Ideologias políticas como kits em 3D&T

Este artigo com a proposta de ideologias políticas no lugar de panteões divinos em 3D&T foi feito originalmente no blog Rodapé do Horizonte. Veja o artigo na íntegra clicando aqui, que ainda inclui clérigos, paladinos e monges do Liberalismo, Anarquia e Social-Democracia. Para outros posts da Megaliga Tokyo Defender, clique aqui.

Uma ideologia, quando você para para pensar, não é tão diferente assim de uma crença religiosa – é também um ideal através do qual você regra a sua vida, e assim ganha motivação e vontade para seguir atrás dos seus objetivos. Se RPGs possuem regras específicas para servos e seguidores de deuses, então, quanto seria necessário para convertê-las em regras de seguidores de ideologias políticas?

As ideologias a seguir são algumas das mais importantes da história política ocidental, pelo menos desde o século XVIII. Mesmo que as ideologias sejam pensadas para esse contexto, no entanto, não é tão difícil assim adaptá-las para outros cenários fantásticos – o Liberalismo Clássico, por exemplo, poderia facilmente surgir em praticamente qualquer cenário de fantasia medieval; o Comunismo também poderia se desenvolver com base em revoltas de servos, ao invés de proletários; e mesmo os outros podem encontrar o seu espaço para quem gostar de um bom pastiche nas suas campanhas.

Enfim, de maneira geral, utilizei três classificações para os kits de personagem a seguir.

Clérigos. Estes são os pregadores, aqueles professam de fato a ideologia em questão. Fazem parte dele o pregador de rua, que para o trânsito com uma bandeira e um alto-falante; o político que defende as ideias da ideologia no palanque do seu partido; e mesmo o ideólogo acadêmico, que o faz em revistas e seminários universitários.

Paladinos. São os homens de ação, que pegam em armas e praticam aquilo que os clérigos pregam. Mais do que apenas defender a sua ideologia, no entanto, eles de fato acreditam nela como a verdade e a solução para os problemas da Humanidade, e por isso seguem seus códigos pessoais de conduta e ação.

Monges. Diferentes dos dois anteriores, o monge está menos relacionado à difusão ou ação sobre uma ideia, e mais à contemplação e reflexão pessoais. É o ideólogo individualista, para quem, mais importante do que a ação coletiva, é a atitude individual, e as suas próprias ações e méritos pessoais.

Note que nem todas as ideologias possuem kits de Paladino ou Monge, pois isto está relacionado diretamente às ideologias que elas defendem. Todas, no entanto, possuirão kits de Clérigo.

No mais, peço encarecidamente que evitem flames políticos nos comentários. É claro que há muito aí das minhas próprias ideias pessoais, afinal, fui eu que escrevi o texto; mas o meu objetivo é menos fazer algum discurso e pregação e mais oferecer um material diferente de jogo, que pode servir tanto para oferecer opções inusitadas aos jogadores como apenas para se divertir um pouco durante a leitura, e quem sabe até aprender uma coisa ou duas sobre Ciências Sociais e ideologias políticas.

Neoliberalismo

O Neoliberalismo, em um primeiro momento, tenta ser um resgate das ideias do liberalismo clássico, com a ênfase na iniciativa individual e na propriedade privada como base do desenvolvimento econômico e social. A partir das ideias de economistas como Frederick von Hayek e Milton Friedman, no entanto, ele partiu para uma defesa da liberdade, em especial a liberdade de mercado, em um nível extremo, ainda mais do que a defendida pelo seu predecessor – no nível do que alguns dos seus descendentes ideológicos chamam mesmo de um anarcocapitalismo (ANCAP).

O típico seguidor do Neoliberalismo é o executivo de uma grande empresa, de preferência multinacional, que defende seus próprios interesses individuais através de pressões políticas e investimentos no mercado especulativo. Também estão entre eles, no entanto, ideólogos e economistas acadêmicos, que fornecem a base teórica das suas ideias.

Clérigo Neoliberal

Exigências: Clericato.

Função: baluarte.

  • Discurso ideológico. Você pode gastar uma ação para discursar sobre as vantagens da sua ideologia, fazendo um ideólogo adversário questionar a sua própria. Este poder só pode ser usado contra personagens que possuam a vantagem Clericato e sigam algum deus ou ideologia diferente da sua, e ele deve fazer um teste de Resistência para não perder metade dos seus PMs atuais.
  • Individualismo. Sempre que você utilizar poderes que afetem você mesmo, o seu custo em PMs será reduzido à metade. Exemplos poderes assim incluem vantagens como Poder Oculto ou Energia Extra; e feitiços como Aumento de Dano, Cura Mágica e Proteção Mágica, desde que lançados sobre você mesmo.
  • Invocar militantes. Você pode chamar por militantes da sua causa em meio a uma multidão, que virão correndo ao seu auxílio. Você deve gastar PMs e construir as suas fichas como se estivesse conjurando o feitiço Criatura Mágica (Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+89). Se você já for capaz de usar esse feitiço normalmente, poderá fazê-lo gastando apenas metade dos PMs necessários.

Monge Executivo

Exigências: Manipulação, Meritocracia (veja abaixo).

Função: tanque.

Meritocracia (-1 ponto). Você só aceita o mérito pessoal como prova de igualdade. Sempre que você utilizar algum poder ou perícia para afetar um companheiro com Habilidade menor que a sua, o seu custo em PMs será dobrado, ou a dificuldade aumentará em um nível. Isso inclui perícias como Medicina, ou feitiços como Aumento de Dano, Proteção Mágica, Cura Mágica e outros, por exemplo.

  • Competir. Sempre que entra em um combate ou outra situação de conflito, você escolhe automaticamente o adversário que aparenta ser o líder ou o mais poderoso como o seu oponente preferencial – o mestre pode usar os seus critérios para determinar qual é, ou escolher aquele com a maior Habilidade. Você receberá um bônus de +1 em todas as jogadas realizadas contra ele.
  • Individualismo. Sempre que você utilizar poderes que afetem você mesmo, o seu custo em PMs será reduzido à metade. Exemplos poderes assim incluem vantagens como Poder Oculto ou Energia Extra; e feitiços como Aumento de Dano, Cura Mágica e Proteção Mágica, desde que lançados sobre você mesmo.
  • Poder aquisitivo. Dinheiro não é problema. Você paga metade do custo normal em Pontos de Experiência para comprar itens mágicos.

Comunismo

O Comunismo tem origem em uma série de movimentos de contestação social durante o século XIX, sendo mais conhecido na formulação de Karl Marx e Friedrich Engels em obras como o Manifesto do Partido Comunista e O Capital. É a ideologia da classe proletária, a base trabalhadora da sociedade capitalista.

Os seguidores do Comunismo são, em geral, defensores das causas sociais, buscando a melhora das condições de vida das minorias e grupos oprimidos das sociedades em que vivem. Como fim último de suas ações, buscam a revolução social, por meio do qual possam atingir o poder político definitivo, nem que para isso tenham eles próprios que se tornar a classe opressora que tanto desprezam…

Clérigo do Comunismo

Exigências: Clericato.

Função: baluarte.

  • Discurso ideológico. Você pode gastar uma ação para discursar sobre as vantagens da sua ideologia, fazendo um ideólogo adversário questionar a sua própria. Este poder só pode ser usado contra personagens que possuam a vantagem Clericato e sigam algum deus ou ideologia diferente da sua, e ele deve fazer um teste de Resistência para não perder metade dos seus PMs atuais.
  • Invocar militantes. Você pode chamar por militantes da sua causa em meio a uma multidão, que virão correndo ao seu auxílio. Você deve gastar PMs e construir as suas fichas como se estivesse conjurando o feitiço Criatura Mágica (Manual 3D&T Alpha, pg. 1d+89). Se você já for capaz de usar esse feitiço normalmente, poderá fazê-lo gastando apenas metade dos PMs necessários.
  • Luta de classes. Para o comunista, a história da Humanidade é a história da luta de classes. Por isso, sempre que você enfrenta um inimigo de uma classe diferente (ou seja, que não tenha pelo menos um kit de clérigo), você recebe um bônus de H+1 contra ele.

Paladino Social

Exigências: Paladino.

Função: tanque.

  • Causa justa. Você sabe que a sua causa é justa, e que por isso os deuses, a História ou quais sejam os poderes que governam o mundo estão do seu lado. Você pode gastar 1 PM ao invés de 1 PE para conseguir acertos críticos automáticos. Este poder pode ser usado uma quantidade de vezes por dia igual à sua Habilidade
  • Favor do povo. O povo sabe que o paladino social luta por ele, e o ajuda quando é necessário. Você recebe um bônus de H+2 em testes sociais envolvendo as camadas mais pobres e oprimidas da população (servos, trabalhadores, etc.).
  • Luta de classes. Para o comunista, a história da humanidade é a história da luta de classes. Por isso, sempre que você enfrenta um inimigo de uma classe diferente (ou seja, que não tinha pelo menos um kit de paladino), você recebe um bônus de H+1 contra ele.

Este artigo com a proposta de ideologias políticas no lugar de panteões divinos em 3D&T foi feito originalmente no blog Rodapé do Horizonte. Veja o artigo na íntegra clicando aqui, que ainda inclui clérigos, paladinos e monges do Liberalismo, Anarquia e Social-Democracia. Para outros posts da Megaliga Tokyo Defender, clique aqui.

Hierarquia do Sabá – Dicas de Vampiro: A Máscara

A hirearquia do Sabá é mais simples e direta do que a da Camarilla. Por serem um secto fundamentalmente religioso, existe pouca sobreposição dos títulos em termos de status relativo. Mesmo assim, é um assunto interessante que vamos tentar aprofundar um pouquinho hoje.

Exército Religioso

Como falei em um texto anterior, o Sabá – também conhecido como Espada de Caim – é um secto religioso fundamentalista. Suas crenças destrutivas acabam se assemelhando a grupos como o KKK e o DAESH, enquanto sua estrutura funciona como uma espécie de reflexo distorcido da Igreja Católica, incluindo nos títulos utilizados.

Porém, é natural que dentro dessa estrutura existam várias facções diferentes, com visões e interpretações diferentes a respeito da mitologia cainita, bem como também uma profusão de Trilhas da Sabedoria.

As facções dentro do Sabá abrangem um espectro que vai dos Ultra-conservadores, que acreditam que a Gehenna está logo ali e é dever de todos os membros do Sabá unir-se à guerra santa, até os Lealistas, que acreditam na liberdade dos vampiros em oposição às rígidas regras da Camarilla, quase uma facção Anarquista, bem como várias outras facções que ficam em algum lugar entre essas duas. Ainda assim, há certa coesão a respeito dos rituais praticados entre todas elas.

A célula fundamental da estrutura do Sabá em determinado território é o Bando. Um bando geralmente tem algo entre 3 e 8 membros ou mais, e são administrados por um Ductus e um Sacerdote. Os membros dentro de um bando são ligados por um Vinculum desenvolvido num ritual chamado Vaulderie.

Ao lado de cada título vou colocar um valor de Status. Essa é a minha interpretação de como funciona o Sabá na prática, mas sinta-se à vontade para discordar nos comentários.

“Eu discordo! Todos os vampiros devem ser livres! Abaixo a hierarquia cainita!”
“Já pensou em se filiar aos Anarch, amiga?”

Arcebispo (Status 5)

O Arcebispo é a principal figura de autoridade do Sabá. Em termos de Status, seria o mais perto de equivaler ao Príncipe da Camarilla. Porém, a função de ambos é bem diferente. A principal função do Arcebispo é orientar os membros de menor status, tanto em questões relativas à religião e à filosofia do Sabá quanto assuntos mais práticos. Um Arcebispo, contudo, tem autoridade para promover ou rebaixar qualquer vampiro cujo status seja inferior ao dele.

O Sabá, assim como a Camarilla, possui uma superestrutura regional que vai além dos bandos que ocupa a cidade (falaremos dessas superestruturas em textos futuros). Cabe ao Arcebispo também aconselhar seus superiores diretos, os Cardeais.

Cidades menores podem não contar com um Arcebispo próprio. Se for o caso, serão administradas por um Bispo, enquanto o Arcebispo controla uma região. É sempre importante notar que nem todas as fronteiras geográficas cainitas correspondem àquelas delimitadas pelos mortais, especialmente no caso do Sabá. Um bando do Sabá pode ocupar várias cidades menores, ou dividir uma cidade grande com outros bandos.

Bispo (Status 4-5)

Um Bispo está logo abaixo do Arcebispo. Em domínios grandes, um Concílio de Bispos vai aconselhar e auxiliar o Arcebispo, às vezes assumindo papéis específicos (um Bispo específico para cuidar do domínio, um para administrar a caça aos diabolistas e demais heresias, um para cuidar de assuntos espirituais, etc). Perceba que isso é fundamentalmente diferente da Primigênie da Camarilla, pois não é fundamentada nos clãs individuais, já que o Sabá rejeita essa noção. Porém, na prática, pode se tornar um pouco parecido.

Em cidades pequenas, contudo, o Bispo pode assumir um papel mais generalista, administrando todos os aspectos do território de sua responsabilidade. Um domínio também pode ser dividido em bandos com funções específicas, cada um controlado por um Bispo (enquanto o Arcebispo administra o domínio de maneira mais geral).

Assim como o Arcebispo, o Bispo também pode promover ou rebaixar membros de status inferior.

“Prazer, sou o bispo responsável pelo frigorífico do Sabá na região.”

Templário (Status 3-4)

Os Templários funcionam como o braço armado do Sabá, castigando com violência os inimigos da seita. São sempre escolhidos por um Bispo ou Arcebispo e, embora tenham alto status, não precisam ser tão ativos nos assuntos políticos ou religiosos.

Um Templário pode trabalhar em conjunto com um Bispo em determinado assunto, ou vários templários podem formar um grupo próprio dentro de uma região, atuando como uma verdadeira guarda de elite. Um templário também pode acabar se tornando um Paladino, espécie de guarda de honra para membros da superestrutura do Sabá, como os Cardeais.

Templários também podem ser acionados pela Inquisição do Sabá para missões especiais. A Inquisição é mais uma das organizações dentro da superestrutura da seita, focada em investigar, julgar e punir hereges dentro (e fora) da Espada de Caim.

Ductus (Status 1-3)

O Ductus (plural: ducti) é responsável direto por um bando. Cada Ductus funciona, na prática, quase como um líder de gangue, dando coesão aos membros que estão próximos a ele, conduzindo os assuntos práticos do bando durante as reuniões (geralmente semanais), enquanto o Sacerdote fica responsável pelos rituais e pela parte espiritual.

O prestígio e responsabilidade dos ducti podem variar de território para território. Em certos domínios, os Bispos e Arcebispos supervisionam tudo, cabendo aos ducti simplesmente repercutir as decisões dos superiores. Em outros, cada bando age de forma independente, apenas reportando seus movimentos aos bispos locais de quando em quando.

“Respeite seu ductus, verme!”
“Vem cá, tu não fez uma ponta em outro RPG não?”

Sacerdote (Status 1-3)

Em uma estrutura religiosa como o Sabá, o Sacerdote acaba sendo o coração do bando, pois é ele o responsável pela vida espiritual dos membros da seita. Imagine-o como uma espécie de padre da igreja católica. É com ele que a maioria dos cainitas vai ter contato direto.

O Sacerdote inicia, guia e encerra os ritos, tendo autoridade para, inclusive, criar rituais mais específicos para seu próprio bando.

Os encontros de cada bando são periódicos, sendo que os semanais são mais comuns entre os bandos. Durante esses encontros, o Ductus repassa eventuais ordens dos superiores, decisões estratégicas e outros assuntos, enquanto o sacerdote realiza os rituais religiosos, em especial a Vaulderie.

Sacerdotes também ficam responsáveis por conduzir os deveres de Ductus quando este não está presente. Se um Ductus é morto, ele fica responsável pelo bando até que outro ductus seja apontado pelo Bispo ou escolhido pelos membros do bando, de acordo com as tradições do domínio. Bandos especialmente grandes podem contar com mais de um sacerdote.

Sabá Verdadeiro (Status 0-1)

O Sabá é conhecido por, às vezes, recorrer a abraços em massa e outras práticas violentas de recrutamento forçado. Um dos mais comuns consiste em abraçar uma pessoa, agredi-la com uma pá e enterrá-la em uma vala comum ou cova rasa, para que esta volte em frenesi e tenha um contato direto com a Besta já no momento de sua criação.

Membros que sobrevivem tempo suficiente para provar seu valor à seita vão eventualmente passar por um rito de criação e tornar-se membros “verdadeiros” do Sabá. Até que isso aconteça, um membro “falso” do Sabá é considerado, na melhor das hipóteses, massa de manobra. Na pior, bucha de canhão.

Um bando pode contar com membros verdadeiros e falsos do Sabá, sendo os verdadeiros, juntamente com o Sacerdote e o Ductus, responsáveis por orientar e supervisionar os falsos até que se mostrem confiáveis o suficiente para serem iniciados de fato na seita.

“E essa cicatriz na testa aí, fera?”

Por Fim

Espero que este texto tente elucidar um pouco como funciona a hierarquia dentro do Sabá. É normal projetarmos um espelho da nossa sociedade nas sociedades fictícias dos diversos cenários de RPG, mas às vezes distorcer e alterar levemente alguns conceitos pode ajudar a criar um ar mais misterioso, exótico e envolvente na sua crônica.

E não esqueça de conferir os outros textos da Liga das Trevas!

Bom jogo a todos!

Hierarquia da Camarilla – Dicas de Vampiro: A Máscara

A Hierarquia da Camarilla é citada brevemente em praticamente todas as edições de Vampiro: A Máscara. Porém, muitos jogadores (e narradores) têm dúvidas sobre como funcionam realmente os títulos e cargos na Torre de Marfim. Hoje, vamos tentar explicar um pouco melhor o que cada um deles faz.

Necrofeudalismo

A Camarilla emula uma sociedade feudal, onde favores, intrigas e domínios valem mais do que dinheiro. Então, muitos títulos estão associados a melhores domínios e prestígio na hora de cobrar favores. Porém, isso também implica em obrigações especiais que ajudarão a manter o bom funcionamento da sociedade vampírica.

Também é importante dizer que o poder relativo de cada título varia um pouco de domínio para domínio. Você pode ter cidades onde o príncipe é forte e reina absoluto, ou domínios onde a primigênie tem mais prestígio, mantendo o príncipe quase como um testa-de-ferro. Ou mesmo lugares onde o senescal é a eminência parda por trás de todo o aparato da sociedade imortal.

Portanto, ao lado de cada título vou colocar um valor de Status. Essa é a minha interpretação de como funciona a Camarilla na prática, mas sinta-se à vontade para discordar nos comentários.

“Ou melhor: é imperativo, por ordem do Príncipe, que você comente nesse post.”

Príncipe (Status 4-5)

O Príncipe é a peça-chave da hierarquia da Camarilla. É o responsável pelos assuntos da cidade como um todo: dividir domínios, assegurar o respeito às seis tradições e, principalmente, atuar como um juiz e mediador.

Ao contrário do que parece à primeira vista, o termo “príncipe” não tem relação com o título de nobreza destinado ao sucessor de um rei. Na verdade, o termo se origina no princeps senatus, o político que presidia o Senado Romano.

Um tropo recorrente em Vampiro é reunir o grupo com uma missão do Príncipe. Mas já parou pra pensar como o príncipe pode fazer isso? O que ele vai fazer se você recusar, exatamente?

O Príncipe controla o acesso de cada membro às áreas da cidade onde é permitido se alimentar (já que toda cidade é seu domínio). Em troca, espera que cada membro seja leal e cumpra com determinadas obrigações quando solicitado. Assim, se recusar pode trazer sanções sobre quais áreas é possível ou não se alimentar. Esse é só um exemplo do poder que o príncipe pode exercer.

O príncipe também pode, como um juíz, julgar os crimes dos vampiros da cidade e decidir sua punição, geralmente em conjunto com a primigênie (às vezes sozinho, dependendo de seu prestígio). Claro que ninguém teria uma Caçada de Sangue decretada contra si por pura desobediência, mas a reincidência pode deixar o príncipe menos propenso a relevar outros crimes, como uma quebra de máscara aqui, uma falta de hospitalidade ali…

Senescal (Status 3-5)

O Senescal é análogo à Mão do Rei de Guerra dos Tronos. Sua função é auxiliar os Príncipe em assuntos administrativos, bem como agir como uma espécie de “vice-príncipe” quando este não pode cumprir com suas obrigações.

A relação entre Príncipe e Senescal pode ser conturbada, já que muitos Príncipes vêem o Senescal como um rival e traidor em potencial. Por outro lado, um Senescal de confiança pode acabar facilitando bastante a não-vida de um príncipe. Na verdade, a lealdade entre Senescal e Príncipe pode acabar sendo ou uma pedra fundamental para a sociedade local ou uma imensa vulnerabilidade a ser explorada.

Em cidades pequenas, pode acontecer do título de Senescal ser amalgamado com algum outro, como Xerife, Harpia, ou mesmo o membro mais antigo da Primigênie.

Aliás, Príncipe e Senescal podem ter uma gama muito ampla de relações possíveis…

Primigênie (Status 3-5)

O Conselho da Primigênie é formado pelos vampiros mais antigos de cada clã. Eles servem como uma espécie de parlamento ou senado da sociedade vampírica local. Também atuam como júri quando necessário, julgando a inocência ou culpa dos demais membros em conjunto com o príncipe. Nesses casos, a Primigênie atua como júri e o Príncipe como juiz.

A função dos membros da Primigênie é representar seus clãs e cuidar para que todas as decisões do príncipe sejam tomadas com equilíbrio, sem favorecer mais um clã do que outro, às vezes como conselheiros, às vezes com poder de veto real às decisões do príncipe.

Claro que, como tudo na sociedade imortal, nada é tão simples assim. É possível que, em algumas cidades, nem todos os clãs tenham representação na Primigênie, deixando-os desfavorecidos perante o resto da sociedade. Além disso, trocas de favores entre clãs e membros podem puxar o peso das decisões para lados inesperados.

Xerife (Status 3-4)

Toda a estrutura da Camarilla seria muito frágil se não houvesse músculos para protegê-la. O Xerife é o encarregado de assegurar que tudo ocorra em ordem, de investigar possíveis infratores e punir aqueles que foram condenados.

A Camarilla não conta com nada parecido com um aparato policial nem com um exército “profissional”, então o Xerife estará sozinho na maioria dos trabalhos investigativos. Contudo, solicitar auxílio de outros membros para investigar ou punir é um clichê excelente que provavelmente existe desde que a primeira mesa de Vampiro foi jogada.

Essa solicitação pode partir do próprio Xerife ou do Príncipe, dependendo do prestígio que o soberano desfruta na cidade. Cidades com príncipes fracos e xerifes fortes podem significar que este último atravessa a burocracia tradicional e solicita as missões diretamente aos personagens jogadores outros membros.

Naturalmente, cidades pequenas podem unir o título de Xerife a outro, como membro da Primigênie ou Senescal.

Investigador e porradeiro? É quase como se os nosferatu tivessem nascido pra ser Xerifes!

Harpia (Status 2-4)

Harpias são arautos responsáveis por comunicar as decisões do Príncipe ao resto da sociedade vampírica. Geralmente são os membros mais conectados socialmente, o que naturalmente acaba trazendo prestígio para o portador desse título.

Pense em um Harpia como uma espécie de social media da Camarilla. Agora, imagine que, ao invés de analisar tabelas do Google e postar em redes sociais, ele se reúne com cada um deles pessoalmente (ou marca reuniões, organiza eventos, etc.) para comunicar o que quer que o Príncipe e/ou a Primigênie necessitem.

Geralmente, também é de responsabilidade do harpia registrar formalmente as trocas de favores dos membros que possam ser cobradas depois. A forma de registro pode variar, seja em um grande livro com capa de couro, post-its em um escritório, retratos à óleo ou mesmo a pura memória. Neste caso, uma jogada arriscada que pode atrair inimigos que desejam realizar uma queima de arquivo, mas também pode ser utilizada como barganha para pedir ao Príncipe por proteção especial.

Naturalmente, cidades pequenas podem unir o título de Harpia a outro, como membro da Primigênie ou Senescal.

Guardião do Elísio (Status 2-3)

Se o Harpia é o social media dos vampiros, o Guardião do Elísio é uma espécie de promoter. Cabe a ele o papel de assegurar que o Elísio esteja sempre pronto para receber os membros da Camarilla que tenham funções a desempenhar, segredos a negociar e ofensas a trocar.

O Guardião também precisa garantir que as regras sejam respeitadas e que o Elísio seja seguro para todos, o que pode envolver algum nível de intimidação e capacidade de agir com violência. Ou, no mínimo, tenha aliados suficientes para impedir um estrago muito grande.

Cidades muito grandes podem contar com vários Elísios, e nesse caso, cada Elísio terá seu próprio Guardião.

“Irmão, quebra um galho pra mim? Tem uma galera ali naquela festa que eu preciso botar pra fora. Isso, agora! Agradeço.”

Por Fim

Espero que este texto tente elucidar um pouco como funciona a hierarquia dentro da Camarilla. É normal projetarmos um espelho da nossa sociedade nas sociedades fictícias dos diversos cenários de RPG, mas às vezes distorcer e alterar levemente alguns conceitos pode ajudar a criar um ar mais misterioso, exótico e envolvente na sua crônica.

E não esqueça de conferir os outros textos da Liga das Trevas, agora com material de Mago: A Ascensão também!

Bom jogo a todos!

Politica no RPG – Dicas de RPG #22

Neste episódio, temos a volta do nosso rockstar Raul Galli, desta vez falando de um assunto por vezes espinhoso, mas necessário. RPG é um jogo ficcional, mas que emula a realidade, ou pelo menos deveria. É um jogo de interpretação, seja em reinos medievais ou em futuros baseados em ficção cientifica, passando pelos tempos contemporâneos. Isto inclui tratar de temas como politica no RPG. Mas como incluir isto numa mesa, sem virar uma discussão. Ouça o episódio, e tenha alguns insigths.

O Dicas de RPG é um podcast semanal no formato de pílula que todo domingo vai chegar no seu feed. Contudo precisamos da participação de vocês ouvintes para termos conteúdo para gravar. Ou seja mande suas dúvidas que vamos responde-las da melhor forma possível.

Portanto pegue um lápis e o verso de uma ficha de personagem e anote as dicas que nossos mestres vão passar.

Tema: Dicas de Mestre.
Tempo: 00:07:02

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Politica no RPG

Voz: Raul Galli.
Texto do Post e Edição do Podcast:
Senhor A.
Arte da Capa: Raul Galli.

Apresentando o Cenário – Goldilock One 

Goldilock One 

Primeiramente, uma pergunta: sabe aqueles cenários de Sci-fi de encher os olhos? Adicione uma riqueza de detalhes e profundidade de trama que envolvem e intrigam. Acrescente mais uma imersão cada vez maior à medida que exploramos mais e mais um novo universo de ficção. Ficou curioso e quer saber mais? Agora você precisa ler apresentação de cenário do Universo de Goldilock One que aqui você encontrará tudo isso. 

O Tempo Pregresso 

Tudo começou no Grande Êxodo. Em um futuro não muito distante do nosso,  os seres humanos deixaram a Terra em uma jornada, em busca de um o novo planeta.  Isso aconteceu porque os humanos criaram na Terra as condições necessárias de temperatura para que uma outra raça ocupasse. Logo depois ocorreu a invasão, esses novos habitantes se expandiram aceleradamente. Assim, a humanidade acabou encurralada nos polos, que já não possuíam as geleiras que conhecemos. Nessa época,  era um  lugar onde as criaturas invasoras, ainda, não conseguiam chegar. 

Posteriormente, a situação se agravou. Por isso, forças mundiais se reuniram com um único objetivo: enviar expedições para Zonas Goldilocks, em diversos sistemas solares em busca de um planeta habitável. Após várias expedições sem sucesso, muito tempo decorrido, pouco antes de perder o controle sobre os Polos, uma última expedição humana chegou a um planeta habitável que foi batizado de Goldilock One. 

Do Êxodo da Terra aos Gomos Reais de Goldilock One

O planeta encontrado, batizado de Goldilock One, possui sua rotação sincronizada com a sua translação em torno de sua estrela, de modo que a noite e o dia sejam perenes. Sendo assim, o lado em que é sempre dia e quente é chamado de Sandegard, enquanto o outro lado que é  sempre escuro e frio recebeu o nome de Nebegarde. A adaptação ao novo planeta não foi fácil. Aa severidade climática do ponto em que aterrissaram gerou desgastes. Ao mesmo tempo, os gases presentes na atmosfera, apesar de não apresentarem  efeitos imediatos, com o tempo, mostraram-se nocivos. 

Os humanos tiveram sucesso na tentativa de se estabelecerem no planeta. Enfim, decidiram ocupar a região central onde o clima não era hostil e conseguiriam cultivar alguns alimentos. Neste lugar, resolveram se dividir em cinco regiões administrativas independentes. Cada uma regidas por um líder escolhido entre os notórios heróis da expedição. Esses escolhidos eram pessoas com diferentes aptidões e funções na vinda para Goldilock One

A ocupação se deu ao longo da faixa que separa o lado quente do lado frio do planeta formando uma circunferência que envolve todo o globo, que ficou conhecida como Anel Real. Ao longo do tempo, estas 5 regiões passaram a se desenvolver cada vez mais separadas fisicamente, economicamente e culturalmente. Finalmente, passaram a ser chamadas de Gomos Reais, devido as divisões que se estendiam de polo a polo dividindo o globo em gomos. 

Da colonização à nova política de reinos

Após dez mil anos de expedições, buscas e ocupações, as raças evoluídas a partir dos antigos humanos enfrentam problemas e conflitos que não parecem tão novos assim. Ainda hoje, em todo o Universo, exploram-se diversas questões comportamentais humanas e socioeconômicas de uma forma muito particular. 

Uma vez estabelecidos, dez mil anos de desenvolvimento e adaptação não passam sem deixar suas marcas. Os habitantes dos diferentes reinos não mais se reconheciam como iguais. Já não eram os mesmos, não apenas nos costumes e tradições, mas também fisicamente. Cada povo havia evoluído de forma totalmente diferente. Com a diferença surgiu a indiferença, cada povo se achava superior e exaltava suas características diminuindo ou julgando as características dos demais. 

Devido a exaltação extrema das características dos reinos, cresceu o sentimento de superioridade da pureza de raças. Por isso, os filhos entre pessoas de diferentes povos passaram a ser discriminados e chamados de “Mal Nascidos”. A mistura entre os povos era evidente na pele, manchas delatavam a composição genética destas pessoas, que viviam como escória no Anel Real ou eram exilados em Nebegarde.

O sistema de Gomos Reais perseverou de forma surpreendente ao longo dos anos. Tudo isso por uma questão de sobrevivência imposta pelo ambiente severo e um equilíbrio delicado. Uma receita que havia dado certo garantindo a sobrevivência da humanidade.

Os Cinco Gomos Reais de Goldilock One

Transcorridos o período de organização, novas mudanças políticas viriam a acontecer. Na fundação de Goldilock One, os Cinco Gomos Reais formavam o conselho global com votos individuais que determinam o futuro do Planeta. Mas, a estabilidade entre os cinco não durou muito tempo.

Primeiro, um rei se isolou e vive em silêncio absoluto. Completamente alheio aos demais, ele proíbe entrada ou saída de seus territórios. Além disso, absteve-se de seu direito de voto pouco depois da construção do Anel Real. Nesse ínterim, um  outro rei decidiu entrar em hibernação, para aguardar até que seu filho, perdido seja  encontrado. Por enquanto, esse rei delegou seu voto a um amigo, que viria a ser o futuro rei dos Ethernais. 

Finalmente, nos dias atuais, três Governos determinam o desenvolvimento do planeta ao longo do tempo: Durmot, o gomo real dos Gigantes;  Landotech, o gomo real dos Elons; e, Omahum, o gomo real dos Ethernais, cujo governante tem poder de regente no Gomo Real do Contestado, com direito a dois votos no Conselho Global.

Cena do Jogo Oficial de Goldlock One

 

Gostou do cenário?

Você pode saber mais sobre o desenvolvimento de Goldlock One acessando o site oficial (clicando aqui) ou então pelo instagram (clicando aqui).

Mas para ficar por dentro do cenário, é só ver as outras publicações aqui no Movimento RPG Clicando Aqui!

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