Sangue e Glória – Quimera de Aventuras

Nesta Quimera de Aventuras vamos falar sobre o conto Sangue e Glória, escrito pelo grandioso mago Thul Zandull.  O conto encontra-se aqui no site dividido em 11 partes, hoje vamos usar a Parte 5 do conto.

Sangue e Glória (Parte 5)

O grupo de Orcs estava no território dos Kobods, para adentrar em seu lar e recuperar o que havia restado. A recompensa deles seria as riquezas que lá encontrassem. Ao adentrar no covil dos kobolds, enfrentaram as aranhas que o tomaram dos seus donos anteriores. E com uma boa estratégia, conseguiram derrotar a Aranha Gigante que dominava o ambiente naquele momento. Porem Gorac, o líder do grupo,  foi ferido e ficou de fora da batalha, cabendo a Mira, sua companheira, pegar a espada Benção dos Lideres, que passou pelas mãos de cada antecessor de Gorac e finalizar o combate.

Quimera de Aventuras

Nesta sessão colocamos algumas ideias de uso para aventuras de RPG. Entretanto fique ciente que para isto, teremos que dar alguns spoilers da obra. Leia por sua conta em risco.

Benção dos Lideres

A  espada, já passou pelas mãos de 5 grandes lideres Orcs, antecessores de Gorac, que apesar de ter em seu histórico muitas batalhas, precisa ainda conquistar muito mais para de fato ser tão grande quanto seus antepassados. Na sua aventura, poderá levar o primeiro líder orc da linhagem de Gorac para a honra de possuir essa arma. Banothi, o Banidor, teve apoio de outros lideres de vários povos, na luta contra a guerra que queria os expurgar do seu mundo. O Banidor, usou sua força e ímpeto para sacrificar-se nas trincheiras de defesa, impedindo de os Autarcas conquistassem mais de suas terras. Ele sozinho derrotou muitos soldados, além de grandes campeões inimigos. E seu sacrifício não foi em vão, permitiu que outros grupos desestabilizassem o ataque, e virassem o final da batalha para poderem manter-se em seu territórios e culturas.

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Sangue e Glória – Quimera de Aventuras

Sangue e Glória – Parte 11 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Sangue e Glória – Parte 10, Harm o Veneficus já liberto, trabalha para restaurar a saúde de seus libertadores.  Ao mesmo tempo, foi revelado que Mira e Gorac darão continuidade a linhagem de grandes guerreiros Orcs. Além de ter a presença do antigo líder Goblin confirmada para a batalha que virá.

Agora…

Sangue e Glória – Parte 11

Um visitante de um passado distante.

O salão comunal estava cheio naquela noite, afinal, era uma ocasião especial. Reencontros e fatos importantes seriam compartilhados entre aqueles que em breve estariam firmando um pacto. Um pacto pela libertação e ao mesmo tempo pela reconstrução de uma região que já fora assolada por muito tempo por uma fé opressora e enganadora. 

Harm Van Driel posicionou uma cadeira adequada a seu tamanho, aos pés do ídolo Kobold, solicitou apoio para que todos pudessem repousar em volta da fogueira, protegidos do frio e também a vontade para repor suas forças para o enfrentamento dos desafios vindouros. 

Anáxalas e Orog posicionaram-se próximo a Xalax, que ainda permanecia desacordado, mas pelo menos estável. Mira e Gorac estavam próximos, abraçados olhando o fogo crepitar e provavelmente pensando nos próximos passos rumo a grande cidade de Basil. Kagror era o que estava mais próximo ao fogo, demonstrando seu grande interesse pelos aromas exalados pelas grandes fatias de carne que ali assavam. 

Isolado em meio aos grandes Orcs, uma pequena criatura adentrou o salão. Resgatou uma cadeira adequada a sua altura e solenemente se preparou para sentar-se naquele ambiente para uma longa conversa. Trazia consigo uma armadura de couro rígida ricamente adornada, com proteções táticas espalhadas pelo corpo. Havia inscrições em um material brilhante espalhadas na proteção usada por aquele goblin, ele tinha uma aparência resoluta e solene, carregava duas adagas de lâminas levemente curvas e esguias, eram feitas de um mineral perfeitamente polido de cor vermelha com inscrições rúnicas brilhantes. Aquele goblin tinha um tom de pele verde bem escura. Ao sentar-se fez um leve gesto com a cabeça para o Veneficus que ali aguardava.

Harm foi o primeiro a falar:

“Seja bem-vindo Garlak. Sinceramente duvidava que um dia pudéssemos nos reencontrar novamente. Foram longos séculos e para minha surpresa você pelo visto teve algumas bençãos ou maldições que permitiram cortar o tempo e retornar de sua demanda.”

O goblin respondeu:

“Com certeza estava mais para uma maldição, meu senhor. Infelizmente, a demanda que cita não foi totalmente perdida. Eu encontrei um dos locais de confluência arcana que citou e você estava certo, nem todo geodo é instável. Alguns deles apresentam características diferentes e mesmo não manipuladores ou despertos poderiam obter algum tipo de poder dessas pedras. Por sorte você preparou defesas, pois existem fragmentos agressivos em torno destes pontos estáveis. Eu compararia ao centro de uma tempestade. Para meu azar, criaturas bizarras também ficavam a volta desta fonte de poder. Derrotei tudo que podia e finalmente quando pensei em trazer algo de volta, as defesas que construiu não resistiram aos efeitos mágicos. Pelo visto, alguns de meus leais seguidores que trouxeram de volta, imaginando que pudesse fazer algo por mim. Percebi que me esconderam em uma gruta sagrada, esperançosos pela cura que buscariam contigo, mas tudo que encontraram foi uma tragédia.”

Harm Van Driel prosseguiu:

“A sensação da prisão é algo que entendo bem, mas o que desejo saber é se ainda tem o fragmento que citou.”

Tesouro e conhecimentos misteriosos.

O goblin concordou com a cabeça e buscou dentro de seus pertences um pequeno pacote. Um embrulho de panos, cuidadosamente enrolados com tiras de couro que emanavam um brilho amarelado. Garlak, levantou-se, sendo seguido pelas cabeças e atenções de todos os presentes e se dirigiu a Harm, entregando a ele o pacote.

Eis que o Veneficus ficou intrigado ao abrir o embrulho e perceber que os fragmentos eram similares a lascas de vidro de tamanho variados.

O goblin explicou:

“Deveria ter visto. Tudo parecia um espelho fluente, se movendo de um lado para outro. Nada parecido com os geodos que adquirem características do local onde caem. Isso ai, parece algo primordial, mas antes, preciso saber uma coisa importante, o comprometimento de todos com o meu povo. Houve uma época que as montanhas eram nossas, hoje, apenas uma pequena porção sobrevive e imagino o que deve ter ocorrido aos outros povos que moravam nas redondezas. Então antes de mais nada eu desejo saber, vamos prosseguir com isso? Vamos retomar o que é nosso? Você bruxo, pode fazer algo para nos ajudar? Eu te servi, eu concluí essa busca e já perdi mais do que poderia descrever!”

Gorac assumiu a fala:

“Com certeza estamos todos comprometidos pequeno guerreiro. Olhe como nossos corpos falam por si mesmos. Nos entregamos nessa busca, nessa demanda, nessa jornada de sangue que culminará em glória para nossos nomes e a de nossos antepassados. Queremos vingança, queremos o que é nosso, mas não podemos atacar sem o apoio dos Virag. Esperaremos reforços e até lá minhas forças poderão apenas garantir que Harlam e as redondezas fiquem seguras. Provavelmente não sabem de tudo que ocorreu nos últimos dias, mas em breve forças serão enviadas para descobrir e quando não voltarem, aí teremos problemas. Precisaremos recrutar e treinar quem pudermos e garantir que Harlam fique aberta para que os protetorados descontentes tenham um porto para despejarem suas forças. Um guerreiro experiente sabe o momento de esperar, sabe que precisa ser paciente até que uma oportunidade surja.”

Garlak fez um gesto com a cabeça, em silêncio, pois sabia que o Orc estava certo, ele mesmo não tinha muitos goblins para ceder aquela causa, precisaria correr pelas montanhas buscando comunidades isoladas ou outras raças que poderiam de alguma maneira querer se juntar a luta contra os Humanos. Eis que em meio ao breve silêncio, Harm novamente assume a fala:

Podem ficar calmos meus caros companheiros. Poderemos rechaçar as forças que forem enviadas até nós. Garlak trouxe uma peça para encontrarmos a resposta, de posse deste item primordial minha magia poderá ganhar novo significado e vocês esquecem que agora desperto minha alma está ligada a esta floresta. As criaturas que aqui habitam em breve ouvirão meu chamado e então teremos símbolos a serem respeitados e um refúgio seguro para organizarmos nosso ataque. Deixe Harlam para os Virag, faça o acordo com eles mestre Orc, chefe de guerra. Peça o domínio desta mata e vamos organizar aqui nossa fortaleza, abraçaremos as montanhas Dol-Agurad e todos os povos que antes viviam nesta região poderão voltar. Quando Basil cair, haverá mais espaço a ser conquistado e não teremos motivos para brigar por terras, haverá o suficiente para todos. Até lá, movam suas forças para cá, ainda estamos em desvantagem e precisaremos de tempo para que tudo corra de maneira organizada. Eles devem pensar que nos encurralaram, deixem que pensem que saqueamos e corremos, deixem que sonhem com sua fé insana. Atacaremos no momento certo.”

O nascimento de um Conselho de Guerra.

Mira assumiu a palavra:

“Da maneira como fala precisaremos de meses. Eu sinceramente acho viável a manutenção deste tempo. Se fizermos emboscadas e mantivermos campanhas de saque em aldeias próximas a Basil, poderemos constantemente drenar recursos úteis para nós. As invasões no Sul e Sudoeste do Império fazem com que o grosso das forças seja mantido constantemente em locais próximos dos pontos mais importantes para Autarquia, mas se demonstrarmos ser um incomodo terrível com certeza vão tentar nos esmagar. Teremos que assumir uma tática de demonstração de fraqueza, atacando e correndo e sinceramente eu acho que seria mais interessante manter Harlam temporariamente. Poderemos construir uma cabeça de ponte escondida na área mais ao Norte da floresta. Simulamos um recuo completo quando as forças de Basil tentarem retomar a aldeia, mas na verdade teremos o manto da Mata Velha nos encobrindo pelo tempo necessário. Depois disso, eles deixarão as montanhas e essa floresta. Não vão fazer incursões dispendiosas e aí entra nossa sagacidade. Grupos de emboscada em locais estratégicos. Você goblin e seu povo serão nossos olhos, nossos sentidos, até que estejamos prontos para um ataque maciço em alguns meses.” 

Todos ali ouviram a ideia de Mira e Harm entendeu por que Gorac se apaixonou por ela. Uma guerreira digna, corajosa, leal e com mente perspicaz. Sua orientação estratégica era correta e para ser executada necessitaria do apoio e um nível de organização invejáveis, porém essa seria a ocupação dele, um Veneficus desperto com experiência suficiente para orquestrar toda a ação que culminaria com a derrocada das forças imperiais do Norte. 

Com as discussões abertas, todos começaram a levantar possibilidades e estudar com calma os próximos passo que deveriam ser dados, enfim, naquele salão nascia o Conselho de Guerra, mas apenas uma coisa preocupava a todos, quem seriam os opositores, os fiéis defensores da Fé Diáfana que tentariam impedi-los? Haveria alguém a altura desta missão naquele Império em ruínas? Haveria líderes entre as fileiras devotas?

Não poderiam ignorar o poder desta Fé, haveria precaução e ações estudadas meticulosamente. No momento certo, toda ira, toda fúria cairiam contra os inimigos e não haveria esperança ou fé suficiente para salva-los do destino que semearam.

Continua…


Sangue e Glória – Parte 11 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull 
Revisão de: Isabel Comarella 
Artista de Capa: Douglas Quadros 

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Sangue e Glória Parte 7 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Sangue e Glória – Parte 6, nos deparamos com a fragilidade dos fortes guerreiros Orcs. No entanto, também nos espantamos com a grandeza de espírito que um Kobold pode ter por seu povo!

E agora…

Sangue e Glória – Parte 7

A família Van Driel tinha uma extensa história na capital do Império Argênteo, Vedrana. Sua família sempre esteve ligada à manutenção da paz, no interior da grande e fervilhante cidade. Porém a Fé Diáfana havia se tornado a principal crença daquele crescente regime em ampla expansão. O título de imperador foi substituído pelo chamado Pontífice Autarca. Em seguida os conflitos decorrentes das mudanças que ocorreram uma década atras; no ano 100 depois da Tempestade; eram nitidamente observados na maneira como as legiões eram comandadas. 

O patriarca da família Van Driel, era o tribuno Davor. Que no momento decisivo do conflito civil levou seus comandados para o lado que demonstrava sinais de vitória. Tal atitude, fez com que mantivesse suas posses e títulos. Porém agora tendo sempre que se reportar a um membro da Autarquia, normalmente um Exarca do alto escalão. Para todos, era nítido que aquele regime ungido por uma força misteriosa estava de alguma maneira ligada aos eventos misteriosos ocorridos cem anos antes. 

A Tempestade de Estrelas 

A Tempestade de Estrelas, como diziam os estudiosos da Academia de Nova Gênesis, foi um evento no qual os Deuses entraram em conflito e do qual uma grande deidade emergiu. 

O Diáfano, concedia nitidamente a seus adoradores poderes miraculoso. E  rapidamente os milagres operados por seus seguidores trouxeram mais força àquela religião. Enfim, a família Van Driel sobreviveu aqueles anos turbulentos. E o primogênito Harm, finalmente havia concluído seus estudos formais e deveria assumir mais responsabilidade políticas. Por nascer em família de prestígio e estar intimamente ligado à ideologia vigente, o jovem teve acesso a pesquisas. Logo descobriu informações ligadas aos geodos arcanos e o grande Expurgo. 

Segundo havia estudado, a Tempestade das estrelas, espalhou por todo mundo conhecido a essência dos Deuses caídos no conflito. Tais vestígios de centelha divina, alteravam os locais onde eram encontrados e nitidamente permitiam aos mortais terem acesso a verdadeira magia. 

Antes deste evento, os Veneficus podiam controlar pequenas forças mágicas. Fazendo truques ou magia de pequeno impacto. Porém ao terem acesso às centelhas caídas do céu, podiam literalmente comandar energias poderosas ao custo de sua liberdade. Mas com o passar dos anos, podia-se perceber que os manipuladores de magia adquiriam traços monstruosos. Que estavam relacionados ao ambiente natural no qual as centelhas se ligavam. As almas dos Veneficus também ficavam ligadas àquelas centelhas e a sobrevivência dependia da proximidade dessas fontes de poder.

Com o passar das décadas as centelhas transformavam-se em formações cristalinas belíssimas. Momento no qual receberam o nome de Geodos Arcanos, nome pelo qual todos ligados à Fé Diáfana reconheciam. 

Tamanho poder não foi ignorado. Logo, houve necessidade de se estudar a fundo tais eventos e manifestações. Sendo assim tomaram a decisão que levou a caçada e a destruição dos mais poderosos Veneficus, evento conhecido como Grande Expurgo. 

A Queda do Veneficus Agrabav

Harm Van Driel estudou com afinco a história do Império. A fim de resgatar os grandes e decisivos momentos e se especializar como Autarca Inquisidor. Isto ocorreu no ano 115 Depois da Tempestade. O agora adulto e prestigiado membro da sociedade, era um dos membros de elite que acompanhavam as companhias responsáveis pelo Expurgo.

Naquele ano fatídico de 120 D.T., o Inquisidor foi destacado para Legião Agurad. O Exarca Joris Gerardus liderava o local. O objetivo principal daquela força militar era pacificar as montanhas Dol-Agurad. Assim permitindo que o Império tivesse a região norte assegurada a partir da cidade de Basil.

Havia na região muitas raças selvagens. E sabiam que um Veneficus tribal de nome Agrabav liderava e mantinha a Mata Velha como seu refúgio. Alguns batedores diziam que o bruxo havia imbuído toda flora e fauna da região com poderes. Logo, ele permitia a todos os seres daquele local um crescimento fora do normal. 

A campanha durou uma década, estavam agora no ano de 130 D.T. Mas finalmente os legionários Punhos de Prata cumpriram sua demanda. Chegaram a um grande círculo de pedras moldadas pela força da magia com acesso às entranhas da terra. Lá o Exarca Joris entregou sua vida para derrotar Agrabav, que nem lembrava o Orc que um dia havia sido. Em seu lugar apenas uma criatura de pedras, terra e raízes causava o caos.

Harm Van Driel teve acesso ao objeto que tanto mal causou naquela região. Além disso, e devido sua posição e urgência em pesquisar aquela fonte de poder.

A Autarquia deu todo suporte para que pesquisas e armas mágicas fossem criadas para garantir o avanço rápido das Legiões. Porém, sem que ninguém conhecesse a verdade por trás das brilhantes armas que abasteciam o alto comando.

O Véu da Mentira se Desfaz

Harm, aos poucos descobriu que o Expurgo em nada tinha relação com os temores que poderiam ser causados pelos poderes adquiridos dos Veneficus. Mas sim para garantir um suprimento de magia, necessária para a manutenção das guerras de conquista. 

Nenhum Geodo Arcano foi destruído, foram mantidos ocultos da visão da grande massa. Seus manipuladores eram mantidos na ativa até o momento crítico que se tornavam dependentes. Assim que isso ocorria, eram substituídos por novos e ávidos estudantes formados em Nova Gênesis. 

Harm, como Inquisidor, percebia o poder crescente. Mas valendo-se de sua influência, mantinha idas e vindas entre a capital e aquela região erma.

Foram duas décadas percebendo a demagogia e a podridão por trás daquele regime Teocrático. Percebia ser uma peça única que demonstrava resistência aos efeitos de dependência da pedra. Algo obtido principalmente devido às suas consultas aos tomos antigos e secretos da Academia. 

A cada ano, a revolta do Inquisidor crescia. Tornara-se o patriarca da família, tinha prestígio, tinha recursos . E mesmo assim a cada década sacrificava as mentes mais brilhantes do Império em prol da glória da Fé Diáfana que agora estendia sua sede de conquistas para mais e mais reinos.

Aquilo deveria parar, foi então que o agora velho Inquisidor, percebia o que deveria fazer. Ele entregou a si mesmo a magia do Geodo Arcano, de maneira permanente. 

Imbuiu um pequeno Goblin da região, um dos últimos líderes tribais, com uma força mística, dando a ele uma busca singular. Algo que poderia mudar os rumos da Magia de uma vez por todas. Portanto, garantindo que a insanidade que ajudava a espalhar de alguma maneira parasse. Dedicou sua fortuna ao financiamento de viagens e criação de assentamentos para aqueles que eram caçados pelo Império. E finalmente começou a reunir seguidores que discordavam da Fé vigente.

O Despertar

Harm Van Driel foi declarado morto em 178 D.T., há exatamente trezentos anos atrás. Havia sido incansavelmente caçado como Herege, aquele que trouxe desgraça para honrada família. 

Seus objetivos aniquilados, seus amigos executados, seu sonho tomado. Porém, aquele homem era diferente de todos os manipuladores de Geodos Arcanos. Ele havia se ligado de tal maneira a centelha que sua morte era impossível. Foi então que os grandes Exarcas da época decidiram enterrar fundo o segredo, e colocar proteções sagradas naquela tumba no círculo de pedras da Mata Velha. 

Nunca mais citariam ou referenciariam aquela ação e os tomos dessa saga foram guardados entre os pergaminhos mais secretos da Autarquia. No entanto em 478 D.T. finalmente Harm teve mais uma chance. Kobolds se instalaram no círculo de pedras, sua consciência despertou depois de um longo sono. E percebeu a presença das criaturas muitos metros acima de onde estava. As proteções mágicas tornaram-se enfraquecidas e sua mente não estava mais nublada. Ele lembrou de tanta coisa e principalmente de seu desejo por liberdade. Ele precisava que alguém cavasse, cavasse fundo para libertá-lo. E aquelas mentes fracas dos Kobolds poderiam ser guiadas. Daria a eles conhecimento, em troca queria libertação.

O dominador de magia antiga poderia finalmente ter uma chance de terminar algo de começou anos atrás. Mas as proteções da Fé Diáfana resistiam. Os pequenos Kobolds foram atacados devido um gatilho mágico disparado quando se aproximavam de seu corpo. Talvez não houvesse mais esperanças. Mas Harm era paciente, o tempo estava a seu favor e naquele mesmo ano, teria outra oportunidade. Orcs experientes com intenções similares derrotaram as criaturas e finalmente desciam a seu encontro. Havia apenas mais um desafio antes de sua libertação.

Harm Van Driel em breve estaria livre outra vez e sua vingança seria implacável!

Continua…


Sangue e Glória – Parte 7 –  Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull 
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de capa: Douglas Quadros 

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Sangue e Glória #4 – Contos de Thul Zandull

Sangue e Glória – Parte 4

O tempo estava fechado, com prenúncios de chuva, mas nada que pudesse, de fato, atrapalhar a jornada. Gorac estava preocupado com Kagror, pois o ferimento da luta ocorrida contra os Autarcas fora grave. Havia o vigor da raça ao lado daquele grande guerreiro, mas o líder sabia que muitos valorosos Orcs tinham sucumbido diante de inimigos silenciosos. Mesma situação se aplicava às queimaduras sofridas por outros membros do grupo.

Diante da situação e pensando que até o momento tinham acumulado vitórias e espólios especiais, pensou em não agir como tolo, resguardando suas forças para as verdadeiras batalhas. Se o velho Shivar estivesse certo, haveria dificuldades à frente que demandariam força completa. Sendo assim, quando a paisagem pedregosa começou a mudar, destacou o rastreador Orog e o mateiro Xalax para irem a frente com a intenção de acharem um bom local para acamparem e reporem as forças naquele dia. 

A Mata Velha não podia ser ignorada, havia criaturas de grandes proporções e magia antiga naquele local. Histórias diziam como o ambiente tinha olhos invisíveis e vontade sob aqueles que ali adentravam. Diante disso, sabiamente Gorac destacou sua arqueira de maior habilidade, Anáxalas para caçar algo que pudesse ser usado em um rito de oferenda à entidade que regesse aquele mar verde que adentrariam, foi antes específico que a caça fosse proveniente ainda daquele limite rochoso que estavam atravessando.

Kagror, Gorac, Mira e Shivar mantinham a marcha enquanto os demais seguiram as ordens dadas. Aos poucos a vegetação se espalhava para todos os lados, um caminho irregular, repleto de rochas de tamanhos variados cobertos por raízes, musgos e plantas variadas e grandiosas. Havia um poder vital retumbante naquela morada ancestral das entidades naturais. Apesar de questionador de alguns costumes de seu povo, Gorac respeitava a magia e as histórias originadas dela, portanto havia cautela em seus passos. Tal cuidado, seria recompensado pela percepção apurada de Mira, que foi a primeira a alertar sobre rastros frescos notados no caminho que faziam. Segundo ela, provavelmente um grande javali. O alerta deixou todos mais atentos aos movimentos da floresta.

Para alguns, é apenas mais uma batalha

O estado de atenção foi crucial para que repentinamente o grupo notasse o barulho de um avanço violento pela vegetação. Os galhos quebrando, os sons dos cascos brônzeos e as presas ferozes que se jogavam em uma carga mortal em direção a eles. Infelizmente para aquela besta furiosa, havia diante dela Orcs forjados em batalhas, experientes e sagazes quando o assunto era sede de sangue.  

Mira foi a primeira a se movimentar com a intenção de sair da direção da investida, ao mesmo tempo em que disparou uma flecha certeira no corpo do animal. Gorac ergueu Shivar pelas roupas e o arremessou em um galho grosso, enquanto sacava com a outra mão, uma de suas machadinhas. Kagror ficou imóvel esperando o momento, também de posse de lâminas menores, neste caso, adagas.

A besta sofreu com a flechada, mas manteve a corrida em direção a Kagror, que esperou até a janela derradeira de tempo para esquivar-se e desferir um golpe que rasgou o couro rígido com facilidade. Ao continuar sua rota, Gorac teve espaço para arremessar a machadinha com violência e precisão na base do pescoço do animal, que ao ser atingido gradativamente diminuiu seu ritmo até sua queda e morte, metros à frente. 

Todos riram da situação, descontraindo o momento, já que imaginaram animais mais ameaçadores do que um Casco Brônzeo, proveniente daquele ambiente opressor. Com a presa abatida, percebiam que somado à caça dos animais de carga que estavam consigo, havia muita comida e recursos, algo que poderia significar uma coisa, um descanso longo regado a muita comida.

Os batedores encontraram um espaço adequado abaixo de uma pedra inclinada, havia cobertura e espaço ideal para acampamento. Os itens saqueados dos Autarcas traziam mais luxo aquele ambiente selvagem, o que mais agradou na pilhagem foram temperos e ervas que traziam mais sabor à carne. Orog e Xalax também haviam tido sucesso em suas empreitadas, acharam raízes e plantas necessárias aos cuidados que todos requisitavam para melhorarem. 

A caçadora por outro lado ficou irritada, pois teve todo cuidado de trazer uma oferenda, enquanto seus companheiros já haviam matado um animal de grande porte. Ainda assim, Anáxalas fez os ritos antigos, montando um grande patuá com ossos do javali, enfeitou-os com penas das grandes aves e o pendurou em uma árvore com a intenção de agradecer a caça enquanto prestavam respeito ao poder do ambiente que os cercavam. Todos entoaram gritos e canções de guerra seguindo os rituais das épocas tribais de outrora. Com o rito solene prestado, prepararam grandes fogueiras para aproveitar a fartura que ali havia. 

Os sussurros da Mata Velha

Gorac designou as vigílias e deitou-se mais aliviado percebendo que Mira havia feito boas escolhas. O grupo que o acompanhava era forte. No próximo dia, já a tarde avançariam lentamente, o que seria suficiente para o vigor e fôlego retornar aos corpos de todos, porém a noite escondia mistérios…

O líder foi despertado com uma estranha sensação de perigo. Ao acordar não havia ninguém à sua volta, apenas a fogueira crepitante e uma figura sentada ao lado dela. O indivíduo era franzino, uma figura humana cansada e idosa, mas de barba branca bem aparada espalhada pelo rosto marcado pelo tempo, rugas se acumulavam e contavam histórias de décadas de vida. Já não havia cabelo em sua cabeça e mantos adornados protegiam seu corpo, provavelmente do frio. Apesar da idade não tinha uma aparência curvada, logo notou que a figura conseguia manter uma postura ereta e firme. O encontro sinistro fez com que Gorac pegasse sua arma, mas ao levantá-la notou que a mesma estava envelhecida, enferrujada e quebradiça. Urrou e partiu para combate, amaldiçoando aquela bruxaria e pensando em acabar com o velho com seus punhos e dentes, mas antes que desse um passo mais sentiu forças invisíveis segurando-o.

O velho interrompeu o rompante furioso dizendo: 

“Não há forças em seu corpo para lutar contra os conhecimentos antigos. Não se preocupe, mestre de batalha, não sou seu inimigo e muito menos estou aqui para ameaçar sua jornada. Na verdade, seus passos irão atravessar os meus por um fortuito acaso semeado por mim décadas atrás. Infelizmente meu corpo carece de cuidados, já que está dormente e selado, mas minha mente e minha magia apenas cresceram com o tempo. Estou aqui para lhe passar uma mensagem, neste ambiente solene no qual os senhores dos sonhos semeiam suas vontades. Estou aqui para que você decida prosseguir algo que teve início com os pequenos Kobolds. Necessito de sua ajuda para me libertar das correntes que me prendem. Caso faça isso, terá a seu lado um Veneficus, um dominador dos Geodos Arcanos há muito dormente em uma prisão subterrânea esquecida. 

Shivar foi um dos muitos que inspirei em suas noites de descanso para construírem e prosperarem, sem perceberem que estavam em minha busca, em um trabalho por minha liberdade. Porém, a iminente aproximação dos Kobolds despertou defesas antigas que não pude lidar por minha situação. Posso te oferecer a chave para ir além, pois as areias do tempo sempre correm a favor de um Veneficus. Se desejas conquistar, há chaves que posso te oferecer para derrubar a Autarquia, posso lhe oferecer um futuro glorioso. Terá o momento de escolha quando enfrentar as aranhas, tome a decisão correta.”

Com o discurso encerrado, a figura fez gestos e um clarão se espalhou a partir das chamas, o que ofuscou o Orc. Ao recobrar a consciência percebeu a sua volta todos do grupo assustados olhando para ele. Mira foi a primeira a se adiantar e perguntar o que havia ocorrido. Todos tinham despertado momentos antes com os gritos que ele emanou e ao tentarem fazer algo, descreveram que Gorac estava em um transe, com os olhos abertos, mas ao mesmo tempo brancos e distantes. 

Kobolds e seus segredos

Gorac imediatamente levantou-se e foi até o velho Shivar, questionando-o sobre o sonho. O velho Kobold estava calmo e começou a contar que alguns membros de seu povo sempre sonharam com essa figura, que os instruía e guiava. Foi por ela que fizeram descobertas e se tornaram fortes, seu líder sabia o nome daquele guia poderoso e então o pequeno disse em voz alta que a figura misteriosa se chamava Harm Van Driel.

Estranhamente todos sentiram um arrepio, como se uma porta tivesse se aberto. Medo não era algo comum aos Orcs, mas naquele momento todos estavam perto de entender a sensação. Gorac, percebeu que sua jornada havia se misturado a algo muito antigo, porém lidar com essas forças era algo perigoso. Ficou em silêncio por longo tempo, contemplou aqueles que aguardavam orientações e disse calmamente: 

“Descansaremos como previsto, após o meio-dia seguiremos em direção a antiga aldeia do povo de Shivar e lá limparemos a ameaça, depois decidimos o que fazer com aquilo que foi oferecido a mim. A oferta, vem de um bruxo, um pacto por poder, um pacto oferecido em meus sonhos. Eu penso, vocês podem pensar também e depois das ameaças, juntamos o que pensamos para tomar uma decisão”. 

Todos ficaram confusos, mas começaram a juntar as evidências daquela noite. Uma certeza havia, a oferta trazia promessas de sangue e glória!

Continua…


Sangue e Glória – Parte 4 – Contos de Thul Zandull

Autor: Thul Zandull;
Revisor: Isabel Comarella;
Artista da Capa: Douglas Quadros.

 

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