Floripa em Chamas #1 – Más Notícias – Parte I

Florianópolis, Dezembro de 2012.

Uma explosão em um prédio que se descobre ser uma instalação governamental secreta, um vírus é liberado acidentalmente, se espalha pelo ar e contamina a maior parte das pessoas.

As pontes são fechadas, impedindo que os cidadãos saiam da ilha e são orientadas a ficar em isolamento em suas casas até segunda ordem, algo está muito errado.

E no meio dessa confusão, Lindemberg, um garoto de apenas 16 anos, jogador e streamer de jogos de computador, filho de um renomado senador, morando atualmente em Brasília, está em Florianópolis visitando seu irmão André, que mora na região de Canasvieiras, e sendo escoltado por Paulo César, com seus mais de 50 anos, sendo 32 a serviço honroso à Polícia Civil, o qual lhe presenteou com uma calvície e cabelos grisalhos, prestando um favor para o pai de Lindemberg.

Quando o caos começou a se espalhar e a ordem de isolamento social foi dada, Lindemberg e Paulo César se encontravam em uma espécie de convenção criada por Dead Seeker, alter ego de Lindemberg quando faz streams de jogos de computador, como o aclamado Counter Strike Go.

Sabendo dessa ordem de isolamento, André saiu em auxílio de seu irmão, para avisá-lo e auxiliar no que fosse possível.

André é uma pessoa fora dos padrões de sua época, talvez por isso sempre houve rebeldia com os padrões familiares tão cuidadosamente tecidos por seu pai e mãe. Ele desde muito cedo viu nas roupas, saltos e joias da mãe um alento a máscara tóxica que, pelos padrões de sua família, era obrigado a seguir.

Até o ponto em que saiu de casa, em uma briga familiar, vindo se abrigar na vida noturna de Florianópolis como a drag queen Anira Dick.

Resort Canas Plus

A convenção estava sendo realizada na praia de Canasvieiras, no Resort Canas Plus, mais nobre resort da região.

Paulo César, André, todo transformado em Anira Dick, e Lindemberg já se encontram isolados no quarto 414 do resort. Impedidos de sair de forma alguma, recebendo alimentação e toalhas limpas sempre deixadas na porta do quarto.

O clima está tenso e piorando com o passar das horas, um policial clássico e conservador com seus 53 anos, um adolescente medroso e um adulto no auge de sua rebeldia, transformado em seu personagem drag queen, Anira Dick, com certeza não é uma junção saudável em um pequeno quarto de hotel e para piorar, já se passaram 3 dias desde que esta ordem de isolamento começou.

Hoje, ainda o serviço de quarto não veio e já está atrasado, quando repentinamente, os três ouvem bater na porta.


 

Más notícias…

Lindemberg corre para procurar e colocar sua máscara, sua personificação de Dead Seeker, com medo de que alguém possa o reconhecer e de alguma forma, ligá-lo a sua família.

– Vai dormir moleque… – esbraveja Paulo, já acordado a algumas horas, como todo bom senhor de idade e ainda mais irritado do que de costume.

Olhando para Lindemberg, com uma cara de desaprovação, André, ou melhor Anira, o provoca.

– O mundo lá fora acabando e você preocupado que vão descobrir que você é um youtuber?

– E você? Ainda toda vestida de Anira… – Lindemberg retruca e deixa a conversa se perder na animosidade do ambiente.

E novamente as batidas na porta, desta vez com maior intensidade e Paulo vocifera na mesma proporção.

– Já vai porra!

Agindo em impulso, Anira levanta da cama e abre a porta, já irritada.

– Que que é?!

Do outro lado, uma jovem moça, sem esperar a visão que teve ao abrir a porta, só consegue balbuciar – Ahhhh, aqui é o quarto do Lindemberg?

E Anira questiona sem aguardar resposta.

– Aqui é o quarto do Lindemberg, Lindemberg? Vem aqui que é pra você!

Com isso, Paulo tirando Anira da frente da porta, assume a frente com sua postura inquisidora.

– Moça, bom dia… ah não é serviço de quarto isso. 

– Ahhh desculpa, que?

– Não é serviço de quarto isso e tá meio cedo pra visita, não?

– Ah não não, eu não sou serviço de quarto, eu queria falar com o Lindemberg mesmo. – E colocando a cabeça para dentro da porta, a moça direciona um  “Oi!” bem entusiasmado para Lindemberg, reconhecido por ela mesmo atrás de sua máscara.

Lindemberg tenta se esconder nas cobertas, mas completamente inútil enquanto ela continua.

– Oi, sou eu a Aninha Santos, eu debuguei a bomba outro dia contigo!

Completamente sem compreender coisa alguma dessa frase, Paulo se manifesta chocado.

– O que que tu fez???? – e desistindo dessa conversa sem sentido – ohhhh Lindemberg, a moça quer falar contigo, vem logo aqui.

Sem entender como aquela moça de cabelos pretos, com mechas coloridas, sabia quem ele era e se questionando “como ela sabe quem eu era” ele sai da cama e vai conversar com a jovem.

Após Ana entrar, Paulo olha ao redor no corredor e nota algo estranho…

Ao olhar o corredor, ele nota que as bandejas postas nos carrinhos de serviço, que normalmente eram retiradas à noite para a limpeza e no dia seguinte, já terem serviço o café, permaneceram lá, da mesma forma, sem serem retiradas.

Paulo começa a achar a situação incomum, mas reserva a informação para um momento oportuno.

No quarto, uma conversa entre Lindemberg e Ana.

– Peraí, você é a Aninha que joga com a gente? –  ele inicia timidamente, puxando assunto.

– Sim…

– E como você sabe quem eu sou? Meu nome?

– Ahhh longa história, será que a gente pode conversar, assim, só eu e você?

Ruborizado, ele busca alento na sabedoria de Paulo e Anira, vendo o que passava na cabeça de seu irmão, já diz.

– Vai lá conversar com ela, não se preocupe, não é o que você tá pensando, ninguém quer com você o que você tá pensando!

– Não conhece mulher, tchê?! – Paulo já dispara sem dó.

E tomando as rédeas da situação, Ana pega a mão de Lindemberg e diz – Eu realmente preciso conversar com você a sós! – E vai carregando Lindemberg, que está tremendo com tamanho contato físico inesperado.

Chegando no banheiro, Ana tranca a porta, coloca Lindemberg contra a parede, com suas mãos sobre os ombros do jovem rapaz e vai direto ao assunto.

– Eu preciso de ajuda! Tem uma merda muito grande acontecendo e você é a única pessoa que pode me ajudar, que pode denunciar o que está acontecendo aqui!

– Ahhmm eu … eu não to entendendo, do que você tá falando?

– EI! EI! – sacudindo fortemente Lindemberg – Você não percebeu que a gente tá no meio de uma merda na cidade! O que eles tão falando nos jornais é só metade da história! ELES VÃO EXPLODIR FLORIANÓPOLIS! 

– E você quer que eu jogue videogame? O que você quer que eu faça?

– Você tem a porra de um canal no Youtube! Seu pai é um deputado federal! Você pode denunciar isso!

– Tá, mas peraí… como que você sabe disso tudo? Ninguém sabia disso…

– É que… bom… ahmm… então, é meio difícil de explicar… eu… enfim… conheço você…

– Tá… olha, presta atenção… eu tenho um canal no youtube de jogar CS Go… você sabe que aquilo lá é só um jogo neh? Não é real. Você sabe que a maioria de quem assiste aquilo lá é criança…

– Ok, eu sei, eu não estou te confundindo com o teu personagem, mas eu preciso que você use a sua audiência para chegar em alguém, no seu pai ou qualquer coisa.

– Tá… é melhor a gente falar com o Paulo então.

– E quem é Paulo?

– É meu segurança…

– E quanto que você conhece ele? Porque a informação que eu to te passando é sigilosa, eu tô arriscando meu pescoço vindo aqui falar contigo, aliás eu não deveria nem estar mostrando meu rosto pra você!

– Ué e nem eu o meu pra você…

– Mas o seu eu já conhecia!

– É, e eu não sei como… mas a maioria das pessoas não conhece

– Ok… ok… digamos que eu tenha facilidade de conseguir acesso a informações privadas…

– Se tá falando que você é uma hacker?

– Eu não gosto do termo hacker, é um termo muito mau, prefiro usar detetive virtual, e eu não digito 35 mil palavras por segundo ou uso touca preta enquanto faço as coisas.

– Tá… Digamos que eu fizesse uma live falando alguma coisa, o que eu precisaria falar?

– Bom, eu não pensei exatamente nisso. O seu pai deve querer fazer alguma coisa, ele não deve querer que a cidade onde estão os dois filhos dele exploda!

– É, você tem razão, mas é melhor irmos ali falar com eles.

Lindemberg abre a porta e sai, pálido e aflito, seguido por Ana, ao ver esta cena, Anira prontamente fala.

– Usou camisinha Berg?

– Na.. na.. na.. não… não é nada disse que você tá pensando! – O menino atônito sacode os braços em negativa. – Peraí que ela tem uma coisa pra falar pra gente.

– Primeiro eu preciso saber quem são vocês… – Inquere Ana para se sentir mais confortável com a situação.

– Pra quê guria? – Reage Paulo, mas sem aguardar resposta, Lindemberg se pronuncia.

– Ele é meu irmão André e esse é meu segurança, Paulo.

– Segurança teu cu rapaz! Sou policial de profissão, tô fazendo um favor pro teu pai, nada mais que isso!

– Bom, eu não acho que eu tenho muita opção – Inicia Ana – e se você é o André, irmão dele, pode ser que você consiga me ajudar mais que seu irmão, porque ele tá sendo meio inútil.

– Ah bem vinda ao meu mundo. – Concorda Anira – Que que tá acontecendo?

– Bem… Como que eu vou dizer isso… Sabe esse probleminha que estamos tendo na cidade?

– Que tá fazendo a gente ficar três dias presos neste hotel?

– Isso é coisa do tráfico, só pode ser drogas! – Interrompe Paulo já irritado – Isso já vai passar

– Ignora ele, ele é só um velho – Anira, já cortando o posicionamento de Paulo – Continua, moça.

– Ahh não, isso é coisa do governo, eles fizeram uma merda, eles trancaram a ponte e estamos a dois dias de sermos explodidos!

– Isso é história da carochinha, não existe. – Paulo completamente incrédulo.

– E eles vão explodir a cidade? – Anira tenta retomar o foco da conversa.

– Sim..

– Mas o que aconteceu de tão grave para eles quererem explodir Florianópolis? Ok que é Florianópolis e ninguém se importa mesmo, mas…

Vendo toda a conversa, sem participar muito, Lindemberg se aproxima de seu irmão e diz.

– Acho que ela é maluca, ela tá confundindo isso com um jogo de videogame, só pode.

Anira olha para Lindemberg, depois para Ana, sem saber o que dizer.

– Ela jogou comigo algumas vezes… – Completa Lindemberg.

Já sem nenhuma paciência, Paulo esbraveja.

– Peraí peraí… só um pouquinho… esse papo pra mim não tem nenhum sentido, vocês se resolvam como gurizada que são e eu vou procurar o café da manhã que tá atrasado, se precisar, liga pra recepção. 

– Não é melhor você ficar aqui, Paulo? – Pede Lindemberg.

– O café não tá atrasado mesmo, falando nisso? O pessoal do hotel não entrou em contato conosco hoje mesmo.

– É André, é o que eu vou resolver. – Responde Paulo. – Vou conversar com eles do meu jeito, a moda antiga.

Seguindo o rumo da conversa, Ana se lembra que foi bem fácil entrar no hotel, na verdade fácil demais, não havia segurança alguma, nenhum funcionário, nem na recepção.

Com este comentário Paulo coloca seu revólver no coldre e sai do quarto, batendo a porta.

Agora com o ambiente só com os três jovens, Anira questiona novamente, dando mais ênfase ao que Ana contou.

– Você tava dizendo que foi fácil entrar aqui? É estranho isso, porque eu mesma tentei sair algumas vezes e sempre me mandaram voltar.

– Então, eu tinha até um plano de como eu ia me vestir de moça da limpeza e subir até o quarto de vocês, mas na verdade eu só precisei entrar.

– Isso quer dizer que não tinha ninguém lá embaixo? – Questiona Lindemberg.

– Não, ninguém…

– Teria sido muito legal – Completa Anira – Um visual de moça da limpeza para entrar, seria muito Hollywood!

– Viu.. – Lindemberg cortando o entusiasmo nascente de Ana e Anira. – A gente precisa descobrir se não tem mais ninguém no hotel.


 

Sangue…

No corredor, Paulo investiga a demora na entrega do café da manhã.

Ele olha para ambos os lados do corredor, porém, silêncio, somente o som da conversa no interior do quarto 414, conversa que não lhe interessava.

Paulo vai em direção ao elevador, rumo a recepção para questionar o que está acontecendo.

Em alguns quartos, as bandejas não estão do lado de fora. Atrás da porta de um destes quartos ouve-se tosses incessantes, agoniadas e, bom, preocupantes.

Logo mais a frente, bem próximo ao elevador, uma porta se encontra entreaberta, a bandeja ao lado de fora se encontra derrubada, os pratos estão fora dela, xícaras rolaram para a parede adjacente do corredor, parece que alguém saiu do local com muita pressa e tropeçando.

No botão do elevador, uma marca de mão… com muito sangue, demonstra que alguém passou por ali e talvez esteja ferido.

Ao passar pela porta que estava entreaberta, Paulo fecha, voltando sua atenção à marca de sangue no elevador.

A marca de sangue no elevador é relativamente recente, ainda está úmida, mas mais nenhuma marca é perceptível, talvez a pessoa machucada esteja no elevador.


 

Qual é a verdade?

Tentando entender mais sobre o assunto Anira questiona sobre o que está acontecendo realmente e Ana explica que os relatos oficiais são de um acidente em um laboratório, mas o que ninguém está contando é que na verdade é muito pior, houve uma evacuação de algumas pessoas importantes e saudáveis da cidade, mas, posteriormente, a ordem foi de confinamento e para o governo se preparar para destruir a ilha e todas as pessoas que estão aqui.

O que se sabe é que o laboratório que explodiu estava cuidando de uma arma biológica de alto contágio, que está colocando todos em risco e que em dois dias ocorrerá a destruição de Florianópolis. 

– Eu vim aqui porque preciso da ajuda de vocês para expor a situação, porque eu não estou nem um pouco a fim de morrer na verdade, e imagino que vocês também não estejam, eu acho que o Lindemberg pode usar a fama dele para relatar o que está acontecendo aqui ou mesmo o pai de vocês poder nos ajudar.

Lindemberg não consegue acreditar no que a moça está contando, acredita que se algo realmente estivesse para acontecer, seu pai já estaria providenciando a retirada dos dois da ilha, porém há alguns dias nenhum deles conversa com qualquer pessoa da família.


 

A verdade está lá dentro…

Na porta do quarto que Paulo acabara de fechar a porta, agora é possível ouvir batidas. Ouvindo as batidas incessantes, o policial vai até a porta e tenta acalmar a pessoa do outro lado.

– Amigo, calma que já vai chegar o serviço de quarto, tá atrasado hoje mesmo, mas não se preocupa.

Em resposta, do outro lado da porta, começa a se ouvir grunhidos, guturais, animalescos, algo em sofrimento, com dor.

Por baixo da porta sangue escorre para o corredor, como se a pessoa que estivesse batendo e gemendo na porta estivesse com um terrível sangramento.

Nas costas de Paulo, o elevador chega ao quarto andar.


 

Palavras de esperança soltas ao vento

Nisso, Anira se pronuncia.

– Bom, vamos fazer um teste então – Ela pega seu celular e começa a digitar o número do seu pai, quando nota que estão sem sinal. – Uhmm to sem sinal e ontem eu não tava. O seu celular tem sinal Berg?

O celular de Lindemberg está sem sinal também. Anira vai em direção a televisão e liga, porém só estática em todos os canais.

– Primeira coisa que acontece em um apocalipse é cortarem a comunicação – Ana já reforçando seu argumento – Então, assim, mais um sinal.

– Bom moça estranha, que levou meu irmão pro banheiro, tenho duas notícias pra você, a boa é que eu to acreditando no que você tá falando, a má é que não tem como falar com ninguém sobre isso.

– Então, eu não pensei muito no plano se isso acontecesse…

– Você não pensa muito nos seus planos não né moça?

– Mas tem um lugar que deve ter comunicação, com certeza!

– Onde? – Lindemberg e Anira questionam em coro.

– No laboratório que explodiu, lá com certeza deve haver comunicação. – Ana tenta expor sua ideia.

– Tem um vírus letal circulando no ar e infectando as pessoas, e você quer ir direto pra onde esse vírus letal foi explodido? Ou seja, é onde tem mais vírus letal?!

– Ei! Foi a primeira ideia que me passou pela cabeça, ao invés de ficar criticando, por que você não dá outra opção.

– Bom já que o velho foi embora, o que é ótimo, sorte nossa, vamos aproveitar e sair daqui e ver o que tá acontecendo na rua, porque pelo que você tá contando, eles não falaram tudo que tá acontecendo e eu to ficando um pouco preocupada com isso.

Enquanto isso, mesmo sem sinal, mas com esperanças, Lindemberg escreve uma mensagem de texto para seu pai, esperando que, uma hora, assim que retornar o sinal, sua mensagem seja enviada.


 

Grunhidos

Paulo decide tomar uma atitude, se preocupando com todo o sangue que se esvai pela porta, ignora o elevador e dá duas fortes batidas na porta.

– Polícia, tá?! Eu vou entrar! Se afasta da porta, agora!

As batidas e grunhidos continuam, incessantes, incansáveis. 

– Por favor! Se afaste da porta que eu vou entrar!

A resposta é a mesma, batidas e grunhidos. Paulo aguarda alguns segundos e, com um chute próximo a maçaneta, arromba a porta.


 

Continua…

Se você gostou do conteúdo deste texto não se esqueça de deixar um comentário, isso é muito importante para sabermos que vocês estão curtindo nosso conteúdo. E para acompanhar a série completa e também ter mais informações sobre Floripa em Chamas é só clicar aqui!

Baseado na campanha Floripa em Chamas mestrada por: Douglas Quadros
Texto de: Diemis Kist
Revisão de: Milles Araujo e Douglas Quadros
Arte dos Personagens: Iury Kroff

 

Livro-jogo Sobreviver (ou tentando)

 

IMPORTANTE: O FINANCIAMENTO JÁ ESTÁ ROLANDO NO CATARSE, INCLUSIVE BATEU SUA META EM POUCOS DIAS, PROVANDO COMO É UM EXCELENTE PROJETO.

 

Começo adiantando que eu não fui bem não, morri algumas vezes, e nem cheguei tão longe, e olha que só estava experimentando a versão de demonstração, que inclusive estará disponível no fim dessa matéria para todos os leitores também poderem ser devorados como eu fui!

Olá Aventureiros e Aventureiras, muitos de nos que jogamos RPG há mais tempo conhecemos os famosos livros-jogos, para quem não conhece é bem simples, um livro que conta uma história mas não é complemente como um livro comum, você faz escolhas, ou testa a sorte para verificar para qual momento da história você será mandado, em situações diferentes, com finais diferentes, tomando decisões para o personagem principal, ou principais, até mesmo para um grupo inteiro.

Projeto e Autor

O autor Gabriel Garcia, estará com o livro-jogo Sobreviver em um projeto financiado pelo Catarse, a partir do dia 5 de outubro do incrível ano de 2020, uma vivência imersiva como a que o livro proporciona combina muito com a atualidade. Sobreviver será lançado pelo GGAC Estúdio, fundado em 2020 e localizado na cidade de São Paulo. A primeira edição do livro foi lançada na Artist’s Alley da Comic Con Experience de 2017, e foi um sucesso, provocando em Gabriel e na equipe toda a vontade de expandir essa ideia, por isso esse novo projeto.

Em Sobreviver, você é um turista na cidade de São Paulo, precisa encontrar seu amigo para irem em um grande evento, mas no caminho terá que sobreviver ao ataques dos zumbis e os próprios perigos da cidade, para tornar a imersão ainda maior, o livro contará com recursos audiovisuais através de captura por QR-CODE. O projeto tem tudo para ser um dos maiores lançamentos do ano, os apoiadores do projeto terão o livro físico e estará autografado pelo autor, além dos brindes e prêmios costumeiros dos projetos, esses serão exclusivos do financiamento.

Vamos à diversão 

Agora pegue caneta ou lápis, uma folha de papel e 4 dados de 6 faces se você for jogador ou jogadora raiz; ou abra uma aba de anotação do seu smartphone, e procure um rolador de dados on line de sua preferência se for moderninho ou moderninha. Nós temos aqui uma materia sobre opções de roladores de dados, leia a matéria Como continuar jogando na quarentena . Porque agora nos vamos experimentar a versão cedida para dar aquela olhadinha no projeto, lembrando que não é a versão final e pode ter alterações. Bom divertimento, e espero que sejam melhores nisso do que eu. Acessem os primeiros capítulos  por aqui: Demosntrativo Livro-Jogo Sobreviver

Chamado de Cthulhu – Como utilizar os mitos em sua campanha #1

O que mais me atrai em Chamado de Cthulhu RPG é a mitologia e os deuses desse universo e as milhões de formas que você pode utilizar todos eles em suas campanhas. Seja fazendo com que os seu jogadores passem horas matando carniçais, ou fazendo que eles fiquem completamente insanos por terem visto Azathoth sendo invocado fisicamente por cultistas.

 As possibilidades são praticamente infinitas, e pensando nisso eu decidi fazer uma série de posts falando um pouco das formas que eu costumo inserir os mitos nas minhas sessões e campanhas. E em primeiro lugar, dando início a essa série, não poderia ser outro mito senão o deus Cthulhu.  

 

 A jornada para o despertar de Cthulhu.  

Em primeiro lugar, essa que na minha opinião é a forma mais usada em Call of Cthulhu quando se trata de utilizar o próprio Cthulhu em sua campanha. Neste caso os investigadores lutam para impedir cultistas de realizarem o ritual capaz de desperta-lo. Os três finais mais usados nesse caso são; Os investigadores dão a sua vida e de alguma forma conseguem impedir o ritual; Os investigadores não são capazes de impedir o ritual e Cthulhu acaba despertado trazendo consigo o apocalipse, ou os investigadores conseguem impedir o ritual saindo vivos da situação e eles acabam vivendo felizes para sempre ( chato! ) 

Esse tipo de aventura é bastante dinâmica e divertida de narrar, a jornada para o despertar de Cthulhu pode ser longa, durando várias sessões de muitas horas de jogo. Você pode por exemplo inserir na aventura o necronomicon como a forma que os cultistas tem de descobrir o cântico para despertar Cthulhu: “Ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn”. Em meio a essas sessões também outros mitos menores podem ser inseridos como um ‘’esquenta’’ pelo o que a de vir. Os grandes livros dos Mitos também é uma boa opção para inserir neste tipo de aventura. No geral pode se dizer que essa é a forma mais fácil e dinâmica e uma das mais divertidas de jogar O chamado de Cthulhu RPG.  

 

O mundo após o despertar de Cthulhu. 

Assim como anteriormente,  uma forma bastante interessante de usar o Cthulhu em sua campanha,é colocar os jogadores na pele de pessoas que vivem o mundo pós-apocalíptico causado pelo despertar de Cthulhu. Esse tipo de campanha muitas vezes exige que o jogador seja sorrateiro e estrategista. Dessa vez eles não estão tentando impedir algo, eles simplesmente devem lutar por suas vidas. O mundo lá fora está infestado de monstros e deuses horrendos, sendo assim o mestre tem bastante liberdade de usar as criaturas que ele bem entender em meio a sessão. Pode se dizer que sessões como essas transformam basicamente O chamado de Cthulhu RPG em um survival horror.  

 

Enfim, é relativamente simples adicionar o ”protagonista” desse sistema em sua campanha. É ideal saber que nesse universo o mundo realmente se divide em antes e depois do despertar de Cthulhu, Em ambas essas duas linhas do tempo existe um leque enorme de possibilidades. Estude um pouco sobre esse universo e use sua criatividade para ter uma boa história de Chamado de Cthulhu RPG.

Cthulhu fhtagn!

Como Continuar Jogando na Quarentena

Olá Heróis, estamos vivendo em novos tempos. A chegada da quarentena mudou drasticamente a forma que nos relacionamos, e fazemos algumas coisas e o que para muitos é apenas uma questão de adaptação, para outros é um verdadeiro desafio, principalmente quando falamos do nosso querido hobby.

Como continuar jogando RPG durante a quarentena? Como podemos manter nossas atividades heroicas ou vilanescas – sim, é legal ser do grupo do vilão – em tempos de distanciamento social? Se algumas partidas já ficavam comprometidas com nossos compromissos do cotidiano, agora com o distanciamento, as coisas ficam ainda mais complicadas, será que podemos resolver isso?

Sim amigos, sim é possível, estamos salvos, XP EM DOBRO PARA TODOS!

Vamos precisa de um computador ou celular, estar conectado à internet e nossos grupos de aventura. Separamos algumas ferramentas que podem ajudar a voltar para as jogatinas do RPGs de mesa.

Como será a narração?

Precisamos definir como a aventura será narrada. Com áudio apenas, com vídeo incluso? Tem inúmeras ferramentas gratuitas para resolver essas questões e entre as mais tradicionais estão Skype, Google Hangouts e Discord, mas até uma videochamada em grupo no WhatsApp ou Facetime pode resolver.

Jogar apenas com vídeo pode resolver a questão para a maioria dos grupos, especialmente para os que usam apenas a imaginação para descrever a cena, sem mapas e miniaturas.

Para evitar as desconfianças sobre aquele amigo ou amiga que tirou 8 vezes o 20 no dado em uma única partida por videochamada, podemos fazer de duas maneiras: mostrando a rolagem no vídeo ou usando aplicativos específicos para isso. A procura por esses aplicativos é bem simples, tem versões para iOS e Android, e o mais fácil de ser usado na nossa opinião é o rolador de dados do Google. Basta pesquisar por Dice Roller” é muito intuitivo o modo de usar.
As fichas, também são simples de resolver: pegue um arquivo de ficha em branco do sistema que você vai jogar e preencha no computador, existem vários aplicativos onde você pode organizar as fichas como jogador, e também para quem mestra e se preferir, imprima, preencha tudo, tire uma foto e compartilhe com o mestre.

Ferramentas com mais opções

Para aventurar-se em uma campanha com todos os recursos possíveis: mapas, miniaturas, fichas completas, rolagem de dados, descrição das magias, dos monstros e muito mais, também existem opções.

O mais popular é acessível é o Roll20, permite a criação de fichas online, inclusão de mapas, músicas e tem até opções de chamada por vídeo ou voz. Por ele ter muitas funções, e se vocês são como eu e se assustam com tantas opções, é possível achar tutoriais de como aproveitar melhor os recursos do site. E existem outras opções, como o Fantasy Grounds e o D20Pro, mas são versões pagas e um pouco mais complicadas de usar.

Outro meio de jogar sem sair de casa, e essa é uma excelente opção, pois pode ser jogada a qualquer momento, é o mRPG, um aplicativo que está disponível para iOS e Android e permite jogar apenas por texto, apenas quando você tiver tempo e ou vontade. Você descreve a sua ação e espera a dos outros jogadores, que podem responder no momento ou até horas depois.

E caso não queira jogar é possível acompanhar campanhas alheias por vídeos e podcasts, que também é muito divertido.

Desejamos a todos que encontrem a melhor opção para manterem a diversão na quarentena, ou mesmo depois que tudo passar.

Questfinder: entrevista com Douglas Quadros

A dificuldade para encontrar mesas de RPG, boardgame ou cardgame é algo comum a qualquer jogador. Seja por não conhecer quem também se interesse pelo hobby, seja porque a vida desfez as mesas, ou qualquer outro motivo. Nosso big boss Douglas Quadros é um dos desenvolvedores do app Questfinder, um muito necessário Tinder nerd onde ao invés de encontrar amor e pegação, você encontra dados, fichas de papel e refrigerante.

Movimento RPG: Antes de mais nada, o que é o QuestFinder?
Douglas Quadros: O Questfinder é um aplicativo que, através de geolocalização, permite encontrar pessoas e locais para jogar RPG, card games e boardgames em sua região.

MRPG: Como você teve essa ideia?
DQ: Eu mudo muito de cidade, e daí é sempre aquela correria atrás de grupo no facebook pra achar uma mesa (muitas eu tive que criar), então conversando com meu sócio Raul Galli, tivemos a ideia de um aplicativo para encontrar mesas de RPG. Segundos depois ele falou “Questfinder”! E então a ideia foi evoluindo.

MRPG: O aplicativo está em que versão? Quando foi o lançamento?
DQ: Foi lançado dia 20/08/2019 mas já esta em desenvolvimento desde 15/08/2017. Está na sua versão 1.0.1 na data desta entrevista. Mas tem muita coisa para melhorar, eu acredito existe muito potencial de crescimento e pode se tornar algo bem grande, mas que tem muito a evoluir ainda.

MRPG: O usuário vai precisar pagar? Se não, vai ter modo pago?
DQ: Ele é gratuito. A única limitação atual é a quantidade de mesas ativas: um usuário comum pode ter apenas 2. Já o usuário Premium tem acesso a quantas mesas quiser. Este diferencial nem é tão grande (futuramente outras funcionalidades virão para o premium), mas é mais uma aposta dos usuários no potencial do projeto. O Valor é R$15,00.

MRPG: Como vai funcionar? Vai permitir, por exemplo, definir as buscas por sistema ou universo?
DQ: Inicialmente não temos o sistema de busca ativo. Você procura mesas próximas de você e pede para entrar, então o mestre daquela mesa avalia seu perfil e aceita ou não você como usuário. Mas em breve vai ter buscas e filtros sim.

MRPG: Quem participa da iniciativa?
DQ: Atualmente estamos em 4 pessoas, Eu sou o designer de experiência do usuário e gerente de projeto, Raul Galli é o designer gráfico e publicitário, Andrews Duarte é o desenvolvedor e o Thiago Nascimento é o outro desenvolvedor. Anteriormente também tivemos ajuda do Jaykon Willian, que era desenvolvedor.

MRPG: Que funções mais vai apresentar?
DQ: Futuramente vai exibir no mapa locais específicos com material Rpgistico/Boardgamistico/Cardgamistico (huehue*) para os interessados em comprar. Além disso, vai exibir pontos públicos e privados (com permissão) onde a galera pode se reunir para jogar. Outra feature interessante é a ficha digital, que o mestre vai ter acesso para evitar aqueles jogadores que sempre a perdem… Huehue*.

MRPG: Vai funcionar só nos grandes centros? Só no Brasil?
DQ: Inicialmente vai ser só no Brasil, mas futuramente não terá limites. Quanto à localização, só depende dos jogadores criarem as salas  na região onde moram. Já tem algumas até mesmo no interior do Rio Grande do Sul e no Acre.

MRPG: Humano, elfo, anão, halfling, goblin, orc ou barata gigante resistente à radioatividade?
DQ: Barata Gigante Resistente à Radioatividade sempre! Huehue*.

 

Você pode baixar o Questfinder aqui.

*Nota da redação: Douglas Quadros não ri com “huehue”, mas quem manda aqui sou eu.

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