Presidente da Wizards of the Coast renuncia do cargo
Cynthia Williams, presidente da editora responsável por Dungeons & Dragons, a Wizards of The Coast, renunciou de seu posto. A noticia bombástica veio após a notificação de uma ordem da US Securities and Exchange Commission (Equivalente a Comissão de Valores Mobiliários Brasileira) para a Hasbro, empresa dona da Wizards.
Na ordem diz que “Em 15 de Abril de 2024, Cynthia Williams, presidente da Wizards of The Coast e da Hasbro Gaming, informou à companhia de sua efetiva renuncia no dia 26 de Abril de 2024. A companhia está conduzindo o processo para encontrar seu sucessor, procurando candidatos internos e externos.”
O lucro da Wizards of the Coast
Em 2024, a receita da Wizards of the Coast cresceu em 40% comparado aos valores do ano anterior. Devido ao enorme sucesso da expansão de Senhor dos Anéis, que arrecadou U$ 200 milhões em vendas, e ao sucesso de Baldur’s Gate 3, que foi eleito Jogo do Ano e venceu vários outros prêmios.
A Wizards of The Coast arrecadou US 120 mil a mais em 2023 comparado com o ano de 2022, mas nem tudo foi bom aos olhos dos fãs.
A Controvérsia em meio ao lucro
O mandato de dois anos de Williams foi marcado por diversas controvérsias com os fãs do RPG de fantasia. Em dezembro último, ela comandou uma rodada de demissões em massa para manter os custos, tirando 1100 empregos. Além disso, a Hasbro vendeu o departamento de filme e televisão eOne para a Lionsgate por U$500 mil em agosto. O filme Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes falhou em ter uma bilheteria considerável e trouxe apenas U$ 208 milhões globalmente.
O jogo da Larian Studios, Baldur’s Gate 3, venceu todos os prêmios possíveis para jogos lançados em 2023 e foi um dos poucos faróis de esperança para a Hasbro em meio às baixas em todos os demais braços da companhia.
Em uma entrevista recente, Sven Wicke, CEO da Larian Studios, falou que “A Wizards of the Coast viu grandes demissões… não há ninguém da equipe original com eles, os quais tinham muito conhecimento sobre D&D. É triste, e não estou julgando ninguém, mas eles foram embora, e seu conhecimento foi junto.”
A Larian não está envolvido com nenhum novo projeto de Baldur’s Gate. Wicke disse estar envolvido em algum novo plano é “literalmente o oposto do que a Larian significa. Nós queremos fazer coisas novas e grandes. Não queremos ter que passar pelas mesmas coisas que já fizemos.” Entretanto, em alguns eventos as falas de Wicke denotam que esta decisão não parece ter sido tão amigável.
Nesta semana (do dia 22 e 24), Larian mostrou interesse em dar suporte a mods e desenvolver um beta de um ambiente de teste fechado para desenvolvedores da vívida comunidade do jogo. Essas noticias surgiram na mesma semana da renuncia de Williams, o que pode dizer que as duas coisas estão interligadas.
Fim de uma era turbulenta
O preço das ações da Hasbro despencaram enquanto Williams esteve no controle da companhia, em 2022, passaram de U$ 102 para U$ 52. Portanto a mudança da presidência pode ter sido um movimento para dar uma balançada geral, visto os lucros com os jogos da empresa nos últimos dois anos.
A Wizards of the Coast integra a Hasbro. E ter deixado que a principal propriedade intelectual, Baldur’s Gate 3, e seu relacionamento com a Larian Studios, esquentar pode ser visto como uma falha crítica nos negócios da companhia. Infelizmente, o mandato e reputação de Williams será sinônimo de desapontamento com fãs e funcionários e uma falta de tato e visão empresariais.
Conclusão
Durante os últimos anos, a relação da Wizards of the Coast com o Brasil tem sido mais turbulentas do que nunca. O que parecia promissor quando a Wizards assumiu as traduções dos livros de RPG e cartas de Magic no Brasil, em 2022. Se tornou uma decepção com o fim das traduções destes produtos. Demonstrando uma relação incrivelmente complicada entre a empresa e o público brasileiro.
O Brasil é o quarto país que mais acessava a plataforma de geração de fichas deles, o DnD Beyond. Tem uma comunidade de RPG e de TCG fervente e apaixonada pelos hobbies, mas que sempre foi ignorada pela própria Wizards. Seja pela demora nas traduções, com três ou quatro anos de espera, ou por simples descaso e falta de suporte com a comunidade brasileira.
Quem sabe, com essas movimentações, a Wizards volte a olhar para o Brasil com melhores olhos. Mas se não olhar, não precisamos dela.
A Wizards é que precisa do Brasil.
Texto Oficial: Brian-Damien Morgan pela ReadWrite
Tradução: Gustavo “AutoPeel” Estrela
Revisão: Escritor Ansioso
Imagem de Capa: Escritor Ansioso