Olá pessoal! Continuando as postagens sobre os financiamentos coletivos sobre os RPG ativos durante este mês.
Para facilitar a consulta os financiamentos se dividirão no seguintes grupos: late pledge (que são financiamentos para produtos já financiados, destinados para a galera que não conseguiu apoiar anteriormente); os financiamentos que já atingiram a meta e os que estão na luta para serem financiados.
Olá pessoal! Continuando as postagens sobre os financiamentos coletivos sobre os RPG ativos durante este mês.
Para facilitar a consulta os financiamentos se dividirão no seguintes grupos: late pledge (que são financiamentos para produtos já financiados, destinados para a galera que não conseguiu apoiar anteriormente); os financiamentos que já atingiram a meta e os que estão na luta para serem financiados.
Olá pessoal! Continuando as postagens sobre os financiamentos coletivos sobre os RPG ativos durante este mês.
Para facilitar a consulta os financiamentos se dividirão no seguintes grupos: late pledge (que são financiamentos para produtos já financiados, destinados para a galera que não conseguiu apoiar anteriormente); os financiamentos que já atingiram a meta e os que estão na luta para serem financiados.
Olá pessoal! Continuando as postagens sobre os financiamentos coletivos sobre os RPG ativos durante este mês.
Para facilitar a consulta os financiamentos se dividirão no seguintes grupos: late pledge (que são financiamentos para produtos já financiados, destinados para a galera que não conseguiu apoiar anteriormente); os financiamentos que já atingiram a meta e os que estão na luta para serem financiados.
Olá pessoal! Continuando as postagens sobre os financiamentos coletivos sobre os RPG ativos durante este mês.
Para facilitar a consulta os financiamentos se dividirão em quatro grupos: late pledge (que são financiamentos para produtos já financiados, destinados para a galera que não conseguiu apoiar anteriormente); os financiamentos que já atingiram a meta; os que estão na luta para serem financiados e os que iniciarão neste mês.
Olá pessoal! Continuando as postagens sobre os financiamentos coletivos sobre os RPG ativos durante este mês.
Para facilitar a consulta os financiamentos se dividirão em três grupos: late pledge (que são financiamentos para produtos já financiados, destinados para a galera que não conseguiu apoiar anteriormente); os financiamentos que já atingiram a meta; os que estão na luta para serem financiados e os que iniciarão neste mês.
Financiamentos contínuos não aparecerão na lista. Bem como produtos exclusivamente destinados a boardgame, cartas e similares. Agora, à lista:
Entrevista realizada com o autor Marcos Baikal, que dividiu conosco partes importantes das sua história.
1. Conte-nos um pouco sobre você e sua trajetória como autor de RPG indie no Brasil.
Eu iniciei como autor de RPG sem publicar a maioria dos conteúdos que escrevia, embora não fosse tudo para o público interno. Eram esboços que acabaram desaparecendo em HDs de 2001-2016, com algumas publicações em fóruns e material compartilhado individualmente em mídia digital. Em Idos de 2018-2019 movendo de volta para a cidade natal de Colatina-ES, conversando com Wesley, que mantinha na cidade um grupo voltado ao hobby de RPGs e boardgames com outros conhecidos, voltamos a jogar presencialmente e falamos em publicar nosso próprio RPG, tendo alguns exemplos do RPG Indie nacional como exemplo, tal como Mighty Blade, do Tiago Junges, que inclusive havia apoiado com jogos um dos eventos de RPG que criamos.
Esse evento incluiu Jotuns na aventura, daí a editora do nosso primeiro RPG publicado, RG (Resistência Glórqui), também usando nosso próprio sistema, o Delta, ter se chamado Jotun Raivoso. Quando RG foi publicado nós já tínhamos esboçado dois outros jogos completamente diferentes, usando o mesmo sistema por referência. O sistema foi amadurecendo e hoje já existe um módulo básico de regras independente de cenário e vários outros jogos e publicações disponíveis para download em nosso site.
2. Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao desenvolver RPGs indies? Como os superou?
O primeiro desafio é o anonimato. É difícil publicar um RPG para que os outros joguem que não carrega o nome de um “RPG conhecido” junto. O mercado nacional, tal como o norte-americano, é bastante referenciado nos seus jogos conhecidos. Algo que não é D&D, nem Tormenta, nem Vampiro ou outro “clássico” internacional por vezes nem é entendido como a mesma coisa.
O espírito de exploração de novos jogos que era mais forte no tempo do 3d&t, na minha opinião, foi bastante deixado de lado nas novas abordagens, mais focadas num produto e em um d20, como se isso fosse universal.
Outra dificuldade é a de fazer algo diferente, como historiador e ciente de todo o potencial do contar de histórias, me pareceu sempre viável deixar o RPG ilimitado, além da caixinha de “fazer aventura”, com objetivos recorrentes.
Eu aprecio particularmente a chance de conhecer um mundo novo, tal como ocorre quando você vê um bom filme ou lê um bom livro de ficção.
Ao apresentar algo diferente, porém, você esbarra, para além da falta de credencial do nome, da imagem toda vinculada a um gênero, que faz com que o interesse potencial não seja acendido, a menos que você dê a volta nisso, divulgando intensamente. A divulgação é outro ponto. A mídia que cobre o gênero por vezes não vai atrás tanto quanto pode. Os blogueiros que cobrem RPG por vezes fazem muito mais sem anunciantes apoiando suas páginas do que aquelas realmente com recursos, voltadas no toma-lá-dá-cá esperado de publicações pagas. A diferença de alcance que isso faz é tremenda. Um outro desafio, agora menos externo, é a própria inexperiência. Escrever para o público, especialmente aquele que estará mais propenso a ler seu material é um desafio de forma tanto quanto de conteúdo.
Existem técnicas do meio editorial que sem um orçamento para empregar os profissionais, você só irá adquirir com a prática, se é que vai adquirir. Isso vai desde o planejamento financeiro até a parte gráfica. Vai além, portanto, do game design. Em termos de game design, o ideal seria ter mais playtests possíveis, mas com a abundância de jogos em uma pequena comunidade propensa aos testes – ao contrário da imensa comunidade disposta a jogar, mas sem contato conosco pelo tal do anonimato – várias melhorias dependentes de playtest não são viabilizadas. O ideal seria fazer o jogo, testar, refazer, testar e isso sucessivamente, até o jogo estar aprimorado a ponto de se fazer uma edição – especialmente quando se trata de sistema próprio.
3. Quais foram os momentos mais marcantes ou pontos altos da sua jornada como autor de RPG indie?
O lançamento do primeiro RPG passou meio sem mudar tanta coisa, antes mesmo de ser publicado, já fazíamos entrevistas e falávamos a respeito, mas não era o primeiro RPG que eu inventava. A diferença maior talvez fosse o fato de que tinha um co-criador comigo, isso fazia a coisa chegar mais longe, mais complexa também. Foi algum tempo depois do lançamento que acumulamos o retorno do público sobre o RG e vimos que criamos algo diferente mesmo.
Um jogo “como o Shrek e as cebolas”, em camadas. Uma parte tinha o nosso humor típico, satírico e leve. Outra parte tinha uma brincadeira pueril de montar dinossauros-mutantes-personagens, os calangos glórquis. Em outra parte tinha uma representação de épocas e culturas reais através do cenário, até convertida na arte do livro. E mais outra tinha a crítica social através desse texto – e as pessoas percebiam tudo isso, o que realmente tornou interessante ver os feedbacks.
Quando Jogos de Campinho ficou pronto, por outro lado, a criação parecia mais diferente do que eu estava familiarizado, não era só uma adaptação para simular um mundo imaginário, era uma produção independente de algo novo, que também fazia o mundo simulado, mas inovava. Essa inovação eu tentei trazer para novos jogos que estão em produção e temos testado, assim como para a edição atual das regras do Delta RPG. Assim, quando apresentamos nossas publicações todas no DOFF 2023, ao lado de vários autores independentes, pudemos ser reconhecidos como algo novo, próprio e positivo para a comunidade pelo feedback ali deixado.
4. Compartilhe conosco um ou dois sucessos que você alcançou no cenário de RPG indie.
Houve surpresas, ou foi tudo como planejado?
Resistência Glorqui saiu mais elaborado do que o esperado. Sementes de ideias que germinamos e acabaram saindo como poderosas críticas e relativamente únicas em estilo e profundidade, e notaram isso, quem viu, pelo menos. Jogos de Campinho ainda estamos esperando o feedback crítico, embora o livro tenha sido impressionante na sua forma , na primeira vista. Também é interessante ver como outros já nos conhecem, alguns, e sabem mais ou menos o que podemos oferecer de diferencial. Como se voluntariaram para escrever prefácios e notas sobre nossos livros é uma marca desse reconhecimento.
5. Quais os projetos você tem desenvolvido na área dos RPG Indies? Ou tem algum projeto que você gostaria de divulgar?
Resistência Glórqui ganhou um módulo adicional, o Modo Guerrilha, com as regras mais condensadas e simplificadas do Sistema Delta RPG. Com ele agora é mais fácil jogar solo, coop ou para um mestre menos experiente criar sua aventura na temática de operações de guerrilha contra os invasores zumanos, que é o tema central daquele RPG.
Atualmente estamos divulgando o Jogos de Campinho, que é RPG, mas também é livro-jogo interativo, com meios diferentes de se jogar, inclusive só como literatura e meio de comunicação das brincadeiras clássicas de rua.
Estamos com vários projetos de RPG, focado em rpg solo, disponíveis para teste e download em nosso site, como o mais recente Caminho do Rei Demônio, um RPG procedimental de sobrevivência e aprimoramento de poder de monstros, e o RPG ainda em produção Delta Mecha que tem metodologia para funcionar como wargame print and play.
6. Como você vê a ideia da comunidade RPGísta de realizar o mês do RPG Indie?
Eu penso no RPG Indie como algo de ano todo. Se mais esforços puderem ser feitos para divulgar os independentes em algum momento, eu sou favorável, sempre.
7. Para você, qual deveria ser o principal objetivo desse evento? E o que espera dele?
O objetivo deve ser expandir horizontes. Espero que mais jogadores que não conhecem muito RPG fora da bolha d20 criada pela massificação da identidade de RPG com o jogo de D&D seja viabilizada. Mesmo quem adora o sistema pode contar com aventuras que tratam de temáticas diferentes, que simulam os mundos de forma mais diversa etc.
8. O que você diria que são RPGs INDIEs e qual a importância deles?
Algo indie, em geral, é o que é publicado fora das grandes empresas do mercado de entretenimento. No entanto, o sistema de licenças e inovações do RPG permite que existam INDIEs e independentes como conceitos quase a parte. Indie, como termo mercadológico, é a mesma coisa, incluindo diversos OSRs, publicações em OGL, retroclones e jogos análogos.
Existe “independente” disso tudo, jogos com proposições originais: Verdadeiramente independentes, ou que subvertem de fato tropes presentes no mainstream, como um Altaris, que tira a figura do Mestre e transforma o jogo numa experiência cooperativa simplificada, ou Infaernum, que é uma sucessão de jogadas de dados com ponderação sobre o resultado.
RG mesmo é um jogo que é inteiramente diferente como sistema, mas ainda guarda certos paralelos. Só na versão modo guerrilha que ele realmente explora novas potencialidades de alcance e se desprende de técnicas aprendidas com o RPG tradicionalmente vendido – focado no preparo do Mestre e na criação de personagem como o “ofício do jogador”.
Essa independência é algo bom de ver na cena INDIE, já que muito pouco se investe nesse escopo no mainstream, com a repetição de fórmulas com mínimos twists predominando naquele espaço.
9. Como você vê a relação: RPGs da industria de jogos X RPGs INDIEs no mercado brasileiro e
no mundo?
Como falei, no Brasil, em passado, o independente era equivalente ao nacional. Quando o sistema d20 e, depois, os subprodutos da OGL, vieram a consolidar uma via para os RPGs nacionais “industriais”, ladeados dos títulos estrangeiros que conversavam todos usando os mesmos elementos, isso gerou uma cortina significativa para que os jogos independentes tivessem a mesma procura.
Os financiamento coletivos permitiram que jogos “menos certos” de sucesso chegassem no mercado nacional e permitiu que mais editoras se integrassem à indústria, ainda no meio do caminho entre algo “main” e “indie”. Lá fora, a dominância de D&D é tal que mesmo outros títulos também vendidos em escala industrial são considerados independentes só por não serem D&D, até mesmo aqueles que são retroclones ou adaptações simplificadas.
Por aqui, praticamente tudo é independente porque a indústria é pequena, o que não sai por editora a, b ou c, é independente e é muita coisa que fazemos, comparando as proporções, logo por cá é mais do que o “homebrew que cresceu” e sim um espírito de correspondência com a criatividade dos jogadores que leva a um movimento autônomo criando jogos. Nesse sentido, penso que se a mesma centelha que chega aqui alcançasse outros mercados os jogos independentes pelo mundo explodiram ainda mais.
10. Qual mensagem pessoal sua você gostaria de mandar para a comunidade RPGista brasileira?
Gostaria de recomendar que olhassem os repositórios de RPG, gratuitos, que existem, tal como nosso próprio site, jotunraivoso.com.br, o bazar verde, do Tiago, a editora Runas, o site do itch.io e o drivethru rpg, se você pode ler em inglês, a comunidade de RPG Solo do Facebook, além de olhar pelo mundo sempre que ver a citação de um novo jogo, por vezes mesmo os gringos deixam essas coisas gratuitas. Por preços acessíveis ou doações você também pode ajudar os autores que gostou do conteúdo a continuarem criando. Para seu próprio jogo que quer moldar diferente, para jogar e encontrar jogos e jogadores, você pode encontrar sua pecinha ideal procurando por RPG independente, por vezes sem custo, está lá a seu dispor. Jogue. Crie. Compartilhe.
E se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo Padrim, PicPay, PIX, e no Catarse!
Assim, seja um Patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos como participar de mesas especiais em One Shots, de grupos ultrassecretos e da Vila de MRPG.
Além disso, o MRPG tem uma revista! Conheça e apoie pelo link: Revista Aetherica.
Marcus Baikal – A 1ª Semana do RPG Indie no Movimento RPG
A 1ª Semana do RPG Indie no Movimento RPG é um evento idealizado e organizado por:
Entrevista com o autor Tchelo Andrade, que nos contou como seu projeto transformou e transforma vidas.
1. Conte-nos um pouco sobre você e sua trajetória como autor de RPG Indie no Brasil.
Jogo RPG desde 2003, mas só vim me dedicar a criação de jogos desde 2016. Atualmente tenho dois projetos de jogos de RPG que estou engajado: O Desígnio RPG com uma pegada mais adulta de jogos de intriga política e o Fundação Triunfo que tem uma proposta mais ampla do que ser apenas um jogo. Devido a amplitude do tempo, tenho dedicado meus esforços para maximizar o Fundação Triunfo RPG e seu projeto de impacto social.
2. Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao desenvolver RPGs Indies? Como os superou?
Ainda não superei é uma barreira gigantesca! Falo da falta de imaginário e repertório para a nossa própria cultura. Fundação Triunfo é um RPG para falar sobre os patrimônios brasileiros, mas a falta de informações e enredos de cultura pop para este segmento torna a criação de aventuras para este sistema bastante complicada. Uma vez que a fantasia medieval ainda é o gênero dominante.
3. Quais foram os momentos mais marcantes ou pontos altos da sua jornada como autor de RPG Indie?
Certamente foi ver os impactos positivos de um jogo criado para encorajar o futuro e tirar o melhor das pessoas.
4. Compartilhe conosco um ou dois sucessos que você alcançou no cenário de RPG Indie. Houve surpresas, ou foi tudo como planejado?
O projeto foi contemplado na lei de incentivo Aldir Blanc em 2021 o que garantiu a realização de diversas atividades nas comunidades em que estou inserindo para jogar RPG, desenvolver um livro e criar impactos. Criamos uma associação para impulsionar e propagar mais o RPG como instrumento de aprendizagem.
5. Quais os projetos você tem desenvolvido na área dos RPG Indies? Ou tem algum projeto que você gostaria de divulgar?
Um mundo oculto para ser explorado. Um mal ancestral para ser combatido. A Fundação Triunfo é uma organização criada para proteger o Brasil de uma força sombria que tem se mantido oculta há milênios. E para essa tarefa, seus membros, também conhecidos como voluntários, devem desvendar a “história secreta” de nossa nação. Cada bem cultural, cada patrimônio, cada ginga, cada cantiga pode conter uma pista para esse grande mistério. Lute, explore, desvende e conquiste. Junte-se à Fundação Triunfo e viva grandes emoções ao lado de incríveis companheiros!
6. Como você vê a ideia da comunidade RPGísta de realizar o mês do RPG Indie?
Necessário! Como autores precisamos fortalecer a cena, e a cena vai fortalecer nossas artes.
7. Para você, qual deveria ser o principal objetivo desse evento? E o que espera dele?
Networking, criação de vínculos e maximização de alcance.
8. O que você diria que são RPGs INDIEs e qual a importância deles?
O underground sempre foi um luxo por se virar contra os ideias do consumo e capitalista. RPG são produtos portanto são impulsionados a serem consumidos em grande escala, mas nem sempre o que todo mundo consome deve ser o ideal a ser buscado. Penso que numa cena, é muito importante uma diversidade de conteúdo e acima disso, produtos que estejam comprometidos com questões importantes para o prosperar da nossa sociedade.
9. Como você vê a relação: RPGs da indústria de jogos X RPGs INDIEs no mercado brasileiro e no mundo?
O discurso é bem diferente da prática. Eu também faço essa autocritica, consumir o mainstream ainda é mais fácil por diversos motivos. O principal deles é que muitos projetos Indies ainda tentam se aproximar do status quo para serem notados e/ou não possuem compromisso com a realidade/cultura que o cerca. Claro que poderia ser pior, os números e a crescente do mercado de RPG permite que a gente possa sim sonhar com futuros alegradores para este nicho.
10. Qual mensagem pessoal sua você gostaria de mandar para a comunidade RPGista
brasileira?
Continuem pensando no RPG como uma ferramenta positiva para a comunidade, essa é a melhor forma
do RPG se estabelecer definitivamente. Encoraje o futuro que ele sempre encoraja de volta!
E se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo Padrim, PicPay, PIX, e no Catarse!
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Além disso, o MRPG tem uma revista! Conheça e apoie pelo link: Revista Aetherica.
Tchelo Andrade – A 1ª Semana do RPG Indie no Movimento RPG
A 1ª Semana do RPG Indie no Movimento RPG é um evento idealizado e organizado por:
Infærnum (ou Infaernum) é um jogo da Campfire Estúdio que ficou conhecido por ter tido um financiamento coletivo muito bem sucedido e por ter ganhado o Goblin de Ouro de Melhor Arte em 2023.
Mas do que se trata Infærnum?
Seis dias para o fim do mundo
O mote do jogo é o Apocalipse bíblico, com quatro cavaleiros, besta, reino prometido e tudo o mais. Os jogadores encarnam pessoas comuns que são pegas na reta final do fim do mundo, e precisam tentar sobreviver e serem aceitas na Terra Prometida.
Inærnum não é o que se pode chamar de “OSR”, mas traz um conceito que aparece em vários OSR indies que é “você é o que você tem”. Basicamente, você rola alguns dados, consulta algumas tabelas, e seu personagem está pronto.
Por exemplo: seguindo as tabelas do livro eu rolo 11, 17, 4, 7 e 6. Minha personagem será Abigail, alguém que carrega o peso de muitas mortes, conhece e lida com o oculto, tem dificuldade de pensar estrategicamente e traz consigo um jogo de cartas marcadas, um cachimbo, um pouco de fumo e uma adaga que permite controlar a alma de quem for ferido por ela.
A ideia é gastar pouco tempo com isso. Como veremos adiante, Infærnum não se propõe a campanhas longas, então não temos muito tempo para nos apegarmos aos personagens (em seis dias o mundo acaba, afinal). É rolar os dados despretensiosamente e sair jogando.
Arte
Arrisco dizer que Infærnum é o livro de RPG nacional mais bonito que eu já vi. Não é à toa que ganharam um prêmio. Foi merecido.
O livro não esconde sua influência do gringo Mörk Borg, jogo conhecido por ter ser bem radical em termos de design comparado a outros livros de RPG (a influência se estende também na inclusão de caracteres especiais no nome do jogo que eu tenho que ficar copiando e colando porque meu teclado não digita, mas estou divagando aqui).
O design de Infærnum é primoroso. Cada página poderia ser um pôster ou um fundo para tela. A composição gráfica procura reforçar o clima do jogo, não só através de ilustrações, mas da própria diagramação. Já vi algumas pessoas dizendo que isso atrapalha um pouco a leitura, que é mais difícil se concentrar (já ouvi a mesma coisa do Mörk Borg também, inclusive). Talvez uma versão do livro apenas em texto pudesse ajudar nesses casos (e no caso de pessoas que usam auxiliares de leitura também).
EDIT: um dos autores nos passou a informação de que existe sim uma versão com diagramação mais simples e com texto selecionável para facilitar a leitura disponível no Campfire Clube.
Sistema
O sistema de Infærnum é simples e orientado para narrativa. Em qualquer ação que possa exigir um teste, você rola 3d6. Cada dado determina um acontecimento que, de acordo com o resultado, pode ser uma Desgraça, um acontecimento neutro, uma Façanha ou um Milagre.
Façanhas e Milagres determinam acontecimentos positivos que podem botar a história pra frente. Desgraças geram Tormentos, que prejudicam seu personagem, mas não importa quantos Tormentos você acumula: seu personagem só morre quando você rola 666 nos 3d6.
Existem várias tabelas com acontecimentos aleatórios, palavras-chave, temas e outros tipos de oráculo. Além de serem usadas para que o narrador busque ideias durante a sessão, também servem para jogos solo ou de narrativa compartilhada.
Por fim
Em um cenário com jogos excelentes disputando espaço e atenção, certamente Infærnum se destaca em design, temática, mecânica e uma campanha curta para ser jogada em poucas sessões, ao som de metal extremo, com muito gore, humor, profanação e chutação de balde. E mesmo que você ou seu grupo não tenham intenção de experimentar este jogo, certamente ele renderá muitas ideias para outras campanhas, afinal, em qualquer cenário pode acontecer um apocalipse que vai destruir o mundo em seis dias. Fica o Desafio.
Infærnum pode ser adquirido assinando o Campfire Clube. Materiais gratuitos, incluindo uma versão fastplay podem ser encontradas no linktree do Campfire Estúdio.
Entrevista realizada com o autor Leandro Abrahão, que trouxe para a gente sua caminhada na criação de jogos Indie.
1. Conte-nos um pouco sobre você e sua trajetória como autor de RPG indie no Brasil.
Olá eu sou o Leandro, sou Game Design e produtor de rpg independente desde 2003. A princípio produzia meus próprios jogos e sistemas porque viva em uma cidade no interior, onde o acesso a livros, revistas e outros conteúdos especializados era de difícil acesso. Escrevia e imprimia artesanalmente e fazia a distribuição para os amigos e participantes dos eventos de RPG e Anime que eu mesmo organizava. Em 2008 me envolvi com o movimento Software Livre, conheci as possibilidades de lançar jogos na internet com licenças livres e assim comecei a produzir e distribuir meus jogos como conteúdos open source. Hoje mantenho um site: Leandro Games – Editora Independente como repositório de alguns dos meus jogos mais conhecidos.
2. Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao desenvolver RPGs Indies? Como
os superou?
Acredito que o maior desafio foi obter espaço para a divulgação dos jogos. Por muito tempo a divulgação do rpg Indie se concentrou em autores dos grandes centros metropolitanos, sendo muito pouco espaço aberto para da divulgação de autores de pequenas cidades, sobretudo, das regiões norte e nordeste (meu caso) do país. Hoje esse panorama tem mudado bastante. Apesar de termos muitos autores Indies consolidados entre as grandes metrópoles, os produtores de contudo e canais de divulgação estão completamente abertos a divulgar o material de autores iniciantes de qualquer parte do país/mundo.
3. Quais foram os momentos mais marcantes ou pontos altos da sua jornada como autor de
RPG indie?
Para mim os momentos mais marcantes como autor de RPG foram 3:
1. Receber um email de dúvidas de um grupo de jogadores completamente desconhecido de outra
parte do país.
2. A primeira resenha em blog de destaque nacional (escrita pelo Daniel Talude em 2013).
3. Ser convidado a escrever para uma editora. A Unza RPG do Thiago Edwardo Silva e um módulo de suplemento de um dos projetos da Craftando Jogos: O Legado RPG, do PH Autarquia.
4. Compartilhe conosco um ou dois sucessos que você alcançou no cenário de RPG Indie. Houve surpresas, ou foi tudo como planejado?
Meus jogos mais difundidos são o POI (Par ou Impar), o Capangas Cyberpunk e o Cangaço Trevoso. Sempre fiz meus lançamentos muito despretensiosos, de forma em que na maioria das vezes o planejamento falhou! kkkkk
5. Quais os projetos você tem desenvolvido na área dos RPG Indies? Ou tem algum projeto que você gostaria de divulgar?
Atualmente estou reescrevendo a segunda edição do Morte S/A. Um jogo que lancei em 2009 e que ao reler na atualidade, achei que ele merecia uma revisão. Havia alguns aspectos no livro antigo no qual já não concordava mais, então em meio a pandemia, decidi começar a reescrevê-lo. Em 2009 eu acreditava que um bom sistema de RPG deveria de ter um número considerável de mecânicas para solucionar situações e isso acabou criando um monte de rolagens e estatísticas desnecessárias, as quais não eram o foco do jogo.
Isso me fez cansar um pouco, de forma que deixei ele de lado por um tempo. Mas o cenário nunca me cansou. Assim como a alguns dos meus amigos, que junto comigo tentaram fazer do Morte S/A, board game e cardgame também. Agora finalizei um sistema diferente, e também dei uma atualizada no cenário (tudo que eu faço está em constante processo de criação). Nesse momento o livro está em fase de diagramação, restando apenas 50 páginas para o término.
6. Como você vê a ideia da comunidade RPGísta de realizar o mês do RPG Indie?
Acho incrível. Quanto mais autores, trocas de experiências e espaços melhor. Acredito que o mês do RPG Indie não só ajuda na divulgação de autores e difunde materiais autorais (na qual muitos são gratuitos como os meus), bem como incentiva novos RPGístas a lançarem seus materiais como RPG Indie! É uma iniciativa e tanto! Parabéns!
7. Para você, qual deveria ser o principal objetivo desse evento? E o que espera dele?
Espaço para autores e iniciativas verdadeiramente Indie. Espaço para os novos ou ainda desconhecidos produtores de jogos de RPG. Divulgação de projetos e Donwload de materiais. Incentivo ao novatos!
8. O que você diria que são RPGs INDIEs e qual a importância deles?
Para mim, o RPG Indie foi o recurso fundamental para poder jogar os cenários fantásticos que imaginava, e suprir a falta de acesso a conteúdos que havia em minha região. Hoje, acho que o RPG Indie tem uma função de ir além do mercado. Apresentar novas propostas ao jogadores e dar acesso a gêneros, aventuras, temáticas, estéticas e estilos completamente descompromissados com o mercado.
9. Como você vê a relação: RPGs da industria de jogos X RPGs INDIEs no mercado brasileiro e no mundo?
Acredito muito que cada um tem o seu papel. O papel da indústria de jogos é bem claro: fazer um hit. Emplacar um jogo como um produto rentável de qualidade. Acho que o RPG Indie poder ter esse objetivo também, mas como já mencionado, ele vai além. No Indie o RPGísta (consumidor ou produtor) pode experimentar além das métricas financeiras, das mecânicas, dos recursos… são possibilidades ilimitadas. Portanto a experimentação é, para mim, o ponto forte do Indie. O Indie pode andar a favor do mercado, ir contra, ser gratuito, pago, premium, ser um rpg como serviço… o Indie escolhe estar atado ao mercado ou não.
10. Qual mensagem pessoal sua você gostaria de mandar para a comunidade RPGista brasileira?
Queridos amigos RPGístas, vocês são incríveis. Obrigado por me acolher e me fazer sentir parte disso por tantos anos! Espero poder contribuir e colaborar mais para tornar essa comunidade cada vez melhor, mais inclusiva, mais acolhedora. Somos a melhor comunidade do mundo! Vamos Jogar!!
E se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo Padrim, PicPay, PIX, e no Catarse!
Assim, seja um Patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos como participar de mesas especiais em One Shots, de grupos ultrassecretos e da Vila de MRPG.
Além disso, o MRPG tem uma revista! Conheça e apoie pelo link: Revista Aetherica.
Leandro Abrahão – A 1ª Semana do RPG Indie no Movimento RPG
A 1ª Semana do RPG Indie no Movimento RPG é um evento idealizado e organizado por: