O que aprendi com nWoD/Requiem – dicas para Vampiro: A Máscara

Quem acompanha nossas lives e podcasts na Twitch deve saber que eu sou um grande entusiasta e defensor de um dos RPGs mais subestimados de todos os tempos: O Novo Mundo das Trevas (AKA: Chronicles of Darkness) e do Vampiro: O Réquiem. Isso já me levou a longas e infrutíferas discussões com o jogador de GURPS Douglas e que, honestamente, fora o meme, nunca vão chegar a lugar nenhum (embora ele saiba que eu estou certo).

Mas por que desenterrar essa linha tão esquecida, que já não é mais nem publicada no Brasil, numa coluna sobre Vampiro: A Máscara? Bom, a verdade é que CoD e WoD são jogos muito, mas muito diferentes. Hoje, eu gostaria de mostrar como a filosofia de um pode enriquecer a experiência do outro. Vamos lá.

Estereótipos e personagens

A contraparte “croniquesca” de Vampiro, chamada Vampiro: O Réquiem, trazia apenas cinco clãs: os homônimos Gangrel, Nosferatu e Ventrue, e os “novos” Deva e Mekhet. Na época, muita gente reclamou e xingou muito, pois isso limitava a escolha dos jogadores, entre outros argumentos.

O ponto é que os clãs de Réquiem apresentam arquétipos muito mais abrangentes do que os de A Máscara. É fácil pegar um personagem como o Breno (do meu guia de construção de personagens) e reimaginá-lo em diversos clãs diferentes. Breno Deva poderia facilmente ser um playboy hedonista, enquanto um Breno Ventrue poderia aproveitar melhor suas características de liderança. Mesmo um Mekhet poderia se encaixar com o lado mais “estudioso” do personagem, desvendando segredos das bolsas de valores e do capital trocando de mãos.

Além disso, o Réquiem trazia cinco coalizões diferentes para escolher, e não era raro ver Carthianos trabalhando ao lado de seguidores do Círculo da Anciã. Nesse ponto ele acabava sendo até mais flexível do que o eixo Camarilla/Sabá/Anarch de A Máscara.

O que aprendemos: Arquétipos como os clãs são legais, mas eles não devem ser rígidos e absolutos. Vampiros abraçam por diversas razões, e nem todos têm o clã como norte absoluto em suas escolhas. Ao invés de dizer coisas como “um toreador jamais faria isso” ou “não tem como um vampiro assim ser membro do Sabá”, pense em razões interessantes e únicas para essas coisas. Por que um toreador resolveu abraçar aquela pessoa, ou por que o Sabá recrutou aquele indivíduo”?

Sério, nem todo artista precisa ser toreador e nem todo líder de gangue precisa ser brujah.

Cada cidade é única

No cenário de Réquiem não existia nenhuma organização acima da figura do Príncipe. Se algo desse errado na cidade, não ia aparecer um Justicar para resolver as coisas. Além disso, os vampiros sofriam um efeito chamado de Mácula do Predador: cada vez que o vampiro encontra um vampiro desconhecido, ele deve fazer uma rolagem de frenesi. Isso tornava muito complicado simplesmente fugir da cidade se algo desse errado.

Isso também dava flexibilidade para o mestre ser criativo ao criar estruturas hierárquicas para seus cenários. Poderia haver uma cidade onde os membros votam para eleger o líder, e ao invés de “Príncipe” ele usa o termo “Presidente”, por exemplo. Ou uma cidade onde o príncipe é escolhido em um torneio. Ou é regido por um conselho dos vampiros mais velhos de cada clã e cada coalizão. São muitas possibilidades.

O que aprendemos: A Máscara não dá tanta flexibilidade para o mestre na hora de criar suas hierarquias, principalmente pela presença de entidade superiores aos príncipes e arcebispos. Porém, cidades diferentes têm tradições diferentes e nem todas são constantemente visitadas por essas autoridades. Aliás, nossa campanha de V5, Temos Medo e Estamos Sozinhos, é totalmente baseada nessa premissa: três coteries isoladas sem um “adulto” para supervisionar o que eles estão fazendo. Se tivesse um príncipe ou barão lá, não tinha história!

“Vocês estão em um bar e um enviado do Príncipe traz uma missão.”
“Car@lh0, irmão, 20 anos de RPG e tu me vem com essa?!”

Metaplot não importa

Essa rendeu até um podcast. No Réquiem, os vampiros simplesmente não sabiam sua origem. Existiam várias teorias e religiões formadas em torno desse vácuo de conhecimento, mas não havia uma versão “oficial”. Em A Máscara, por outro lado, é muito normal que o mito de Caim seja tomado como verdade absoluta pelos jogadores.

Aliás, uma coisa que me tira do sério é gente dizendo que não gostou do V5 por causa de acontecimentos relacionados ao metaplot, como o surgimento dos Hecata ou a entrada dos Lasombra na Camarilla, enquanto o pior plot já escrito para Vampiro: A Máscara se chama Semana dos Pesadelos e veio muito antes do V5.

Para mim, a pior coisa da Semana dos Pesadelos é justamente o fato que ela tira a agência do Narrador sobre a existência ou não dos antediluvianos. Se um jogador quiser comprar a Loresheet correspondente, o mestre vai ter que aceitar isso ou bolar alguma explicação bizarra para retconar o evento. (Eu poderia dar a opção de simplesmente vetar a Loresheet, mas não gosto dessa abordagem, como já discuti nesse artigo).

O que aprendemos: O cânone não importa. Se você quer que na sua crônica os jogadores descubram que na verdade Caim não existiu e os vampiros surgiram por conta de um alienígena infiltrado na realeza da antiguidade egípcia, vai fundo! Mistérios são importantes, e um cenário onde tudo é conhecido e esperado pode se tornar enfadonho.

Cobrem do Douglas uma crônica com vampiros alienígenas na nossa Twitch.

Por Fim

Quando comecei a mestrar o nWoD lá pelos idos de 2004, um evento em particular mudou minha relação com o jogo: seria uma campanha focada em humanos, com o livro azulzinho. Eu estava mestrando pra um casal, sendo que uma das pessoas já jogava Vampiro: A Máscara e a outra nunca tinha jogado. A veterana logo começou a explicar sobre a existência de vampiros, lobisomens, e um pouco do lore do cenário clássico. Era a sessão zero. Eu estava ouvindo tudo aquilo e olhando minhas anotações, e resolvi jogar tudo fora e fazer algo completamente fora da expectativa: trouxe cultos lovecraftianos, zumbis e nada relacionado a vampiros e lobisomens. Todos adoraram, inclusive eu!

Essa quebra de expectativa foi o que fez o Novo Mundo das Trevas ser tão fresco e inovador nas minhas sessões de RPG durante tantos anos. Ainda hoje, sempre que pego o velho azulzinho na mão, tenho certeza que os jogadores não sabem bem o que esperar. E transmitir esse sentimento para minhas campanhas de A Máscara elevou o nível das coisas que eu mestro (feedback dos meus jogadores, acreditem neles).

E não se esqueça de visitar os textos do Edu sobre as Feras do Lobisomem: O Apocalipse.

Abraço e bom jogo!

O Uivo do Tigre Demônio – Darmas de Vampiros do Oriente

Hoje começamos uma serie de textos onde iriamos explicar o que cada Darma prega, quais as suas motivações, seus medos etc. Iremos intercalar entre os Darmas aceitos e os hereges, sempre tentando explicar da melhor maneira possível cada um. Assim, vamos começar pelo Uivo do Tigre Demônio.

Origens do Uivo do Tigre Demônio

Esse Darma prega que devemos subjugar o P’O e utilizar o seu poder na luta contra dos Reis Yama. Os Tigres demônios não tem medo utilizar a força do P’O como os demais Darmas têm. Cair nas garras do P’O é inconcebível. Um Tigre Demônio é o tipo de guerreiro sagrado que caminha no fio da navalha entre a corrupção e o dever.

Xue foi um poderoso e sábio Ahat que criou e desenvolveu os cinco Darmas conhecidos. Sem ele, os Cataios ainda estariam entregues as Reis Yama. De acordo com os sutras de sangue, Xue, descobriu o Mantra da Dor após a destruição de Meru. Chorando, ele se cobriu de urtigas e abriu feridas no seu corpo. Conforme o seu sangue caia no chão, ele pegava fogo. Xue, então, rasgou o seu próprio rosto e lançou ao fogo. Foi nesse momento que a iluminação veio.

Para aqueles sem iluminação, seguidores deste Darma podem parecer adoradores do diabo, pois os templos dos Tigres demônio são antros de atrocidades, que vão de bebês perfurados até escravos mutilados, permeados com cânticos obscenos e sons sem harmonia. Seus Ninhos de Dragão estão inundados com chi corrosivo e imundo, tudo para que os ventos ardentes (sua alcunha) sejam o Demônio, e não os seus servos.

A dor é o caminho para purificação. Assim, eles praticam, em si em nos demais, todo tipo de tortura. O caminho da iluminação é difícil. A impulsividade é algo que corrói os ventos ardentes: do mais sábio ao macaco agitado, sutileza não é o forte deste Darma.

Darmas – Vampiros do Oriente

Autor: Michel Freire.
Padronização e arte da Capa: Raul Galli.

Para mais posts de Mundo das Trevas você pode acessar nossa página da Liga das Trevas, para isso é só clicar aqui!

Corax – Feras de Lobisomem O Apocalipse

Corax, os metamorfos corvos do Mundo das Trevas, a primeira das Feras de Lobisomem O Apocalipse que vamos começar a ver aqui na Liga das Trevas.

A intenção não é trazer regras e material de jogo sobre as Feras ou os Corax (embora eventualmente contenha algum material do tipo). O objetivo é trazer ideias, sugestões e impressões de como usar esses elementos e em jogo, certo?

Dito isso, vamos então começar a acompanhar mais de perto as Feras (e se quiser entender mais o que são as Feras em geral, da uma olhada AQUI).

Corax

Mensageiros, guardiões de segredos, arautos da morte, agentes de Hélios. Muitos são os nomes que os Corax podem receber, conforme quem responde.

Lendas dizem que os Filhos do Corvo se originaram nas regiões da taiga siberiana, e de lá alcançaram os céus e se espalharam pelo mundo. Auxiliaram Garous e outras feras ao longo de várias eventos na história, inclusive as navegações para o “Novo Mundo”.

No período do “Mundo Antigo” criaram um forte vínculo com Fiannas e Crias de Fenris, mas nem isso os poupou do Impergium e da Guerra da Fúria. Hoje, seus vínculos com Garous são quase nulos, embora haja rumores de negociações próximas com os Senhores das Sombras.

Como mensageiros e guardiões dos segredos, observadores astutos de tudo que acontece, os Corax também ganharam muitos inimigos. Tanto Feras quanto Garous tendem a ver com maus olhos quando segredos e tramas complexas são desnudas perante toda a sociedade de forma nada sútil.

Sociedade Corax

Os Corax são seres solitários. São raros os eventos que reúnam algum punhado deles, e estes costumam ser breves e apenas para trocas de informações de extremo valor. Esses poucos eventos costumam ser chamados de Parlamentos.

Um Parlamento dura o tempo necessário para a transmissão de uma informação ou posicionamento político de larga escala. Eventualmente um pequeno grupo de Corax pode se unir com algum objetivo em comum, desfazendo sua parceria tão logo esse objetivo seja alcançado.

Possuem também uma forte ligação com a Umbra e o Mundo Espiritual como um todo, onde também agem como guardiões de segredos e mensageiros. Como tais, desenvolveram um linguajar próprio e uma forma peculiar de conversarem entre si que é extremamente confusa a qualquer ser que não seja um Corax compreender.
Extremamente adaptáveis, podem viver bem tanto em regiões urbanas e populosas quanto em regiões isoladas e selvagens. Essa capacidade de adaptação foi crucial para a sobrevivência da raça nas tempos sombrios do passado.

Unindo grasnos e frases incompletas, uma conversa entre metamorfos corvos é um enigma que pode fascinar ou enlouquecer!

Assim como os Garous, os Corax também se valem de Renome e Posto. Entretanto, seu Renome mais exaltado é a Sabedoria, embora todos sejam comemorados e reconhecidos quando conquistados.

Totem

A Sociedade Corax é devota do Corvo, sem exceção. Acreditam tanto em seu Totem que não precisam investir pontos de Antecedentes para receber os benefícios e, ao contrário dos Garous que seguem o totem Corvo, não precisam cumprir seus Dogmas.

Os Corax acreditam que o Corvo jamais abandonaria as suas crias e por isso agem e vivem livremente, independente dos Dogmas que Garous ou outras Feras sigam para receber as graças do Corvo.

Isso também limita a possibilidade dos Corax receberem as bênçãos ou graças de outros totens, mesmo que eles possam acreditar que aceitar ajuda de outros totens não desagradaria o Corvo.

Formas

Os Corax possuem apenas 3 formas: Hominídea, Crinos e Corvo.

Hominídea é a forma humana padrão, e a criação de personagens segue a mesma pontuação padrão de Lobisomem.

Corvo é a forma de um corvo padrão, e para efeitos de regras, assuma que a ficha passa a ser a de um corvo padrão conforme descrito no Módulo Básico de Lobisomem ou Vampiro.

Crinos é a forma intermediária e, incrivelmente, a que os Corax menos gostam de usar. Nessa forma, alguns fios de cabelo se tornam penas, as feições tomam formas pontiagudas similares a bicos, asas surgem presas são braços e as mãos e pés se tornam garras, embora as pernas permaneçam estranhamente humanas.

Para efeitos de regras, os ajustes seriam Força +1, Destreza +1, Vigor +1, Aparência -2, Manipulação -2, Percepção +3. A dificuldade para a mudança de forma é 6.

Nascimentos Corax

Um Corax não nasce como os Garous (do cruzamento de um gene Garou + um gene humano ou lupino, ou de dois genes Garous), mas sim através de um bizarro ritual.

Um bebê humano ou corvo é escolhido para se tornar um Corax. Em seguida, um fio de cabelo ou pena é ungido com gnose (cerca de 3 pontos permanentes) na Umbra, para gerar um Ovo Espiritual. Esse Ovo é guardado na forma umbral do futuro Corax até que ecloda, causando a Primeiras Mudança.

A Primeira Mudança, assim como os Garous, ocorre na puberdade, ou em idade inferior em decorrência de algum grande trauma ou gatilho.

Caso esse Ovo seja roubado, o futuro Corax “perde” metade de seu ser e recebe efeitos físicos desse fenômeno. Com isso pode ficar catatônico, em coma, com deficiências físicas ou psicológicas, e em casos mais graves até a morte.

Os Ovos Espirituais dos Corax são alvo de Dançarinos da Espiral Negra que buscam aumentar suas fileiras, além de Magos e Feiticeiros que buscam fetiches poderosos.

Por nascerem de forma tão diferenciada, e graças à sua natureza solitária e isolacionista, os Corax não se dividem em Tribos ou outras aglomerações. Para a criação de personagens (Corvos ou Humanos), siga referencia de Força de Vontade Inicial 3, Gnose Inicial 6, Fúria Inicial 1.

Dons e Rituais

Os Corax tem acesso a alguns Dons específicos de sua raça, e acreditam que esses Dons são dádivas concedidas pelo próprio Hélios.

Nada impede, entretanto, que um Corax aprenda novos Dons, principalmente aqueles ligados à comunicação, velocidade, locomoção, enigmas e segredos.

O mesmo ocorre com os Rituais. Com sua proximidade com a Umbra e os Espíritos, os Corax conhecem (ou descobrem) um grande número de rituais e possuem um vasto conhecimento místico (embora nem sempre façam uso prático desse conhecimento).

Os Dons e Rituais dos Corax podem ser encontrados em: Guia da Raça Corax, Guia do Jogador de Lobisomem, e Changing Breeds.

Para substituir esse material, opte por usar Dons de Ragabash, Theurge, Peregrinos do Silêncio e Uktena.

Usando Corax em Jogo

Talvez jogar com Corax exija um pouco mais de bagagem e material de suporte. Embora seja possível usar apenas os elementos do Manual Básico e os ajustes desse texto, uma dimensão completa somente seria possível com mais suplementos.

Entretanto, a adição de Corax para uma mesa de Garous pode ser um ótimo adendo, e também uma forma de trazer um ar diferente ao jogo.

Talvez um Corax peça ajuda da matilha para recuperar um Ovo Espiritual quer foi roubado antes que o pior aconteça. Nesse caso como a matilha reagiria à presença de um “metamorfo tido como extinto”?

Trilhas da Umbra podem ser particularmente ardilosas e traiçoeiras, e mesmo o mais treinado Theurge pode se perder. UM Corax treinado pode ser um guia ideal para a matilha conseguir atravessar o caminho. Mas onde encontrar um? Como persuadi-lo a ajudar?

Segredos que podem arruinar a Sociedade Garou (ou ajudar a virar o jogo) estão em posse dos Corax. Uma caçada foi ordenada, mas seriam os Corax aliados ou inimigos?

Então é isso, essas são algumas ideias e alguns pontos interessantes para explorar e usar os Corax em mesas de Lobisomem. Em breve as outras Feras vão pintar por aqui.

Deixa aí um comentário com a sua opinião, e qual Fera você quer ver em seguida!

Fuga Alucinada – Vampiros do Oriente

A noite na cidade de Roanoke cai e com ela o meu tempo aqui está acabando, conseguir reunir tudo o que foi possível de informações sobre os kinjin, finalmente vou poder voltar para a minha China.

O meu retorno está marcado para daqui a uma semana, hoje vou me encontrar com John Hancock, acertar com ele a minha dívida, John se tornou um  aliado e um amigo precioso, vou sentir falta dele quando eu abandonar essa vida, mas não agora, ainda temos muito tempo pela frente.

Ao fechar o meu casaco, abro a minha carteira de forma displicente, mesmo sem notar, e olho a foto dela, minha bela e doce, flor de lótus, mas um relacionamento ganho nesse país estranho, que no momento certo vou ter que finalizar.

Coloco a foto na carteira e guardo no meu casaco e saio para o frio da noite, sigo o caminho tão conhecido por mim, a tríade local me proporcionou alguns benefícios e um deles é passagem segura por algumas ruas.

Chego no local, previamente combinado e espero, pelo meu contato. Começo a sentir o cheiro tão característico de John, ao longe localizo ele, caminhando e empurrando um carrinho de supermercado cheio de lixo e sempre acompanhado de dois vira latas.

– Ei china, como vai?

Ele encosta o carrinho na parede e os cães logo se deitam de forma preguiçosa ao lado do carrinho.

– Vou bem, pedaço de lixo, esses teus pulguentos já tomaram banho hoje? Pq vc eu sei que não.

Ambos rimos.

– China, consegui o que vc queria, mas, vc não vai gostar.

Meu coração se enche de esperança

– Ela está a onde?

Ele balança a cabeça de forma negativa.

– Cara, ela está em uma parada sinistra, vai ser difícil de entrar lá.

Fico um pouco pensativo

-onde?

Ele puxa do carrinho uma planta de um prédio, abre no meio da calçada mesmo.

– Bem, a vida é sua, ela está nesse prédio, para algum tipo de festa de grafinos, então vai ter gente circulando, mas com essa tua cara de china, vai logo chamar atenção.

Penso um pouco e avalio a situação, entretanto a lembrança do nosso primeiro encontro assola a minha mente, foi alguns meses atrás.

Eu tinha acabado de entrar na tríade e tínhamos um assalto e possivelmente um sequestro, a fazer a uma comitiva de carro que iria passar por uma das 3 pontes, chamadas de “as 3 irmãs”, que interliga os bairros do meio da cidade com os bairros mais externos.

Tudo estava planejado, tínhamos subornado o controlador da ponte e fechamos a passagem das duas pontes encurralando os carros.

Tudo preparado, quando os carros surgiram, o plano correu bem, até que eles começaram a revidar, um a um os membros da tríade começaram a cair, percebi que não se tratava de humanos comuns e sim de malditos Kin jin.

Só que comigo foi diferente….

Quando comecei a fazer as movimentações de Prana, juntamente com o Shintai de sangue, eles não conseguiam me acertar, até que resolvi usar Vento negro.

No final só restou eu, a fome cobrava a sua conta, mas controlei o meu P’o e fui verificar os carros, e lá estava ela, imóvel como uma estátua de mármore.

Dei a mão para ela sair do carro, não houve objeção por parte dela em me seguir até o carro.

O que seguiu uma negociação com o seu senhor/pai para pagar o resgate e tê-la livre.

Depois de tudo e conheci ela melhor percebi que o cativeiro nunca a segurou e sim a curiosidade por mim, 3 meses se passaram, nos aproximamos, nunca imaginei que poderia sentir algo por uma kin jin que não fosse ódio.

As negociações foram finalizadas e veio a ordem de soltura, nos despedimos com um até breve, e foi breve mesmo. Passamos a nos conhecer melhor, mas, sempre deixávamos as diferenças das nossas raças longe.

Então o Barão Vitor, começou a desconfiar e os nossos encontros ficaram cada vez mais raros.

Então eu retorno dos meus pensamentos, olho para John

-Obrigado pela preocupação, meu amigo, mas preciso falar com ela antes de eu ir, essa pode ser a última chance, mas vc receberá o seu pagamento, doação para aquela entidade?

Ele ri melancólico,

-Sim, então vá, e que Gaia o Proteja.

Entrar no prédio não foi problema, minha capacidade de passar por lugares apertados e alterar um pouco a minha face me ajudaram muito.

Localizei o andar e o quarto em que ela está, estranhamente não tinha guardas na porta, minha ansiedade era tanta que deixei a cautela de lado e fui entrando, e voltando o meu rosto original para que ela me reconhece se.

O quarto estava escuro e assim que eu entro vejo um vulto sentando em uma cadeira no meio do quarto, quando vou aproximando uma voz na minha cabeça, praticamente grita, “FUJA”, já era tarde demais.

As luzes se acendem e o Barão Vitor se revela na cadeira, a porta por trás de mim se fecha e em questão de segundos estou cercado.

– Então vc é o sequestrador da minha joia? Qual o seu nome?

Eu corrijo a minha postura, relaxo os músculos e me preparo

– Para que vou dizer o meu nome para aqueles que já estão mortos.

Então o inferno começa!!!

Os capangas estão usando armas brancas, facas, facões etc., nada na qual eu não consiga lidar, entretanto o Barão não entrou na luta, essa era a minha preocupação.

A luta demorou mais do que eu imaginava e me custou muito, quando eu consegui finalizar o último, já estava com metade da minha reserva de chi, mas, ainda tinha o meu talismã, então o Barão ficou em pé, ele portava a sua arma preferida um bastão de beisebol com pregos no seu topo, essa luta vai ser difícil.

Ele me olha com seriedade e fala.

– A tempos que não sou obrigado a lutar, mas você parece ser bom, deve servir para o meu treino, então ele começou.

Demoramos alguns segundos nos avaliando, nesse momento eu ataquei com tudo, ele também, não diminuiu, ficamos naquela dança mortal por alguns minutos, ele não acertava, mas eu também não,

Nesse impasse, vislumbrei uma brecha e ataquei com tudo, contudo, algo aconteceu, meu ataque não o acertou, ele esquivou no exato momento do ataque, o contra-ataque veio no mesmo segundo, ele desferiu o taco nas minhas costas com toda força, já estava me esquivando quando uma força me segurou e taco bateu com a força de uma locomotiva, escutei sons de ossos se partindo, então uma risada sinistra chegou ao meu ouvido, nesse momento senti alma ondeante tomar todo meu ser, eu corro.

Escuto a sua gargalha ao longe,

-Corra, pequeno chinês, porque a caçada começa agora.

Saio em uma fuga alucinante, fazia tempo que não era atingido, isso fez que o medo tomasse o meu ser, corri por alguns quarteirões, e comecei me acalmar.

Sons de motos se aproximam, gargalhadas altas, eles estão no meu encalço, malditos kin jin.

Corro como a muito tempo não fazia isso, lembranças de uma infância pobre e difícil a muito esquecida voltam a me castigar, me sinto aquela criança indefesa nas ruas da China.

Um tiro no braço me traz para realidade, a minha volta vai ter que ser antecipada, mas preciso retornar para o meu refúgio para pegar todos os documentos sobre a minha estadia aqui.

Consigo chegar na porta do refúgio, mas sei que não foi pelos meus méritos e sim poque eles querem, abro a porta alucinadamente, os documentos já estão todos preparados dentro de uma bolsa, quando alguém pula pela janela e me ataca.

Suas garras cortam fundo a minha perna, mas consigo usar equilíbrio e deixar ele fora de ação por algum tempo, corro para a saída e sou atingido por uma moto, eu caí no chão com tudo e lá se vão mais umas costelas.

Estou cercado, ferido, sem chi, o P’o quer tomar a direção, mas não seria apropriado, o medo que tanto tempo eu não sentia, cava fundo na minha alma.

O Barão Vitor se aproxima com o seu taco repleto de sangue e carne, meu sangue, minha carne.

-Pequeno chinês, você achava que iria sequestrar a minha Joia e iria sair bem dessa? Eu não sei o que você é, mas conheço um certo Giovanni que vai adorar tê-lo na coleção dele, todavia não preciso entregá-lo vivo.

O enorme Kin jin se aproxima, sinto que o meu fim está próximo, fecho os meus olhos e faço uma pequena prece a buda, pedindo uma terceira chance, me despeço do meu amor que colocou me nessa situação e na minha mente escuto;

– Desculpe!!!!

Era a voz dela, mas, tão rápido veio, tão rápido foi, me deu uma sensação boa,

– Valeu a pena.

Novamente escuto aquela risada sinistra, e algo acontece.

Um uivo, bem perto interrompe meus devaneios e a minha execução.

Barão Vitor baixa o seu bastão e fica atento e grita.

– Quem está ai?

Uma gargalhada conhecida, um som de carrinho de supermercado sendo arrastado, e finalmente dou um sorriso.

– Esse pequeno pedaço de bosta chinês é meu, só eu posso bater nele!!!

John está sozinho e uma das mãos dentro do carrinho, eu penso

-Onde estão aqueles pulguentos deles, poderia ajudar.

Barão Vitor acha tudo aquilo surreal, um mendigo atrapalhando a sua vingança, ele olha para um de seus comandados e diz;

– Da um fim logo nesse bosta, eu tenho algo melhor a fazer.

O assecla sorri prevendo um banquete de sangue fácil, ele corre em direção a John e pula em cima dele.

Entretanto, John puxa de dentro do carrinho uma adaga ornamentada feita de gelo e intercepta o kin jin no ar, de onde estou só vejo o corpo inerte do sanguessuga por cima de John e a ponta da adaga de gelo começa a surgir pelas costa do cainita, e assim ele puxa a adaga partindo o corpo inerte do vampiro e ao mesmo tempo, para a minha grata surpresa, ele se transforma em um lobisomem.

Das sombras, atrás dele os dois cães que eu chamava de pulguento surge, mas não como pulguentos, mas sim como enormes lobos com bocas e presas descomunais e caos se instala.

Barão Vitor esquece de mim, e vai se defender, os garous começar atacar, John parte para cima do Barão e começa uma batalha feroz.

Eu tento me levantar, mas a dor não permite, não tenho chi para me curar, então, uma moça se aproxima de mim, uma mendiga, conclui que era aliada de John, deixei ela se aproximar.

-Eu me chamo Dayse, cura a wyrm, deixe me ajuda lo.

Sendo assim, ela toca em mim, e uma energia quente aconchegante toma todo meu corpo, sinto toda a dor indo embora, meus ferimentos estão curados.

Ela olha para mim e sorrir,

-Vamos, temos que ir embora.

Eu percebo que a minha bolsa foi rasgada e muitos dossiês estão espalhados, junto o que dá, olhe para a luta e falo;

– E eles vão ficar bem? Essa luta é minha.

Ela olha com muita doçura para mim,

– Eles estão se divertindo, mas vão embora logo.

Assim sendo, ela dá um uivo, se vira para uma parede se concentra e toca. A parede, no lugar que foi tocada, começar a ondular como um lago que é atingido por uma pedra, ela segura a minha mão e fala;

– Confia em mim, e me acompanha.

Assim, atravessamos, mas não antes de olhar para trás e vejo John e seus pulguentos correndo deixando um furioso Barão Vitor para trás.

Dias depois estou nas docas, meu navio está preste a sair, John e sua matilha estão comigo.

-Obrigado meu amigo, por tudo, sem você eu não estaria vivo.

Um sorriso surgiu do seu rosto

– Nada de sentimentalismo, seu pedaço de bosta chinês, mas tome cuidado, Barão Vitor não é alguém que esquece as coisas fácil

-Eu estou indo para China, duvido ele me seguir até lá, vocês que devem ter cuidado.

– Ele nem sabe onde me achar, meu povo viver embaixo do nariz dele e nunca percebeu, nós mendigos somos ignorados.

Dou um abraço nele, despeço do resto da matilha e falo.

-Eu vou voltar e trarei o inferno para eles.

-E nós estaremos aqui para lutar ao seu lado.

Subo no barco, ele começa a se distanciar, a cidade no horizonte prende a minha visão e dou um adeus para ela,

-Me aguarde, eu vou voltar.

Continuo olhando e segurando a sua foto.

Fuga Alucinada – Vampiros do Oriente

Autor: Michel Freire.
Padronização e arte da Capa: Raul Galli.

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Temos Medo e Estamos Sozinhos pt.3 – Cenário para Vampiro: A Máscara

Este é o último artigo da série que traz os caçadores da nossa campanha de Vampiro: A Máscara, Temos Medo e Estamos Sozinhos, transmitida pela Twitch e em breve no YouTube. Os personagens são Anarch em uma região fictícia conhecida entre os membros como Vale dos Esquecidos. Você pode ler mais sobre essa região nos posts anteriores..

Os Caçadores

O grupo que está agindo no Vale dos Esquecidos é composto por quatro caçadores, todos com origens em jogos de poder da sociedade vampírica. Apesar disso, o modus operandi do grupo é, muitas vezes, tão cruel e desumano quanto os monstros que eles juraram combater.

O grupo costuma agir de dia e tentar enfraquecer os cainitas ameaçando seus pilares. Quando possível, eles sempre tentam invadir refúgios e lutar quando o sol está no céu, mantendo as circunstâncias favoráveis. Se os jogadores da sua crônica forem particularmente ruins em manter-se discretos, não hesite deixar os caçadores fazer uma visita surpresa em plena manhã no refúgio de algum deles. Uma maneira de fazer isso é fixar um número de sucessos (digamos, 10) e fazer um teste de investigação para os caçadores cada vez que um cainita chamar atenção para si.

Valeu deixar aqui o agradecimento para meu bróder de longa data, Ikizera, que me ajudou com algumas fichas e conceitos para o grupo de caçadores.

Josué

Josué é um homem de meia idade que teve sua família destruída por conta de uma disputa cainita. Sua esposa era uma empresária importante do ramo imobiliário, e acabou esmagada na disputa entre dois ancillae, tendo seu assassinato encomendado por um jovem ventrue descuidado. Josué descobriu e acabou caçando e matando o neófito, iniciando sua carreira como caçador.

Josué é o que os americanos chamam de prepper, ou “sobrevivencialista”. Ele trata cada vampiro caçado como um troféu, e costuma pensar neles como animais muito espertos, demonstrando surtos de empolgação quando uma de suas armadilhas dá certo. Ele é debochado, mas não tem um senso de humor muito inteligente, limitando-se, muitas vezes, a imitar frases do Monty Python e de outros comediantes (para desespero de seus colegas). A ideia do estêncil com o padre da Inquisição Espanhola foi dele. Ele também se gaba de ter seu sangue “puro”, pois nunca bebeu sangue de nenhum vampiro.

Josué
Humano
Paradas de Dados: Físico 5, Social 2, Mental 2
Atributos Secundários: Vitalidade 8, Força de Vontade 6
Paradas Excepcionais: Armas de Fogo 7, Sobrevivência 8, Atletismo 6, Briga 6, Sagacidade 5, Investigação 7

Laura

A vida de Laura parecia ser a vida de uma jovem comum. Formou-se em um curso técnico que parecia tranquilo, fazia uns bicos aqui e ali, gostava de beber no fim de semana e sonhava com uma vida mais tranquila “daqui uns anos”. Sua vida virou de cabeça pra baixo depois que se envolveu com um jovem através de um aplicativo de relacionamentos.

Este jovem era um carniçal Brujah, que recrutou Laura para seu domitor. Formado o laço de sangue, Laura abandonou praticamente tudo que tinha – família, amigos, reputação, emprego – para melhor servir os interesses do cainita.

Laura acabou sendo descartada assim que deixou de ser útil para seu domitor, gerando um enorme ressentimento. Ela arriscou ou abandonou tudo que tinha por lealdade a seu mestre. Quando passaram os efeitos do laço de sangue, ela planejou e executou uma vingança para assassinar o vampiro, sendo recrutada por Josué logo após.

Laura mantém os poderes de carniçal alimentando-se do sangue dos vampiros que o grupo mata. Ela costuma ser um tanto temperamental, mas não sabe se é por conta do ressentimento com tudo que aconteceu na sua vida ou simplesmente influência do sangue Brujah.

Laura
Carniçal
Paradas de Dados: Físico 4, Social 3, Mental 3
Atributos Secundários: Vitalidade 7, Força de Vontade 7
Paradas Excepcionais: Briga 6, Condução 5, Ofícios 6, Performance 5, Subterfúgio 5, Investigação 5, Ocultismo 5, Política 5
Poderes: Potência 1

Cobra Velha

Diego era uma pessoa especial. Ele, assim como sua família, tinha sangue lobisomem e um juramento de proteger a tribo. Contudo, aos poucos, Diego viu sua querida tribo ser consumida em uma sangrenta disputa com os cainitas. Primeiro, foram sufocados politicamente e economicamente, forçados a abandonar suas terras e se engajar numa disputa completamente manipulada em favor dos membros. Depois, os lupinos que restaram na cidade foram caçados impiedosamente, resultando em um uma guerra sangrenta que gerou um surto de violência sem precedentes na sua cidade.

Por conta desses acontecimentos, Diego tomou para si o nome de “Cobra Velha”, em homenagem a um importante líder tribal. Ele é extremamente impulsivo e desequilibrado, muitas vezes sendo o primeiro a iniciar o ataque. Ele também sente prazer em torturar os cainitas e matá-los com fogo. Isso já o levou a diversas discussões e brigas com Josué.

Cobra Velha
Parente
Paradas de Dados: Físico 4, Social 3, Mental 2
Atributos Secundários: Vitalidade 7, Força de Vontade 5
Paradas Excepcionais: Armas de Fogo 6, Armas Brancas 6, Furtividade 7, Sobrevivência 7, Empatia com Animais 5, Ocultismo 6, Percepção 7
Poderes: Sentir a Wyrm: Cobra Velha pode fazer uma rolagem de ocultismo para detectar vampiros e outros seres corrompidos.

Yove

Pouco se sabe sobre a origem de Yove. Criada como boneca-de-sangue de um Tzimisce, ela teve seu corpo distorcido e modificado de maneiras inumanas. Ela foi resgatada por Josué e os demais, e concordou em ajudá-los a caçar vampiros e impedi-los de cometer mais atrocidades, como o que aconteceu com ela própria.

Yove mantém sempre seu corpo coberto por roupas pesadas, evitando mostrá-lo. Por ter tomado sangue vampírico, ela desenvolveu alguns poderes, mas às vezes ela deixa de tomar vitae para mantê-los, passando por alguns períodos como um humano normal. Porém, quando isso acontece, suas alterações corporais começam a causar dor e desconforto, fazendo-a repetir o ciclo, eventualmente.

Yove
Carniçal Boneca-de sangue
Paradas de Dados: Físico 2, Social 4, Mental 4
Atributos Secundários: Vitalidade 5, Força de Vontade 6
Paradas Excepcionais: Performance 8, Sagacidade 7, Subterfúgio 7, Erudição 5, Investigação 7, Medicina 7, Ocultismo 7
Poderes: Fortitude 1

Por fim

Espero que estes NPCs tragam terror e lágrimas aos personagens de sua crônica. Você também pode conferir mais sobre Vampiro na nossa Liga das Trevas, incluindo aí material sobre os Clãs, Seitas, Disciplinas e mais. Se você ainda não joga Vampiro: A Máscara e está interessado, você pode encontrar o livro básico aqui ou clicando no banner no fim da página. E se você gostou deste material e pretende usar, cogite a possibilidade de apoiar o autor fazendo uma transferência usando o QR Code abaixo. Mas só se você puder e quiser.

Abraço e bom jogo a todos!

Feras – Metamorfos de Lobisomem O Apocalipse

Feras, o nome coletivo pelo qual são conhecidas as demais raças metamórficas de Lobisomem O Apocalipse.

Embora os Garou sejam a base e tema principal do cenário, desde a 3° Edição que as Feras tem maior participação e influência dentro do cenário como um todo.

Aliadas? Inimigas? Lendas? Qual a verdade por trás das Feras?

Lendas dos Garous

As Lendas Garous sobreviventes (ou deturpadas) colocam a Sociedade Garou como a suprema criação de Gaia em sua defesa.

Algumas delas contam sobre outros seres metamórficos, há muito extintos na Guerra da Fúria. A esses seres, as lendas Garous deram o nome de Feras.

Algumas lendas dizem que as Feras traíram Gaia se unindo ou protegendo os humanos, e por isso foram atacadas pelos Garous. Outras lendas, mais próximas da possível verdade, dizem que os lobos mais velhos ficaram com ciúmes e invejas da atenção que as Feras recebiam de Gaia, e por isso as extinguiram para terem Gaia apenas para si.

O ponto de convergência de todas essas lendas é a extinção das Feras, junto das tribos caídas dos Garous.

Mas… Será mesmo que as Feras foram extintas? Ou apenas buscaram abrigo e refúgio longe do alcance dos Garous?

Seriam as lendas sobre as Feras verdadeiras? Ou apenas Lendas para dar lição a jovens Garous?

Mitos, sussurros, histórias para inspirar ou amedrontar. Em raríssimos casos, histórias para lembrar o peso da culpa que os Garous carregam pelos erros que cometeram.

Nos tempos de hoje, com o Apocalipse batendo às portas do mundo, as Feras ainda continuam, para a Sociedade Garou, sendo apenas um mito a ser lembrado, uma história a ser contada.

Mas até quando as Lendas permanecerão nas sombras? E quando se revelarem, qual será sua postura diante dos Garous?

Feras, as Raças Metamórficas que habitam o Mundo das Trevas

As Feras

Criadas por Gaia em tempos remotos, tão antigos quanto os da criança dos Garous, as raças metamórficas existiam em suas mais variadas formas, e com as mais variadas funções, e foram chamadas de Feras.

Seu trabalho coletivo como um todo era o responsável pela ordem, desenvolvimento, segurança, expansão e continuidade da Criação.

Antes da Weaver enlouquecer, antes da Wyrm se corromper, o mundo era um lugar muito diferente.
Espíritos harmonizavam com a Criação, as Feras e os Garous viviam lado a lado como irmãos e aliados. Mas tudo mudou.

A Weaver enlouqueceu e sua teia de loucura se expandiu além do imaginável.

A Wyrm se corrompeu e seu véu de destruição ganhou proporções catastróficas.

Os Garou foram pegos no redemoinho de loucura e corrupção e chacinaram as Feras e os Humanos.

Houve a Guerra da Fúria, houve o Impergium, e o Apocalipse se aproxima cada dia mais.

As Feras restantes buscaram abrigo e se esconderam em locais afastados dos olhos dos Garous. América do Sul, África e Oceania se tornaram os principais pontos de refúgio das Feras.

Camufladas e escondidas da Sociedade Garou, vivendo seus próprios dramas e conflitos, e também com sua própria visão do mundo e do Apocalipse vindouro, as Feras são quase um cenário à parte dentro de Lobisomem o Apocalipse.

A Sociedade das Feras

A cada raça metamórfica diferente, fora dada uma função na Criação.

Sejam as Feras ligadas diretamente à Gaia, ou então ligadas de alguma forma à Tríade, sua participação e suas funções mudaram ao longo da história.

Embora algumas Feras não mais existam, nem mesmo em relatos e Lendas, as ainda existentes mantém seus cargos e suas funções enquanto podem.

Ajabasão as Feras Hiena. Outrora considerados como a Décima Tribo dos Bastets, hoje os Ajaba são reconhecidos como uma raça própria. Se situam na África.

Ananasias Feras Aranha se dividem entre aqueles que acreditam serem crias de Gaia, e os que acreditam serem crias da Weaver. Estão em todos os lugares.

Bastet são as Feras Felinas, e se dividem em oito tribos diferentes ao redor do mundo.

Coraxas Feras Corvo se concentram nas regiões mais gélidas, onde observam a tudo e a todos.

Gurahlas Feras Urso, capazes de controlar sua Fúria para aprimorar suas capacidades físicas e resistência.

Mokoléas Feras Répteis são tão antigas quanto os dinossauros, e são as guardiãs da memória d

A vasta sociedade das Feras

e Gaia.

Nagahas Feras Serpentes agem como juízes, juris e executores de outras Feras corrompidas.

Nuwishaas Feras Coiote são as mais “próximas” dos Garous, mas nem por isso suas amigas.

Ratkinas Feras Rato que se escondem nos esgotos e subterrâneos das cidades, enlouqueceram após se exilarem na Umbra. O que farão agora que estão de volta?

Rokeaas Feras Tubarão, guardiãs das águas e dos mares.

Kitsuneas Feras Raposa que habitam as terras do oriente e integram os Hengeyokai.

As Feras Perdidas

Embora algumas Feras ainda possam eventualmente cruzar o caminho dos Garous (ou ter seus caminhos cruzados por eles), o fato é que muitas dessas raças não existem mais.

Extintos devido à ação dos Garous, as Feras Perdidas hoje são uma mácula na história das Feras, e uma constante lembrança do quão perigosos os Garous podem ser.

O gene Parente, no entanto, ainda pode ser encontrado. Muito comum que Parentes de Feras Perdidas sejam protegidos a muito custo, na esperança de que possam trazer de volta os metamorfos.

As Feras Perdidas

Apis – as Fera Touro que originaram lendas como do Minotauro de Creta.

Camazotz – as Feras Morcego que agiam como os ouvidos e mensageiros de Gaia.

Grondr – as Feras Javali que encarregadas de purificar Gaia de venenos e toxinas.

Khara – uma tribo Bastet de Feras Tigres Dentes de Sabre, que acredita-se ter sido extinta na época dos dinossauros.

Okuma – uma tribo de Gurahls que na verdade eram Feras Panda que habitavam o leste asiático.

Ao – as Feras Tartaruga, outrora consideradas como uma das tribos dos Mokolé.

Usando as Feras em Jogo

Usar as Feras em jogo é quase o mesmo que usar os Garous.

As mecânicas de Fúria, Gnose e Força de Vontade são as mesmas.

As regras para mudanças de formas, raças e augúrios possuem algumas leves diferenças, mas em caso de dúvidas, aplique as mesmas regras do livro básico.

Todas as mudanças e ajustes de mecânicas para cada Fera estão no Guia do Jogador de Lobisomem o Apocalipse.

As regras oficiais mais recentes estão no suplemento Changing Breeds (ainda sem tradução oficial no Brasil).

Nos próximos textos trarei materiais e informações mais detalhadas sobre cada uma das Feras diferentes, assim como os ajustes mecânicos para o uso de cada uma delas em jogo.

Conteúdo do livro Changing Breeds, sem tradução no Brasil

Então é isso, Rpgista!

Espero que tenha gostado de conhecer as Feras, e espero que acompanhe a Liga das Trevas pra não perder as oportunidades!

Te convido também a conhecer a Área de Tormenta, nosso novo espaço para Tormenta20, que inclusive receber um material fresquinho sobre as Divindades de Arton, confira lá!

Um grande abraço, e até a próxima!

Temos Medo e Estamos Sozinhos pt.2 – Cenário para Vampiro: A Máscara

Este artigo é o segundo da série que traz o cenário da nossa campanha de Vampiro: A Máscara, Temos Medo e Estamos Sozinhos, transmitida pela Twitch e em breve no YouTube. Os personagens são Anarch em uma região fictícia conhecida entre os membros como Vale dos Esquecidos. Você pode ler mais sobre essa região no primeiro artigo da série.

Os Quebradores da Máscara

Os vampiros desse bando foram expulsos e perseguidos pela Camarilla por conta de suas práticas. Eles se conheceram em Porto de Santana mesmo (com exceção de Jenny e Nefertiti), e acabaram unindo-se por conta de suas ideologias. Em seu território, começam a aparecer muitos relatos, lendas urbanas e boatos sobre vampiros e seres imortais. Há também uma cena gótica/independente relativamente forte, que acaba sendo alvo de recrutamento pela seita de Nefertiti e Jenny.

Os clãs destes NPCs foram decididos em conjunto com o chat da Twitch durante a sessão zero, com exceção de Nefertiti (que já apareceria morta). As fichas a seguir seguem o formato das fichas de NPC como aparecem no capítulo Ferramentas no livro básico.

Nefertiti

“E aí, galera, bora beber vinho no cemitério?”

Nefertiti era uma “jovem mística”. Interessada em cristais, runas, astrologia e todo tipo de prática holística. Ela atraiu a atenção de uma gangrel por seu envolvimento com ONGs ambientais e de proteção aos animais. Contudo, o sangue imortal não se manifestou como esperado, fazendo com que ela se transformasse em um Sangue-ralo.

Nefertiti fugiu da cidade onde foi abraçada junto com Jenny, uma outra gangrel conhecida de sua mawla. Elas compartilhavam um pouco desse interesse por misticismo holístico, então resolveram juntar um bando de adolescentes impressionáveis em um culto neopagão que serve como rebanho.

Nefertiti
Sangue Fraco | 14ª Geração
Paradas de Dados: Físico 3, Social 4, Mental 3
Atributos Secundários: Vitalidade 6, Força de Vontade 6
Paradas Excepcionais: Ocultismo 7, Liderança 6, Persuasão 6
Disciplinas: Animalismo 1, Presença 1

Sandra

Na campanha original o grupo nunca chegou a encontrar esta NPC. Espero que vocês façam um bom uso dela.

Sandra era uma estudante de direito quando foi abraçada. Sempre envolvida em diversos tipos de ativismo, a surpresa de descobrir uma sociedade secreta de seres imortais logo foi ultrapassada por seu idealismo. Ela legitimamente acredita que vampiros e outros seres imortais devem ser reconhecidos pelos governos do mundo e gozar de direitos e deveres como todo cidadão. Só assim sangues-ralos como Nefertiti poderiam fazer frente aos desígnios manipuladores da Camarilla.

Sandra tem noção de que seus ideais são utópicos, mas ela reuniu um pequeno grupo de estudantes mortais e quebrou a Máscara diante deles, expondo a si mesma e a uma série de segredos cainitas. Ela usa estes estudantes como rebanho, que em troca têm em Sandra uma aliada política.

Sandra
Banu Haqim | 12ª Geração
Paradas de Dados: Físico 3, Social 3, Mental 5
Atributos Secundários: Vitalidade 7, Força de Vontade 8
Paradas Excepcionais: Finanças 5, Investigação 7, Armas Brancas 6, Sagacidade 5, Sobrevivência 5.
Disciplinas: Feitiçaria de Sangue 2, Ofuscação 2, Celeridade 1

Jenny

“Vinho? Bora fazer um ritual satânico de uma vez, sei lá.”

Criada em uma fazenda, Jenny nunca gostou da vida no campo. Assim que teve oportunidade, mudou-se para a cidade com a desculpa de entrar na universidade. Mesmo sendo uma aluna de biologia relapsa, seu histórico ajudando a família a cuidar de animais no interior chamou a atenção de alguns Gangrel que precisavam de suas habilidades em uma missão para desestabilizar a Camarilla. Foi entre os Anarch que conheceu Nefertiti e decidiu fugir da guerra de facções e se mudar para o Vale dos Esquecidos.

Jenny auxilia Nefertiti com o culto, mas não se envolve muito com a parte espiritual, preferindo cuidar de tarefas mais práticas e braçais. Porém, ela não hesita em demonstrar seus poderes de Proteanismo diante de mortais, quebrando a Máscara repetidamente.

Jenny
Gangrel | 13ª Geração
Paradas de Dados: Físico 4, Social 3, Mental 3
Atributos Secundários: Vitalidade 7, Força de Vontade 6
Paradas Excepcionais: Ocultismo 4, Liderança 6, Sobrevivência 7, Empatia com Animais 7
Disciplinas: Animalismo 2, Proteanismo 2

Abel

Sim, esse personagem foi totalmente baseado nessa ilustra do Companion. Não me julguem.

Um lutador de muay thai em ascensão, Abel não deixou que o abraço e sua nova não-vida interferissem na sua carreira. Ele prosseguiu treinando e lutando em competições, mesmo com a aparência deformada pelo sangue Nosferatu. Isso lhe rendeu o apelido de “Monstro” nas competições em que participa.

Abel não revela abertamente que é um vampiro, preferindo dizer que tem problemas de pele ou alguma condição de saúde. Contudo, esse tipo de coisa não foi suficiente para impedir que uma caçada de sangue fosse declarada contra ele em sua cidade original. Ele fugiu para o Vale e abriu sua academia de Muay thai e MMA. Ele mantém como rebanho um pequeno grupo de atletas e lutadores que treinam na mesma academia.

Abel
Nosferatu | 13ª Geração
Paradas de Dados: Físico 5, Social 3, Mental 2
Atributos Secundários: Vitalidade 9, Força de Vontade 5
Paradas Excepcionais: Briga 9, Atletismo 8, Performance 5, Percepção 4
Disciplinas: Potência 3, Ofuscação 1

Por fim

O próximo post desta série vai trazer os caçadores de vampiros que estão agindo na região. Enquanto isso não acontece, você pode conferir mais sobre Vampiro na nossa Liga das Trevas, incluindo aí material sobre os Clãs, Seitas, Disciplinas e mais. Se você ainda não joga Vampiro: A Máscara e está interessado, você pode encontrar o livro básico aqui. E se você gostou deste material e pretende usar, cogite a possibilidade de apoiar o autor fazendo uma transferência usando o QR Code abaixo. Mas só se você puder e quiser.

Abraço e bom jogo a todos!

Dívida de Sangue – Vampiros do Oriente

Era uma noite fria, típica das províncias da China, Jia Sidao olha de cima o reduto de seus alvos, ele aspira o ar frio da noite, não por que precisa, mas por uma mania de uma vida a muito deixada para trás, contudo, ainda existe uma peça dessa vida que deve ser retirada do tabuleiro, para que ele possa abraçar a nova vida que lhe aguarda.

Jin Sidao, concentra-se nas energias do mundo ying, para poder olhar o fantasma de sua amada, a possibilidade dessa visão enche o seu coração morto de felicidade, contudo, se esvai no momento que ele consegue olha-lá, sua beleza continua lá, seu corpo esquio coberto por um kimono branco com rosas espalhadas, mas as machas de sangue continuam lá, como um lembrete do aconteceu, seu belo rosto que em tempos passados foi o motivo de sua tranquilidade, agora carrega uma tristeza e melancolia nunca vistos por Jin.

Quando o seu P’o retornou e se fundiu ao seu Hun, só existia uma coisa dentro de ambos, vingança, sentimento esse que o fez suportar todo treinamento impostos pela corte que o abrigou, vingança o iluminou no caminho do seu dharma, fazendo com refinasse o sentindo que o consumia por dentro.

Todo o treinamento lhe ajudou a direcionar a fúria que queimava dentro de se, e agora, a caçada iria começar.

Primeiro ele tinha que encontrar o braço da tríade da região chamado Macaco Dourado, controlado pela família Yun. Depois de muita investigação e osso quebrados, finalmente localizou a casa da família Yun, porém, não podia simplesmente atacar, a família Yun era controlada por um Kuei Jin, um Jina do Dharma do Grou Resplandecente, chamado Cheng.

Após dias de negociação, Cheng deu seu consentimento, e assim, a minha sede de vingança seria saciada.

Agora, do alto do prédio, olhando para Meng Jin, tento conversar com ela, mas não existe resposta, então, me concentro na caçada, olho para a entrada da mansão, segurança tradicional da tríade, membros fazem a segurança do perímetro, armas de fogo de baixo calibre, cães e os líderes de perímetro, usam armas de fogo de grosso calibre e katanas chinesas.

Minha vingança não é com eles e sim com os membros daquela noite e toda família Yun, nesse momento a visão daquela noite assalta a minha mente, fico um pouco tonto, deixo que a imagens venham…

Começo da noite, eu Meng Jin, andamos pelas ruas da cidade, felizes, a três noite eu comuniquei ao Macaco Dourado que não faço mais parte da Tríade, até agora nada de retaliação, eu sei que vou ser chamado para falar com a líder, mas, isso vai ser tranquilo.

Olho para Meng, vejo que não tinha opção mesmo.

– Amor, vc quer ir ao restaurante do Sr. Ló? Poderíamos jantar lá e ir para casa.

– Claro meu amor.

O som da voz dela me embriaga, não tendo olhos para nada mais, foi esse o meu erro, ao chegar em frente do restaurante, a cena mais clichê de filmes, aconteceu, uma van preta encosta, somos vendados e amarrados, meu inferno começava.

Somos levados para algum lugar, um ambiente fechado, pela acústica da voz, sinto cheiro de água corrente, somo colocados de joelho, começo a pensar rapidamente, tentando captar alguma coisa que pode-se ajudar, falo ameaças e depois de ouvir o nariz de Meng quebrando após um soco, passo para as suplicas, quando sinto uma presença na sala.

A voz masculina é conhecida, eu havia escutado algumas vezes era Cheng Loog, líder do Macaco Dourado, percebi nesse momento que estava condenado.

Cheng conversa com alguém, mas não conhecia a voz, falava muito baixo e a água corrente não deixava me concentrar, foi quando veio a sentença.

– Jia Sidao, por você ter se associado a uma lacaia de Gaijin, só a morte pode limpar a sua honra e a dessa casa que foi envergonhada por essa atitude, essa puta, terá um fim igual ao do Gaijin em que ela é associada, que Buda tenha piedade de sua alma e permita que você paga pelos seus crimes.

Gritei como uma fera encurralada, todos conheciam a minha fúria e habilidades de luta, foram necessários vários homens para me segurar, mas não antes de matar três.

No meio da briga conseguir chegar perto de meu amor e consegui apenas dizer:

– Desculpe, meu amor.

Sim, desculpe, eu levei esse mundo de violência até ela, por minha causa a tríade inventou toda essa história para justificar os seus atos, nesse momento eu fiz uma promessa, eu iria me vingar e destruir essa família, foi quando a escuridão me engoliu.

Volto dos meus devaneios, e começo a analisar a rota que vou tomar para entrar, mas, paro e sinto om p’o falar, ele quer violência, e assim será.

Corro as até ao muro e escalo sem problemas, ao chegar ao chão, deixou que o som dos meus pés tocando a terra seja ouvido pelos cães, que quero sangue…

Os cães soam o alarme, pelo menos 15 membros correm para me pegar, então em deixo o monstro sair.
O P’o assumi o controle tomando a sua forma, eu consigo apenas assistir o espetáculo do P’o, nem terminei a transformação eu já tinha um cadáver nas mãos, os cães param e voltam com medo, os homens presos na sua honra me enfrentam, era isso que eu queria.

– YAOMO

Eles gritam, sons de tiro, ossos quebrando, carne sendo mastigada, a maioria nem viu a morte chegar.

Entrei na mansão, fui recepcionado por mais 20 homens e a dança da morte continua, dentro da carnificina foi encontrando um a um dos que estavam naquela noite, para esses, eu reservava uma morte mais violenta e indigna.

Fui para a parte de cima da mansão, gritando com a minha voz demoníaca.

-CHENG LOOG…

No caminho os guardas pessoais de cada membro da família, lutaram bem, mas no final o resultado foi o mesmo.

Um a Um, a família foi diminuindo, até que restou apenas Cheng Loog.

Eu o encontrei dentro da biblioteca, com sua esposa, a filha de 8 anos e um bebé de 8 meses.

Seus guardas, alguns fugiram, esses eu deixei viver com a vergonha da fuga e para que possam contar o que houve aqui, outros tentaram lutar, mas morreram e serviram para me alimentar.

Cheng Loog me viu me aproximar, vendo que não tinha saída ele suplicou por piedade, eu apenas observava, saboreando cada palavra, cada súplica pela família, foi quando P’o decidiu que iria começar pelas crianças.

Arranquei dos braços da mãe a bebê, segurando pelo pé direito deixando a criança de cabeça para baixo e chorando muito, olho para objeto da minha vingança e falo pela primeira vez.

– PELA VERGONHA DE MATAR INOCENTES, POR TIRAR DE MIM A MULHER QUE EU AMAVA, A CULPA DE TUDO QUE ACONTECEU HOJE É SUA E SOMENTE SUA.

Ele vasculha a mente a procura de algo, mas eu levanto a criança e a engulo da cabeça até os ombros, tirando qualquer concentração que iria ter.

A mulher desaba aos prantos, juntamente com a pequena filha, Cheng enlouquece e me ataca, eu revido com o resto do seu filho com um porrete, ele cai chorando.

– GOSTEI, NÃO DESISTA AINDA!

Sendo assim, agarro a filha que sobra, derrubo a mãe quando ela tenta proteger a filha e seguro nos pulsos dela e abro os seus braços deixando-a de frente para mim, privando-a da visão dos seus pais que poderia trazer algum conforto nos seus momentos finais, então eu falo:

– VOCÊ ME TIROU MENG JIN, MEU ÚNICO AMOR, AGORA EU VOU TIRAR TUDO DE VC!

Ele grita quando eu arranco os braços da pequena criança e ao mesmo tempo engulo sua cabeça.
Cheng, cai de joelhos, mas não escuto o seu choro, quando ele fala.

– Isso tudo é por causa daquela vagabunda de Gaijin? Seu tolo você não sabe de nada, você era apenas um peão na mão dela, e quem puxava as cordas dela era um Gaijin, um monstro, quase igual a você.

Nisso a sua esposa o abraça, meu P’o urra de ódio, minha visão cega e então, escuridão.

Quando retorno a si, só existe corpos e destruição, começo a caminhar para fora da mansão, as ultimas palavras de Cheng martelão na minha cabeça, me deixando mais cansando, tão cansado que nem me lembro de olhar para minha amada, assim, não vejo as suas lagrimas de tristeza que rolam ainda mais.

Dívida de Sangue – Vampiros do Oriente

Autor: Michel Freire.
Padronização e arte da Capa: Raul Galli.

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Lembranças da Criação #07 – Demônio: A Queda

— A divisão foi o motivo que levou vocês a derrota? — Pergunto, ciente da proximidade da casa dela e do fim da conversa.

— Um dos, sem dúvida. — Ela responde, com um sorriso. — Espero ter mais tempo, em outra oportunidade, para abordar os outros.

— Receio que não. — Respondo. — Primeiro, porque você já me disse tudo o que eu precisava saber. Segundo, porque nem eu e nem você estaremos aqui, nos próximos dias. Viajo para o Rio na terça, e você…

— Itália… Sim. — Mariah confirma. — É bem-vindo, se desejar me acompanhar.

— Dispenso. Contente-se em saber que este lugar é um reduto perigoso, para seres como eu.

— Fé… — Comenta ela, de repente.

— Sim… Fé!

— Se quiser encontrar outros de minha espécie, basta seguir o rastro dela, cainita. Muitos de nós acreditamos, veemente, na reparação desse mundo, através do emprego dela.

— Do que exatamente fala?

— Desde a queda, nossos poderes estão atrelados a essa característica tão misteriosa. Assim sendo, poderíamos fazer maravilhas, se tivéssemos a disposição uma fonte substancial dela.

— E por que me diz isso?

— Porque sei de suas motivações e compreendo que, uma hora ou outra, você se aliará a nós…

— Ela afirma por fim, frente a porta.

— Fascinante… — Eu digo, virando-me e voltando a caminhar, numa direção contrária.

— Espero que consiga trazê-la de volta, amaldiçoado.

— Por quê? — Pergunto uma última vez, olhando-a de relance.

— Porque seu amor por ela, ainda que doentio, me lembra muito o amor que senti por vocês, no início de tudo.

— Receio, então, que temos algo em comum.

— O que quer dizer?

— Ora, o que estes sentimentos nos trouxeram, no final? Além de dor, mágoa e sofrimento? — Questiono, seguindo meu caminho.


Lembranças da Criação #7

Autor: Rafael Linhares.
Padronização e Arte da Capa: Raul Galli.

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Plots para Lobisomem o Apocalipse

Sem ideias de plots para suas narrativas de Lobisomem O Apocalipse? Hora, sem problemas!

Agora que já vimos mais sobre a Sociedade Garou, os principais Conceitos e até os pontos mais importantes da Mitologia de Lobisomem o Apocalipse, você já deve estar mais que com a faca e o queijo na mão pra narrar épicas histórias.

Eu também soltei aqui cenário que eu usei na Twitch chamado Mar de Mortos, e os conceitos e ideias por trás da história. Já é o suficiente né? Ou não? Bom… se acha que não, vamos ver algumas ideias então…

Origem, Formação de Matilha, Combate e Jornada Espiritual: tudo unido em uma grande crônica

Plots de Origem

O intuito aqui é lidar e tratar de questões referentes às primeiras experiências do personagem no cenário, seus primeiros contatos com outros Garous, sua primeira transformação e tudo mais.

Utilize as histórias de Origem para guiar as pessoas na mesa que estão conhecendo o cenário por agora. Seus personagens funcionarão como “orelhas” que vão aprendendo o jogo junto com a mesa.

> Um dos personagens da mesa sofre sua primeira transformação, entra em Frenesi e precisa ser salvo/resgatado.

> Um recém chegado Garou no Caern precisa ser guiado e tutorado até encontrar sua Matilha.

> Um Filhote Perdido sendo disputado pelos Dançarinos da Espiral Negra que precisa ser resgatado pela Matilha.

Plots de Formação de Matilha

Embora já tenham se descoberto Garous há algum tempo (a determinar pela “experiência” da mesa com o cenário) chegou a hora de formar a matilha.

Uma matilha precisa de união, conhecimento, estratégia. Esses elementos podem vir em uma série de desafios de Garous mais experientes do Caern, ou mesmo da Matilha no qual os personagens da mesa vão entrar.

Essa plot é ideal para formar a matilha e os personagens, elaborar os pontos fortes e fracos, e trazer conhecimento sobre os personagens da mesa para todas as pessoas jogando.

A formação da Matilha pode se dar de várias maneiras: desafios dos membros atuais para aceitar um novo membro, uma missão em conjunto de membros novatos, um ancião que precisa recuperar sua Honra ou Glória guiando novatos… explore as interações e dinâmicas de grupo nesse estilo de narrativa!

> Um novo Garou chega para fazer parte da Matilha. Cabe a cada membro atual da Matilha propor um desafio (de acordo com seu augúrio) para testar o novo Membro.

> Garous iniciantes sem matilha recebem a convocação de um Grande Espírito ou Totem que os solicita ajuda em uma missão, fazendo-os se tornarem uma matilha a fim.

> Um Garou ancião e experiente precisa guiar uma nova formação de Garous para seguir em frente e manter seu legado.

Plots de Combate

O combate é parte fundamental de toda a mecânica e funcionalidade de Lobisomem O Apocalipse.

Plots de combate podem ser as mais variadas e pelos mais variados motivos.

Um duelo klaivaskar pela liderança da matilha, uma caçada a um corrupto da Wyrm, um resgate de uma matilha perdida… Não precisa muita enrolação e muita exploração.

Aproveite que a matilha está formada e já sabe os conceitos básicos, e apenas solte o vilão e deixe a mesa de divertir combatendo!

> Uma entidade da Weaver fora de controle está ameaçando a segurança de um Caern Urbano, hora do pau!

> Uma matilha de Dançarinos da Espiral Negra está ameaçando a segurança de Parentes Garous, a Matilha precisa proteger e cuidar desses Parentes.

> Uma entidade da Wyrm está corrompendo trilhas da Umbra, e a Matilha precisa recuperar os caminhos!

Plots Espiritual

Nem só de desafios físicos vive a Sociedade Garou, e a parte espiritual pode ser tão desafiadora quanto, e as vezes até mais.

Plots espirituais podem ser as mais simples, como atravessar um caminho entre dois pontos na Umbra, encontrar um espírito para aprender um dom simples ou um fetiche menor.

Mas também podem ser grandiosas e levar a grandes campanhas.

Um espírito poderoso pode convocar a matilha para uma missão, ou algum totem pode cobrar uma missão em troca de sua benção.

Plots espirituais também podem envolver o combate contra espíritos ou entidades da Wyrm ou Weaver que habitam exclusivamente a Umbra.

> Um Grande Ritual precisa ser executado, e os Theurges do Caern solicitam à Matilha que recolham os ingredientes necessários.

> Uma grande marca de corrupção começou a se espalhar, e precisa ser purificada. O Theurge da Matilha precisa concluir o Ritual enquanto a Matilha o auxilia e protege.

> Um Fetiche em criação precisa que Espíritos adequados sejam capturados e aprisionados para que seja concluído, e cabe à Matilha fazer a caçada.

Qual a trama da sua jornada de horror selvagem?

Bom, é isso então pessoal!

Ideias para jogar Lobisomem o Apocalipse não faltam mais em suas mesas! Apenas joguem e se divirtam!

Aproveitando, já passou lá no Off-Topic pra conferir a postagem de hoje? Também da tempo de você ir lá na Twitch acompanhar pelo VOD o fim de “O Que Define UM Herói”, uma aventura da Guilda dos Guardiões em Tormenta20!

Nos vemos no próximo artigo! o/

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