O Legado – Fantasia heróica e urbana

O Legado é um RPG de fantasia heroico urbano. Afinal se passa em uma outra versão de nosso mundo. Sendo assim,  uma versão na qual criaturas sobrenaturais e magia existem, ainda que não percebidos por todos… 

Ou quase todos… 

Existem seres humanos que, por alguma razão, descobrem que dentro de suas almas existe a centelha do poder divino. Nesse sentido aquilo que popularmente é conhecido como “Deus”: a Criação

Ao descobrirem tal poder dentro de si, eles se tornam “Herdeiros da Criação” ou simplesmente “herdeiros “. Logo,  despertam para o mundo invisível do místico e do sobre-humano. Logo, passando a poder interagir com as criaturas mágicas diversas

Além de despertarem poderes que lhes aproximam destas:

Mas o que é este poder divino? De onde ele vem? 

Em O Legado este poder, como dito, vem de um ser popularmente conhecido pela humanidade como “Deus”. Na verdade, muitos estudiosos Herdeiros teorizam que existem duas entidades primordiais

  • uma Criadora, uma energia de pura construção e vida, 
  • outra de pura Destruição, caos e destruição. 

A Criadora construiu toda a existência, com destaque a sua maior obra: os seres vivos, seres capazes de agir e interagir com toda a criação. Dentre estes, sobressaem-se aqueles que eram a imagem e semelhança da Criadora: seres humanos. Todas estas criaturas da vida foram colocadas em um místico paraíso chamado Éden. 

Nesta magnífica terra, os humanos viviam lado a lado com as mais diversas formas de vida.  Como animais e plantas tão conhecidas nossas. Porém, havia uma outra mais fascinante: os seres mágicos. 

Eram estas criaturas capazes de manipular a própria energia cósmica da criação, chamada de magia, e que estavam ali para ensinar os humanos tal proeza.  

A Criação de Édan

Porém, a outra entidade também desejava criar, apesar de sua essência ser oposto a isto. Ela tentou recriar o Éden e os seres vivos da Criadora, copiando-os. Mas gerou apenas uma distorção chamada Édan, habitado por seres sem o mínimo da graça divina dos seres vivos: os demônios. Desesperada, a outra entidade resolveu declarar guerra a criação e passou a ser conhecida como a “Adversária”. 

Por outro lado, ela corrompeu parte dos anjos da Criadora, em especial, a Estrela da manhã, Lúcifer. Este, por sua vez, corrompeu os humanos e conseguiu fazer com que o Éden desaparecesse. Deixando aqueles e os demais seres vivendo em um mundo sem abundância, de constantes necessidades e risco de morte. Entretanto, o próprio Lúcifer e os anjos traidores foram pegos pelas forças celestiais e, como punição, ficaram trancados no Édan, eternamente. Lúcifer ficou revoltado, e se uniu de uma vez por todas com as forças da Adversária e declarou guerra aos céus. Enquanto isso, no novo mundo, humanos agora tinham que competir com todos os demais seres para sobreviver, inclusive com as criaturas mágicas. 

A voz da Criadora além do tempo

Era uma luta desleal e a raça humana teria desaparecido se não fosse por um ato de misericórdia da própria Criadora. Ela pronunciou uma palavra incompreensível, porém ouvida por todos os humanos. Tal palavra fez revelar neles uma fagulha do poder cósmico da própria criação. 

Quando a Criadora fez os humanos a sua imagem e semelhança, ele teria ido mais além. Em resumo ela teria colocado nas almas humanas uma fração do seu próprio poder, que permaneceria latente ali. Porém, o suficiente para intimidar as criaturas mágicas. Dessa forma, os humanos ficaram alheios a todo o mundo mágico que os cercavam, e assim foi por eras: ninguém mais se lembrava das antigas histórias sobre o Éden e a magia. 

No entanto, em algum momento, o poder de algumas almas acordou e revelou este mundo para algumas pessoas. Estas pessoas descobriram que seriam capazes não apenas de ver o mundo como ele é de verdade. Mas também poderiam despertar poderes antes inimagináveis para um humano. Eles descobriram em si, o Legado da criação…

O que é o Herdeiro no mundo? 

Uma vez despertado, o ser humano torna-se um Herdeiro: mortais que descobrem a centelha divina em suas almas e conseguem extrair delas poderes místicos.

Alguns são capazes de abrir fendas no chão com seus punhos, outros são capazes invocar elementos da natureza. Outros serão mais discretos e desenvolveram habilidades que lhes permitam suprimir sua presença, ou ver além da mera visão mortal.

Alguns ainda poderão realizar verdadeiros milagres, desde curar uma ferida até trazer alguém de volta à vida. Os mais poderosos serão capazes de controlar a própria energia da criação, distorcendo a realidade ao seu favor.

Tudo isto são possibilidades para aqueles que despertam. Mas, não é legal deixar o poder subir à cabeça e pensar ser invencível. Pois existem inúmeras ameaças à espreita. Se por um lado o poder de todos os Legados da humanidade unidos afastou as criaturas fantásticas. Muitas dessas rompem este véu intimidatório e figuram verdadeiras ameaças à humanidade. 

Demônios 

Demônios são seres de puro desprezo, rancor e inveja que pretendem corrigir o erro de suas existências capturando almas humanas e extraindo delas seus Legados. Fadas podem ser belos seres, mas muitas delas possuem um mórbido senso de justiça que podem levá-las a verem humanos como um grande equívoco da natureza, exterminando-os sempre que podem. Uma terrível energia de anti-vida pode se manifestar e transformar o que era vivo em um ser não vivo que busca consumir a energia vital da Terra. Bestas místicas e irracionais vagam pelo mundo dizimando centenas de pessoas para saciar sua fome ou seu ímpeto por destruição. Todas estas são os possíveis quadros de adversários com os quais os Herdeiros poderão se deparar.

Caberá a estes mortais despertos impedirem que o mundo vire um caos e garantir que a humanidade ainda não desperta possa viver tranquilamente. Mesmo que rodeada por seres tão poderosos e potencialmente agressivos. Ser um herdeiro é ser um guardião da humanidade, estar pronto para impedir que estas criaturas façam do nosso mundo seu parque de diversões. Claro que há herdeiros que fogem a esta regra e acabam deixando todo este dever de lado ou até mesmo se tornando um dos vilões, mas, no geral, Herdeiros serão campeões da humanidade. 

Como construir um Herdeiro

Em O Legado, um Herdeiro é construído a partir de três grandes escolhas: 

  • Ancestralidade;
  • Casta; 
  • Roda da Vida.

A Ancestralidade

É  a sua origem genealógica, de quem você descende. Você pode ter ancestralidade angelical (Nefilins), demoníaca (Cambions) e humana. Sendo assim, das ancestralidades, você ainda poderá estar dentro de uma linhagem. Por exemplo, um mortal com ancestralidade angelical pode descender da linhagem dos anjos guardiões (grandes soldados e guerreiros celestiais), virtuosos (anjos da guarda) ou das dominações (os juízes dos céus). Os descendentes de demônios podem ser de linhagem feiticeira (descendem de Incubus e Sucubus), Cavaleira Sombria (guerreiros e soldados invernais) ou Inquisidores (torturadores ou investigadores infernais). E por sua vez, os humanos podem ser ordinarius (Comuns), messiânicos (descendem de grandes figuras bíblicas, como rei Davi) ou atlantes (humanos que pertenceram ao continente perdido).

A Casta

Em seguida, será a hora de escolher sua Casta. A Casta é o tipo de Herdeiro que você é, sendo verdadeiros arquétipos baseados em nossa cultura pop. Em termos comparativos, a Casta seria algo como as classes de RPG de fantasia medieval. Ao todo, são cinco Castas: 

  • Caçadores: são Herdeiros que se especializam em habilidades táticas, de rastreio e perseguição a criaturas sobrenaturais. Sem mencionar que Caçadores tendem a se unir e formar uma rede de ajuda mútua no melhor estilo Supernatural.
  •  Gladius: são herdeiros guerreiros, com incríveis habilidades físicas e combativas, capazes de enfrentar de igual para igual grandes bestas, igual ao Dante da franquia Devi May Cry.
  • Magos: são Herdeiros que descobrem a magia e o segredo de conjurar poderosos rituais e feitiços modelando a própria realidade.
  • Notívagos: são Herdeiros sorrateiros, nascidos nas sombras e que geralmente despertam porque precisam fugir de alguém ou alguma coisa sobrenatural que os perseguem. Por exemplo, pense na criança que vê gente morta ou um monstro debaixo da cama e ninguém acredita.
  • Profetas: Herdeiros que recebem uma revelação de entidades superiores e agora possuem uma missão a cumprir na Terra, adquirindo a habilidade de conjurar incríveis milagres para lhe ajudar nesta empreitada.

A Roda da Vida

Por último, tem-se a roda da vida. Trata-se daquilo que determina no que você é bom, mediano e ruim. Ela é uma roda de quatro espaços que indicam o quão bom são suas características. Existem quatro tipos de características básicas que representam as habilidades dos personagens em O Legado: 

  • Atributos: são características básicas que toda e qualquer pessoa tem, independente de aprendizado. Representam diversas aptidões físicas e mentais. Ao todo são oito: Força, Constituição, Destreza, Agilidade, Inteligência, Astúcia, Vontade e Carisma.
  • Perícias: são conhecimentos técnicos ou habilidades treinadas que o personagem pode adquirir com estudo ou treino, tais como Acrobacia, Conhecimentos, Engenharia, Persuasão, entre outras.
  • Particularidades: são características que dão maiores especificidades aos personagens, são suas vantagens e desvantagens.
  • Poderes: são as habilidades místicas dos personagens.

Todo Herdeiro tem uma roda da Vida que é montada de forma a criar uma ordem de importância dessas características. Para isto, deverá ser colocada cada uma dessas características nos quatros espaços da Roda:

  • No primeiro, que fica no topo, você deverá colocar a Característica na qual você quer se destacar; 
  • No meio, você colocará duas características nas quais você é mediano; 
  • Na base, vai colocar a característica na qual você é péssimo.

Regras básicas

O Legado se utiliza do dado de 100 faces, ou seja D100, que pode ser representado por dois D10: um para dezena e outro para unidade. 

Você deverá rolar o D100 e obter um número igual ou inferior a pontuação de sua respectiva Característica. Então, se você tem a Perícia Furtividade com uma pontuação de 50%, você deverá rolar um D100 e obter nele um valor igual ou inferior a 50 para ser bem-sucedido.

Além do mais, O Legado conta com um sistema de combate baseado em Combos! Em seu turno, você poderá atacar até três vezes seguidas, sendo o ataque seguinte sempre mais difícil que o anterior. Caso acerte os três ataques, você encaixa uma super sequência de golpes que, além de todo o dano, terá ainda uma finalização que dará um efeito a mais. Este efeito pode ser desde um incremento no próprio dano como também poderá ser uma situação difícil para o inimigo,como paralisá-lo ou deixá-lo sangrando por exemplo.

O Legado traz consigo uma grande carga de experiência, responsabilidade e dedicação dos jogadores. Dessa forma indicamos para os admiradores de histórias épicas e personagens de construção sólida. 

Bom jogo aventureiros.

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Égide da Tempestade – Parte 6 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Égide da Tempestade – Parte 5 a comitiva continua na extenuante viagem. Dargon está impressionado com o poder que a Fé concedeu ao Exarca Soren. Mas sua própria fé ainda será testada em sua jornada. Fique agora com Égide da Tempestade – Parte 6

Égide da Tempestade – Parte  6

Maus presságios.

A jornada pela estrada régia persistia e como um sinal de mau presságio o tempo começou a castigar a todos. Já era o segundo dia com chuvas torrenciais, algo atípico para aquela época do ano. A estrada apesar de mal cuidada ainda mantinha-se firme, uma lembrança agradável dos dias de glória do Império. Porém, assim como ele, dava sinais claros que a inércia dos responsáveis pela manutenção causava prejuízos nítidos quando a análise ocorria a longo prazo. 

Fora, as divagações, o Exarca Soren refletia consigo até que ouviu o chamado do centurião Dargon, indicando que haviam chegado a outra estrutura comunal usada pelos antigos destacamentos de vigilância das estradas. Assim como esperavam, a construção estava em péssimo estado, porém com algum esforço poderia servir de guarnição fortificada. 

Os esforços naquela noite foram maximizados pela agressividade do temporal. Não havia outra alternativa ao experiente líder daquela companhia a não ser permanecer naquele local por mais tempo, até que as chuvas dessem uma trégua. Ainda durante a madrugada, Soren começou a rascunhar ordens e pensar na melhor utilização daquele local. Implorou por iluminação e recebeu uma resposta misteriosa. Ele sabia que teriam que permanecer naquele local por uma semana, não entendia a natureza do presságio, mas ele era um homem de fé, algo diferente de toda estrutura de poder que o circundava e ao qual ele firmemente criticava. Permanecia firme a outros dogmas, outros juramentos e por isso seus vínculos pareciam tão diferentes de outros Exarcas.

Soren chamou Dargon para uma conversa. O centurião prontamente atendeu ao chamado mas não conseguia esconder sua curiosidade, ainda mais por conta do momento da madrugada ao qual fora convocado. 

-Dargon, peço desculpas pelo incômodo, mas preciso conversar sobre nossa atual situação. 

-Estamos sob seu comando. Adianto que tentamos avançar com os trabalhos para organizarmos uma área fortificada, mas infelizmente estamos lutando contra a exaustão e as forças da natureza.

-É exatamente sobre isso que desejo conversar. Não temos condições de avançar para Madras nesse momento. Precisamos permanecer neste local, amanhã você passará ordens aos soldados para derrubarem árvores e iniciarem os reparos deste local no qual estamos, dará ordens para construírem estruturas básicas de vigília, cavarão um fosso que será preenchido com estacas. Precisaremos utilizar nossos esforços nesses trabalhos, apesar do mau tempo. Quero que confie em minha decisão, pois nossa sobrevivência e verdadeira função nesse campo de ações será definido pelo passos cuidadosos que daremos. 

Um servo de pouca Fé

O centurião estranhou aquela postura e questionou a decisão.

-Estaremos cercados se permanecermos parados aqui, não compreendo sua decisão.

Soren continuou:

-Já estamos cercados há muito tempo e já havia citado isso a você. A tempestade traz mensagens ocultas, eu entendo e leio estes sinais por tempo demais para compreender que precisamos parar aqui. Você não está entendendo, não conseguiremos irem além deste ponto! Aqui teremos uma revelação de vida ou morte e por isso desejo que todos os dias você utilize seu tempo para progredirmos em nossas conversas.

O centurião assentiu e pediu permissão para retornar ao descanso. Durante aquela noite Dargon não conseguiu retornar ao sono, além da tempestade e preocupações, a fala do Exarca o deixou mais atento. 

Havia naquelas palavras tanta insuspeição que o Minotauro sentiu receios em relação ao que poderia estar esperando todos em Madras. Levantou-se ainda antes dos primeiros raios de luz e procurou seu melhor batedor, cedeu-lhe a melhor montaria que tinham e ordenou que viajasse até os arredores da próxima vila, trazendo informações. O batedor escolhido conhecia trilhas antigas e disse que tentaria fazer o melhor que pudesse, mesmo porque qualquer caminho seria um terreno de difícil avanço, porém a segurança urgia por caminhos ocultos. Equipamentos foram cedidos e ele partiu.

O centurião voltou a suas responsabilidades e durante todo o dia mantiveram as ordens recebidas por Soren.

Já ao cair da noite o Minotauro retornou para diálogo com o Exarca, que permaneceu isolado em seus aposentos.

Assim que adentrou o ambiente, Dargon percebeu sinais de cansaço físico extremos ao velho servo divino. Durante horas Soren retomou ensinamentos básicos sobre a Autarquia e sobre a Fé Diáfana. Aquele momento era agradável, pois havia domínio e paixão naqueles ensinamentos proferidos. Parecia que uma pessoa ou energia diferente operava pelo corpo cansado do velho combatente da Fé, mas ainda assim persistia com afinco em seu ofício.

Revelações divinas

Permaneceram nesses momentos de reflexão até o terceiro dia, momento no qual a ira da natureza demonstrava sensível redução e também momento de retorno do batedor enviado.

Dargon rapidamente foi ao encontro do homem, que parecia aterrorizado.

-O que encontrou em Madras?

O batedor respondeu:

-Encontrei nossa morte, meu líder! Existem homens, Orcs, Kobolds, Goblins e muitas criaturas selvagens trabalhando juntas, você acredita? Juntas! A cidade parece uma grande fortaleza móvel com tantos homens, armas de cerco de seres que mais parecem aríetes vivos. Eu contei uma força aproximada de 400 soldados, bem armados e preparados para luta além é claro das criaturas, pelo menos 50 de variados tamanhos. Não teríamos a menor chance contra aquela força e sinceramente não deve ser nem a força principal. Pelo Grande Deus, se tivéssemos prosseguido, já estaríamos mortos. Temos que recuar para o mar senhor. Basil está perdida, não existem caminhos que levam a cidade.

O centurião abateu-se com a informação e repentinamente Soren se aproximou, não disse nada, apenas olhou para ambos e fez sinal para retornarem às atividades. 

Dargon olhou para seu comandante e seu respeito ganhará novo patamar, deveria sim confiar nas palavras daquele verdadeiro servo divino. Iriam esperar o tempo necessário para encontrarem a revelação.

Continua…


Égide da Tempestade – Parte 6 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Douglas Quadros

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Égide da Tempestade – Parte 5 – Contos de Thull Zandull 

Anteriormente em Égide da Tempestade – Parte 4, a tropa do Exarca Soren sofreu o ataque dos Orcs que estão ao lado do Veneficus ancião, e a consequências desse encontro podem atingir Dargon. Fique agora com Égide da Tempestade – Parte 5.

Égide da Tempestade – Parte 5

Um campo de dor

Aquela manhã estava tomada pelo cheiro acre de sangue da batalha ocorrida na madrugada. Mas não era apenas esse o odor de combate. Misturava-se a ele impressões olfativas provenientes da carne queimada, urina e fezes, algo comum quando barrigas são abertas por violentos golpes de lâminas, ou mesmo quando o medo se apodera do corpo, gritando por fuga em momentos decisivos. 

Compondo esta cena tétrica, homens suados e cansados caminhavam por entre o que restava de aranhas couraçadas, Orcs, recrutas e experientes soldados. A dádiva do Exarca trouxe esperanças, mas as criaturas restantes e os Orcs lutaram ferrenhamente, causando pesadas baixas à tropa que não estava completamente preparada para uma luta como essa. O treinamento dos legionários não incluía criaturas recobertas por camadas cristalinas resistentes e afiadas. 

Em pontos isolados ouviam-se gritos de dor e por todo campo gemidos comuns aqueles que estão à beira da morte. 

Dargon caminhava por entre os corpos, concedendo golpes de misericórdia aos inimigos. Observava atento aliados que ainda podiam ser salvos. Mas na maioria das vezes apenas deixava-se ajoelhar diante de antigos parceiros na parede de escudo, ouvindo suas preces e concedendo acalento com a mera presença ou um aperto de mão firme antes da partida para a morada eterna.

Soren olhava o campo sentado em uma pedra. Foi uma luta difícil e ele refletia sobre a real força do exército invasor. Pensava consigo que a companhia que caiu sobre eles nem de perto igualar-se-ia ao exército principal que de certo assaltaria da cidade de Basil. 

Pensava na maneira como o inimigo estava disposto a entregar-se de corpo e alma à causa. Durante a madrugada o Exarca acreditou que a demonstração de força bruta poderia ser um elemento abalador para convencer os agressores à opção de recuo, mas ao contrário, causou a ira, o frenesi de uma horda determinada. 

Pensava em séculos de opressão, no qual as mazelas e humilhações direcionadas a tantos povos, tantas raças e culturas finalmente cobravam seu preço. 

Ele era um homem de Fé, sabia que havia uma força que o guiava, mas nem de perto pertencia a doutrina da Autarquia ou do Pontífice Imperador. Ele seguia um código de honra e iria até o fim. Seu olhar se perdia em meio a pequena desolação, pequena julgava ele, pois o massacre de verdade ocorreria quando não houvesse mais escudos para aplacar ou amenizar tantos sentimentos profundos direcionados aos antigos conquistadores e escravizadores. 

Uma jornada de pesares

Após horas, quando covas comunais estavam sendo abertas para os aliados e fogueiras comunais reservadas aos inimigos, Dargon se aproximou de Soren:

-Impressionante a dádiva concedida a você! Não sei se seríamos capazes de resistir senão estivesse conosco. Nunca vi algo assim. Apenas em histórias antigas ouvíamos os feitos de Exarcas capazes de milagres espetaculares. Não entendo como uma figura como você não está em posição de prestígio, apesar de tudo que contou, ainda assim não entendo. Sua presença em qualquer exército ou mesmo nas forças de elite do Império seriam fundamentais. Nem de perto imaginava que ainda fosse possível conjurar poderes como esse.

Soren, ainda estava sentado e respondeu:

-Disse a você, o fanatismo cega, amaldiçoa e se espalha como uma doença mortal. Eu estou aqui por um juramento solene, um dever. Não para com o Império ou as instituições ligadas a ele, mas sim por algo mais antigo, algo que existia no alvorecer de nossa ordem, algo que se perdeu. Eu espero manter esse juramento…

Dargon demonstrou certa confusão:

-Difícil decifrar você Exarca! As vezes vingativo e desprendido e agora com esse tom solene? O que traz consigo de verdade, desejo compreender melhor aquilo que fala.

-Meu caro centurião, há um dever a cumprir e devemos procurar por sobreviventes em Zimosh. Em quanto tempo poderemos partir?

Dargon assentiu com a cabeça, entendendo que talvez tivesse ido longe demais. Afirmou que agilizaria os movimentos para uma rápida partida e pôs-se a distribuir responsabilidades à tropa.

Logo, todos os sobreviventes estavam em marcha. De todos os novos recrutas, apenas cinco sobreviveram ao batismo de fogo, já entre os soldados cerca de um quarto haviam quitado seus deveres para com a Fé Diáfana. 

Haviam feridos e estes realmente preocupavam a todos. Não havia recursos adequados para tratá-los e em muitos casos havia pouca esperança de melhoras. Mesmo assim, eram carregados e sempre apoiados pelos parceiros de combate. A guerra era cruel em diversos níveis e logo iriam se deparar com os escombros de Zimosh.

A aldeia de Zimosh

O que restou da legião chegou a vila já a tardezinha, a desolação era indescritível. Não havia nenhuma casa em pé, apenas escombros chamuscados, muitos locais ainda ardiam com as chamas e o crepitar da madeira se mantinham. Todos os corpos dos homens mortos no ataque também foram reunidos e queimados e não havia sinais de mulheres, crianças ou idosos, nem entre os restos mortais ali presentes. 

Alguns rastreadores, puderam trazer luz ao mistério. A força que os atacou era uma fração dos inimigos. Havia sinais que indicavam que os sobreviventes foram levados por invasores, para piorar, sem chances de resgate, devido ao número elevado da horda. Dargon chegou a questionar se Soren poderia novamente repetir aquele feito da madrugada, mas rapidamente recebeu uma negativa.

O Exarca disse que aquele tipo de dádiva demandava tempo de recuperação, pois exigia demais de seu corpo. De fato exigia, já que ele apresentava uma fadiga anormal naquela altura, chegou a cuspir sangue algumas vezes, mas mantinha-se firme na posição de líder. Reviraram escombros com alguma esperança, mas nada havia a ser salvo. Todo o local, suprimentos e qualquer item útil foi estrategicamente analisado, o que podia ser usado foi levado. Não restava nada além de prosseguir. 

Era nítido que sobreviver a luta não significava uma vitória expressiva, pois o golpe duro recebido e a maneira como encontraram a vila demonstrava que a cena que encontrariam na próxima parada talvez fosse ainda pior.

Mesmo assim, Dargon ainda esperançoso na desatenção dos invasores ordenou aos homens que procurassem sobreviventes escondidos nas redondezas e qualquer suprimento que restasse. Após pouco tempo os batedores mais experientes relataram que nenhuma busca obteve sucesso. 

Havia rastros de pessoas que em vão tentaram escapar, mas dentre os inimigos também existiam figuras treinadas e proficientes em rastreio. Quanto a suprimentos, tudo fora levado e o que restara, era apenas cinzas ou elementos lambidos pelo fogo.

O Exarca não hesitou e pôs a companhia à marchar. Dargon se aproximou:

-O que acha? Não seria prudente buscarmos estradas alternativas mesmo que demoremos mais? Evitar a próxima vila também seria uma opção mais adequada.

O Exarca manteve a seriedade e disse:

-Sim seria, mas eles sabem quantos somos e nossas posições, acredite em mim quando digo que há forte magia aqui. Ainda irei te explicar melhor, mas no momento posso afirmar que precisamos manter nosso caminho e rezar para que nossos inimigos sejam cautelosos em seu próximo movimento. Temos dias até nosso destino e provavelmente não teremos locais tão resistentes para armarmos acampamento. Teremos que colocar a tropa em marcha pesada e revezar os descansos, mantendo em vigilância bom número de homens. Eles também sofreram baixas pesadas e com certeza vão evitar novo confronto aberto. Quanto as trilhas, estas sim, são as armadilhas que devemos evitar. Os Orcs talvez até esperem que tomemos essa decisão.

Dargon concordou e retornou a sua posição. Havia grande tensão entre os homens, mas a marcha precisava continuar…

Continua…


Égide da Tempestade – Parte 5 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Douglas Quadros

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O RPG que se adapta a sua imaginação – Lv5

Saudações caros leitores meu nome é Gabriel Rodrigues, sou Professor e Historiador, além de grande entusiasta do RPG. Dessa forma, foi paixão a primeira vista quando em 2002 entrei em contato com o primeiro livro que posso me lembrar, o GURPS edição brasileira lançado pela Devir. Como resultado, de de lá pra cá são vários anos jogando os mais diversos sistemas e cenários. Hoje trago a vocês uma resenha do sistema Level-5 RPG criado por Raphael Marsa. Acredito que a maioria das pessoas que estão em contato com essa resenha já conhecem o hobbie, ou pelo menos já tiveram contato de alguma forma. Seja por um amigo, produção de mídia como podcast, seriado, desenho e jogos digital ou mesa.

Portando eu tentarei ser o mais abrangente possível para que você, que ainda não teve contato com o RPG tenha uma noção tanto do sistema quanto do jogo. De antemão aviso – o sistema é muito amigável aos novos jogadores.

Sistema Genérico

Cada jogo ou livro de RPG contém o seu sistema de regras. Afinal estes são os parâmetros que vão definir uma base comum para todas as pessoas que estão envolvidas no jogo. Já que o RPG é sobretudo um jogo de criação conjunta e de muita imaginação, personagens, cenários, locais podem ter interpretações muito diferentes a depender dos indivíduos que estão jogando. Para isso temos o sistema de regras que vai dar aos jogadores uma base comum para que todos conversem pela mesma “linguagem”.

Sistemas genéricos vão um pouco além nessa linguagem. Enquanto alguns RPGs tem experiências e propostas de jogo bem fechadas, os genéricos como o nome diz tentam abarcar e aumentar a quantidade de propostas de jogo utilizando o mesmo sistema. Ou seja, você consegue experimentar desde um jogo de aventura na china medieval fantástica, até uma investigação Noir em uma colônia espacial.

E onde entra o Level-5 RPG nisso tudo?

Bom o Level-5 é um RPG genérico voltado para adaptações, o que torna fácil você jogar naquele mundo que você sempre quis. Seja ele uma animação como Full Metal Alchemist, ou livro como Mistborn por exemplo. O sitema dá a você uma série de ferramentas para que você monte seu próprio quebra cabeça.

Modularidade

O Level-5 RPG é construído em blocos de módulos. 

E como funciona? Já te explico!

Diversos conjuntos de regras do livro são montados em uma espécie de bloco. Ou seja você pode retirar da sua adaptação se achar que isso não faz sentido no seu jogo, seu mundo não tem poderes ou magia? Você pode apenaa ignorar esse capítulo. Não quer trabalhar com arquétipos e personas para que a interpretação fique 100% a cargo do jogador? Tudo certo você pode pular esse também.

E caso não tenha algo especifico do seu cenário, o livro  deixa dicas em quase todos os módulos de como criar o seu. Portanto facilita para novatos, seguindo essas dicas é possível adicionar mais conteúdo aos módulos de forma equilibrada.

Jogabilidade

Agora vamos abordar enfim como o jogo funciona. Basicamente você precisa de uma pessoa para ser o mestre(a) de jogo e pelo menos mais uma para ser o jogador(a).

O condutor do jogo vai descrever os ambientes, e possíveis personagens para se interagir e os jogadores vão descrever as suas ações.

A exceção dos poucos iniciantes que devem estar lendo isso estão pensando, isso é o básico do RPG o que tem haver com o Level-5 ?

Como a proposta do Level-5 é ser simples sem ser simplista. O conjunto de regras é bem enxuto e você dificilmente vai precisar ficar voltando ao livro para ver as regras. Nesse sentido, o sistema torna seu jogo muito mais dinâmico dando mais tempo a interpretação.

O jogo é todo montado com uma base 10 de cálculo e o único dado usado é o dado de 10 faces. Bem como as habilidades dos personagens, poderes, perícias utilizam a mesma mecânica (atributo + habilidade desejada + d10). O que deixa a resolução de conflitos por testes mais rápida. Outra característica do sistema que vai aumentar o seu tempo de jogo é que as habilidades e ataques que causam dano são fixos. Elas dependem do objeto usado para atacar, somado a habilidade do atacante e pronto você já tem um valor final na sua ficha.

O sistema ainda conta com duas formas de combate. Um jogado com interpretação e descrições e outro com um sistema tático. Fica a cargo do grupo de jogo decidir qual usar a depender da adaptação e dos jogadores mas em qualquer um dos dois a ideia é ter um combate rápido e dinâmico.

Construção de adaptações

Ao longo do livro o autor vai dando dicas de como você pode utilizar das informações em seus jogos e como montar a sua adaptação. A forma com que as regras de jogo são explicadas são montadas com esse propósito sempre mostrando que você pode abandonar aquela regra ou adicionar algo a ela caso seja necessário no seu jogo.

O livro possui poucas tabelas e as que tem ajudam a localizar poderes, habilidades e itens de forma pratica. Falando em tabela de poderes o sistema proposto deixa com que você utilize seus pontos de forma equilibrada para “comprar” ou “gerar” o seu próprio poder e dependendo da sua adaptação pode ser Magia, Mana, Ki, Arcana ou derivados.

Suplementos

Para quem está familiarizado com o RPG. sabe que suplementos são algo muito comum, alguns adicionam mais possibilidades de regras, histórias e locais, isso não é diferente em Level-5 . Apesar do livro básico abranger muitas possibilidades algumas acabam ficando de fora por serem específicas de mais a um tipo de jogo ou público, para isso o Level-5 trás junto com eles algumas regras para que você consiga adaptar o seu jogo de forma mais prática sem que você mesmo tenha que criar as regras, como utilização de Robôs ou implantes, naves espaciais entre outros.

O autor se propõe a disponibilizar alguns desses suplementos em conjunto com o livro básico.

Mas não seria melhor já colocar essas informações diretamente na base?

Acredito que não, por se tratar de um conteúdo específico deixaria o material muito grande com regras opcionais de forma desnecessária.

Os suplementos são válidos e acompanham o livro eles dão uma profundidade maior e mais opções de jogo.

Dicas e opções para o seu jogo

Como é impossível criar algo perfeito aqui vão algumas dicas e opções de jogo que eu notei após jogar o Level-5 por algum tempo e que talvez você que adquiriu possa considerar em sua mesa de jogo:

  • Tente criar um sistema de administração de recursos simples para os seus jogadores como um ponto que eles possam utilizar para refazer um teste falho.
  • Você também pode rolar 2 dados de 10 lados e escolher o melhor resultado se o jogador estiver em vantagem clara, e fazer o contrario rolar 2 d10 e pegar o menor resultado se ele estiver em desvantagem.
  • Uma boa dica também é dar uma chance para que os jogadores criem algo na narrativa que possa surpreender o mestre como 1 ponto narrativo. O mestre dá esse ponto bônus para uma cena interpretativa que o jogador se destacou e pode gastar esse ponto para criar algo no cenário, desde que com a autorização do mestre.

Conclusão

Após avaliar alguns pontos sobre o Level-5 RPG eu chego a conclusão de que ele reúne uma série de informações muito boas contidas nos RPGs genéricos e ainda assiim ser diferente das outras propostas. Ele é leve, tanto nas regras quando nas explicações, não tem uma pegada de simulação que tem o GURPS, ele não é tão caótico e furioso quando o Savage Worlds mas ele é mais rápido e prático. E em relação ao Fate ele te dá possibilidades mais concretas do que o seu personagem é capaz ou não de fazer mantendo a aleatoriedade do RPG.

Utilizando o livro eu notei que ele foi muito bem testado antes do lançamento e que contém dicas para que você aproveite bem desse equilíbrio dependendo da sua adaptação seja ela mecânica ou na narrativa.

Eu acho que ele poderia ter como opção algumas mecânicas de RPGs mais modernos que dão a opção dos jogadores entrarem na narrativa ou de refazer algo ruim com um custo.

O livro é vendido por um valor muito justo, principalmente pelo que ele pode te proporcionar de diversão com o seu grupo de jogadores. Ele é fácil de ler, além disso contém dicas de jogo muito úteis que você pode inclusive aproveitar diversas partes do material em outros jogos.

Essa foi a minha resenha para o Level-5 RPG espero que pra quem já joga tenha sido útil e pra quem está começando agora ou quer voltar a jogar após muito tempo tenha dado uma noção tanto do sistema quanto do RPG.


Level-5 – O RPG que se adapta a sua imaginação

Você conhece o Patronato do MRpg? Se Não conhece, indico que de uma olhadinha nesse projeto. Além de muitaa vantagens, você ainda ajudará o RPG nacional. Pode nos acompanhar pelo Instagram também.

Autor: Gabriel Rodrigues.
Revisão de: Isabel Comarella.
Artista da Capa: Sérgio Pereira.
Autor do Sistema: Raphael Marsa.

Édige da Tempestade – Parte 4 – Contos de Thull Zandull 

Anteriormente em Égide da Tempestade – Parte 3, após navegarem para chegar em Luxia, o grupo precisou recrutar homens para poder seguir viagem. E agora Égide da Tempestade – Parte 4

Égide da tempestade – Parte 4

Reforços a caminho

A marcha até a principal cidade do Norte, Basil, começara. As forças de Soren Larsen e Dargon reforçariam as defesas. As grandes muralhas que protegiam a pérola do Império naquele ponto distante do continente de Luxia. Mas antes precisariam chegar intactos para prestarem apoio adequado, e isto significava passar por duas vilas na jornada de dez dias até o local. 

As vilas de Zimosh e Madras ofereciam boa carne de ovelha. Além de lã e plantações de tubérculos que devido intervenções místicas tornaram-se naturalmente resistentes ao frio. Eram locais estratégicos para manutenção das forças e se não tivessem sido atacadas, era nítido para ambos líderes que as pessoas e recursos deveriam ser deslocados, pois o conflito chegaria aos aldeões em breve. 

Eram conjecturas otimistas, mas no fundo sabiam que provavelmente não encontrariam muito o que resgatar se as forças invasoras fossem minimamente organizadas e conhecessem um pouco da geografia imperial.

Durante quatro dias marcharam incansavelmente acompanhando a estrada régia pavimentada e larga o suficiente para que dois carroções andassem lado a lado. Havia construções comunais de pedra, onde há tempos atrás sempre guarnições eram mantidas para assegurar que viajantes não fossem molestados por ladrões. Porém devido falta de manutenção, o que sobrava destes locais já servia para organização de uma defesa razoável para  que os legionários pudessem repousar. 

Breves encontros com pequenas comunidades familiares de subsistência demonstravam que até o momento, aqueles locais não haviam encontrado os horrores da guerra, porém durante a noite do quarto dia, foi possível observar sinais de chamas em larga escala cortando o horizonte.

Os homens estavam cansados e inquietos e Dargon foi até seu superior:

-Exarca, venho solicitar que atenda meu pedido de continuidade da marcha. O inimigo se aproxima e os aldeões necessitam de nós.

Soren Larsen acabara de sentar-se e estava retirando suas botas, quando o Minotauro veio a seu encontro.

-Pedido negado centurião. Apesar de vermos os sinais no horizonte, a marcha demandaria muitos quilômetros durante a noite. Se já estamos em território hostil, seria a condição perfeita para emboscada. Além disso, se vemos as chamas dessa distância, devem ter espalhado destruição em grande parcela da vila, tentando causar desespero e também evitar que qualquer suprimento seja obtido. Seria o que eu faria para preparar um cerco. Minando gradativamente os recursos até a longa espera diante de uma grande cidade murada. Penso que talvez tenhamos problemas para entrar na cidade! Então se me permite, acho melhor mantermos a posição e estarmos preparados e descansados a partir de amanhã.

Experiência de campo

Dargon concordou com as ordens, mas não conseguiu esconder a surpresa diante da calma demonstrada pelo Exarca.

-Como consegue senhor? Entendo que a determinação e autocontrole são fundamentais, mas mesmo para mim, fica difícil conter a ansiedade de um combate que em breve cairá sobre nós. 

-Dargon, entenda que nestes longos anos em que vivi, já presenciei tantas cenas e situações trágicas que simplesmente tento manter o foco nos objetivos traçados e principalmente tomar cuidado com expectativas. Peça a seus homens que redobrem a vigilância, pois há grandes chances de termos visitas esta noite.

O centurião seguiu as ordens. Ele manteve fogueiras no perímetro e homens em posições de vantagem para observação atenta. Organizou barricadas para evitar carga de cavalaria ou qualquer força em investida com intuito similar e manteve arqueiros extras para apoiar os legionários equipados para combate corpo-a-corpo. 

Não demorou, para que esta atitude preventiva fosse recompensada, pois no início da madrugada, sinais de ataque foram dados. Os corneteiros despertavam as tropas com um soar estridente e constante, gritos de ordem alinhavam os homens para o combate. 

Dargon rapidamente levantou-se e diante da urgência não vestiu sua armadura. Apenas puxou seu escudo de corpo e armas para posicionar-se e assim liderar as tropas. Ao chegar ao campo deparou-se com Soren Larsen em pé diante da tropa, uma figura heróica e inspiradora, vestindo uma pesada armadura de placas com tons douradas e prateados. Os movimentos eram tão naturais que o centurião não acreditava que o Exarca ainda tivesse forças para aguentar tanto peso das placas. Era comum que cavaleiros usassem tal equipamento, justamente pela mobilidade, mas isto não ocorria a Soren. Ele estava ali, em pé no campo e movia-se naturalmente, em sua mão esquerda um opulento escudo de corpo com o brasão da Fé Diáfana, o Olho Coroado que tudo vê, em sua mão direita um pesado martelo de batalha com cravos aparentes. Em sua cabeça um elmo selado com viseira aberta, com detalhes que lembravam asas resplandecentes. 

Quando a figura levantou o martelo, uma aura luminosa o envolveu e todos ali sentiram-se revigorados, pois havia luz diante das trevas que ali repousava. A frente da legião argêntea surgia uma massa de aranhas gigantes, com corpos recobertos de camada cristalinas. Mas não eram só estes seres que traziam temor às tropas, mas sim, os Orcs que as montavam. As criaturas traziam em suas costas, três a quatro Orcs com arcos e azagaias, eram pelos menos vinte aracnídeos com uma força assustadora de seres vorazes chovendo flechas e setas sobre as tropas. 

O punho de Deus

Na primeira saraivada, Dargon usou o apito que sempre trazia consigo para sinalizar momentos antes à tropa que se pusesse em formação defensiva, som propagado rapidamente por todos os experientes legionários que aderiam a formação.

Infelizmente, os aldeões recrutados começaram a dispersar e o centurião pensou que se sobrevivessem aquela luta já seriam abençoados. Gritos de comando também eram ouvidos, mas diante de todos, Soren foi o único a baixar o visor e ficar ali parado a frente e levemente distante da tropa. Ele cravou seu escudo a frente e se ajoelhou com uma das pernas tocando o chão, manteve o martelo firme em sua mão enquanto todos ouviam sua oração.

Por um momento Dargon pensou que o Exarca estivesse louco, mesmo com tamanha proteção não seria possível resistir a tantos inimigos, mesmo assim ele prosseguia.

-Ó senhor do amanhecer. Rei dos reis no firmamento infinito, rogo a ti pelas forças primordiais. Traga-as a mim neste momento de desespero e aflição. Livre seus filhos do mal que avança e a tudo deseja consumir. MIRE SEUS OLHOS EM SEU FILHO, A ÉGIDE DA TEMPESTADE QUE RETORNOU A ESTA TERRA DE PECADORES. PURIFIQUE-OS SENHOR COM O PODER QUE OPERA EM MINHAS MÃOS!

Ao terminar sua oração, todos assustaram-se ao ver que eletricidade se espalhava pela armadura e todo corpo do Exarca. Uma concentração que mataria qualquer ser vivo. Soren levantou sua arma e um relâmpago cortou os céus. A figura heróica estendeu sua arma em direção aos inimigos e toda a torrente mortal se espalhou pelo campo de batalha, rajadas de eletricidade que atingiam pesadamente todos os inimigos que ousassem se aproximar. 

A descarga fora tão grande que a escuridão desapareceu diante de todos. Assim que o milagre cessou, metade das forças invasoras estavam no chão. Um cheiro de carne queimada espalhou-se pelo campo, ao mesmo tempo em que Dargon urrou.

-Para a vitória legião!

Um brado em uníssono irrompeu e todos avançaram inspirados pelo poderoso Exarca que finalmente demonstrava o poder encarnado!

Continua…


Égide da Tempestade – Parte 4 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Douglas Quadros

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Androide – Falhas Críticas #49

Eram três aventureiros improváveis presos em uma jaula, sem lembrar de nada. Um grandioso humano, um reptiliano assassino e um androide.

O androide pede para fazer um teste de hackear na jaula. O narrador diz que é difícil e a falha terá consequências severas. O dado rola e… ! O corpo do androide se foi e sobrou só o cérebro.

O humano tenta jogar uma lábia pro guarda que se aproximava. O réptil rouba o guarda e o grupo consegue escapar da jaula, indo para os corredores.

Botina, o androide, toma mais uma atitude. Mesmo sendo somente um cérebro, tenta se conectar a um dos painéis nos corredores com as últimas forças e cabos que lhe restam. O azar grita novamente e . Os alarmes da prisão são ativados. O grupo corre por suas vidas, carregando o cérebro de Botina. Ele é então colocado em um robô de limpeza. O jogador protesta, mas cérebros não falam e ele tem um corpo agora.

O grupo consegue escapar, mas no processo o assassino perder parte de seu braço. Quando nada mais parecia dar errado, os aventureiros acham uma nave. O androide tenta se conectar à nave e… !

A nave explode levanto todos juntos com ela.

Fim.


Tenha sua Falha Crítica Publicada

Mande suas histórias de Falhas Críticas para nosso e-mail contato@movimentorpg.com.br. As melhores histórias vão ser eternizadas pelos ilustradores do Estúdio Tanuki e você vai poder ver aqui no site do Movimento RPG.


Androide

Texto de: João Vitor Flores Bussi.
Adaptação: Raul Galli.
Revisão de: Douglas Quadros.
Arte de: Estúdio Tanuki.

Veja todas as tirinhas no nosso instagram ou diretamente no site.

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Égide da Tempestade – Parte 3 – Contos de Thull Zandull 

Anteriormente em Égide da Tempestade – Parte 2, o minotauro Dargon, foi chamado a realidade pelo experiente Soren Larsen. Porém Dargon se nega a reconhecer as falhas de seu dogma. Fique agora com Égide da Tempestade – Parte 3

Égide da tempestade – Parte 3

A partida de Dalmacia

Toda a guarnição do forte já havia embarcado quando avistaram no horizonte os estandartes das forças de Dalmacia se organizando para um possível cerco que deveria ocorrer, não fosse a fortuita visita Soren Larsen. Tudo que restava aos batedores, cavaleiros e soldados seria a investidura contra um forte fantasma, já abandonado de qualquer tipo de resistência.

Dargon olhava o forte ficar distante de sua posição na Nau de primeira linha nomeada Vanglória. Ele rapidamente percebeu que havia mais suprimentos a bordo do que de fato homens para utilizar todos os recursos disponíveis.

Seus pensamentos sobre o primeiro dia em que pisou em Dalmacia, o primeiro dia de luta e a provação contra inimigos tão destemidos, bem como a glória de vitórias obtidas naquela terra, ficavam para trás. Voltou lentamente a si e retomou os afazeres, mantendo soldados ocupados com atribuições variadas. Sempre havia algo a fazer, desde funções inerentes ao serviço de carpintaria; passando pela contagem, registo e verificação da carga e também funções de captura, manipulação, estiva e acondicionamento de pescado em contextos que fosse possível complementar o alimento a bordo.

Os grumetes a bordo sempre precisavam de mãos hábeis e conhecimentos extras para atribuir algum sabor diferente ao alimento, que nem sempre estava em boas condições. Fato era que a limpeza e manutenção exigiam esforço contínuo de todos, sempre havia pequenos reparos em andamento já que era visível o tempo de atividade da Vanglória.

Dargon gostava de navegar, não era especialmente hábil para desempenhar o papel de marinheiro, mas tivera ensinamentos que o deixavam em situação vantajosa nas atribuições marítimas, preferia obviamente a ação do campo de batalha e se empenhava nos ofícios de sua posição, alcançada a muito esforço. Já, Soren Larsen, apesar de receber o título de capitão, mantinha seu foco em outros assuntos, deixando toda organização para seus oficiais e o piloto da embarcação. Larsen sempre analisa mapas e organiza planos, mantinha suas atribuições como era de se esperar para alguém em sua posição. Em toda embarcação o ânimo não era dos melhores, haviam variadas conversas sobre a possibilidade de deserção e por isso Dargon mantinha seus ouvidos e olhos atentos para qualquer pequena aglomeração que surgisse. Com o passar dos dias os movimentos ganharam força ao passo que foi impossível manter a ordem sem castigos físicos. Dargon e Soren sabiam manter os soldados na linha e apesar das desconfianças havia homens que confiavam mais neles como indivíduos do que de fato a nação e ideal que protegiam.

A chegada a Luxia

Apesar das dificuldades, após quinze dias de viagem finalmente avistavam o continente de Luxia, morada do Império. Atracaram no porto de Guentia a Noroeste de Basil, vilarejo pequeno que demonstrou grande alvoroço e esperança com a chegada dos legionários. 

Assim que começaram a descarregar a carga, Dargon percebeu que havia carência de suprimentos entre a população. Soren Larsen imediatamente chamou-o para passar orientações sobre a situação em que estavam.

-Centurião, preciso que organize um alistamento nesse momento. Há homens jovens com idade suficiente ou nem tanto, carentes, mas que se bem alimentados e treinados podem ser úteis na longa campanha que teremos. Há armaduras, armas e recursos, porém poucos homens para usar tudo que temos. Se nesse local obtivermos mais trinta ou quarenta homens, principalmente para manutenção de acampamentos e serviços gerais, conseguiremos poupar soldados veteranos, mantendo nossas forças descansadas para série de lutas de travaremos. 

Dargon respondeu:

-Concordo, mas ao analisar com calma a condição dos homens que temos aqui, vejo muitos famintos que precisarão de dias até terem forças para executar as funções. Aproveito aqui para solicitar a distribuição de parcela de nossos recursos, há crianças, mulheres e idosos que necessitam que toda ajuda possível. 

O Exarca analisou o pedido e concordou com a distribuição de alimentos, com parcela extra para famílias que cedessem homens ao Império.

Esperanças renovadas

Após algumas horas, a ação surtiu efeito e obtiveram a ampliação das forças recrutando jovens de 12 a 16 anos, e idosos com mais de 50 anos, já que muitos adultos que deveriam ter a idade esperada para o serviço já terem partido para Basil, seja por vontade própria ou por obrigações ao Império. Independente da situação, eram muito jovens ou muito velhos, mesmo assim, Dargon não poderia simplesmente ignorar aquelas presenças. Necessitaria delas para variados fins…

A população da pequena Guentia agradeceu e abençoou todos assim que partiram, era nítido que havia no olhar das pessoas chamas de esperança com os legionários que retornavam ao continente. A atitude de preocupação com os humildes também era algo com qual não estavam acostumados.

Soren Larsen permitiu-se falar ao centurião.

-É por isso que fui afastado desta terra meu caro Dargon, eu explicitava a meus superiores que não há meios de construir estruturas sem que haja resistências na base que a sustenta. Como é possível termos sucesso com a população que tanto louvamos vaziamente? Como pudemos deixá-los nessas condições? Vê como eles nos veneram e acreditam em nós? Não somos imortais, não somos nada… Temos as mesmas necessidades e fragilidades deles e enquanto não aprendermos com os erros, será que teremos chances de vitória?

Dargon manteve-se calado, não havia o que dizer e nem desejava se esforçar em ampliar argumentos ou dizer algo inspirador. Pensava apenas que nos dias de marcha se esforçaria sem ensinar algo aqueles jovens. Haveria oportunidade de forjá-los, pois aquela campanha de resistência e expurgo de invasores seria longa. Havia muito território e poucos soldados, isso daria a eles dias para poderem transformar os jovens em uma força minimamente digna. 

O Exarca e o centurião sabiam que independente de seus pensamentos, aquela força que lideravam teria que ser o escudo que manteria o Império no Norte.

Continua…


Égide da Tempestade – Parte 3 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Douglas Quadros

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Um Sistema Prático e Dinâmico – Laser e Sentimentos

Laser e Sentimentos, ou Laser and Feelings no original em inglês é um sistema de RPG que preza pela simplicidade e criatividade, logo possibilita uma jogatina extremamente livre. 

John Harper desenvolveu o sistema para uma aventura espacial de sessão única, ou seja, nosso famoso OneShot. Por isso buscou ter pouca mecânica e muita interpretação, sendo de rápido aprendizado. Portanto, uma das ideias fundamentais é que os jogadores e o mestre possam explorar todos os limites possíveis. 

Ele é tão simples que é possível que esse artigo ser ironicamente mais longo que o próprio livro. Estamos acostumados com livros de RPG com cerca de 300 a 400 páginas. Perto de clássicos como Dungeons & Dragons, Vampiro ou até mesmo Gurps, o livro de Laser & Sentimentos acaba sendo um panfleto, um escudo do mestre com suas incríveis 2 páginas dispostas em forma de tópicos bem dinâmicos.

O sistema

Neste breve opúsculo, além de trazer como jogar, como criar o personagem e a nave, que serve como cenário e personagem de certa forma, também traz a possibilidade para o mestre gerar a própria trama rolando alguns dados nas listas de pontos para a trama. Para cada dado rolado podemos montar uma trama com uma ameaça, o que ela pretende, com ou contra quem ou onde e a consequência da derrota.

Criando o personagem

Criar o personagem é bem rápido e simples. São apenas quatro passos que devem ser seguidos. Para começar deve-se escolher um estilo de personagem que vai de alienígena, a androide sensual. Depois escolhe-se a função dele, que pode ser cientista, piloto e até diplomata. O terceiro passo é escolher um número de 2 a 5 ou rolar um d6. Esse número vai determinar as características proficiente do personagem. Números altos significam que ele será dos Lasers, ou seja, tecnologia e calma, se for baixo, será dos Sentimentos, emoções, ações selvagens. Daí o nome do Jogo. O quarto passo e não menos importante é escolher, como o próprio livro diz, um nome bem irado de aventura espacial, e indica Faísca da Silva por exemplo.

A nave

A nave é para ser o cenário do jogo, contudo, o mestre pode utilizá-la até mesmo como um personagem pela forma com o que o sistema a traz. Para a criação dela é necessário o mestre fazer três escolhas: uma qualidade, um defeito e um nome para ela ou ele. A nave pode conter uma inteligência artificial como Jarvis do Homem de Ferro, sendo extremamente inteligente para estratégias e mapeamento do universo. Mas a nave pode ficar com medo e congelar quando há alguma batalha. O defeito e qualidade não necessariamente devem ser interligados, pode ser simplesmente uma nave muito rápida, mas que tem má reputação ou as fiações são gambiarras e as luzes ficam piscando. O que vale aqui é a criatividade. A Nave pode ser o cenário de toda a trama, mas também podem haver batalhas com outras naves, isso vai depender do mestre e dos jogadores.

Como jogar

Depois de criar tudo de forma bem maneira bora para o game. Boa parte do jogo será no Roleplay, na Interpretação. Apesar disso haverá momentos de complicações, em que será necessário rolar os dados para conquistar o sucesso. Nesse caso, qualquer um pode rolar 1d6, mas se for em algo que esteja preparado de certa forma ganha 1d6 adicional e se for especialista na função, ganha outro 1d6 adicional. Lembra daquele número do seu personagem? Então, para ações de Laser a ideia é tirar no dado um valor menor que o seu número para sucesso, se for ação de Sentimento precisa de um valor maior que o seu número. 

Com 3 dados eu somo os valores?

Não! Assim ficaria muito fácil, mandrião! São contados individualmente. Se nenhum dado alcançou sucesso, obviamente é uma falha; se um dado conquistou sucesso é uma falha com alguma complicação, dano ou até custo; dois dados é um sucesso decisivo, sem falha nenhuma, nota 10; se conseguir a proeza de ter sucesso em três dados, além do sucesso o mestre narra um efeito positivo a mais. 

Se porventura em algum dado acertar exatamente o número do seu personagem, é como se tirasse um 20 natural, você terá um Sentimento Laser. Isso é quase como um estalo, um vislumbre de percepção completa do momento e então o mestre te responderá uma pergunta de forma honesta. 

Ah! Se alguém do grupo quiser ajudar a pessoa, deve avisar antes que ela lance os dados, porque adicionará um 1d6 a mais na rolagem.

Combates e armas

Bom esse sistema não prevê combate, pontos de vida, ou outras complexidades.

Mas RPGista é RPGista! 

A comunidade desenvolveu algumas mecânicas e adereços que podem ser adicionadas ou fazer modificações. Uma das ideias é utilizar o sistema para um RPG investigativo que pode ser OneShot ou levar diversas sessões. Trazer para cenários atuais, anos 20 e até idade das cavernas. Apenas alterando os estilos e papéis dos personagens. Introduzir uma mecânica de Combate definindo dano prévio por dado e quantos dados a arma lançará, sendo que cada acerto a mais, incluí mais dano, como mostra a tabela abaixo, sendo o primeiro acerto antes da barra e os adicionais depois da barra:

Fonte: Guaxapédia

Use essa tabela para se basear e criar novas armas próprias! 

Pontos de vida

Os pontos de vida, todos começam com 4 e se atingirem metade, receberão penalidade de -1 nas rolagens para deixar ainda mais simples pode utilizar o Mecânico Vs. Mental, em que para ser ação física tem que rolar abaixo do número e ações mentais acima do número do personagem. O que facilita bastante em aventuras policiais. Como todo RPG o mestre definirá esses termos de acordo com os jogadores.

Particularmente eu sou apaixonado por esse sistema pela possibilidade de criar, de agir, de interpretar. Pela liberdade que ele dá. Como a ideia é ter mesmo pouca mecânica para ter mais Roleplay e ser fácil de aprender, tomo como o melhor sistema de entrada para um RPGista Novato. Sinto que o que mais falta para a galera nova é a possibilidade de interpretar, o incentivo a isso. Como começam em jogos que já tem um certo nível de mecânica ficam, infelizmente, presos a isso. Como o nome já diz… Role Playing Game é um jogo para se interpretar, não para ficar preso a números e dados. Por isso digo que quanto mais simples e mais dedicado ao Roleplay for o sistema, melhor ele será para introduzir um iniciante no maravilhoso e deslumbrante multiverso do RPG. 


Laser e Sentimentos – um sistema prático e dinâmico

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Autor: BearGod. Siga o Twitch do autor também.
Revisão de: Isabel Comarella

 

Égide da Tempestade – Parte 2 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Égide da Tempestade – Parte 1, o minotauro Dargon, estava preso em seu acampamento,  e recebeu ordens para ir até outro local. Fique agora com Égide da Tempestade – Parte 2

Égide da Tempestade – Parte 2

O centurião Dargon mantinha sua ronda. Observando o trabalho de todos e os esforços em cumprir as ordens dadas. Havia uma sensação de urgência já que era provável que a embarcação tivesse sido avistada e seria óbvio esperar algum tipo de retaliação de Dalmacia. 

Dessa maneira, embarcar tudo que fosse importante no menor tempo possível era algo que merecia dedicação plena. Soren Larsen, o Exarca e atual capitão da nau Vanglória acompanhava tudo de sua posição, sentado próximo a uma mesa, que fora posta do lado de fora da torre principal. Fizera esse pedido, assim como também boa comida e o melhor vinho da guarnição. 

Enquanto acompanhava o movimento, saboreando calmamente o alimento e bebida servida percebia o olhar incômodo e julgador de Dargon. Ao passo que não resistiu e questionou o centurião:

-O que lhe incomoda tanto Dargon ?

Dargon calmamente pausou sua caminhada e inspeção para o trabalho e disse:

-Com todo respeito digníssimo Exarca, mas diante da urgência e da possibilidade de um ataque vindo por terra e mar, seria prudente tamanha calma e desprendimento neste momento ?

-Então está incomodado que eu não tenha avaliado com calma a situação, correto? Pois bem, meu caro centurião. Posso afirmar, que justamente por ter certeza em todas as conjecturas que elaborei, percebo a verdadeira importância desse curso de ação que estou tomando. Você realmente acredita que o povo de Dalmacia não tomou esta fortaleza, por não ter forças suficientes para retirá-la à força ? Claro que não. Eles apenas precisam esperar. Fizeram os movimentos certos nos momentos certos e agora precisam apenas esperar que algumas artimanhas maturem. 

O Exarca fez uma breve pausa e tomou um gole de vinho.

-Você é um bom legionário, um bom soldado e um oficial com experiência de campo. Sabe analisar a situação e seus homens não são tolos. Eles sabem que senão fosse por mim não haveria reforços e muito menos provisões extras para o longo cerco. Sou um homem de honra e votos, meu caro Dargon. Vou até o fim com isso, protegerei a Santa Fé, a Fé Diáfana e tudo que ela representa. Eu abandonei prazeres e abandonei muito mais para seguir o Chamado e agora estou aqui, em idade avançada pensando na diferença que um velho como eu e homens verdes como os seus podem fazer em uma importante cidade ao Norte. Eu penso que um pequeno momento de apreciação de boa comida, bem preparada em uma cozinha de verdade e um vinho digno de reis, com certeza é algo que preciso antes da jornada que faremos.

Dargon aceita os concelhos de Larsen

Dargon assentiu com a cabeça e ficou pensativo. Ele sabia a que situação Larsen se referia. 

Ele mesmo presenciou como a instituição apresentava sinais claros de problemas, contextos provenientes de variadas decisões ruins tomadas por fanáticos que desprezavam estudiosos, diplomatas e generais. Esteve em campos de combate demais para ignorar o poder da Fé. Mas a cada dia os poderosos sinais de outrora se extinguiam. 

Os grandes oradores da Fé, podiam criar efeitos mágicos que inspiravam os soldados e amedrontavam os infiéis. Mas isto apenas existia nas canções de bardos e nos cânticos sacros que exaltavam conquistas e feitos de outrora. Nas últimas duas décadas, o Império simplesmente havia se tornado grande demais e a Fé Diáfana opulenta em demasia. 

Os dois fatores foram decisivos para o número de inimigos, juramentos impossíveis de serem ignorados. Perdido em pensamentos, Dargon simplesmente deixou os homens manterem um ritmo mais lento e constante de trabalho e ordenou que antes da partida preparassem os melhores alimentos e liberassem as melhores bebidas aos legionários, sempre ressaltando que embriaguez ainda era algo inadmissível em seu forte. Com a ordem permitiu-se sentar ao lado do Exarca.

-Você tem razão Soren Larsen. Esta noite bebemos e comemos para relembrar nossa História gloriosa, pois em breve não passaremos de lembranças de algo que durou tempo demais.

O Exarca calmamente falou:

-Você está enganado centurião. Tudo que ocorreu não deve ser esquecido, pelo contrário. Os erros da Fé Diáfana não podem ser esquecidos. Nossa adorada Divindade prega o bem em suas palavras, sempre zelou pela proteção dos oprimidos e pela partilha, porém infelizmente nem todos tiveram a oportunidade de serem instruídos, nem nasceram livres para poderem decidir seus destinos. Sem o conhecimento crítico, resta apenas a fé que cega. Contra ela, deveríamos ter lutado com afinco.

E continuou

-Eu lutei tanto que fui alocado em uma província tão distante que nenhuma de minhas loucuras poderiam ser analisadas. Daí você poderia me perguntar o motivo para eu não ter sido queimado como herege e eu responderia para você que meu berço de nascimento me salvou assim como minha Dádiva. Eu possuo a Dádiva que poucos detêm. Um poder concedido, verdadeiro e simples, algo que não poderia ser ignorado. Por isso mesmo, a melhor maneira de me calar, foi me afastar do coração da Fé Diáfana.

Dargon mantém esperança em sua Fé

Dargon ouviu aquilo e olhou para Larsen com novo respeito e admiração. Os pensamentos que ele mesmo tivera tantas vezes, não eram heréticos. Havia esperança para sua crença. Para muitos que cultivavam uma fé verdadeira. Ele tinha esperança que algo pudesse ser aprendido depois de tantas guerras. Não para eles, mas havia esperança.

Soren Larsen, comeu as últimas migalhas e bebeu o restante de vinho. Levantou-se rapidamente, já em postura altiva e ordenou ao Minotauro:

-Ordeno que toda fortaleza seja deixada intacta, abra os portões assim que partirmos e principalmente não conspurque os conhecimentos da abadia e da biblioteca. Deixaremos um sinal de honra neste último domínio, pois esperamos retomar este opulento local assim que vencermos os inimigos da Fé em nossa terra sagrada. 

Novamente Dargon assentiu com a cabeça e seguiu as ordens com alívio. 

Continua…


Égide da Tempestade – Parte 1 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Douglas Quadros

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Égide da Tempestade – Parte 1 – Contos de Thull Zandull

Parte da saga dos Orcs em Sangue e Glória foi encerrada.  E agora damos início, e ao mesmo tempo continuidade a batalha contra aos déspotas de Fé Diáfana,  que em nome do poder e ganância ceifam a vida de centenas de inocentes, espalhando sua ignorância. Apresentamos Dargon, “O redimido”, um minotauro tentando manter a paz e ordem no seu batalhão da Fé Diáfana. Fique agora com Égide da Tempestade – Parte 1.

Égide da Tempestade – Parte 1

Legião Argêntea

Os odores vindos do mar e a efervescência da fortaleza de Rochedo Alto eram típicas do cotidiano encontrado pela décima quarta legião argêntea localizada no continente de Dalmacia. Setenta anos antes, os bardos cantavam a bravura das tropas que haviam finalmente conquistado a parte sul do continente, na decisiva batalha que teria seu ápice na conquista daquele forte estrategicamente construído no cume do monte rochoso que terminava abruptamente em um majestoso penhasco. 

A façanha garantiu que o Conselho regente desta terra se rendesse à Fé Argêntea. Tornando aquelas ricas terras em mais um dos reinos vassalos do Império. Dias gloriosos em que os questionamentos ao poder ferrenho do Pontífice eram punidos sumariamente. Infelizmente não havia mais canções em homenagem aos legionários da Fé. Havia apenas ele, Dargon, “O redimido”, um simples centurião tentando manter a paz e ordem naquele último bastião das glórias de outrora. 

Dalmacia, assim como outros reinos, havia aderido à revolta contra o Império. Batalhas eclodiram em todos os locais sob a bandeira da Fé Diáfana. Os fortes, as guarnições e todos os nobres que apoiavam a Autarquia, foram executados, assassinados ou simplesmente extirpados de suas posições de poder. 

A raiva contra os dominadores e sua ideologia são impossíveis de serem contidas e agora o grande continente, lar da grande instituição de Fé e influência fora invadida. Reforços mobilizados dos confins do Império eram alocados para evitar a perda da capital. Porém as guarnições sobreviventes em terras distantes restavam apenas esperar. Esperar pela convocação que os levaria a luta em casa ou esperar que fossem destituídos violentamente de suas condições onde estivessem.

O centurião de fé inabalável

Dargon refletia sobre os dias glorioso. Ele, olhando pela janela do topo da principal torre daquela fortaleza. Olhava para as forças que tinha à disposição, exatamente setenta legionários cansados, feridos e com a moral reduzida. Após a última tentativa de tomada da fortaleza, antes comandada pelo tribuno Baltair Alais. O combate que ocorreu há duas semanas ceifou a vida de duzentos soldados, tudo graças a errônea ordem do jovem comandante. 

Dargon havia avisado que as muralhas seriam a principal vantagem em uma guerra de atrito. Tinham acesso ao mar, um acesso protegido que garantiria parcos suprimentos, essenciais e suficientes se usados com parcimônia. Mas infelizmente o centurião percebeu há alguns anos que a eficiência e habilidade eram sempre substituídos pela fé na ideologia Diáfana.

Jovens cegamente devotos, sem experiência de campo, mas provenientes de nobres famílias eram destacados para posições de prestígio, o que culminava no massacre de forças, contra oponentes bem organizados e focados na estratégia e no fervor libertário. 

Baltair havia caído em uma provocação que quase destruiu a todos. Foi nessa batalha que Dargon tornou-se mais proeminente. Todos na décima quarta, respeitavam aquela figura de dois metros de altura, um imponente Minotauro de pelugem marrom, redimido por seus atos bárbaros, filho legítimo das longínquas terras de Zargônes. Um de seus chifres havia sido serrado em seu rito de passagem e seu batismo na Fé Diáfana. Tornou-se um instrumento dos desígnios divinos, mas agora, estava ali, em posição de liderança devido ao vácuo surgido nas fileiras da legião. 

Sua coragem, paciência e inteligência sempre foram usados por seus superiores. Ele sempre mantinha a posição de conselheiro de guerra, mas naquela fatídica batalha, Baltair o havia ignorado, o havia humilhado e colocado na retaguarda. Sem saber, Dargon agradeceu para seu Deus aquela decisão. Pôde com ajuda divina organizar a retirada e posterior resistência dentro da fortaleza. Após, sua intervenção heroica, os demais legionários aceitaram de bom grado sua liderança oficial.

Dargon sabia que a situação era complexa. Não havia respostas a pedidos de suprimentos e reforços. Não haveria condições de manter a posição por mais de dois meses, mesmo com os peixes e frutos do mar obtidos. Um cerco estava sendo preparado e em breve navios impediriam qualquer esperança de sobrevivência para aqueles que ali estavam.

A chegada de Soren Larsen

Tudo mudaria naquela manhã, pois uma grande embarcação fora avistada no horizonte, portava a bandeira da Santa Fé. Em seu interior, o Exarca Soren Larsen trazia uma carta com selo imperial, que continha o seguinte conteúdo: 

“Ao oficial responsável pela fortaleza de Rochedo Alto, é ordenado que recue suas forças para o Norte de nossa sagrada morada, abandonando aos infiéis suas posses conspurcadas. Maldições acompanharão aquilo que for abandonado pela Santa Fé. Os invasores que questionam as verdades divinas devem ser erradicados e portanto, suas forças devem se apressar no apoio às cidades do Norte. Sua meta é juntar-se às forças do Exarca Soren Larsen rumo à cidade de Basil, nosso bastião de resistência e farol luminescente em dias tão escuros”.

O Exarca estranhou a posição ocupada por Dargon, mas o minotauro já havia pagado suas dívidas e estava limpo aos olhos de seu Deus. Dargon agiu de maneira respeitosa e honrou o comando, dando ordens a seus suboficiais para organizarem tudo que era possível para abandonarem a posição, porém antes questionou o Exarca se a grande embarcação fora a única destacada, já que pelos números anteriores, um barco apenas não seria suficiente para recuo de todas as forças. Soren olhou para o Minotauro e disse:

-Fica claro que sua percepção e análise da situação são coerentes. Lembro-me agora de seu nome e sou sincero em dizer a você meu caro centurião que na verdade eu nem esperava encontrar tantos de vocês aqui. Minha meta primária é levar a Basil os recursos e homens para reforçar as linhas, eu mesmo venho de região distante, várias cartas genéricas como essas foram feitas por meu superior, para caso, encontrasse pontos sob nosso controle, resgatasse o que e quem fosse possível. Estamos na mesma situação levemente complicada. Vamos manter a fé, pois creio que seja a única coisa que nos resta.

Dargon observou a maneira sincera como aquele homem explicou toda a situação. Um Exarca como ele, sendo tão honesto para com um centurião significava apenas uma coisa, a Santa Fé realmente estava em um momento crítico. Homens naquela posição tendiam a arrogância e desprezo. Soren Larsen, possuía a experiência de muitos invernos, muitos combates, eram claros os sinais em seus cabelos grisalhos e em suas cicatrizes faciais. Talvez, o sofrimento e distância da terra sagrada tivessem tornado aquele um homem verdadeiramente sábio. Dargon estava apaziguado por retornar sob a liderança daquele símbolo de outrora. Sabia que poderia ser sua última viagem e faria de tudo para honrar seu Deus, sempre vigilante e zeloso.

Continua…


Égide da Tempestade – Parte 1 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Bianca Bezerra

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