Um Desabafo Sobre Mudanças – Off-Topic #33

Saudações Rpgista! Você já parou para analisar (ou perceber) quantas mudanças aconteceram no cenário rpgístico brasileiro dos primórdios até os dias de hoje?

Na sua opinião, as mudanças foram para melhor? Ou pior? Ou você nem notou essas mudanças acontecerem?

Neste mês tão especial que também é meu mês de aniversário, me vi refletindo sobre como as coisas mudaram ao longo de todos esses anos envolvido com esse tão maravilhoso mundo do RPG!

Bora bater um papo sobre isso?

Os Primeiros Contatos com RPG

Bom, não é nenhum mistério que fui criado numa pequena cidade do interior de MG (Carandaí) até os meus 21 anos. E foi nessa pequena e humilde cidade que tive meu primeiro contato com RPG.

Naquela época, para nós, RPG não passava de um gênero de jogos de videogame, famoso principalmente no Japão. Nos resumíamos a acreditar que RPG eram apenas Final Fantasy, Dragon Quest, The Legend of Zelda ou similares da vida.

E foi numa dessas que um querido e muito saudoso amigo (que hoje deve estar rolando seus dados nas mesas além-vida e se divertindo muito por lá!) me apresentou a um livro de RPG que seu irmão tinha pego emprestado.

Se tratava da 2º Edição de Lobisomem O Apocalipse, e só de ver aquele livro enorme, com todas aquelas imagens cheias de gore e muita referência, além da história em quadrinhos de abertura que é uma das melhores ideias para introduzir alguém no cenário, me apaixonei na hora!

Pela primeira vez tive contato com esse que seria um dos meus maiores hobbies ao longo de toda a vida. Éramos apenas dois adolescentes com algo mágico nas mãos (e conhecimento quase zero de como usar o jogo).

Meu amigo tinha uma leve noção de como jogar, por ter recebido explicação prévia, e logo me passou as dicas de como funcionava. Ali mesmo, eu e ele, com uma ficha qualquer pré planejada e nossa mixaria de 3 d10 pra jogar.

Mesmo assim jogamos uma cena, entendi a mecânica do jogo, e imediatamente deixei minha casa de prontidão para jogarmos, e lá virou nossa nova sede de jogatinas.

Foi muito inusitado conhecer o RPG nessa época, pois tudo que tínhamos acesso era por indicações de pessoas conhecidas, canais abertos de TV (e nessa época, além de SBT e Globo, era sorte pegar algum outro…), rádio ou revistas e jornais impressos.

As Primeiras Compras

O primeiro contato foi com Lobisomem (como dito, a 2º edição), e todos estávamos fascinados com a ideia de jogar Vampiro A Máscara, dada a empolgação do nosso Mestre em querer narrar.

Esqueça a ideia de loja virtual, sites, frete grátis, pronta-entrega, lojas especializadas e coisas afins. Como se não bastasse estarmos no interior de MG, ainda era uma época “pré internetização” das coisas, era tudo no “modo manual” mesmo.

A loja especializada mais acessível para comprarmos era a Forbidden Planet em SP. E digo acessível por um motivo muito simples: nossa única fonte de informação sobre RPG naquela época era a Dragão Brasil.

Blogs, Fóruns, Comunidades… tudo isso ainda não existia, ou estava começando a nascer. Acesso a internet era algo muito raro, caro e restrito. Tínhamos de nos virar com o que tínhamos em mãos, e assim fizemos.

A Forbidden Planet colocava anúncios de capa inteira nas revistas Dragão Brasil, muitas vezes com catálogo e tabela de preços, então economizava tempo de ligação interurbana para SP (que era outro absurdo naquela época).

Nos reunimos, e fizemos a compra. Meu finado amigo que me introduziu no RPG comprou o recém-lançado Vampiro a Máscara 3º Edição, era o fim dos anos 90. Eu comprei o Livro do Clã Nosferatu, e cada um dos outros jogadores pegou um livro de clã (Malkaviano, Toreador, Brujah e Ventrue). Além de alguns dados.

Tenho até hoje esse livro de Vampiro (que devido a uma série de eventos em alguns anos, acabou sob minha posse, junto com o livro de Lobisomem que usávamos na época, e hoje ambos estão comigo), muito surrado e usado (foi o único livro de RPG na cidade por um bom tempo…).

Sim, vi esse bebê nascer!

É muito bacana ver como as coisas mudaram nesse sentido em todos esses anos.

Naquela época não tínhamos informações, material de apoio, acesso mercadológico e muito mais. Hoje é simples, fácil e grátis conseguir livros de RPG, além da vasta variedade de títulos disponíveis.

Era uma época onde a Devir praticamente trazia sozinha material de RPG para o Brasil. Foi uma época antes de surgirem editoras como a Jambô, ou que empresas de outros segmentos como a Galápagos aderissem ao mercado de RPG.

Eram raros os materiais traduzidos, muitos séries iniciaram e nunca tiveram um fim de fato (né Romances dos Clãs?). Muitos títulos nunca viram a luz do sol oficialmente em terras tupiniquins.

Nomes como Cassaro, Trevisan, Saladino, Tio Nitro, Shaftiel e Del Debbio eram as maiores (talvez as únicas) fontes de informação e material de apoio que tínhamos um acesso mais facilitado.

Você pode até não gostar de algum deles, mas é inquestionável a contribuição deles para que o mercado de RPG fosse o que é hoje!

O Primeiro Grande Boom

E as mudanças começaram a acontecer com a virada do Século XXI.

A internet começou a ficar mais acessível, a moeda estava mais “estabilizada”, o cenário político começou a ficar mais favorável a mudanças internas.

A mídia começou a se adaptar aos novos tempos, o mercado começou a crescer, o que antes era um “mercado restrito” começava a se tornar um mercado potencial.

Foi nessa época que tivemos um grande boom criativo em títulos e produções nacionais, surgimento de editoras e novas empresas aderindo ao RPG como um bom investimento.

Tormenta já dava seus passos para se tornar o maior cenário de RPG do Brasil, 3D&T era um sucesso avassalador que rendeu quadrinhos, adaptações, cenários, vários materiais e muito mais.

A Editora Daemon estava no mercado com seu Sistema Daemon sagrado como um dos principais no Brasil. Trevas, Arkanum e até Tormenta davam um enorme fôlego ao sistema nacional, apoiado por romances e novels de escritores como Antônio Augusto Shaftiel.

A Jambô também chegava no mercado, quebrando a hegemonia da Devir, abrindo as portas do mercado de RPG, trazendo novas possibilidades e novos títulos.

O D20 System chegava oficialmente, trazendo uma licença aberta de jogo que poderia ser usado por qualquer pessoa que quisesse desenvolver seu jogo sem ter a dor de cabeça de criar sistemas e mecânicas do zero.

A internet começava a se popularizar, ficar acessível e se tornar presente na casa de praticamente todo mundo. Com isso os fóruns, blogs, chats, comunidades e afins começaram a fervilhar e pipocar de conteúdo!

Pela primeira vez tínhamos material acessível, gratuito e variado à nossa disposição! Além do gigantesco leque de possibilidades de materiais oficiais traduzidos para o pt-br!

E as Mudanças Nunca Pararam…

E as coisas continuam mudando!

O meu jovem eu de 20 anos atrás, lá de 2002, que dava seus primeiros passos em RPG, jamais imaginaria que estaria aqui hoje, produzindo e criando material para esse tão amado hobbie ao lado de nomes icônicos do cenário!

Foram inúmeras experiências incríveis, como ter a chance de criar histórias junto com escritores fodas como Bernardo Stamato e Marcela Alban, interagir com artistas incríveis como Raul Galli (o nosso Raulzito) e estar ao lado de pessoas tão dedicadas empenhadas nesse hobbie como o Douglas Quadros!

Um dia fui apenas um jovem adolescente de uma pequena cidade do interior que conheceu o RPG por acaso, hoje posso me colocar como um Mestre de RPG e produtor de conteúdo! Quem disse que sonhos não se realizam, né?

E eu desejo sinceramente que as mudanças nunca acabem!

Que novas gerações de pessoas possam ser sempre bem-vindas no maravilhoso mundo do RPG! Que novos cenários, sistemas e jogos possam ganhar vida e trazer muitos momentos de felicidade e alegria a muitas pessoas!

O RPG trouxe uma série de mudanças gigantes na minha vida, e foi um prazer gigantesco poder acompanhar as grandes mudanças que o cenário brasileiro viveu, e que ainda viverá!

Obrigado por me acompanhar nesse “desabafo nostálgico”, e já passo a bola com um questionamento: quais mudanças do cenário rpgístico você vivenciou (ou deseja vivenciar)?

Meu Sistema Mudou… E Agora? – #32

Saudações, Rpgista! Como está sua relação atualmente com seu Sistema de jogo favorito?

É normal que, com o tempo, muita coisa mude e se adapte aos novos tempos e novas gerações que chegam. Mas como isso afeta nosso hobby, e como lidamos com isso?

Bora bater um papo!

Sistemas

Bom, primeiro vamos definir o que seriam os Sistemas: vamos considerar o Sistema como sendo o “conjunto de regras + cenário + proposta de jogo como um todo” que molda nossa experiência com determinado jogo.

Pensar dessa forma vai ser melhor pra podermos ter uma abrangência mais significativa e menos pedante no assunto.

Um Sistema então seria o “conjunto da obra por completo“. Por exemplo, “Vampiro 3° Edição”, o antigo livro base do mundo das Trevas, é um Sistema.

Não apenas o conjunto de regras do Storyteller (mesma base de Mago, Lobisomem, Hunter…) mas também todo um conjunto de cenário, plots, enredo, modelos de personagens, conteúdo adicionais e muito mais.

Alguns Sistemas podem ser mais genéricos em questão de cenários, como 3D&T ou GURPS, próprios para adaptarem cenários variados e de todos os tipos. Entretanto, ainda assim o Sistema está ali.

A “imagem” que o cenário e a jogatina terão estão intrinsecamente ligados ao Sistema. GURPS deixará tudo mais realista (mesmo que seja algo surreal), 3D&T sempre trará um tom cômico ou “divertido” nas sessões, e por aí vai.

Entender que as regras do jogo, a proposta de como jogar, a mecânica e tudo mais são tão importantes quanto a ideia do cenário, personagens e narrativa é o que faz o Sistema surgir à tona.

Agora que sabemos o que é o Sistema, podemos falar sobre como ele é vivo!

Sistema Vivo

O tempo muda tudo constantemente, principalmente as culturas.

Na faculdade, uma frase repetidamente dita por um professor era “a cultura é filha do seu tempo“.

Querendo ou não, temos de admitir que RPG é um produto cultural. Narrativa, arte, mecânica, estilo gráfico… Tudo isso compõe um caldeirão cultural que, mesmo voltado ao mercado, ainda sim não deixa de ser basicamente… Cultura!

E como tal, o RPG tbm será filho de seu tempo, e com isso passará por mudanças, alterações, nascimentos e cancelamentos.

A vida é dinâmica, e assim também é o cenário rpgista ao redor do mundo.

Cenários sofrem relançamentos, expansões, reboots, retcons e inúmeros outros artifícios para se adaptarem e se adequarem às novas gerações de pessoas que irão jogar e criar duas histórias!

Nada mais natural que os Sistemas também fosse vivos, dinâmicos, ganhassem novas versões e reedições, até mesmo novos Sistemas inéditos.

Um congelamento no mercado de RPG iria contra a própria proposta do RPG em si, que é ser acessível a todas as pessoas, todos os tempos, todas as ideias.

Meu Sistema mudou…

Trago essa reflexão pelo seguinte: recentemente terminei minha primeiríssima narrativa em Tormenta20, a atual edição desse cenário que eu tanto amo e… Quanta coisa mudou!!!!!

É muito interessante ver um Sistema que conheci (sim, pode-se dizer que era um Sistema kkkk) usando regras de 3D&T e um “compilado” de artigos e matérias da Dragão Brasil se tornar um Sistema Próprio e independente!

Deuses, geografia, personagens, eventos… Muita coisa mudou desde seu lançamento até os dias de hoje, e revisitar esse “velho amigo” e ver o quanto ele amadureceu,  de certa forma reflete também o meu amadurecimento enquanto narrador e jogador.

Embora as regras pareçam mais sérias e as ameaças mais assustadoras e mortais, aquele velho e nostálgico clima aventuresco e descompromissado de “sessão da tarde com uma turminha do barulho vivendo altas aventuras” ainda está lá (e a narrativa de “O Que Define Um Herói” reflete muito bem isso!).

Mudanças ocorrerão, cedo ou tarde. Sem elas, o Sistema invariavelmente irá morrer, e isso é um fato.

Como lidar com as mudanças?

Primeiramente, aceite que as mudanças ocorrem, são naturais e muitas vezes necessárias!

Como dizia Lulu Santos, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia“, e assim devemos seguir em frente!

O Sistema velho de guerra ainda estará lá, e pode ser revisitado sempre que necessário.

Vale lembrar que Mar de Mortos, que eu narrei também e até criei um Cenário, usa o Sistema de Lobisomem 3° Edição como base, mesmo W20 sendo o “Sistema atual” do Cenário.

A regra de ouro do RPG continua valendo: “use o que gosta, descarte o que não gosta, e apenas se divirta“.

Não gostou de alguma mudança? Use a velha regra! Prefere algum status da velha guarda? Mantenha sua narrativa dessa forma!

O importante de lembrar sobre RPG e Sistemas é que “nós que ditamos as regras”.

Decida com sua mesa a melhor forma de jogar, se usarão House Rules ou não e etc., e estará tudo no caminho certo para um resultado de diversão garantida!

No fim, o que importa é o que melhor serve e atende a você e sua mesa, e até às mudanças que vocês podem sofrer ao longo do percurso!

E aí, gostou dessa reflexão? Então continue acompanhando aqui mensalmente, e acompanhe também a Liga das Trevas que saiu material novo hoje lá também!

Até a próxima, e que Nimb lhe role bons dados!

Procrastinação – Off-Topic #31

Procrastinação, ou o ato de procrastinar, segundo a definição do dicionário é: adiar ou deixar alguma coisa para depois; não fazer o que precisa ou se programou para fazer no tempo estipulado; adiar; transferir a realização de alguma coisa para um outro momento; prorrogar para outro dia; protelar.

Esse efeito acontece sempre quando deixamos para amanhã o que poderia ser feito hoje, culminando em atrasos, perda de prazos, e consequências semelhantes. Isso já aconteceu com você, ou com pessoas próximas a você?

Se eu te disser que esse efeito pode atrapalhar até mesmo sua diversão e a de toda a mesa, acha que seria um bom tema para um bate-papo? Bom, bora saber se rende assunto!

 

A Procrastinação

Quem nunca empurrou com a barriga alguma tarefa, trabalho ou mesmo decisão que atire a primeira pedra!

Um grande ditado popular diz exatamente “não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje“, no intuito de influenciar as pessoas a serem mais dinâmicas e proativas.

Imprevistos podem acontecer, problemas podem surgir, o acaso pode intervir (e como bom devoto de Nimb que sou, conto sempre com o Caos dos eventos). Por isso se adiantar é bom.

Mas é fato que nem sempre (ou nem com tudo) conseguimos nos preparar, adiantar, passar na frente. Por mais interessante que seja, o “Efeito Batman” de estar sempre preparado e prevenido pra tudo é um tanto surreal (ou será que não?).

A procrastinação pode ter inúmeros gatilhos e motivos, assim como também pode simplesmente ser um esquecimento, cansaço ou desmotivação.

Uma investigação mais a fundo pode ser necessária se você sentir que isso interfere em sua vida de alguma forma, ou se acontece com maior frequência em determinado ponto da sua vida.

A procrastinação pode ser uma sombra que nunca abandona às vezes…

Procrastinação e RPG

Agora chegamos no ponto em pauta da nossa conversa de hoje: como a procrastinação pode atrapalhar sua diversão ou de toda a mesa de jogo!

Convenhamos, não é necessário ser nenhum PhD pra jogar RPG, nem se debulhar em milhares de páginas de materiais de referência, decorar cada nome e regra de todos os suplementos disponíveis e treinar e se planejar por décadas antes de estar pronto a jogar.

Tudo que e necessário são: imaginação, companhia e vontade de se divertir! O resto são detalhes e adendos que podem proporcionar variações na forma de se divertir, e apenas isso.

Não existe um “jogar RPG certo”, existe jogar e se divertir, que é a função e o ideal!

Porém, algumas pessoas se divertem fazendo planos, elaborando tramas e histórias, criando cenários e mapas, investindo tempo e dedicação para proporcionar uma grande narrativa!

A diversão está tanto em preparar a jogatina, quanto ver a mesa se divertindo com tudo que foi criado e planejado (mesmo que suas decisões joguem por terra todo o planejamento em questão de minutos).

E não podemos esquecer que também existem pessoas que se divertem jogando aventuras e desafios que foram planejados, preparados, elaborados, e não magicamente irados da cartola no exercício de criatividade do momento ou puxando de forma aleatória do livro (e não há nada de errado com isso quando as pessoas se divertem assim, diga-se de passagem).

O problema da procrastinação para as mesas de RPG, além do conflito de gostos entre quem gosta e não gosta de se preparar com antecedência, é quando a mesa deixa para a última hora detalhes que não são relacionados ao RPG em si.

Por exemplo, se a mesa combina de jogar de forma online, deixar para testar equipamento, conexão e tudo mais na hora do jogo, é foda né?

Ou então quando a mesa marca presencial, e no momento da jogatina que a pessoa se preocupa em saber endereço, distância, situação do trânsito ou mesmo avisar que não vai poder ou não tem vontade de jogar.

Claro, existem também situações onde fica acordado entre as pessoas da mesa alguma tarefa a ser desempenhada no intervalo entre uma sessão e outra, e acabam não fazendo ou não cumprindo.

Vale lembrar que RPG é um jogo coletivo, que envolve mais de uma pessoa, e que a sua decisão e a forma como você se comporta irá afetar diretamente a diversão de outra pessoa.

Até que ponto podemos nos permitir “empurrar com a barriga” nosso comprometimento com a mesa, e atrapalhar a diversão de outras pessoas?

O que seria da Guilda dos Guardiões se seus membros procrastinassem?

Como Lidar Com A Procrastinação?

Sinceramente, não sei dizer.

Eu mesmo sou uma pessoa que sofre com isso (e no meu caso é terapia que faço pra ajudar a contornar).

Nem toda procrastinação é por um fator psicológico, por uma condição, por uma situação, ou por algum fator externo.

Muitas vezes nossa procrastinação pode ser apenas um desejo de não fazer parte, preso por um senso de compromisso em não deixar na mão pessoas que contam com nossa presença ou participação pra se divertirem.

Entretanto, o problema é que na boa vontade de não querer desapontar, desapontamos por não comprometer conforme deveríamos!

Nesses casos, minha sugestão é: fale a verdade!

Se não gosta de determinado cenário, sistema, história ou outro fator que te impede de “se dedicar” (no sentido de não se permitir procrastinar ao extremo) avise pra sua mesa, estudem a possibilidade de mudar o fator incomodo, e caso não seja possível, nenhum erro em dar vaga a outra pessoa que vá se divertir mais!

Se sentir que a procrastinação é um fator que chega a te prejudicar em outros pontos da sua vida, pense a possibilidade de procurar ajuda especializada (opinião de quem passa por isso!).

No mais, enfrente o problema! Não procrastine a procrastinação!

Espero que tenha feito você pensar e refletir um pouco, e nos vemos no próximo Off-Topic (e nem preciso dizer o motive deste ter atrasado, né?).

Grande abraço!

Então É Natal… – Off-Topic #29

Então chegou novamente o Natal!

Música da Simone, show do Roberto Carlos, muita comilança, reunião da família…

Essa época do Natal traz junto de si sempre várias rotinas e rituais que parecem ser uma “obrigação” que todas as pessoas, independente de quaisquer coisas, devem seguir.

E eu, particularmente, acho isso um saco!

É muito surreal essa noção de que todas as pessoas precisam estar alinhadas na mesma vibe de pensamentos e energias, ou que a data magicamente nos torna seres humanos melhores assim, do nada!

Mas o que isso tem haver com o RPG?” – você deve estar me questionando agora. Bom, é possível sim traçar um paralelo nesse ponto! Bora lá?

O Espírito de Natal

Rezam as tradições natalinas (e de fim de ano) que, nessa época, uma estranha e poderosa magia toma conta do mundo e todas as pessoas se tornam gentis, amáveis, de bom coração e mostrando suas melhores facetas.

Talvez isso tenha começado quando Charles Dickens resolveu contar sua história sobre os três espíritos natalinos (passado, presente e futuro) que mudam o gélido coração do Ebenezer Scrooge. Ou talvez não.

O ponto é que, nessa época do ano, parece que se torna uma obrigação ser uma boa pessoa, exercer o perdão, a caridade e a solidariedade, que magicamente tudo que era ruim some e dali em diante apenas um caminho de bons momentos virão.

E sabemos que isso dura, no máximo, por umas 48h, e tudo volta ao normal depois disso.

Mas lidar com toda essa onda de otimismo e bons pensamentos não é fácil, nem simples e muito menos divertido para a grande maioria das pessoas.

De certa forma, é como se uma “obrigação invisível” existisse te forçando a ser, agir ou pensar daquela forma, e isso chega a ser torturante.

Um Conto de Natal, de Charles Dickens – Seria essa a origem do “Espírito de Natal”?

Mas e o RPG?

Agora, vamos traçar um paralelo desse “espírito natalino” com o RPG: quantas vezes você, na sua vida de rpgista, já não viu cenas onde uma “obrigação de como se jogar RPG” surge?

Já debatemos aqui na Taverna do Anão Tagarela várias vezes esse ponto, até aqui na Off-Topic mesmo já trocamos uma ideia sobre isso.

Assim como o “Natal” parece nos obrigar a um caminho, muitas pessoas dentro do cenário rpgista ainda pensam de maneira retrógrada que existe uma única e engessada maneira de jogar RPG que não pode e não deve nunca ser mudada ou desvirtuada.

Esse “conservadorismo” chega a beirar a imbecilidade, e espanta as pessoas do hobbie, ao invés de aproximá-las.

Não existe um caminho definitivo, forma padrão ou características obrigatórias para se jogar RPG, desde que seja divertido pra você e as pessoas com quem você joga!

É um saco quando as pessoas tentam te impor uma maneira de jogar RPG. São limitações, arbitrariedades, discussões infinitas sobre regras que congelam a narrativa pra virar debate, e até mesmo chegam ao ponto de determinar índole e moralidade pelo sistema ou cenário que as pessoas jogam.

Assim como o “Natal” tenta nos obrigar a passarmos pano para muitas merdas “porque é natal”, muitas pessoas também tentam impor como jogar RPG “porque é rpgista há X anos”.

O Espírito Rpgista

Claro que é bom tentarmos sempre sermos as melhores versões de nós mesmos, e melhores como seres humanos, mas tá tudo bem ser uma pessoa individual com seus próprios dramas e caminhos a percorrer!

Não gosta de D20 System por exemplo? Tá tudo bem, divirta-se jogando um outro sistema!

Acha as regras de um sistema ou cenário ruins ou engessadas? Fique à vontade para usar suas próprias regras ou mudar as existentes para melhor representar sua forma de jogar!

Faça da sua maneira, mesmo que isso vá contra a maneira da “maioria”. Não precisa fazer o que todos esperam que você faça, não é assim que deve funcionar!

Sejamos sempre aquelas pessoas que gostam de se juntar com amigos e amigas para contar histórias, viver aventuras, superar desafios!

Não façamos isso por apenas um dia ou apenas algumas horas, mas que possamos levar para todos os dias e todas as horas esse espírito!

Que nos seja possível ter essa magia em todos os aspectos de nossas vidas e não apenas nos momentos de jogo.

Esse sim deveria ser o verdadeiro espírito rpgista, o sentido de ser um “herói”, uma pessoa melhor!

Não sejamos boas pessoas “porque é natal”, nem nos julguemos melhores “porque somos rpgistas”. Não tentemos impor como outras pessoas joguem, ou o que devam jogar.

Sejamos apenas nós mesmos, tentando a cada dia sermos a melhor versão de nós, ganhando XP pra subir de nível cada vez mais, e de preferência em grupo!

Obrigado pelos peixes!

O que importa, é se divertir!

Muito Além do Cânone – Off-Topic #28

Saudações, Rpgista! O que você faz quando as regras do jogo que você escolheu não abrangem algo que jogadores querem fazer com seus personagens?

E o que você faz quando o livro de regras não te dá informações com detalhes sobre a Lore do cenário?

Será que nos deixamos limitar pelo jogo de palavras que compõe as regras ou cenários de algum jogo?

Recentemente, Douglas Quadros, Raulzito e Eu debatemos na Taverna do Anão Tagarela sobre a importância do Cânone, e eu queria estender esse assunto um pouco mais por aqui.

 

Cânone

O Cânone é a “história oficial” de alguma coisa. São todos os elementos que compõe oficialmente aquele cenário ou Universo.

É muito comum surgirem materiais extras, derivados e spin-offs.

Também não são raros os casos de materiais inspirados ou “sequências não canônicas” como já diz no nome.

Mas qual a importância do Cânone? Servir como referência a quem vai produzir material e conteúdo oficial sobre a obra, ou para a obra!

Imagine se de repente cada pessoa que fosse contribuir com a obra, o fizesse da sua forma sem respeitar o que veio antes ou para onde vai no futuro?

Claro que isso só é válido para material comercial oficial!

Resumindo, o Cânone é importante para trazer o CONTEXTO em que tudo se apresenta e se passa.

Assim, qualquer pessoa que pegar a obra, independente do ponto em que pegou, consegue assimilar eventos e acontecimentos para não se perder no desembolar de tudo.

Mar de Mortos – uma aventura bem fora do cânone!

Regras

As regras são as ferramentas para se trabalhar a criatividade e a narração de histórias.

São através das regras que justificamos resultados para as ações de forma a contribuir com a narrativa sem o “determinismo” de quem narra.

Servem como o “fator aleatório” que pode determinar o sucesso ou fracasso de uma determinada ação, de forma a mudar o foco narrativo.

Geralmente os sistemas e livros básicos vêm com todas as regras necessárias para jogar quaisquer histórias daquele universo. Geralmente.

Como bem se sabe, ao longo da vida dos sistemas, inúmeros suplementos vão surgindo, com mais regras, mais conteúdo e até alterações e correções de conteúdos anteriores.

E mesmo assim é possível que alguma regra ainda falte ou não explique bem a necessidade em uma cena de jogo!

É chato… Mas é mais normal do que parece.

Regras são como ferramentas: use da forma que melhor lhe servir!

Além do Cânone

Quando o Cânone não contempla algo a ser criado na narrativa, ou impede que algo que seja divertido pra mesa aconteça, faça o seguinte: ignore!

Sua mesa não é uma produção oficial comercial do sistema que precisa seguir parâmetros editoriais e regras de marketing da Editora, é apenas diversão!

A mesa está ali para contar uma boa história no universo do jogo que escolheram, então contem essa boa história da forma que mais vá lhes trazer diversão!

RPG é sobre isso, exercer a liberdade narrativa e criativa, usar as ferramentas à sua disposição da forma que lhe for mais conveniente, e para o que for mais divertido.

Use o Cânone como uma ferramenta pra te ajudar a criar histórias marcantes, a se situar na linha do tempo, a ter NPC’s que possam dar suporte aos personagens de jogadores.

Não deixe que o cânone te impeça de contar uma boa história! Caso isso ocorra, siga o que vai deixar sua mesa ainda mais divertida, e divirta-se com essa nova história!

 

Além das Regras

O mesmo pode ser dito sobre as regras.

Se as regras te impedem de usar uma arma diferente que é única de algum personagem, ou não te permite criar um background complexo e interessante por conta de detalhes, ignore-os!

As leis de um jogo não são a Constituição Federal de um país, ou a Carta de Direitos Humanos da vida real!

Elas estão ali apenas como um guia, uma ferramenta pra indicar o caminho que te ajudará a criar uma boa história.

E vale notar que é pra “ajudar” e não para “atrapalhar”.

Uma boa trama de RPG é uma história em conjunto, tanto quem narra quanto quem joga estão atuando em conjunto para o desenvolvimento e bom andar da narrativa.

Não se prenda a regras de forma excessiva, não frustre as outras pessoas da mesa “advogando” as regras do seu super combo! Ficar horas explicando porque um combo é possível toda vez que for usa-lo, por exemplo, é maçante e cansativo!

Regras são ferramentas, e como toda ferramenta à disposição no mundo, usa quem quer, como quer, quando quiser!

Divirta-se jogando, e está jogando da forma correta!

Então é isso Rpgista!

Espero que tenha sido um papo interessante, e que possa ser colocado em prática!

Não deixe de acompanhar as aventuras de Despertar da Fúria na Twitch do MRPG às sextas!

Gostou da ideia dos Sentai? Confira então o artigo sobre o Conceito de Sentai no Império de Jade, e também tem texto novo na Liga das Trevas, não perca!!!!

Um grande abraço, e até o próximo Off-Topic!

 

Morte Morrida, ou Morte Matada? – Off-Topic #27

Saudações, Rpgista! Como você lida com a morte nas suas mesas de jogo?

Já teve algum problema com a morte de personagens seus? Ou em matar personagens de jogadores?

Bora bater um papinho sobre o Bleeding em torno da morte?

 

Morte e Bleeding

Primeiramente, vamos pensar em como a morte e o bleeding podem estar conectados.

Criar personagens não é uma tarefa fácil, né? Dedicamos tempo, paciência, imaginação e criatividade na

elaboração da ficha, suas características, história, peculiaridades.

Podemos considerar que personagens são uma extensão de nós, uma expressão de nosso exercício cognitivo de imaginar e significar experiências.

Partindo desse pressuposto, encarar a morte pode ser o mesmo que encarar o fim ou a destruição de uma obra de arte ou criação diversa que já fizemos.

Imagine uma pessoa que escreva, tendo seus escritos destruídos, ou quem trabalha com música vendo suas composições morrendo.

Encarar a morte de personagens, mesmo de personagens que não tenhamos criado, pode sim ser chocante e nos trazer sentimentos conflitantes.

Inclusive, queria até mesmo trocar uma ideia sobre experiências recentes com morte de personagens!

Morte Matada

A primeira experiência foi na aventura one-shot dos Patronos do MRPG (que inclusive já está saindo no Canal MRPG bem AQUI), onde joguei com o personagem Abdul Al-Qzar, um Assamita Ancião diablerista que se infiltrou na Camarilla e foi descoberto.

A pedido do Douglas, eu criei a ficha do personagem, e já previamente combinado com ele, agiria como infiltrado em uma Caçada de Sangue (quando um vampiro é declarado oficialmente um inimigo de uma facção e lhe é emitida uma sentença de morte final) onde eu seria o alvo.

O objetivo dessa aventura era matar ou morrer, e acabaria quando meu personagem morresse ou matasse seus caçadores. Acho que já imaginam o final, né?

Diga-se de passagem, a aventura foi muito divertida e empolgante! Porém tenho de confessar que o bleeding foi um tato negativo.

De certa forma, pra mim foi uma “derrota para os dados”, e não um grande momento interpretativo. Ótimas ideias e cenas interessantes foram inutilizadas pelo fator “rolagem ruim de dados”.

É um pouco frustrante saber que seu personagem vai morrer porque não teve sucessos em uma rolagem de dados para uma ação que deveria ser “rotineira” ao personagem. Mas acontece!

Assim como na vida real.

A “morte matada” é justamente o fato de perder um personagem para algo “além de nosso controle”. Uma rolagem ruim, um resultado inesperado, uma ação de outra pessoa na mesa, ou até mesmo uma arbitrariedade de quem narra.

Como vocês lidam com o bleeding nessas situações? Comentem aí!

A primeira aventura One-Shot dos Patronos. Junte-se ao Patronato você também!

Morte Morrida

Sacrifícios podem ser necessários para criar boas narrativas em alguns casos.

Boromir se sacrificando para que a Sociedade do Anel escapasse dos Orcs. Barry Allen morrendo para impedir os planos do Anti-Monitor em Crise nas Infinita Terras.

A cultura pop em geral está cheia de grandes momentos de sacrifícios de personagens em prol de um grande clímax narrativo, ou para honrar decisões que o personagem de fato tomaria.

E isso é o que ocorre com Jonas, meu personagem da aventura Leipzig 1989 / 1992 de Kult – Divindade Perdida que tá rolando às sextas na Twitch do MRPG.

Jonas é um personagem inconsequente e determinado em tocar o foda-se nas decisões, o que o coloca frequentemente em rota de colisão com a morte.

Mas ao contrário do que acontece com o Abdul, se o Jonas morrer, eu me sentiria até um pouco “contente” com a ideia, pois é justamente esse tipo de loucura que o personagem incessantemente busca!

Honrar uma narrativa ou determinação de um personagem é algo que dá até um certo orgulho (pelo menos pra mim).

É difícil muitas vezes, afinal nosso apego e senso de sobrevivência vai nos direcionar a querer salvar o personagem, né?

Mas essa experiência com Jonas é muito interessante justamente por isso! O personagem é tão empenhando em abraçar naturalmente a morte caso ela venha que não se importa com consequência nenhuma!

A “morte morrida” seria justamente se entregar à morte ou fim de um personagem em prol de uma narrativa ou interpretação, é abraçar e aceitar esse fim, e deixar acontecer!

Comenta aí como é pra você lidar com situações desse tipo!

A aventura onde a história de Jonas começou

Espero que tenha gostado desse bate-papo! Deixa aqui nos comentários como você lida com a morte!

Aproveite e passe lá na Liga das Trevas pra ver o artigo do Raulzito sobre Ofuscação, e caso tiver curiosidade, conheça a ficha do Jonas AQUI.

Off-Topic #24 – Passado, Presente e Futuro com RPG

Saudações, Rpgista! Em ritmo de festa por aí também?
24 edições mensais! 2 anos de estrada!
Pode parece pouco, mas acredite, pra mim, foi uma longa trajetória!
Muitas coisas mudaram e evoluíram! Desafios foram vencidos, e novos horizontes se abriram!

 

ANTES DO INÍCIO

Antes de me juntar aqui com a galera do Movimento RPG, era apenas um consumidor de conteúdo nível básico.
Jogava, narrava, lia o material, mas tudo única e exclusivamente pelo hobbie.
Rascunhava alguns mapas, alterava algumas regras, experimentava algumas adaptações… e só.
Consumir material de RPG nessa época se restringia aos poucos livros traduzidos para o PT-BR, alguns xerox encadernados, a velha Dragão Brasil e nossos materiais próprios.
Quando a internet começou a dar espaço e voz a outras produções, muita gente conseguiu colocar suas obras na luz do sol.
Blogs, sites, revistas digitais, fóruns, portais… aos poucos tudo isso começou a tomar conta da internet, dando acesso a materiais de RPG nunca antes imaginados como possíveis por nós, meras pessoas que apenas consumiam.
Hoje os tempos são bem mais acessíveis, mais rápidos e dinâmicos.
Porém, perdemos também um pouco do velho charme de se reunir e torno da mesa, com livros, lápis e papéis para horas e horas de jogatina.
Claro que é tudo relativo a seu tempo, com seus prós e seus contras, e algumas comparações simplesmente não farão sentido.

DENTRO DO MOVIMENTO RPG

E aí o tempo muda, as coisas evoluem, e o Movimento RPG nasce.
Receber o convite do Douglas Quadros pra escrever e produzir pro site foi muito inusitado, pra dizer o mínimo.
Primeiro foi o espaço mensal aqui no Off-Topic, e muitos assuntos já passaram por aqui!
A princípio não ti há muita ideia do que fazer ou sobre o que de fato escrever, mas nesses dois anos deu pra dar uma carinha pra coluna.
Não bastasse isso, outros desafios também vieram!
O inusitado Torneio de Artes Marciais que eu fiz papel de narrador, numa pitoresca mistura de RPG competitivo com narrativa ao vivo, tudo muito fora da minha zona de conforto.
A vaga também como Garou na Liga das Trevas pra falar sobre Lobisomem o Apocalipse, meu título favorito do Mundo das Trevas e jogo que me fez entrar no mundo dos RPGs!
É um prazer muito grande ver o projeto crescendo, fazer parte dele, e poder parar, analisar e perceber que estou hoje fazendo o mesmo trabalho que eu tanto admirava quando comecei a jogar RPG: produzindo material!
Resenhas, críticas, análises, novas variantes de regras, experiências de jogo e muito mais é algo que fazia com amigos e conhecidos, de forma íntima, e hoje saem aqui!
E na sua vida Rpgista, já parou para analisar e ver o quanto você cresceu, mudou e evoluiu desde que jogou a primeira vez até hoje?

O QUE O FUTURO RESERVA

E o que há de vir no futuro?
Quais novas surpresas, desafios e novidades poderão vir?
E como ficará o cenário de RPG no mundo pós pandemia?
Existem ainda muitas outras questões tanto a serem feitas quanto a serem respondidas, e nesse terceiro ano de Off-Topics, tentarei abordar algumas coisas!
Agora conta pra mim: e pra você? O que reserva seu futuro? Já pensou nisso?
Quais as possibilidades de jogatinas, sistemas, mesas ou trabalhos você prevê na sua vida?
Sugiro que, assim como eu, faça uma pausa, veja o quanto já foi percorrido na caminhada da vida, o quanto tudo mudou.
Isso nos ajuda a ver como estamos com muito mais XP que antes, e também nos guia nas escolhas que teremos de fazer adiante, como onde gastar toda essa XP!
Muito obrigado por acompanhar a Coluna, e espero poder te ver por aqui nas próximas!
Que Nimb nos role bons dados!

A Rede Rpgista – Off-Topic #23

Saudações Rpgista! Você já ouviu falar ou pensou na ideia de uma grande e interligada Rede Rpgista?
Tal ideia pode parecer Teoria da Conspiração ou uma grande Brisa, mas a verdade é que ela existe, está aí, e você muito provavelmente faz parte dela de alguma forma!

 

OS PRIMÓRDIOS DO RPG

Houve um tempo (talvez você se lembre, talvez não) mas o RPG era algo escasso e de difícil acesso no Brasil.
Quando a “Era de Ouro” do RPG chegou por aqui, podíamos dividir o grande público brasileiro que jogava RPG em três sistemas: GURPS, AD&D e Storyteller.
A então chamada “trindade do RPG” eram as linhas que mais ganhavam traduções e suplementos por aqui, principalmente por tudo se concentrar praticamente em apenas uma única empresa aqui.
Foi nessa época que uma galera começou a produzir material próprio, histórias próprias e muito mais. Assim tivemos a chance de conhecer revistas e trabalhos voltados exclusivamente para o RPG.
Dragão Brasil, D20 Saga, Dungeon Magazine, Tokyo Defender, Dragon Magazine, Universo do RPG e várias outras revistas, antigas e atuais, se aproveitaram dessa brecha e necessidade de mais material para jogatinas.
Foi também com essa galera que novos sistemas e cenários foram aos poucos ganhando espaço.
Defensores de Tóquio, Trevas, Tagmar, Desafio dos Bandeirantes e Tormenta são apenas algumas das produções nacionais que ganharam espaço por aqui!
E não parou por aí: até mesmo quadrinhos como Holy Avenger e Victory ganharam vida por conta do RPG e se mercado que cresceu muito nos últimos anos.
Então, se for parar pra pensar, o RPG envolve muito mais que apenas a empresa que o produz e o público que o consome.
É uma intrínseca teia de pessoas envolvidas nos mais diversos níveis e com as mais variadas repercussões direta e indiretamente!
E essa ligação que podemos chamar de REDE RPGISTA!

A REDE RPGISTA

Claro que o avanço da internet uniu e ligou, mais que nunca, o hobbie e as pessoas que o cultuam, isso é um fato.
Mas houve um tempo em que se pensar em um novo livro traduzido era apenas sonhar que ele viria.
Há quem ainda hoje aguarda a finalização de um arco de algum sistema (como quem quer ter a coleção de todos os Romances de Clã de Vampiro: a Máscara ou o material referente ao Fim do Mundo das Trevas).
Existiu nessa época uma galera que foi lá e meteu a mão na massa e produziu muito material!
Criaram sistemas, cenários, materiais de suporte, adaptação de regras e muito mais.
E até os dias de hoje, isso segue a todo vapor!
Existe muita gente que produz conteúdo de RPG nos mais diversos níveis!
Nós mesmos, aqui no MRPG, estamos sempre trazendo algum material novo!
Tem as lives que são ao vivo na Twitch, e depois saem editadas no YouTube.
Tem a Liga das Trevas trazendo conteúdo sobre Storyteller (antigo e novo) toda semana!
A galera da Mega Liga que trazendo conteúdo sobre 3D&T com frequência e qualidade!
Saem Resenhas de novos sistemas, de material similar, adaptações de cenários e muito mais!
Fala a verdade: é ou não é uma verdadeira rede de pessoas com um gosto em comum produzindo aquilo que mais gosta de consumir?

PRÓS E CONTRAS

Claro que ao pensar nessa rede não devemos jamais esquecer que defeitos também existem.
Quanto mais nichado um meio for, quanto mais divisões conseguirmos criar dentro das já feitas divisões, mas alimentaremos preconceitos e fobias.
É comum, infelizmente, nos depararmos com pessoas que, por motivos imbecis, fazem mal a outras pessoas ou as rechaçam do meio.
São disputas sobre qual sistema é melhor, qual jeito de jogar é o certo, qual empresa tem melhor material e por aí vai.
Existem pessoas que chegam até mesmo a produzir material em prol de apenas difamar, caluniar ou gerar tretas gratuitas com algumas outras pessoas que pensam diferentes.
E é engraçado pensar nisso, visto que grande parte do que vem a ser RPG é sobre amizade, união, trabalho em equipe, e tudo mais!
E sem falar também da Zona Cinza que é a pirataria.
Fato é que muito material que hoje as pessoas tem acesso, é porque alguém, não oficialmente, teve todo o trabalho de tradução para nossa língua e disponibilizou isso.
Jamais tivemos por aqui oficialmente a maior parte do material que já foi produzido de RPG em outros países, apenas através da pirataria.

POR FIM

O fato é que: se você consome ou produz material de RPG, você faz parte da Rede Rpgista.
Mestrar, narrar e jogar são tão importantes quanto escrever, traduzir, ilustrar, diagramar e tudo mais.
Criar material autoral, adaptar para o sistema preferido, compartilhar conteúdos, acompanhar quem produz, tudo isso é parte de ser Rpgista, e parte da enorme e gigante Rede Rpgista do mundo!
Então faça sua parte também!
Acompanhe nosso material aqui, material de outros sites e outras equipes, divulgue os seus próprios!
Vamos juntos fazer da Rede Rpgista ainda maior, melhor e mais forte!

Vamos Falar Sobre Gatilhos? – Off-Topic #22

Saudações, Rpgista! Vocês já se preocuparou com Gatilhos durante as sessões ou narrativas?
Recentemente aqui no Movimento RPG começamos uma mesa de Kult – Divindade Perdida, com narração do Raull Galli, e um dos pontos que necessitamos debater antes de começar foi justamente sobre os possíveis gatilhos.

Esse debate fez parte do “Contrato do Horror”, que o Gustavo “Demon” explicou melhor AQUI.

 

O QUE SÃO GATILHOS?

Gatilhos são menções, atos, referências ou abordagens que “despertam” algum tipo de lembrança ou sensação, geralmente de forma negativa.
Lá no primeiro Off-Topic, falando sobre o Bleeding, mencionei sobre uma narrativa em que o tema Estupro foi abordado, e como isso gerou um Gatilho e um Bleeding que, por fim, acabaram sendo positivos.
E já comentei bastante sobre Bleeding aqui nos Off-Topics, e até lá no Podcast Dicas de RPG.
A grande questão é que nem sempre abordar ou trazer à tona algum elemento de Gatilho pode ser benéfico ou produtivo para as pessoas presentes.
Todos nós, enquanto seres humanos, temos nossas lembranças e momentos ruins, que preferimos esquecer.
Não raras vezes, nosso próprio subconsciente nos impede de acessar tais memórias para preservar nossa sanidade sentimental e psicológica.
E não existe uma fórmula do tipo “Gatilhos são assim e assado”.
Cada pessoa tem seu Gatilho, seus temas que prefere não abordar, suas limitações, e isso é normal!

Kult – Divindade Perdida, um RPG cujas regras tem alerta sobre Gatilhos

ESTABELECENDO GATILHOS

O ideal é que, antes de iniciar uma sessão, ou de começar uma narrativa com novas pessoas, seja feito um bate-papo para que os limites e pontos frágeis sejam estabelecidos.
Não é nenhum demérito deixar claros assuntos, temas ou cenas que te deixam desconfortável de alguma forma.
O intuito do RPG é sempre o de divertir e alegrar, e convenhamos que ficar flertando com gatilhos não é nada divertido, né?
Reúna todas as pessoas que vão jogar, dê uma ideia do cenário e do tom de narrativa, estabeleça os principais elementos que serão abordados durante a jogatina.
E não se esqueça de pedir à todas as pessoas que vão jogar para que definam seus limites, assuntos e temas que devem ser evitados, e qualquer tipo de conteúdo que seja “desagradável” ao bom andamento da jogatina.

 

FUGINDO DE GATILHOS

Existem gatilhos que são inesperados.
Muitas vezes nós não sabemos que algum elemento ou cena podem nos fazer mal de alguma forma, e isso é normal.
O autoconhecimento é um processo constante, e muitas vezes é quando estamos submetidos à determinado evento ou fator que conseguimos de fato perceber o que nos faz mal ou não.
Se durante uma sessão algum ponto causar o mal estar, não se reprima: deixe bem claro que o ponto é incômodo, e se possível o por que desse incômodo.
Como eu disse antes, não é nenhum demérito estabelecermos esses pontos.
Evitar gatilhos em momento algum deturpa ou impede um bom desenrolar narrativo ou de jogo.
Precisamos prestar atenção nas pessoas ao nosso redor que estão jogando conosco, seja presencial ou online, para que tudo caminhe da melhor forma possível, e principalmente, de forma divertida.

Gatilhos existem, e falar sobre eles está tudo bem!

COMO IDENTIFICAR GATILHOS?

Identificar os gatilhos é mais simples do que parece.
Sabe a sensação ao ver uma cena de um filme que causa desconforto?
Aquela sensação de choque ou perturbação que estragam a experiência de assistir a um filme?
Esse é um claro sinal do Gatilho!
Toda e qualquer situação, tema, cena, narrativa, uso de palavras ou termos que cause uma sensação de mal-estar e desconforto, que te tire da sua situação de tranquilidade, é um Gatilho.
Como esses Gatilhos variam de pessoa a pessoa, e alguns nós nem sabemos que temos, cabe a cada um de nós também prestar atenção a esses pequenos detalhes.
Nos causa incômodo, devemos deixar isso claro!
Para algumas pessoas são assuntos que envolvam políticas, para outras são os ligado à algum tipo de crime, e muitas não gostam de violência por exemplo.
O mais importante é identificar a sensação de desconforto. Ela surgiu, sinal vermelho!

 

VIDA LONGA À DIVERSÃO

Agora que os Gatilhos estão “na mente”, e que já temos a noção que precisamos prestar atenção neles, vamos colocar isso em prática.
Reúna-se com as pessoas que vão jogar com você, estabeleça os limites, verifique os pontos.
Defina sinais para notar gatilhos durante a sessão, ou sinais para parar.
Preservem sua diversão!
E já que falamos de Kult, conheça lá mais sobre o jogo AQUI, e confira também o que saiu na Liga das Trevas essa semana, que tá bem legal!

Tudo Mudou! E Agora? – Off-Topic #21

Saudações Rpgistas! Tudo Mudou! E agora? Como lidar com as mudanças e driblar o saudosismo?

Estamos preparados para lidar com mudanças de forma geral? Perceberam também a nova arte que o Douglas Quadros fez pra coluna?

O que isso tem a ver com RPG?

Bora lá descobrir e conversar sobre isso!

 

A CULTURA É FILHA DO SEU TEMPO

Uma das coisas que mais grudaram na minha mente nos tempos de faculdade foi a frase de um professor que disse que “A Filosofia é filha de seu tempo”.

Eu ouso ir um pouco além dele, e acho que a Cultura de forma geral é filha de seu tempo, e não há como separar o RPG do cenário cultural mundial.

Sejam pontos políticos, teorias filosóficas, avanços científicos ou quaisquer outros pontos temáticos, a Cultura do momento de sua criação diz muito sobre a sociedade e seus costumes.

À medida que a sociedade vai mudando e criando novos paradigmas, assim acontece também com tudo o que é culturalmente produzido dali em diante!

Já imaginou se a Cultura acabasse congelada no tempo????

Já vimos isso acontecer com a Moda, com as Artes, com o Cinema, até mesmo na Literatura, Música e Quadrinhos!

E não seria diferente com o RPG também, não é?

Vivemos para ver nossa tecnologia dar saltos quantitativos, vimos nossa sociedade mudar suas políticas e questões sociais, vimos países sendo desfeitos e até alguns assumindo sua independência.

Obviamente tudo isso reflete em nós, enquanto seres humanos e seres sociais, e também em nosso tão querido e amado hobbie, que muitas vezes se espelha no mundo real para criar cenários e historias.

 

MUDANÇAS DAS PESSOAS

As pessoas mudam. Seja fisicamente por terem ido para outras cidades, seja psicologicamente após vivenciar experiências que as fizeram mudar de pensamento, o fato é que as pessoas não são da mesma forma para sempre!

Todos nós estamos suscetíveis às ações do tempo, e não há força de mudança maior no mundo que o Tempo!

Se fizermos uma análise profunda, veremos que não somos hoje as mesmas pessoas de algum tempo atrás! E podemos perceber também que algumas coisas que achávamos corretas ou que gostávamos muito, hoje em dia já vemos e percebemos que não é bem assim.

Heráclito, lá na Grécia Antiga, antes ainda de Platão, Sócrates e outros grandes nomes do pensamento grego, já dizia que “um rio não corre duas vezes pelo mesmo lugar”. Ou seja, o que fomos durou o tempo que durou, e hoje não somos mais quem fomos naquele exato momento!

Tentar engessar as mudanças, ou não aceitar que as pessoas possam mudar, sempre é algo frustrante e incômodo!

Desejamos manter aquela mesa e aquelas pessoas ali pra sempre, como estão, e nos divertirmos todos os dias como se nada nunca mudasse, mas infelizmente não é assim que o mundo funciona.

Seria tão legal se tudo durasse pra sempre, né? Ou será que não?

 

NOVOS LIVROS, NOVOS SISTEMAS

O RPG também sofre com essas mudanças. Se hoje a tecnologia de games possibilita, por exemplo, que após um game ser lançado algum patch de correção e atualização corrija alguns defeitos, o mesmo não pode ser aplicado a livros de RPG tão facilmente.

Se compararmos as versões originais de vários sistemas ou mesmo as primeiras ideias de RPG com o que temos hoje, veremos que essas mudanças são gigantescas e essenciais para que o hobbie continue vivo e respirando!

Essa “vida” que os cenários e sistemas possuem é, em grande parte, responsável por manter viva a chama de players por todo o mundo!

O mundo de 2021 é muito diferente do início dos anos 90, quando surgiu a primeira versão do Mundo das Trevas, por exemplo! Como atualizar Vampiros, Magos, Lobisomens e muito mais para a tecnologia e a forma de vida do Século XXI? O sistema original, por não conhecer as mudanças que viriam anos à frente, se tornou defasado e antiquado, precisando ser revisto e atualizado!

E isso não é uma exclusividade de um único sistema ou cenário, e sim uma realidade de todo o RPG a nível mundial!

Novas editoras, novos sistemas, atualizações de sistemas já existentes e muito mais são necessários e fundamentais para que o hobbie continue vivo e trazendo mais pessoas para dentro dele!

Ainda bem que as coisas mudam!!!!

 

TUDO MUDOU! E AGORA?

Está percebendo a necessidade das mudanças? Já percebeu que essas mudanças estão acontecendo com você ou ao seu redor?
Não se desespere!
Mudanças são essenciais, necessárias, fundamentais e até mesmo inevitáveis.

Tenha em mente que por mais que as coisas mudem, nada vai tirar as boas memórias que você tem de sua mesa ou grupo, nem as boas e emocionantes histórias que viveram juntos!

Pense que isso apenas abre a oportunidade para que novas histórias sejam contadas, que novas pessoas possam fazer parte desse legado, e que tudo é vivo e fluido!

Não se apegue ou se agarre demais ao passado! Se permita conhecer o novo, aprender as mudanças, interagir com novas pessoas e conhecer cada dia mais coisas novas!

O mundo não para, o tempo não para, e desejamos que o RPG também não pare nunca!

Agora que tudo mudou, torne-se agente dessa mudança você também! Se aventure por novos sistemas, novas mesas, com novas pessoas e viva novas e emocionantes histórias!

 

NOS VEMOS NO PRÓXIMO MÊS!

Então é isso pessoal!

Espero que tenham gostado do papo desse mês, e aguardo vocês para o Off-Topic do mês seguinte!

Não se esqueçam que toda sexta-feira tem um post novíssimo da Liga das Trevas!

De indicação, recomendo a HQ Vira-Lata Solitário, que você pode conferir a resenha AQUI, e se quiser se aventurar por um novo sistema, que tal dar uma chance para o Tiny Dungeon que a Isabela Comarella fez uma resenha AQUI!

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