mais que apenas uma ferramenta básica, mas uma ferramenta multifuncional cheia de espaço para militância e aprendizado!

Cenas de jornada mais interessantes

Poucas imagens na ficção são mais evocativas ou despertam mais a imaginação do que a da jornada por terras distantes, povos diferentes e ruínas esquecidas. Seja nos filmes de Star Wars, nos jogos de Final Fantasy ou nos livros do Senhor dos Anéis, a viagens é um dos pontos centrais de toda grande história.

Contudo, na maioria dos jogos de rpgs, existe pouca ou nenhuma discussão de como tornar a jornada num ponto essencial durante uma aventura. Na maioria das vezes, a jornada se transforma apenas num cálculo mecânico de variáveis quantitativas relacionadas a uma viagem: a distância a ser percorrida, o deslocamento do grupo por dia, os mantimentos, os animais de carga etc.

No livro do mestre de AD&D 2ª edição, por exemplo, existe um capítulo dedicado inteiramente para ‘Tempo e Movimento’, detalhando minuciosamente a movimentação por terra, por mar, uso de montaria, como cuidar dos animais de carga e até mesmo como construir um calendário. Contudo, não existe nenhuma descrição de como construir uma cena de jornada semelhante ao que vemos nas obras fantásticas. Esse tipo de conduta, com ênfase nos aspectos logísticos da jornada ao invés de nos aspectos possíveis de narrativa, se repete da mesma forma na maioria dos rpgs.

Cenários fantásticos – Uma jornada é mais que testes de sobrevivência –

O máximo que se discute é sobre sobrevivência e encontros aleatórios. No que diz respeito à sobrevivência, tudo acaba sendo resumido a algumas jogadas de dados para ver se os personagens conseguem se manter no caminho, se eles conseguem comida suficiente ou coisas do gênero. Normalmente, tais jogadas tem pouco a ver com o andamento da aventura, e funcionam mais como algo mecânico do que uma parte importante para a narrativa. Já encontros aleatórios seriam os acontecimentos inusitados que aconteceriam durante a viagem. Normalmente, estes encontros são reduzidos a combates contra monstros errantes – bem ao estilo clássico dos rpgs eletrônicos como Final Fantasy. Contudo, tabelas de encontros aleatórios podem conter também desastres naturais (chuvas, tempestades, deslizamentos de terra), encontros sociais (mercadores andarilhos), lugares (encontrar casas abandonadas, ruínas perdidas) e mesmo problemas (como falta de comida, doença, cansaço).

Com isso, podemos ver que estes dois detalhes – testes de sobrevivência e encontros aleatórios – proporcionam um pouco mais de vivacidade para os momentos de jornada durante uma aventura. Contudo, ainda não são suficientes para engajar os jogadores. As jogadas de sobrevivência são muito mecânicas, enquanto que os encontros aleatórios estão independentes das ações dos personagens, ocorrendo simplesmente por acaso.

Como então fazer para ter uma cena de viagem como vemos, por exemplo, no livro do Hobbit, quando os anões tentam montar acampamento e falham em conseguir acender uma lareira? Ou então as cenas entre Gollum, Sam e Frodo quando eles viajam em direção à Mordor, por escarpas perigosas e quedas traiçoeiras? É verdade que tais cenas poderiam ser simuladas simplesmente com interpretação, mas seria possível usar uma mecânica de jogo que pudesse auxiliar nesse processo?

Eis que entra em cena o rpg ‘The one Ring’ (em português, O Um Anel), um dos primeiros (e talvez o primeiro) rpg a tomar a jornada como um dos pontos centrais de uma aventura de rpg – tendo igual peso ao Combate e às jogadas de Socialização. As mecânicas do sistema buscam simular todas as viagens que lemos e vimos nos livros e filmes do Senhor dos Anéis e do Hobbit, tanto em seu aspecto logístico quanto o seu aspecto narrativo.

Falando em poucas palavras, o The One Ring exige que, antes de empreender uma jornada, o grupo veja quantos dias de viagem ela durará. A partir do número de dias se estabelece quantos ‘Testes de Viagem’ o grupo terá de fazer durante a jornada. Esses Testes de Viagem poderiam ser comparados aos testes de sobrevivência de outros sistemas, onde o nível de dificuldade da viagem iria variar a depender de quão perigoso e hostil for o lugar por onde os personagens estiverem passando.

Daí, sabendo quantos testes de viagem serão necessários, o grupo deve decidir quais dos personagens irão preencher as posições do grupo: caçador, batedor, vigia, guia etc. Depois de tudo acertado, os jogadores fazem os testes de viagem. Cada teste de viagem indica uma etapa da jornada, durando vários dias. A partir do resultado dos testes, o Mestre pode invocar uma complicação (caso os testes tenham sido ruins) ou até mesmo uma vantagem (caso tenha acontecido algum sucesso fenomenal nos testes).

Por exemplo, supondo que os jogadores queiram fazer uma jornada através de uma cordilheira de montanhas, a qual durará 10 dias e necessitará de 3 testes de viagem. no primeiro teste de Viagem, o caçador do grupo falhou em seu teste. Assim, o mestre pode invocar uma cena de complicação relacionada à caça. Por exemplo, o mestre pode colocar o caçador no meio de uma caçada onde ele descobre que o cervo que ele caçava estava sendo vigiado por um leão o qual, irritado com a presença do caçador, o ataca. Ou então o mestre pode dizer que parte da caça que ele caçou estava doente, o que faz com que metade do grupo tenha fortes enjoos e náuseas. Já no segundo teste de Viagem, vamos supor que o Guia tenha um sucesso crítico. O Mestre diz que o guia encontrou um atalho esquecido pelas montanhas – um túnel esquecido. Então, o narrando uma pequena sessão de exploração do grupo através desse túnel, os jogadores conseguem atravessar rapidamente o caminho e terminam a viagem muito mais rápido – não precisando rolar o 3º teste de viagem.

Viagens permitem a interação com o mundo do jogo (Forest Bridge por Pavel Elagin)

 

Como pode-se ver, essa maneira de lidar com Jornada é bastante engajante para os jogadores. Diferente de um teste genérico de Sobrevivência, cada personagem acaba tendo sua função e contribuindo para o jogo. Ao invés de os eventos serem aleatórios, eles são motivados pelos tipos de testes feitos pelo grupo E para cada uma das várias posições de exploração (batedor, guia, caçador, vigia), existem vários tipos de complicações e vantagens que podem acontecer, e várias cenas que podem ser invocadas. As viagens se tornam parte integrante da aventura, e o Mestre pode caprichar na descrição do terreno e do ambiente, imergindo ainda mais os jogadores dentro do universo do jogo.

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Até a próxima.

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