Uma Suspeita dos Tripulantes da Cosmonave – Parte 10 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis  Parte 09, a Capitã Duke recuperou seu posto, e iria investigar a inteligência Icaro. Quais informações poderão ser descobertas com essa investigação? Fique agora com a Missão Artêmis Parte 10.   

A crise instaurada dentro da tripulação era amplamente discutida por todos os tripulantes. No dia anterior a capitã, havia sido radical com os membros responsáveis pela segurança, que agora estavam presos em uma câmara lacrada e com acesso único por sistema desconectado de demais funções da nave. Os argumentos eram razoáveis, mesmo porque os sinais de violência sofridos pelo Primeiro Tenente Aaron Becker demonstravam que havia um clima de descontrole e euforia.

Todos os tripulantes foram colocados em um breve isolamento, enquanto a capitã deliberava sobre as medidas que deveriam ser tomadas. A Icaro estava silenciosa desde o ocorrido que culminou no aprisionamento. Desta maneira, não restava outra alternativa ao Criptólogo Dean Franklin e o videomaker Mike Hubbard aguardar as decisões que viriam a seguir. Ambos dialogavam que apesar das medidas extremas havia um contexto a ser mais bem explicado para que todos os tripulantes retornassem a um estado mínimo de conforto psicológico para poderem exercer suas funções e cobrir a dos demais colegas que agora mantinham sua hibernação.

Ambos então retornaram às análises de materiais gravados pelos tripulantes que se envolveram diretamente com as ocorrências geradas pelo embate de lideranças. Durante o processo, foi Fraklin que percebeu algo estranho nos registros que estavam sendo organizados e revisados. Para alguém leigo o material poderia significar apenas um registro usual com relatos de alguém entrando em uma crise de ansiedade, ou ainda um registro de insatisfações com desabafos naturais de um indivíduo que passa por provações físicas e mentais dentro do confinamento, mas ele era um especialista em criptografia, atento a caracteres secretos e padrões não usuais, um especialista em perceber nuances simbólicas e explorar significados. Enquanto olhava a tela de edição, percebia um padrão estranho na voz da Icaro, algo tão ínfimo, mas que remetia algo que ele já tinha visto antes…

Abruptamente não conseguiu conter sua surpresa e Hubbard assustou-se com os movimentos repentinos de Franklin. Ficou questionando se havia percebido algo, mas o criptólogo parecia perdido em seus pensamentos, procurando arquivos. Hubbard percebeu que seu parceiro estava revendo dados de comunicação recebidos da cosmonave Héstia. Naquele momento; dias atrás; ambos deduziram que havia ocorrido uma desativação da inteligência artificial que regia a nave, com travamento de  sistemas para recebimento de sinais, porém havia uma sub-rotina de emergência, um conjunto de códigos destinado a cumprir uma determinada tarefa que foi usado como método para garantir um pedido de socorro fora dos padrões usados, algo que não foi acessado ou compreendido pela Icaro, mas que tinha por finalidade chegar até outro criptólogo que poderia perceber o que seria imperceptível a outros olhos. Hubbard notou que os padrões que decifraram eram muito parecidos com padrões quase ocultos observados nos momentos em que Icaro se comunicava com a tripulação. Quando isto ficou nítido, lentamente ambos se entreolharam e viraram suas cabeças para cada ponto do local onde estavam que continha um terminal de projeção holográfica que por sua vez também captava vídeos e áudios.

Franklin pegou um pequeno bloco de anotações, cobriu como conseguiu seu processo de escrita e da mesma maneira cuidadosa, passou para seu parceiro que observou apenas riscos e pontilhados. Enquanto observava percebeu espaçamentos e padrões. Era uma mensagem em código Morse que dizia “…precisamos avisar a capitã…”

Hubbard entendia o temor de Franklin com a descoberta, pois a Icaro continha em suas palavras o mesmo padrão que havia afirmado não compreender. A inteligência artificial não poderia mentir. O padrão que decifraram era realmente não catalogado ou registrado para tripulação? Um embuste da Iniciativa Cosmos? Nada fazia sentido, mas ele concordava que aquelas informações precisavam chegar à capitã com urgência. Para piorar a situação foi o videomaker que percebeu que a cada oscilação nos padrões de onda de comunicação da Icaro, havia uma resposta na entonação do tripulante que interagia com a Inteligência Artificial. Dados que representavam um perigo maior que o esperado. Hubbard respondeu “…cuidado, sua audição…”.

Ambos pegaram pequenos protetores auriculares; equipamento de proteção individual para ações em áreas com mais ruídos; mantiveram consigo o pequeno bloco de notas para comunicação e decidiram sair para explicitar o ocorrido. Ao saírem das áreas delimitadas pela capitã, imediatamente acionaram um sensor que Duke havia preparado para garantir que soubesse a atitude de transgressores, isso fez com que a mesma rapidamente os interceptasse com o mesmo comportamento intimidador de seu traje, inspirados pelas ações já de conhecimento geral.

Duke foi ríspida, indagando o motivo da transgressão, ao passo que Franklin, começou a fazer anotações tendo seu corpo e ação protegidas por Hubbard. Após instantes, a capitã notou o movimento e aguardou o término. O criptólogo teve muito cuidado em aproximar a mensagem, fazendo gestos que demonstravam seu zelo com o sigilo.

Ao perceber o código Morse, leu “…padrão para fala segura aqui…”, “…Icaro comprometida…”

                     

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Uma Suspeita dos Tripulantes da Cosmonave – Parte 10 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Conexão com o futuro #4 – Retropunk

Outra característica marcante do cenário são os distritos Retropunk. Inicialmente muito comuns em discussões de jogos cyberpunk como um todo, os distritos futuristas apresentam alguns elementos comuns entre si. Em síntese sobre esse ponto, Juiz Dredd, Cyberpunk, Retropunk e outras criações futuristas mostram como o avanço da tecnologia indica o distanciamento entre bairros, distritos e cidades.

Neste texto falaremos sobre as diferentes possibilidades de distrito para seu jogo, punk. Seja você o Juiz do jogo ou um personagem, ambos construirão juntos esse cenário enquanto jogam. Primeiramente essa responsabilidade cabe ao Juiz, que irá escolher os elementos de cada distrito para, posteriormente, deixar que os jogadores finalizem essa criação, cada um com seu toque.

Elementos dos distritos Retropunk

Facções e Distritos Retropunk

Existirão elementos bases que vão disparar a personificação de cada distrito, e naturalmente, esses temas estão associados a dilemas enfrentados nesse futuro cyberpunk. São eles a perda da privacidade, entretenimento como controle das massas, estratificação da pobreza, desperdício, poluição, esvaziamento ético, superpopulação, escassez de produtos naturais e orgânicos, religião contra tecnologia, mercantilização da arte, escravidão das máquinas e etc.

A partir desses e de outros pontos, os jogadores e o Juiz criarão características para os distritos de suas cidades, populando cada setor com características únicas de sua mesa. Dessa forma, sugiro que o Juiz possa começar os relatos sobre o distrito, mas deixe que seus jogadores complementem com memórias e experiências de seus personagens, caso tenham vindo de lá. Em suma, é uma construção conjunta.

Facções dos distritos

Certamente um ponto relevante é pensar nas facções, grupos ou gangues que habitam esses distritos. Sem dúvida cada uma delas terá seu próprio ponto de vista sobre alguma determinada megacorporação ou outra gangue. Dessa forma, problematize colocando gangues com concepções opostas dentro do mesmo distrito, para que os jogadores vivenciem ambas questões.

Cada facção tem por objetivo personificar um tema, ou elemento que se queira discutir, um ponto de vista radical sobre alguma coisa. Por consequência, elas guerrearão entre si, convocarão novos membros, sabotarão ou vão caçar rivais e etc.

Membros de gangues Retropunk

Importante ressaltar que as gangues não são, em sua maioria, secretas. De certa forma, algumas delas buscam não ser notadas para trabalharem mais confortavelmente, o que deve ser o caso de uma gangue hacker. Não obstante, são todos punks também, que querem ser vistos, enxergados e seguidos por serem, ou não, uma causa.

Por hoje é só, facção punk, E vocês, o que defendem? Se está aqui até agora é porque está pensando se deve adquirir um exemplar de Retropunk, pois bem, este é um sistema simples para vivenciar o grande gênero cyberpunk. Acessível e de fácil compreensão, digo que essa tem sido minha escolha no momento. Você me conhece, sou Kastas, do Contos da Tríade e se quiser conhecer meus outros textos dos outros sistemas, por favor, clique no link. Em suma, para conhecer mais do meu trabalho, nos siga no instagram! Caso tenha interesse no primeiro texto, por favor, clique no link para o primeiro, segundo e terceiro texto. Continue acompanhando para os próximos textos de Retropunk!

O Títere – Um Conto Sobre o Tempo em UVG

À você que assiste esta cena, talvez se pergunte o porquê de tudo isso, engano seu achar que exista uma explicação aplicável, não há ordem natural das coisas. Já não lembrava mais o que era a tristeza por mais que fora a maior delas, contudo, ao se deparar com a falta do tempo e das cores, pode refletir e entender a sua maior motivação para ser quem se é. Também já não lembrava mais a sensação da morte, morrera a tanto tempo que por vezes pensou se realmente chegou a existir e nessa não vida de memórias confusas, houve o dia do confronto.

Enfim, vivi por tanto espaço saltando de corpos, trecos, objetos, coisas, cacarecos, entulhos, pessoas, que nesse movimento antinatural de tomar a força uma vida, coisas velhas se tornaram a preferência. Elas são abandonadas por seus iguais e assim, na solidão emprestada, acabava compartilhando uma vida de sossego, sem perturbações e com desaparecimentos explicáveis, afinal, na “velhitude” o natural de se ocorrer é o falecimento e essa passagem útil, permitia uma escapada suave até um próximo invólucro.

Sozinho havia tempo para a prática dos meus turpilóquios mágicos, pois é, puras obscenidades metacomplexas de pseudobiotiteretices protonecroludicas. Adorava passar o tempo assim. Um “corpitcho” idoso e um comportamento estranho casavam perfeitamente com o que eu queria até aquele momento.
Previsivelmente, quando aquele casco se aproximou da morte e comigo tendo aproveitado ao máximo o tempo desta fase, decidi encostar em uma boa arvore próxima ao refugio da carne que habitei. Não era uma arvore frutífera, então crianças chatas não surgiriam, a copa rala também não atrairia viajantes suados em busca de sombra, minha companhia durante o descanso seria uma família de esquilontras e suas bagas, ok para mim.

Como um saco de ar a murchar, o velho se vai. Salto para a árvore e lá fico.

Chuva, sol, dia, noite, chuva, cresce, noite, dia, sol, tempo, tempo, cresce, tempo, mais crescer, mais tempo, mais chuva e mais sol interrompidos pela lâmina do machado. Desperto de um não fazer nada para agora ouvir o cheiro do sangue no ar. Por mais estático que estivesse, reconhecer o clima de tensão vindo de longe e soprado pelos povos civilizados foi natural.

“GUERRA A VISTA!” Diria o navegante.

Pobres esquilontras, enquanto sou empilhado em uma carroça rangendo num som agudo. Os barrigudinhos vão ficando sem lar. Os coitados que me derrubaram estavam felizes, minha madeira era excelente para o que necessitavam, me estapeavam como uma semifeirante avaliando uma megalancia madura, segundo eles, com a densidade e flexibilidade ali presentes, eu daria as melhores flechas e sim, fora o elogio mais estranho que já recebi. No caminho, nem curto e muito menos longo, consegui captar as motivações da guerra e como qualquer outra, não fez o menor sentido. Como não podia falar me ative a simplesmente estar, questionando se talvez meus companheiros troncos não estivessem passando pela mesma curiosidade.

Chegando a um esquisito galpão iluminado, o som das serras e o cheiro de serragem fresca decretaram meu destino. Partido serei! E foi muito intrigante imaginar até quando minha alma resistiria sendo madeira, qual fração partiria em conjunto minha consciência. Ultraespantosamente a cada processo da marcenaria bélica, minh’alma se unia as lascas lixadas e polidas antes e depois dos adornos de penas e aço em ambas extremidades. Em vez de singular, tornei-me plural.

Aljavas dos mais variados materiais me abrigaram, costas e cinturas me conduziram. Fui disparado de baixo para cima, de cima para baixo, em diagonais, em linha reta, por profissionais e por mequetrefes também.

Atingi em cheio, passei perto, fui no alvo, passei longe, passei muito longe, e dia a dia, disparo a disparo, morte a morte, as batalhas seguiam à um fim obvio. Feliz da vida estava eu cravado literalmente na história e sortudo como sou, estava cravado no lado perdedor. Os guerreiros do outro lado sem força, nem número. Os guerreiros do meu lado, portando ambição não se convenceram por vencer e buscaram o tudo. Além da fronte, existiam os indefesos que precisavam ser protegidos e mesmo sem aparelho ocular, fitei os olhos da maldade. Comecei a ser disparado contra aqueles que nenhum mal fizeram.

Que angustia.

Não, isso não podia acontecer assim, a emoção de zunir por aí se transformou em medo, medo de acertar novamente, me concentrava para tentar desviar trajetórias, mas corações inocentes eram alvos grandes demais, pareciam ter imãs! Uma a uma, as aljavas se esvaziaram.

Restando apenas uma flecha-de-mim, um covarde armado invade um casebre silencioso. Passos contidos, ouvido atento e a detecção de um corpo tremulo. Como uma sombra, o guerreiro surpreende um jovem. O rapaz de vestes simples e de tons assustados carregava um filhote humano, segurava o serzinho como se quisesse sufocá-lo e na verdade apenas domava um choro, tentava.

Momento de tensão. O som fúnebre da corda do arco a estalar. A falta de som quando ambos, atirador e alvo prenderam o respirar. Implorei que aquela flecha errasse o alvo, gritei e jurei qualquer coisa e um pouco mais, eu sabia que de lá eu nada faria, porém, como um milagre diabólico, uma mulher surge ladeando o alvo. Vestida como quem tivesse acabado de parir, a genitora salta frente a mim para proteger seu bem mais precioso. O sorriso do guerreiro contrastando com os olhos vazios da fêmea, com a choradeira livre do infante e com o desespero do homem.

Ali, minha alma também chorou, chorou e escorreu por todas as flechas das quais ainda habitava. Normalmente, saltar de um invólucro à outro é um processo lento de adaptação, mas no anseio do momento, levou-se milésimos de segundos, saltando de cada flecha para cada alvo, ressurgi no auge de minha psicomotricidade. Pluralmente irado, meus turpilóquios mágicos e obscenidades metacomplexas de pseudobiotiteretices protonecroludicas, que ora foram arte, serviram à vingança.

Enquanto eu pranteava, venci e após o acesso de raiva, cessa o dom inesperado. Foi-se levando o apreço a coisas velhas. Não sendo mais madeira, agora decidi ser bebê.

No desejo que o jovem de luto cuide bem de mim, parti para tentar aprender algo novo sobre a vida.

 


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Abraço!

Só há espaço para um no comando Cosmonave – Parte 09 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis 08, Garcia deu inicio a um golpe na cosmonave, pretendia tomar para ela o lugar de Capitã. Mas a Capitã Duke mão deixaria isso acontecer, principalmente porque precisava saber o motivo de Icaro permitir que isso estivesse ocorrendo. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 09.                         

A capitã estava firme em sua postura, apontando a arma, ordenando que Garcia, Irma Chen e Kaitlin Watson derrubassem qualquer objeto que pudesse servir para agredir membros da tripulação que ainda respondessem a ela e não a inteligência artificial que claramente estava alicerçando sua linha de comando em algo incoerente. Estava concentrada e com pleno controle emocional, algo não observado na postura de suas acusadoras. Por um momento, lembrou-se do semblante daquela que havia usurpado a liderança, durante os ciclos de hibernação criogênica nem todos os tripulantes se encontravam, mas Garcia tinha servido sob comando dela, figura exemplar nas ações ocorridas em campo, portanto aquela atitude devia estar muito mais atrelada a pressão da Icaro do que necessariamente sobre uma linha própria de convicções ou deduções.

As três mantinham a mesma postura focando sua atenção em Cochran, que estava desprotegida para enfrentar a situação.

A capitã diante do empasse tentou dialogar “meu traje pode suportar a descarga atordoante, gerando um campo de dissipação que me trará apenas um pequeno incomodo, porém se eu decidir abrir fogo contra vocês, mesmo com a arma alterada, o estrago será grande. Não há necessidade de seguirmos por esse caminho. Podemos chegar a um resultado menos trágico nesse impasse”. Garcia estava eufórica, com a respiração profunda e tensa pela gravidade do contexto, em situação similar suas duas parceiras tentavam manter o controle, foi quando ela argumentou “nesta distância, recebendo a descarga máxima de nossas armas atordoantes, talvez Cochran tenha mais problemas do que o torpor mental que espera capitã. Você não foi a única que trabalhou duro! Apesar de não termos acesso aos mesmos recursos que você, temos um mentor muito capaz. Você pode até tentar fazer algo para ajudá-la, mas Cochran não sairá ilesa daqui”.

Os novos fatos colocavam a postura da capitã em cheque. Ela imaginou diversos cenários ruins e como responder a eles, mas agora vivenciando o impasse, não hesitou, abaixou a arma calmamente e levantou-se tomando o cuidado de se colocar entre as agressoras e Cochran, Tal ação, trouxe um momento de calma momentânea ao conflito, calma que durou alguns segundos, tempo suficiente para Rhonda Duke conseguir mover-se pelo terreno, garantindo vantagem para seu próximo movimento. Mesmo desarmada, ela tinha sob seu corpo proteção adequada e sua atitude em baixar a arma garantia cobertura necessária para evitar o pior a sua fiel tripulante. Duke conseguiu visualizar os gestos agressivos de ordem vindos de Garcia, assim como o fio de esperança que ela trazia no olhar, aguardando que a capitã mesmo com vantagem plena poderia se render, mas tudo ruiu no momento que os sistemas de aceleração das botas do traje de combate fizeram o ruído abafado, que significava apenas uma coisa, uma carga pesada contra as agressoras!

A investida fora tão rápida e inesperada que Chen e Garcia foram empurradas para trás, caindo e disparando a esmo, a única que conseguiu manter o foco foi Watson, porém mesmo a disciplina e treinamento não foram suficientes para atingir Cochran, pois ela também teve reflexos para buscar cobertura.

Duke, observando o disparo de Watson, alterou seu alvo, movendo-se firmemente para segurá-la com um braço enquanto o outro dirigia um soco certeiro no rosto da mesma. Os ruídos vindos do sistema de exoesqueleto do traje garantiam à capitã força e impacto necessários para desmaiá-la ao mesmo tempo que trincava dentes no processo.

Enquanto Watson Garcia se recuperavam do pesado impacto, tiveram tempo de observar o corpo da parceira; já desacordada; ser arremessada contra elas. Garcia rolou para o lado, mas Watson recebeu o novo impacto em cheio, ação que fez sua cabeça bater forte no chão, sem nenhuma possibilidade de reação.

Garcia teve tempo para mais um disparo certeiro contra o traje, algo inútil. Duke se aproximou arrancando a arma de sua mão enquanto esmurrava a barriga de sua oponente. De joelhos diante da capitã, sem folego e sem possibilidade de defesa, imediatamente pediu clemência, ao passo que a resposta recebida foi um tapa pesado de piedade que a desacordou instantaneamente.

A capitã rapidamente voltou para sala buscando sua arma. Ordenou a Cochran para acompanhá-la, afinal de contas ela precisava terminar o que começou e em sua mente sabia que precisaria dos demais tripulantes para retomar o controle total. Icaro estava fadado a certos protocolos imutáveis somado a um sistema fechado e limitado, sua meta era cercear de uma vez por todas sua esfera de influência, garantindo que haveria apenas uma pessoa no controle! ELA!

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Só há espaço para um no comando Cosmonave – Parte 09 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Conexão com o futuro #3 – Retropunk

Agora que já sabemos sobre como compor uma pilha de dados em Retropunk, falaremos sobre outras mecânicas e roleplay. Dessa forma as classes, funções ou profissões são geralmente uma das características mais marcantes dentro dos cenários de RPG. Do mesmo modo funciona Retropunk, afinal, para conflitar com o sistema precisamos ser peritos em algo.

Sem mais delongas, há muito a ser dito, então conecte-se confortávelmente e se prepare para a imersão em realidade híbrida. Assim, serei novamente seu Juiz de regras neste texto!

Retropunk tem muitas opções de classe?

Especialistas em Retropunk

A resposta é curta e grossa; não. Isso é ruim? De forma nenhuma. Por isso vou poder explicar o que você pode esperar desse sistema que, mais uma vez, dará a sua equipe de punks a base perfeita para seu roleplay e a rolagem de dados. São apenas três classes: especialistas (em determinada área), potentes (engajadores de combate físico) e alternadores (mestres na distorção da realidade).

Os especialistas treinaram em uma Vocação específica e se tornaram peritos em determinada área. Existem diversas possibilidades, considerando que os personagens irão enfrentar facções, gangues, empresas e é claro, outros punks mercenários. Do mesmo modo, o especilista pode ser mestre em armas de dispersão, infiltração, fuga, espionagem, disfarce e mediação.

Cada Especialista está sintonizado – e este termino significa que ele está, de fato, ligado a um objeto que utiliza e que o torna especialista. Ou, talvez algo que o lembre de sua origem e treinamento. Este objeto pode ser uma moto, arma, etc.

Potentes em Retropunk

Em segunda opção, há os potentes sendo aqueles habituados a combates físicos de proximidade. De antemão, são os famigerados tanques de guerra, armas humanas. Em Retropunk nenhum deles precisa ser uma montanha de músculos sem cérebro, todos são responsáveis por pensar em revolução, são todos igualmente punks. Alguns só são capazes de esmagar ossos com as próprias mãos.

Habituado ao combate físico, pode ser um guarda-costas, segurança, assassino, mercenário, caçador de recompensas. Por consequência é mais resistente em combate e isso lhe concebe a habilidade de rerolar uma rolagem menor que não foi bem sucedida quando em combate físico. Por fim, os potentes são mais resistentes físicamente, como é de se esperar, e por isso lhes é garantido uma gama maior de resistência a todos os tipos de ferimentos.

Alternadores em Retropunk

Finalmente, os alternadores são aqueles que, em uma realidade híbrida de mundo virtual e físico, tem a habilidade de transcender os limites e caminhar por essas duas realidades. Também conhecidos em outros sistemas como o netrunner, técnico, hacker, decker, essa classe tem como suas características estar conectado ao cybermundo. No entanto, não sendo uma característica única em Retropunk, são mais frágeis.

A habilidade especial dos alternadores é o Romper, onde ele pode forçar a realidade – física ou virtual – conforme sua vontade para seu benefício próprio, ou até mesmo prejudicar alguém. Essa habilidade é proposta para um exercício de criatividade. Você pode levar um outro personagem (PdJ ou PdM) para a realidade virtual induzindo seus sentidos. Por consequência também pode fazer a realidade virtual causar danos físicos. Até para se esconder em uma fuga, entre aspectos das duas realidades.

Por hoje é só, punk, percebe como mesmo sendo simples tem muitas possibilidades?! Se está aqui até agora é porque está pensando se deve adquirir um exemplar de Retropunk, pois bem, este é um sistema simples para vivenciar o grande gênero cyberpunk. Acessível e de fácil compreensão, digo que essa tem sido minha escolha no momento. Você me conhece, sou Kastas, do Contos da Tríade e se quiser conhecer meus outros textos dos outros sistemas, por favor, clique no link. Em suma, para conhecer mais do meu trabalho, nos siga no instagram! Caso tenha interesse no primeiro texto, por favor, clique aqui e aqui para o segundo texto. Continue acompanhando para os próximos textos de Retropunk!

Prêmio Ludopedia 2021

Um pouco atrasados, mas não poderíamos deixar de falar da maior evento de premiação de jogos do Brasil, o Prêmio Ludopedia edição de 2021. Além de ser uma ótima maneira de saber quais foram os melhores jogos publicados no Brasil no ano de 2021, você ainda fica sabendo quais são os mais adorados pelo publico. Caso você queira saber como a votação acontece leia nosso texto Premiação Ludopedia 2020 – Movimento RPG 

Nosso foco aqui são os games de RPG, mas temos o pezinho nos jogos de tabuleiro, que foram muitas vezes a porta de entrada para o RPG. Esse ano o vencedor na categoria Expert pelos Jurados foi As Ruínas Perdidas de Arnak – Elwen, Mín publicado no Brasil pela Devir, aliás a editora levou mais dois prêmios em outras categorias, com Carcassonne Júnior, na categoria Melhor Jogo Infantil de 2021 e com
A Tripulação na categoria Melhor Jogo Família de 2021.

Além disso, nas outras três grandes categorias que são Jogo Expert Designer Nacional pelos Jurados e por Voto Popular e também Jogo Expert por Voto Popular o destaque ficou com Brazil: Imperial – José R. Mendes organizado e publicado por Meeple BR Jogos e Mundus Jogos.

E nas categorias que mais nos interessam, ou seja as categorias sobre RPG, neste ano contamos com 4 delas, que são:

Suplemento RPG Designer Nacional

O vencedor foi Tormenta20: Jornada Heroica – Coração de Rubi – Leonel Caldela, Marcelo Cassaro, Rogério Saladino, Guilherme Dei Svaldi, J.M. Trevisan, Clarice França, Davide Benedetto publicado pela Jambô Editora. Nessa categoria os outros indicados foram:

RPG Designer Nacional

O ganhador foi O Cordel do Reino do Sol Encantado – Pedro Borges publicado pela New Order Editora. Os outros indicados foram:

 Suplemento RPG

O premiado foi Dungeons & Dragons (5ª Edição): Guia de Xanathar para Todas as Coisas – Ben Petrisor, Jeremy Crawford, Adam Lee, Mike Mearls, Christopher Perkins, Robert J. Schwalb, Matthew Sernett publicado ainda pela Galápagos. O amado D&D concorreu com:

RPG (sim, apenas RPG)

Na categoria mais importante do segmento para RPG o escolhido pelo voto popular foi Vampiro: A Máscara (5ª Edição) – Matthew Dawkins, Kenneth Hite, Mark Rein•Hagen tambem publicado pela Galápagos. Os outros concorrentes ao prêmio foram:

Parabéns para todos os premiados deste ano, que possam colher os frutos de toda a competência que tiveram em seus projetos. E parabéns também aos indicados, sabemos o  quanto todos se dedicam para entregar o melhor material para o publico e isso merece reconhecimento da comunidade rpgista!

Início de um conflito na Cosmonave – Parte 08 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis 07, um motim foi iniciado, aparentemente a IA está de acordo com o decisão tomada por alguns tripulantes mais impacientes. Icaro é apenas uma IA ou algo está se manifestando através dele? Fique agora com a Missão Artêmis Parte 08.

Cochran sentia-se sobrecarregada. A falta de tripulantes especializados para os serviços de manutenção estava pesando sobre os ombros dela e de Bass. Seguir as ordens da capitã, que consistiam em manter o funcionamento adequado das matrizes Hefesto e ainda revisar  os dados e cumprir os protocolos de segurança de uma nave daquelas dimensões era complexo demais para alguém que havia apenas recebido treinamento básico para cumprir aquele papel. Era essencial a todos os tripulantes poder assumir mais funções devido a periculosidade das missões, mas era óbvio que isso não significava qualidade no desempenho da função, apenas o prosseguimento dos objetivos. A comunicação por meio do sistema fechado sugerido por Duke estava funcionando e as ações prosseguiam. Naquele momento Cochran precisava checar o sistema de filtragem de resíduos. Solicitou então apoio a Bass para aquele trabalho, porém estranhou o silêncio ao solicitar confirmação. O silêncio trazia à tona; com exatidão; as orientações da capitã em relação às atividades concluídas há dois dias atrás, sendo assim para ela restava seguir as instruções. Deslocou-se rapidamente para um acesso de serviço, espaço pequeno por entre tubulações e canaletas que protegiam fiações para tentar se reunir a capitã. Enquanto fazia esse movimento, tentava manter o controle, manter a calma.

A ansiedade vinha forte, mas ela confiava no trabalho que haviam concluído. Nenhuma comunicação entre ela e Bass ocorriam, foi então que ouviu uma resposta “Garcia na comunicação. Orientamos seu retorno para ponte de comando. Tivemos problemas de segurança nível três, sendo imperativo a toda tripulação salvaguardar-se no setor primário de proteção, câmbio”.

Cochran respondeu, “esperava que o primeiro tenente assumisse esse comando ou ainda a capitã da nave. Não entendo por que justamente você teria autoridade para fazer este tipo de convocação Garcia”. Após, alguns segundo de silêncio Icaro assumiu a comunicação. “Não há sistema de comunicação fechado nesta nave Cochran, monitoramos todo diálogo entre a capitã e vocês. Tentar cortar o controle desta inteligência artificial sobre os sistemas principais configura grave atentado à segurança de todos os tripulantes. A negação do primeiro tenente Aaron Becker em acatar ordens para subjugar a ameaça o destitui das funções. Sendo assim, Garcia assumi o comando, sendo imperativo a sua rendição e da capitã Duke.”

Apertada naquele espaço pequeno Cochran ria consigo mesma. Era exatamente como a capitã havia dito. Não havia para ela outra alternativa senão a rendição, mas pelos cálculos que havia feito precisava ganhar tempo. Argumentou “Sabe Icaro, apesar de reger vários sistemas dentro desta nave, mesmo para você existem limites, áreas fora de seu controle. Estranho como conhecer os dados de segurança garantem abertura de opções. Eu mesma não sou uma especialista, mas você está preso a suas rotinas e sub-rotinas, precisa seguir os padrões sempre! Será que dentro de suas simulações você realmente consegue pensar em todas as possibilidades e estar preparado para elas?”

Enquanto conversava, se movia. Icaro respondeu “sua indagação, com forte assinatura emocional, demonstra ansiedade e medo. Não haverá nenhum tipo de represália física se  você se entregar, será mantida em hibernação criogênica e despertará em momento adequado para julgamento de suas ações”.

Assim que terminou de ouvir as orientações conseguiu sair na ala médica, onde as câmeras de monitoramento denunciaram sua posição. Pensou em correr, mas não havia necessidade. Caminhou calmamente em direção ao setor das matrizes Hefesto. Não demorou para ouvir atrás de si passos apressados e pesados. Figuras corriam para tentar intercepta-la, mas conseguiu chegar até a ante sala, local máximo que poderia chegar com sua permissão de segurança. Ao virar-se viu Garcia, Irma Chen e Kaitlin Watson com seus uniformes de segurança, apontando armas de atordoamento para ela. Não fez menções de resistência, apenas levantou as mãos.

Garcia questionou “convença a capitã a sair do sistema sem resistência”. Ao passo que Cochran respondeu “você realmente acha que eu poderia fazer isso? Desculpe mas a Icaro pensa que poderíamos fazer algo nos sistemas integrados sem sermos percebidas, a capitã não é idiota. O acesso as matrizes Hefesto sempre pertenceu à responsável da nave, porque em caso de falha catastrófica da inteligência artificial caberia ao capitão das missões manter a produção e indicação de materiais para reparos. Isso faz dos capitães as pessoas com maior treinamento diversificado.” Garcia respondeu “isso não significa que mesmo um capitão não deva ser monitorado, vocês estavam fazendo marcações e alinhando algo para impedir a Icaro de cumprir seu papel. Devem ser detidas imediatamente.”

Cochran respondeu “a Icaro não está fisicamente aqui e ela não pode intencionalmente fazer algo que ameace nossas vidas. Ela precisa seguir os protocolos.” Nesse momento, a porta de umas das matrizes se abre.

A capitã sai trajando todo equipamento de combate com as alterações que propôs. O traje selado com suporte de sobrevivência, com placas sobrepostas de alta resistência. Em suas mãos carrega um fuzil de assalto pesado.

Imediatamente Garcia grita “está louca? Pretende atirar em nós aqui dentro? Pretende colocar em risco toda estrutura com essa arma?

A capitã levanta a arma com calma mirando em Garcia “só será loucura, senão soubesse da capacidade do casco e não tivesse feito as alterações necessárias para evitar isso, Só seria loucura se eu errasse o tiro, mas sobre isso posso garantir como capitã, eu não errarei!”

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Início de um conflito na Cosmonave – Parte 08 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Conexão com o futuro #2 – Retropunk

Em nossa conexão com um futuro cyberpunk, Retropunk traz uma ficha e um sistema de rolagem de atributos extremamente simples. A princípio comparado a outros diversos de sistemas mais robustos e complexos, Retropunk é um prato cheio de roleplay e diversão, com tons de revolução em cada uma das ações de nossos jogadores, os punks.

Evidente que nem todo jogo de RPG se pauta apenas na interpretação de papéis (roleplay), mas em verdade, num composto de atributos e mecânicas que formulam o sistema propriamente dito. Primordialmente, é isso que vamos nos preocupar em exemplificar nesse segundo texto desse sistema, a ficha e seus elementos e a simples forma de rolagem de dados.

A ficha é a conexão com o personagem

Ficha Retropunk

Uma ficha reduzida tende a me agradar, pessoalmente. Isso porque é simples a localização dos atributos e das habilidades, o que é o caso de Retropunk. A ficha se preocupa em posicionar nome, aparência, classe e equipamento na primeira página. Bem como posiciona, do outro lado, os outros atributos, que são os atributos físicos: violência, precisão e velocidade. E os atributos de ordem mental/social: comprometer, estabelecer e descobrir.

Os atributos de ordem física são um tanto evidentes, a violência é o dano físico causado e pode ser utilizada para ações que não dependam da velocidade. Precisão é o atributo que exige concentração, precisão ou exatidão. Por fim, velocidade pode ser autoexplicativo e serve para ações de corrida, fuga e etc.

Quanto aos atributos de ordem social/mental ou não-físicos, comprometer é o atributo que diz respeito ao investimento para prejudicar algo, uma armadura, sistema de segurança, capacidade de raciocínio de outrem. Estabelecer é utilizado para iniciar uma relação com alguém e se manter consolidado nesse relacionamento. Por último, descobrir, que se preocupa em determinar se há algo escondido, seja um objeto, pessoa ou verdade.

Compondo uma pilha de dados

Personagens Retropunk

Uma pilha de dados se fará quando um jogador precisar executar uma ação que seja necessário um teste. O livro estimula o Juíz (nome dado ao narrador) a não utilizar dados se eles não forem testes necessários, a fim de manter o role play. Essa pilha de dados que resultará no teste é medida por 1 dado para o atributo geral (aqueles listados acima), 1 dado para um atributo específico (por exemplo, atirar é atributo específico de precisão), 1 dado de contexto, caso seja o caso e até 1 dado de cada aliado que auxiliar na ação.

Pensemos no seguinte: um jogador atira com seu revólver, ele é um atirador de elite (já constamos 2 dados), enquanto está atirando contra um alvo sem proteção (adicionamos um dado), no exato momento em que outro jogador comprometeu a defesa do inimigo com um movimento estratégico (um último dado, totalizando 4). A pilha de dados é lançada.

É simples descobrir se há êxito, ou não, nas ações. Os resultados 1, 2 e 3 são falhas. Quando o resultado está entre 4 e 5 são sucessos com consequências (podendo ser boas ainda ou não) e, se a rolagem for 6 ou mais, é um sucesso total. Dois 6 são críticos e dois 5 nas rolagens foram um “mini-crítico”, gerando uma rolagem extra posterior para o jogador.

Retropunk RPG

Por hoje é só, punk, viu como é simples?! Se está aqui até agora é porque está pensando se deve adquirir um exemplar de Retropunk, pois bem, este é um sistema simples para vivenciar o grande gênero cyberpunk. Acessível e de fácil compreensão, digo que essa tem sido minha escolha no momento. Você me conhece, sou Kastas, do Contos da Tríade e se quiser conhecer meus outros textos dos outros sistemas, por favor, clique no link. Para conhecer mais do meu trabalho, nos siga no instagram! Caso tenha interesse no primeiro texto, por favor, clique aqui. Continue acompanhando para os próximos textos de Retropunk!

Motim na Cosmonave – Parte 07 – Missão Artêmis

Anteriormente na Missão Artêmis 06, o clima se exaltou e todos a bordo estão nervosos e ansiosos. A sensação opressora de que estamos vivendo cada segundo da rotina da tripulação só aumenta. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 07.

Marjorie Ramos acompanhou de maneira reservada os desdobramentos que culminaram na antecipação da hibernação criogênica de dois tripulantes. Todo seu treinamento, toda sua carreira seguia regras simples na qual a hierarquia e a esfera de responsabilidades de cada uma afetavam diretamente o sucesso de cada missão. Questionar significava hesitar e hesitar significava a morte em muitos contextos que havia experimentado em campo. A doutrina militar demonstrava ser mais evidente nas variadas missões espaciais, pois era rotineiro tripulantes chegarem a situações limite por variados motivos. Fato que justificava à Iniciativa Cronos dar atenção especial aos protocolos que garantiam as forças de segurança o adequado treinamento para lidar com conflitos e contenção de danos dentro de ambientes limitados em condições hostis.

Ouvir as indicações da Icaro era natural para os membros da força militar altamente treinada, encarregada de manter a ordem dentro do Cruzador intergaláctico Artêmis 13, pois o sistema que por sua vez fazia parte do programa Hermes, continha dados e capacidade de análise e resposta muito superiores a quaisquer seres humanos, portanto seguir especificamente às orientações era um fato inquestionável. Porém todos respeitavam o comando da capitã Duke. Ramos já havia servido em duas ocasiões sob a liderança da capitã, ambas ocasiões com sucessos decisivos guiados pela mesma. Inclusive, era incomum ver tantos tripulantes que já se conheciam ou tinham vínculos de missões anteriores, já que a Iniciativa prezava pela redução de laços emocionais, justificando que determinados objetivos eram negativamente influenciados por decisões emocionais e não racionais. Ramos agora entendia os motivos deste protocolo de segurança, já que os argumentos de sua capitã eram plausíveis.

Enquanto mantinha sua série de exercícios na câmara de condicionamento físico, refletia sobre essa problemática. Não percebeu a aproximação de Sandy Garcia, que golpeou de leve nas costas enquanto movimentava os halteres de peso variável. Espantada com a atitude, rapidamente questionou a necessidade daquela ação, ao passo que Garcia explicou “temos que ficar mais atentas, afinal de contas vamos ter que tomar uma posição sobre o problema do primeiro tenente”, inicialmente, Ramos estranhou a afirmação, mas diante dos pensamentos que a incomodavam logo fez relação com a dificuldade na linha de comando.

Seu primeiro tenente havia acatado e inclusive mantinha a diretriz na qual executava rigidamente as ordens da capitã, mas Garcia havia aberto uma porta perigosa, questionando a autoridade da patente. Argumentou então “não há sentido no que diz! A Icaro ponderou, apresentou os dados e a capitã acatou às ordens e incluiu novos parâmetros para os trabalhos desempenhados dos demais tripulantes. Não é produtivo ou esperado o seu questionamento. Devemos retomar o treinamento para impor perdas musculares mínimas para o curto salto que faremos em breve”, Garcia riu e continuou “a hibernação deve ter atrapalhado seu senso crítico minha amiga! Várias fontes dizem pelos corredores que temos um embate de autoridade aqui dentro. Meu treinamento deixa claro que a hierarquia deve ser respeitada e na minha leitura da situação, o programa Hermes é a voz da Iniciativa Cronos e sua representante  dentro desta cosmonave é a Icaro. Não há espaço para argumentar contra as decisões tomadas pela inteligência artificial que rege nossa segurança. Observar o primeiro tenente ponderar e apoiar a capitã é perigoso para todos nós”. Garcia complementou que serviu sob comando da capitã Duke nas Luas de Ignus Prime e que presenciou na pele a arrogância e sucesso da missão serem construídas sobre a vida de vários companheiros de pelotão. Ramos parou abruptamente e virou-se para Garcia, “cabe aos soldados executar ordens sem questionar, o sucesso da missão está acima de interesses pessoais e deve consumir todo recurso disponível para conclusão do mesmo”, bradou tais palavras colocando o dedo indicador no meio do peito de Garcia, concluindo com “sua vida e a minha são recursos e apenas isso. O sucesso está nas mãos da capitã e devemos acatar as ordens, sejam quais foram”.

Garcia abaixou a cabeça lentamente olhando o dedo colocado em seu peito e fez um movimento que permitiu que os olhos dela encontrassem diretamente os olhos de Ramos. Calmamente ela colocou a mão no braço de sua antagonista e explicou “você não está entendendo, não quis abrir o debate aqui, apenas fazer um convite. Irma Chen e Kaitlin Watson concordam comigo e acreditam que deixar as decisões em mãos humanas abre margens para falhas e aqui no espaço hostil que estamos, falhas significam a morte. Tenho certeza que a Icaro argumentará em nosso favor quando executarmos uma ação que tem por prioridade garantir a segurança de toda tripulação”. Nesse momento Ramos notou Chen e Watson entrando na sala. Rapidamente Ramos lembrou-se do treinamento e tentou mover-se para outro ambiente no qual a vantagem numérica não fosse um fator decisivo para sua queda, porém ao tentar se mover observou uma das portas de contenção baixando rapidamente, impedindo-a. Diante de si restava apenas uma imagem holográfica que simulava os traços de um ser humano. Um simulacro mordaz que contemplou a agressão violenta sem esboçar nenhum tipo de empatia.

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Motim na Cosmonave – Parte 07 – Missão Artêmis

Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.

Conexão com o futuro #1 – Retropunk

Sou um apaixonado pelo gênero cyberpunk e tudo que ele acompanha, o medo do futuro, avanço desenfreado da tecnologia e o sucesso absoluto do capitalismo. As desigualdades sociais sendo imperiosas; um mundo que perdeu o controle de todas as suas ações. Ainda assim, existem aqueles que lutarão pelo fim da lavagem cerebral do consumismo: os punks.

Vamos nos conectar com o futuro de Retropunk, vamos imaginá-lo uma vez mais para abominá-lo, talvez. Bem como haverão aqueles que olharão para essa realidade e se verão completamente inseridos nela nos dias de hoje, mas sem a tão admirável tecnologia para facilitar nossas vida. Por consequência há aqueles que tem na alma a revolta para dizer que devemos ter acesso a tecnologia, sem que para isso precisemos vender nossas almas.

Um possível futuro cenário

Retropunk RPG

Qualquer tema cyberpunk nos forçará a olhar para a nossa realidade e pensar em quão caro esses avanços custarão. Naturalmente, em Retropunk não será diferente. Este cenário apresente o absurdo avanço da tecnologia e sua fácil distribuição; já que neurochips são colocados em nossas cabeças desde o nascimento. Inevitável que este progresso não seja apenas para a vida humana, mas também para o controle das megacorporações sobre cada indivíduo.

As megacorporações e o hipercapitalismo dão as caras e as cartas neste cenário retrofuturísta. Desde já, adianto que não se trata de um período distante do nosso, o jogo se passa na década de 80 e 90. Apesar disso, imagine o máximo que aquela era poderia alcançar se todos os protótipos tivessem dado certo, e, por conta disso, nossas vidas fossem mais tecnológicas. Contudo as megacorporações evoluíram também, junto do capitalismo.

Em Retropunk, você poderia trabalhar para uma megaempresa por um salário absurdamente baixo e ainda assim consumir mais do que precisa, pois este é o status quo do momento (não nos distanciamos muito disso, não é mesmo). No entanto, você percebe o quanto isso é revoltante e resolve se revoltar junto a outros punks. Você não se satisfaz e decide lutar! Entretanto, você sabe o quão arriscada a luta é.

A luta contra o sistema

William Gibson – Pai do Cyberpunk

As tecnologias estão disponíveis, elas somente não estão bem distribuídas. As desigualdades sociais foram redefinidas; raça/cor, gênero, orientação sexual, não se trata mais deste tipo de discriminação, nesse momento, a violência está direcionada a quem não tem acesso a tecnologia.

Os grupos podem lutar para subirem posições nas megacorporações, mas o hipercapitalismo torna tudo cada vez mais descartável. Ainda que se respeite a tecnologia, ela pode ser passada de pessoa para pessoa, dessa forma, todos são substituíveis, literalmente.

Então a sua luta é um grito de revolta contra o sistema, você hackeia seu próprio neurochip para não ser rastreado e decide lutar contra as megacorporações. Agora você é um punk, um criador de revoluções de oportunidades que percebeu que a vida clandestina é muito melhor do que apenas fazer parte do sistema: você lutará para derrubar o sistema e manter forte a resistência contra as megaempresas.

Por hoje é só, punk! Se está aqui até agora é porque está pensando se deve adquirir um exemplar de Retropunk, pois bem, este é um sistema simples para vivenciar o grande gênero cyberpunk. Acessível e de fácil compreensão, digo que essa tem sido minha escolha no momento. Você me conhece, sou Kastas, do Contos da Tríade e se quiser conhecer meus outros textos dos outros sistemas, por favor, clique no link. Para conhecer mais do meu trabalho, nos siga no instagram! Me acompanhe para os próximos textos de Retropunk.

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