A Última Batalha – Um Conto de Theros

Nesse conto, você acompanha a última batalha do herói de Iroas – Olympiodoros. Após uma grande jornada com alguns companheiros inimagináveis, o jovem se vê diante de seu maior inimigo.

Mesmo que perca a luta, sabe que a guerra está ganha. Não precisará mais lutar depois. Mas será que ele conseguirá desferir o golpe que lhe dará sua vitória?

A Última Batalha

Seu corpo estava dolorido dos golpes, seus músculos rígidos da tensão causada pelo ambiente, seus pés já não tinham a firmeza do começo da batalha, e a cada novo movimento sua mente gritava de exaustão e pedia por descanso.

Mas suas mãos, mesmo que suadas, continuavam firmes e seguras ao redor de sua lança, enquanto encarava seu inimigo.

Ao longe podia ver que as chamas e o fogaréu, que há pouco consumiam sua cidade, se apagavam lentamente através da noite. Ainda ouvia gritos e ordens de soldados de ambos os exércitos, tinidos de espadas que se encontravam, zunidos de flechas que cortavam o ar em todas as direções, brilhos mágicos e explosões coloridas que iluminavam algumas regiões conforme eclodiam ao redor dos dois.

Entretanto seus olhos permaneciam fixos no seu único alvo.

O enorme Minotauro, campeão de Mogis, estava tão cansado quanto Olympiodoros, e arfava bruscamente buscando ar para seus pulmões, tendo recebido tantos golpes e cortes que mal se distinguia a cor de sua pele do sangue que escorria de seu corpo.

Nenhum dos dois piscava, pois estavam cientes de suas condições.

Era o último golpe.

Oly não tinha com o que se preocupar. Havia se esforçado e lutado bravamente para estar ali. Perdera a conta de quantos fôlegos de vida arrancara pelo caminho até aquele momento, e já não tinha ideia de quanto do sangue que estava em seu corpo e em suas roupas era seu, de seus aliados ou de seus inimigos.

Porém ele tinha uma certeza: seu exército ganhara. Com muito suor e sangue, muitas vidas perdidas, muitas famílias que não estariam completas a partir dali. Inclusive a sua.

Por um segundo sua mente se dispersa e ele sente lágrimas geradas pelo calor da emoção quererem tomar conta de seu rosto. Percebe sua garganta fechar pelo sentimento que estava transbordando e não havia conseguido assimilar ainda.

Muitas coisas haviam acontecido nas últimas horas e ele não tivera oportunidade de compreender a grandeza dos fatos. Mas ele inspira fortemente, levando o ar pesado aos seus pulmões doloridos, e solta o ar devagar.

Ainda não havia acabado.

O grande Minotauro o encarava. Sabia que havia perdido, mas não iria pedir por clemência, e em um golpe final, iria tentar levar o grande herói de Theros consigo.

Rapidamente, dando um último suspiro enquanto corria na direção de Oly, a grande besta solta um enorme rugido que poderia assustar até o mais bravo dos guerreiros. Exceto o grande Campeão de Iroas, que observando a cena, abraça seu destino.

As duas grandes criaturas, com pesadas passadas, se dirigiam para o encontro que iria ser relatado pelos próximos milênios em inúmeras formas de arte.

Lança contra espada.

Bronze contra bronze.

Humano contra Minotauro.

Mogis contra Iroas.

Parecia existir apenas o silêncio, sem grunhidos ou quaisquer sons que denotavam grande luta. Não houve estrondos ou brados, principalmente para aqueles das quais suas vidas dependiam de um único golpe.

E de repente, o jovem herói parou no tempo, abruptamente de olhos fechados. Sabia que havia feito errado, quase como se esquecesse de todas as aulas que tivera na arena. Não deveria piscar diante do inimigo, e conseguia ouvir seu tio repreendê-lo ao longe, e por isso deixou escapar um pequeno sorriso.

Estava de pé, com a lança ainda em posição de ataque, congelado pela ideia do acontecido, e tendo a certeza, mesmo sem olhar, que seu golpe cortara o Minotauro forte e fundo o suficiente.

Seus sorriso se transformou em uma leve e curta risada enquanto escutava o barulho de queda de seu inimigo ecoando levemente ao seu redor, sem lhe dar preocupações de que pudesse voltar a se levantar.

GANHARAM!

Lentamente ele ajeitou sua postura, apoiando-se na lança para se manter firme. Seus olhos, semicerrados, percorriam o lugar que antes era sua casa. Estava tudo destruído, e algumas das construções que não se mantinham tão firmes, estavam lentamente se desfazendo.

O vulcão despertado repentinamente surpreendeu aos dois lados, causando um estrago gigantesco, e as cinzas caíam lentamente, tornando a paisagem uma espécie de quadro inacabado. A noite estava densa e fria, mas o grande dragão vermelho deixou inúmeros pontos de calor tremeluzentes ao redor.

Por um instante ele se preocupou. Onde estaria o dragão? Mas ao longe, observou enquanto um kraken, que com certeza obedecia a Dalakos, enrolou o grande dragão com seus tentáculos arrastando-o para o fundo do mar.

Ele manteve o sorriso.

Seus olhos ficaram mais pesados e ele percebeu os corpos caídos aos seus pés como se voltasse ao barco que antes estivera, balançando levemente. Sabia que isso não era normal.

Percebeu que seu mundo estava dando voltas e perdeu o equilíbrio por um instante, então olhou para baixo. Não entendeu como não sentiu antes, mas a adrenalina percorrendo seu corpo o impediu de cair assim que havia recebido o golpe, disso tinha certeza.

A grande espada do Minotauro agora atravessava sua barriga, e a cor vermelha se encontrava quase negra escorrendo do ferimento.

Mas ele não sentiu medo.

Sabia que havia cumprido seu destino.

E em um ato de misericórdia a si mesmo, retirou rapidamente a espada do local, observando o sangue jorrar violentamente enquanto caía de joelhos, para depois se sentar, e finalmente deitar.

Pensou na trajetória até ali. Na arena e em suas vitórias. Nos seus tios, que tanto lhe ensinaram, e na última aventura que tivera, com criaturas as quais talvez jamais pensou se aliar, mas que lhe ensinaram tão grandes coisas.

Ele sorria, pois sabia que todos fizeram o que deveria ser feito. Sabia que ganharam a guerra! Que se tornaram heróis, afinal, ele nunca fora de perder em nada, e sabia que sua morte não era uma derrota, era apenas o início de grandes feitos entoados e contados pelas próximas gerações. Sabia que sua memória jamais seria esquecida, nem a de seus aliados.

Com um último esforço ele abriu os olhos, ouvindo a risada de seu tio cada vez mais próxima, lhe parabenizando pela vitória. Mas a única coisa que enxergava era o céu noturno, escuro tal qual os pelos de Nisha, a leonina que rompeu as barreiras de preconceitos entre ela e os humanos por causa dele.

Focou seus olhos nas estrelas brilhantes, moldadas pelas nuances de Andrômeda, que pareciam sorrir para ele, lhe aquecendo o coração. E em um último esforço de fala, com um sorriso nos lábios e a memória do último beijo recebido, ele sussurrou para o Nix: estou indo te encontrar.


A Última Batalha

Texto e Revisão: Raquel Naiane.
Arte da Capa: Iury Kroff.

Ilustração por Iury Kroff.

Um Novo Amigo – Histórias de Fogueira #2

A série Histórias de Fogueira irá trazer alguns contos de terror sobre temas variados. Em “Um Novo Amigo” iremos acompanhar a trajetória de um ser que apenas quer ser ouvido. Você gostaria de ser o novo amigo dele?

Um Novo Amigo

Victor se sentou no chão ao lado do seu novo amigo Orc enquanto limpava as mãos sujas de sangue. Fazia pouco tempo que haviam se conhecido, mas depois do combate, o Orc, embora jovem, estava fraco. Então, ele o ajudou a sentar perto da fogueira que havia feito.

“Deixa eu te contar minha história, amigo. Preciso desabafar”, disse Victor enquanto o apoiava melhor na árvore que usava como suporte.

“Senta aí, isso vai demorar um pouco. Não é uma história bonita e muito menos feliz que eu vou contar agora, mas é a vida real, aquela que a maioria das pessoas prefere não saber que existe.”

“Meu nome é Victor, ou pelo menos era assim que o Doutor me chamava. Foi ele quem me criou, sabe? Um cientista louco que me trouxe de volta dos mortos, não para achar um novo método de medicina, não… Muito longe disso. Foi por pura crueldade!”

“Eu me lembro da primeira vez que abri os olhos neste novo corpo. A dor era insuportável! Sentia cada parte do meu ser gritar em agonia.”

“A sala era meio escura, havia barulho de metal e cheiro de ferro por toda parte. Minha visão ainda estava embaçada por causa de todo o processo, mas quando se acostumaram, pude notar algumas máquinas e pedaços de corpos dispostos pelo lugar.”

“O Doutor estava lá também, com aquele sorriso sádico, os olhos estáticos que não sorriam junto com o rosto. Você não conhece nenhum Doutor, não é, amigo Orc? Posso te chamar assim, certo? De amigo Orc?”

O Orc continuava em silêncio com o olhar calmo na direção de Victor.

“Bom, espero que não conheça nenhum Doutor, pois ele me observava como se eu fosse um rato de laboratório. O experimento mais precioso dele!”

“Ele veio até perto de mim, caminhando lentamente sem falar uma palavra sequer, cheirando a mofo. Então esticou a mão para encostar em meu rosto. Senti seus dedos finos e a mão fria quando apertou minhas bochechas enquanto dizia que eu era sua arma, criado para destruir e servir aos seus propósitos obscuros.”

O Orc lentamente inclinou a cabeça em direção à fogueira. Havia um cantil próximo a ela e ele percebeu que estava com a boca seca, então estendeu o braço para pegá-lo, mas Victor foi mais rápido.

“Você deve estar com sede… não me admira, você foi muito bem na luta. Aqui, tome”. Ele colocou gentilmente o cantil na boca de seu amigo. “Devagar, amigo, não quer morrer engasgado, não é?”

Após alguns goles, Victor tirou o frasco e disse: “Calma, vai tomar tudo e deixar seu amigo sem nada?” Então ele riu e usou a água para lavar as mãos, terminando de limpá-las.

“Como eu ia dizendo sobre minha vida: os dias e noites eram um tormento sem fim, amigo. O Doutor se divertia me torturando, testando os limites do meu corpo reanimado. ‘Você é meu triunfo, Victor‘, ele dizia, enquanto me eletrocutava ou ajustava algum mecanismo dentro de mim que só aumentava a dor.”

“Ele queria saber até onde eu poderia aguentar, quanto sofrimento eu suportaria antes de quebrar. Mas eu não quebrava, amigo. Eu não podia dar essa satisfação a ele.”

Victor se inclinou em direção ao amigo Orc, dando algumas tapinhas no rosto dele, uma vez que estava meio sonolento e seus olhos trêmulos não conseguiam focar em mais nada.

“Vamos, amigo. Acorde! Ainda estou na metade da história. Aqui, tome isso.” O Orc abriu a boca, e Victor derramou uma de suas fórmulas.

O gosto era amargo e Victor sabia disso, a fisiologia do Orc não era feita para suportar as infusões e pelo visto, o amargor veio acompanhado de uma forte dor no estômago que que fez o Orc se inclinar.

Victor sabia ler as pessoas, pois ele havia ganho a vida fazendo isso no passado, e era nítido nos olhos do Orc que ele não fazia ideia das reais intenções daquele homem, que continuou sua narrativa:

“E então havia Lucy. ‘Minha noiva’, como o Doutor a chamava. Ela era uma obra-prima de loucura, tão cruel quanto ele, talvez até mais. Foi criada poucos meses depois de mim, com a alma de um psicopata que o Doutor pegou e trancou naquele corpo belo e letal. Ele fez a caçadora perfeita e, de alguma forma, implantou nela uma obsessão insana por mim.”

“Ao menos eu acredito que tenha sido ele que a fez ser daquele jeito, já que haviam momentos em que ela parecia demonstrar algo parecido com um amor distorcido por mim, como se houvesse algum resquício de humanidade. Mas era tudo para me ver sofrer, me incentivar a fugir e depois me caçar. Me fazer sentir dor.”

“Cada caçada da Lucy era um pesadelo. Ela me rastreava dia e noite, sempre um passo atrás de mim, me vigiando, pronta para atacar, mas evitando fazê-lo para me ver desistir. Depois dizia que me amava, mas seu amor era uma faca de dois gumes, cortando mais fundo do que qualquer lâmina.”

“Ela já confessou que adorava me ver sangrar, adorava o som dos meus gritos. E apesar de todo o horror, ainda havia uma parte de mim que ansiava por ela.”

“Talvez a loucura dela estivesse se espelhando em mim, talvez fosse apenas o desespero de alguém que não queria estar sozinho… Você já se sentiu assim, amigo Orc? Estar com alguém aparentemente inofensivo, mas que no final só queria te ver sofrer?”

O Orc, cansado, apenas fechou os olhos com um semblante sem esperança e deixou a cabeça pender em direção à árvore. “Você não é de falar muito, não é? Enfim…”

“Novamente eu fugi do laboratório, do Doutor e de Lucy, mas nunca estive realmente livre. Sempre senti a sombra dela atrás de mim, sabe? Uma presença constante e uma ameaça eterna.”

“O Doutor me quer de volta e sempre usa a Lucy para isso. Aposto que desta vez ele ordenou que ela me trouxesse vivo ou morto. Agora estou sempre em fuga olhando por cima do ombro.”

“Sei que um dia ela vai me encontrar, e nesse dia será o fim. O fim para um de nós dois. Mas até lá eu luto, amigo Orc. Luto contra o que sou, contra o que fizeram de mim e, infelizmente, nem sempre consigo me vencer. Tudo se torna difícil quando tudo o que conhece é dor e sofrimento.”

Victor observou que o Orc continuava com os olhos fechados, peito imóvel. “Amigo Orc?” perguntou ele, inclinando-se para sentir o pulso do Orc, apenas para constatar o óbvio.

“Você lutou bem, Orc. Mais sorte na próxima. Se sua alma quiser vingança, eu estarei esperando e será uma honra”, disse Victor, revirando os bolsos de seu suposto amigo.

“Talvez você entenda, talvez não. Mas precisava desabafar, precisava que alguém soubesse o que aconteceu comigo. O que ainda acontece, na verdade.”

“E Lucy!” gritou para o alto “se você estiver ouvindo, e eu sei que está aí, sei que não vai parar até me encontrar. Mas eu não vou mais facilitar, amor. Vamos ver quem cai primeiro desta vez!”


Um Novo Amigo

Autor Convidado: Ewerton Silva.
Revisão: Raquel Naiane.
Arte da Capa: Gerson Berredo.


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O Fim – Histórias de Fogueira #1

A série Histórias de Fogueira irá trazer contos de terror sobre temas variados. Em “O Fim” você irá conhecer um jovem que apenas está buscando sua sobrevivência no fim do mundo. Mas será que apenas os zumbis são o perigo?

O Fim

O fim do mundo havia começado há uns meses, e após certo tempo eu havia perdido a noção dos dias passados com as noites mal dormidas e não saberia dizer se já faz anos ou não.

Felizmente a bagunça inicial já passou, e várias famílias ainda estão razoavelmente bem dentro de suas casas com muros repletos de cacos de vidro e portões gigantes que servem como “barreiras anti-mortos-vivos”.

Sofrendo perdas ou retaliações apenas quando devem sair considerando que seu estoque está baixo, ou como era meu caso: pessoas que não aguentam ficar trancadas e preferem se arriscar.

Claro que o início importa mais que o fim. Onde se estava quando as primeiras pessoas saíram enlouquecidas pelas ruas mordendo umas às outras? Essa pergunta é válida quando se trata da sobrevivência do primeiro dia.

Eu estava na rua com alguns amigos que se tornaram meu primeiro grupo de sobreviventes, ou quase. Perdi alguns naquele dia, mas continuei de pé, e depois disso não consigo me ver estacionado em algum lugar.

Segui os dias aguardando o grupo de protagonistas que provavelmente já está investigando de onde o vírus veio e como ele pode ser controlado ou exterminado, até eles chegarem ao resultado do plano infalível que estão criando e dar um fim para essa bagunça.

Não faço parte desse grupo, sou apenas um figurante no fundo da cena me esforçando para não virar um minion do vilão”.

E depois de tanto tempo entrando em grupos que, ou morriam todos, ou resolviam se aquietar para tentar viver em paz em algum lugar, percebi que seria mais fácil seguir meu caminho sozinho, sem ninguém a quem temer pela vida, ou pior, a quem temer pela morte.

Aquele era um dia tranquilo em específico. Estava andando em uma rua rodeada por floresta, ouvindo o silêncio ser quebrado pelo farfalhar das folhas ocasionalmente sendo levadas pelo vento. Olhava ao redor com cautela procurando por água, pois a minha reserva tinha se esgotado.

Havia andado o dia todo e estava cansado e com sede, não escutei um único gotejar e precisava me reabastecer, e quando pensei em procurar uma árvore de troncos grossos para tentar dormir, ouvi ao longe um barulho que sabia não pertencer ao vento.

Meu coração acelerou e eu olhava ao redor com cuidado até ouvir uma voz feminina pedindo por socorro.

Já havia sido vítima desse tipo de truque no passado devido à minha predisposição para ser excessivamente ingênuo e benevolente. Uma mulher aparentemente frágil precisando de ajuda, e de repente, um grupo de outras pessoas me rodeava e roubava meus recursos.

E sabendo disso, eu não consegui resistir ao chamado. Mesmo sendo um figurante, eu ainda era humano.

Segui a voz apreensivo até chegar a um pequeno barranco, íngreme o suficiente para causar estragos, mas não tão alto a ponto de matar. A voz estava vindo de uma jovem que havia caído e estava presa em uma árvore que não sucumbiu à queda, ficando na diagonal.

Analisei a cena antes de me mostrar: o terreno estava liso, então ela não estava achando apoio para subir, e a queda deixaria qualquer um machucado o suficiente para ser lento e um alvo fácil. Não era uma boa alternativa.

Olhei ao redor e não parecia ter ninguém por perto, até porque, aquele não era um local propício para uma emboscada já que a mulher realmente poderia morrer. A menos que eles não se importassem com isso… mas eu estava pensando demais!

Me aproximei um pouco e na hora que me viu a moça entrou em alvoroço pedindo ajuda. Ainda receoso, pedi que se acalmasse e me aproximei, tirando do meu kit de sobrevivência uma corda que peguei em uma loja qualquer.

Fiz um laço firme e arremessei, pedindo pra ela posicionar ao redor da cintura. Depois procurei um ponto de apoio enquanto ela fazia o que pedi, até que achei uma pedra firme. Então eu puxava de um lado e ela tentava escalar do outro.

Quando finalmente chegou no topo, me apoiei nos joelhos tentando buscar o ar enquanto ela deitava no chão e olhava para o céu. Em seguida começou a rir como se tivesse acabado de ouvir a piada mais engraçada da história, e entre os risos, me agradeceu, o que me fez rir também.

Ela não era uma armadilha, era uma companhia. Começamos a conversar e percebi que ela tinha os mesmos ideais que os meus: ficar vagando, conhecendo pessoas novas e quase morrendo em penhascos (isso me fez rir de novo).

Como já estava tarde, expliquei que iria subir na árvore para dormir, mas estava com sede, então ela disse que conhecia um lago perto e que era lá que buscava recurso quando precisava.

Começamos a caminhar, primeiro em silêncio, depois fui puxando assunto e ela foi cedendo. Me contou de sua vida anterior, como era esforçada e estava estudando para ser médica, mas que “O Fim”, como chamou, acabou com seus planos.

Ela também perguntou de mim, e aos poucos fui contando meu passado. Contei que trabalhava como vendedor, e essa profissão havia me ensinado a ler as pessoas, entender quando estavam me passando a perna e que isso era uma vantagem aqui fora.

Ela me olhou séria: “O mundo mudou e as pessoas também! Todos criaram mais cascas dos que aquelas que já possuíamos. Ler alguém hoje é mais difícil do que antes”.

Continuamos andando em silêncio, já que eu pensava em suas palavras, e antes que eu pudesse perguntar mais, um som que reconheci me chamou atenção: ÁGUA!

Olhei para ela animado e ela começou a andar mais rápido até que estávamos em um lago muito grande. Perguntei se realmente era seguro e ela me assegurou que sim, mas não aguardei sua resposta.

Eu já havia jogado minha mochila no chão, tirado minhas meias e meus tênis, e antes de tirar a camiseta olhei para ela, que me encarava.

Ela apenas acenou que sim, como se estivesse me dando permissão, e se dirigiu para um tronco caído numa pequena clareira que parecia já ter sido visitada muitas vezes por ela. Por fim, tirei minha camiseta, minha calça e pulei na água.

Há tempos não sentia nada como aquilo na pele! Estava com saudade de um modo inexplicável e aquilo era quase o paraíso. E em nenhum momento a jovem olhou para mim, não que eu tenha percebido.

Quando me encontrei com ela novamente, já vestido, ela havia feito uma pequena fogueira. Ficamos em um silêncio confortável enquanto eu admirava aquela paisagem e pensava na sorte de ter encontrado aquela mulher.

Até que percebi uma casa do outro lado, muito velha e acabada, parecendo prestes a cair por um sopro, mas o que me deixou mais incomodado, é que eu parecia conhecer aquele lugar.

Forcei a vista um pouco, e me endireitei em cima do tronco que me servia de banco, mas mesmo que não viesse nada a mente, aquela sensação não ia embora…

Antes que pudesse comentar sobre o que estava sentindo, percebi que ela se aproximava de mim, e com um olhar sapeca me perguntou se podíamos contar histórias de terror.

“Uma diferente daquela que vivemos?” questionei brincando.

Ela retrucou que na sua época jovem era escoteira, e era uma tradição contar histórias assustadoras ao redor da fogueira. Olhei para onde estávamos, e realmente parecia o clima perfeito para isso.

Resolvi começar contando uma história bem meia boca de uma versão da Loira do Banheiro, pois não consegui pensar em coisas diferentes ou inventar algo, e quando terminei, pedi para ela me surpreender.

“Existe uma lenda que contávamos nesse lago que vale a pena ouvir: Há muitos anos, uma senhora rica havia se mudado para essa região e construiu uma enorme casa bem ali.”

Ela apontava para a colina do outro lado do lago, onde atrás das sombras das árvores era possível avistar as paredes corroídas daquela mansão. Aquela cena me trazia alguma memória em pedaços que eu não conseguia juntar.

“A mulher era sozinha, não tinha filhos e nunca havia se casado. Vivia apenas na companhia de seus três poodles gigantes.”

Ao longe ouvimos um uivo, e tentei disfarçar o arrepio na minha coluna com uma piada sobre coincidências do destino, mas ela não riu.

“A casa também recebia a visita de alguns mordomos e serviçais aos finais de semana que ajudavam com a limpeza e outros afazeres. Ela vivia feliz com sua rotina programada e curtindo a solidão que sempre quis.”

“Até que um dia, um grupo de jovens apareceu, fazendo uma grande fogueira e muito barulho. Pareciam ter saído de filmes de terror onde nenhum deles tem neurônio e só pensam em atos libidinosos.”

Ela me encarou séria, como se a culpa fosse minha… mas eu sentia que talvez fosse, mesmo que não conseguisse explicar.

“E em uma daquelas noites começou a chover muito forte, uma espécie de tempestade com ventania. E o grupo avistou a casa como um bom lugar para se esconder após alguns dias perturbando a paz e sossego daquela doce senhora”

“Eles foram até lá e bateram incessantemente na porta, e quando começaram a gritar que iriam forçar a entrada, a idosa abriu as fechaduras e os permitiu adentrar seu lar.”

“Seus cachorros não paravam de latir, presos em outro cômodo, e os jovens começaram a reclamar e agir como se aquela casa pertencesse a eles.”

“O que eles não sabiam é que a senhora tinha alguns problemas, e havia se isolado para manter os outros seguros. Naquela noite, ela deixou os cachorros soltos para que a ajudassem, e um a um lentamente matou aqueles que haviam tirado sua paz.”

“Os primeiros foram mais fáceis, porém um rapaz em específico havia levado seu irmão mais novo, e queria proteger ele, dessa maneira, pegou um machado escondido no armário, e ainda conseguiu atingi-la com um único golpe no rosto, deixando uma cicatriz que cortava sua face.”

“O irmão mais novo fugiu, mas todos os outros ela conseguiu matar, porém nenhum corpo foi encontrado quando os policiais vieram revistar o lugar após ouvirem o testemunho do menino.”

“Dizem que nada foi achado porque a senhora usava como comida aqueles que tirava a vida e até hoje os que vem tirar o sossego da idosa, tem o mesmo destino no fim.”

Dei um pulo quando novamente ouvimos os uivos e latidos anteriores, só que dessa vez pareciam mais próximos. Ela achou graça do meu susto, e quando eu ia comentar que os bichos estavam perto, ela começou a falar da família dela repassando essa lenda como verdade.

Minha cabeça começou a doer forte, e eu me distrai do susto anterior, continuando nossa conversa e entrando em assuntos banais, ora falando de como as coisas eram antes, ora sonhando com um futuro em que as coisas fossem voltar ao normal.

Mas aquela sensação de conhecer o lago e a casa começou a aumentar. Olhava ao redor e parecia que eu já estivera naquele local antes, só não entendia como.

E de repente os uivos estavam tão perto que eu sabia que estávamos em perigo. Me levantei rápido e puxei aquela moça para minhas costas, perto do lago. No pior dos casos, poderíamos usar a água a nosso favor.

Mas lobos sabem nadar, não sabem?

Minha cabeça não estava funcionando direito, e a dor parecia aumentar. Era como se algo estivesse querendo voltar à minha mente, mas não encontrava o caminho.

Olhando ao redor, para além de onde a claridade da fogueira poderia iluminar, percebi dois círculos amarelo brilhantes se aproximando. Era definitivamente um lobo.

Sentia as mãos da mulher nas minhas costas, tremendo. Os animais com o vírus zumbi eram ainda piores que as pessoas, e eu não tinha ideia do que fazer para sair daquela situação.

E enquanto encarava os olhos daquele animal, percebi mais dois pares de olhos se aproximando pelas laterais, formando um círculo com seis olhos amarelos emitindo rosnados baixos na nossa direção.

Senti então, água nos meus pés. Olhando para baixo percebi que havia andado para trás devagar e por isso estava dentro do lago. Mas e a mulher?

Chamei por seu nome, mas não tive resposta. Balancei as mãos para trás sem tirar os olhos dos três bichos que me encaravam das sombras, mas não senti nada no ar.

Quase como se fosse ensaiado, aquela jovem apareceu atrás da criatura que havia aparecido primeiro, com um semblante sombrio e sorriso malicioso.

Baixei minha guarda acreditando se tratar de uma pequena pegadinha, mas quando ela levou suas mãos ao rosto e rasgou sua face, como se fosse papel, eu sabia que algo estava completamente errado.

Por baixo de seu rosto jovial, olhos amarelos surgiram, totalmente vazios de alma. Seu sorriso aumentou, se assemelhando a uma caça quando encontra sua presa, e pude ver cortando seu rosto uma enorme cicatriz.

Naquele momento, flashes vieram a minha mente, e eu entendi o motivo de estar com aquela estranha sensação.


O Fim

Texto e Revisão: Raquel Naiane.
Arte da Capa: Gerson Berredo.

Ilustra por Shadow

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Festival do Solstício – Eventos da Vila de MRPG #03

Este conto chamado “Festival do Solstício” faz parte da coleção de histórias da Morada e Refúgio dos Primeiros Guardiões, ou como é popularmente conhecida, Vila de MRPG. Ao longo desta série de contos, vamos narrar como a votação e seu resultado afetaram a Vila de MRPG. Esses eventos são decididos pelos Patronos e Patronas do MRPG que possuem personagens na Vila.

Festival do Solstício

Após as Bruxas terem sido derrotadas, a floresta, lentamente, começou a voltar à sua normalidade. Consequentemente, a Vila se animou para retomar antigos costumes e realizar o evento que todos aguardavam ansiosamente: O Festival de Solstício de Verão.

Esse festival se iniciou há tempos, quando os seguidores dos primeiros guardiões se estabeleceram na região. E, agora, sem as bruxas, poderiam comemorar sem medo de que algum ataque acontecesse durante o evento.

O evento sempre trouxe inúmeras pessoas diferentes para prestigiarem suas atrações inusitadas. Permitindo, assim, que houvesse circulação da economia e na ampliação de contato de pessoas vindas de vários lugares. Entretanto, como era de se esperar, a realização do festival demanda investimentos. E sem muitos recursos devido à maldição que se abateu sobre a Vila, onde houve escassez de alimentos advindos da caça e da pesca e plantio, são levantadas algumas possibilidades para que o Festival acontecesse:

As ideias para o Festival

A primeira ideia vem de Tavu, o prefeito administrativo, que sugere que a Vila pegasse um empréstimo com a Capital do Reino de Intarnat. Assim inclusive, facilitaria para atrair pessoas de lá para a Vila, podendo, também, ganhar algum suporte e apoio de grandes famílias das regiões próximas para fazer a moeda girar.

Dervain, o Capitão da Guarda, porém se preocupa. Afirma que eles não estão preparados para um evento tão grande que atraísse tantos olhares. Ainda mais considerando que os soldados estavam em treinamento. Visto que, anteriormente, eram fazendeiros e pescadores e precisavam se adaptar à vida como homens de espada e escudo. Ou seja, provavelmente demoraria um pouco para que houvesse, realmente, uma guarda de prontidão. Então, se a cidade fosse realizar algum tipo de evento, mesmo que pequeno, uma Guarda terceirizada deveria ser contratada para a proteção de todos. E o empréstimo ainda deveria ser pego, mas investido em segurança.

Ouvindo atentamente as ideias apresentadas, Taior, o outro prefeito, sugere que um festival não é uma boa ideia, e que esse ano poderiam fazer algo diferente. Incentivando aos cidadãos para realizarem uma festa em homenagem à natureza, jejuando por uma semana ou não comendo quaisquer tipos de alimentos provenientes de animais. Assim, eles iriam permitir que a natureza conseguisse se recuperar após sofrer com a maldição recente.

A Votação

Com as três ideias sugeridas, o prefeito decide falar abertamente as opções para os habitantes da Vila e, assim, todos votariam. Desta maneira, a decisão tomada seria a mais justa para todos. Mas algo inusitado acontece, após cada cidadão escolher aquilo que mais gostaria, o prefeito percebe que houve um empate!

A mesma quantidade de pessoas quer realizar a festa, contratando uma guarda externa que possa ajudar, e também querem jejuar para acabar de vez com a maldição e honrar a natureza. Todos ficam abismados com a coincidência do empate e, pensando em como realizar o desempate de forma justa. Entretanto um recém chegado a vila, que não havia votado até então por estar em missão, inclusive a missão que acabou com a maldição da bruxa. Este era Sanderwind, que decide desempatar e vota publicamente em realizar a festa com a Guarda Terceirizada, o que leva os cidadãos à loucura e à felicidade de poderem relaxar após alguns dias angustiantes sofrendo com situações adversas.

Sendo assim, os preparativos para o Grande Festival começam!

Preparativos para o Grande Festival do Solstício

Alguns dias antes do festival, Antônio e Cornélio vão juntamente com Alladyn e Phalcol espalhar as boas novas nas cidades e vilarejos próximos.

Alê é enviado em uma missão urgente, para o mais longe da cidade possível até o fim do festival, escoltado pelo próprio Marcelonour e Eldir.

O Dia do Evento

No estábulo Garner já é possível ver os melhores cavalos sendo trazidos e expostos para quem tiver interesse adquirir. Grandes alazões de pelos listrados e ferraduras prateadas brilhando como se tivessem sido polidas há pouco.

O Anão Tagarela, Koch e Durrak arrumam a taverna para o grande evento. Organizam mesas e cadeiras, escolhem as melhores bebidas para expô-las atrás do balcão, atraindo curiosos que pagarão para consumir os líquidos diferenciados. Não somente isso, também já se preparam para possíveis brigas de taverna, que são extremamente comuns em eventos desse tipo.

Enquanto isso o Capitão Dervain, que teve a ideia inicial da Guarda Terceirizada, juntamente com os sargentos Gornog e Fúria, começam a escolher os melhores mercenários para proteger a cidade. Eles se encontram com Duncarin que cumpre sua promessa e mantem os guardiões em prontidão.

Jeff, Alenca e Pietro convidam a Guilda de Mercadores do Reino para venderem seus produtos na feira, e é claro, pagar tributos à vila por isso. Enquanto o anão Ferreiro Rocher prepara suas obras primas para vender, um grande arsenal de armas únicas entalhados em metais preciosos e raros, capazes de fazer até o mais muquirana gastar um pouco a mais para ter um item colecionável. Rumpple não fica de fora e monta uma barraca com antiguidades, e aproveita de pequenas distrações para tirar dos mais abastados sem ninguém perceber.

E tantos outros vendedores e mercadores que, graças aos grandes heróis que acabaram com a maldição que assolava a vila, podem agora expor suas mercadorias sem medos maiores do que alguns trombadinhas ou negociações acaloradas, as quais tipicamente acontecem em eventos como esse.

Problemas Acontecem

Entretanto um grande imprevisto acontece e alguns Guardiões, como Arlech e Shakan são chamados, de última hora, para uma missão nas distantes terras de Deadlands juntamente com Cysgod e Thommas, com isso poucos protetores ficam no evento.

Felizmente Durvain teve a ideia da Guarda Terceirizada, já que no meio do evento, alguns baderneiros aparecendo querendo causar confusão e situações desconfortáveis no meio da multidão. Empurraram cidadãos comuns e tentaram azucrinar os vendedores que estavam nas ruas. Nesse momento, a Guarda mostra sua prontidão e consegue resolver a situação sem que existam lutas, desgastes ou derramamento de sangue que cancelassem o evento.

A primeira vista tudo estava ocorrendo conforme o planejado, porém, como nem tudo são flores, ao tentar tirar os baderneiros da cidade sem mortes, um ou outro item são quebrados, e os valores são restituídos aos proprietários para que as vítimas não sofressem prejuízo e o festival não seja mal falado pelas terras ao redor.

E os heróis? Bem, Crash, Sanderwind e Willy são convidados a descansar graças ao grande desgaste da batalha contra a bruxa dragão. Aproveitam o evento do jeito que podem, mesmo que as dores no corpo sejam muitas. Ganham algumas bebidas grátis em agradecimento pelo esforço que tiveram, e uns olhares assanhados de senhoras um pouco mais bêbadas.

E ao fim, Acumare, Cedro Velho, Taior, Agoor e Travesso ficam responsáveis por restaurar o dano causado pela grande pedra de metal que caiu do céu, indo até a floresta para restaurar o equilíbrio entre a natureza e a cidade.

Conclusão

Por fim mesmo com alguns contratempos, a noite do Solstício não poderia ser melhor, permitindo que os cidadãos se sintam felizes e mais uma vez em paz por morar naquela Vila. O empréstimo para a guarda terceirizada foi pago com os lucros do evento, os cofres da vila continuam com o saldo baixo, mas o moral da população foi elevado graças as comemorações.

Em Termos de Jogo

O Moral na vila subiu graças ao evento ser um sucesso. Entretanto a Vila de MRPG ainda está em um status crítico.

Ficha:

Defesa: Relevante [2]
Atrativos: Baixo [1,25]
Fé: Básica [1,25]
Influência: Irrelevante [1]
Mercado: Básico [1]

Status:

Finanças: Pobre
Moral: Média
População: Baixa


Assim sendo, se você gostou desta história e está interessado em participar, torne-se um Patrono do MRPG e junte-se à Vila de MRPG para experimentar essas aventuras emocionantes!


Festival do Solstício – Eventos da Vila de MRPG #03

Autores: Douglas Quadros, Raquel Naiane.
Revisores: Douglas Quadros, Ricardo Kruchinski.
Arte da Capa: Douglas Quadros.

Uma Magia Nova – Falhas Críticas #120

Tamurel havia aprendido uma magia nova, e dessa vez, era algo tão grandioso que sua empolgação deixava transparecer para todos do grupo. Agora, o velho mago, sabia teletransportar, e usava qualquer desculpa para resolver as diversas situações que apareciam com essa magia.

De repente, uma questão surge perante os aventureiros quando na próxima missão eles deverão ir até uma cidade que fica a 04 horas de distância viajando à cavalo. Porém, tudo indicava que eles deveriam ir o mais rápido possível, e talvez, esse tempo de deslocamento fosse o suficiente para colocar tudo a perder.

Tamurel propõe aos amigos, nesse caso, que todos sejam teletransportados com sua magia maior. O grupo pondera um pouco, com receio do que poderia acontecer e como seria realizar essa viagem com magia, mas após algumas insistências do mago, eles cedem, pensando que seu uso irá facilitar a missão.

Eles se reúnem e observam Tamurel focado, mexendo as mãos em círculos e pronunciando lentamente palavras sussurradas, até que seus olhos brilham e… .

Quando a luz ao redor deles se dissipa, percebem que algo está errado, pois suas roupas estão molhadas e lentamente estão afundando. Eles estão no meio do oceano, e não fazem ideia de como sair dali.

* = Falha Crítica ou 1 no dado.


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Uma Magia Nova

Texto de: Diemis.
Adaptação: Raquel Naiane.
Revisão: Douglas Quadros.
Arte de: Estúdio Tanuki.

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Samurai Aprendiz – Falhas Críticas #119

Por chegar à Tamura levando inúmeros colonos, Tamurel tornou-se um Daimyo honrado, e logo foi designado a ele um samurai aprendiz, para auxiliá-lo na proteção e colonização das novas terras.

Após ajudar os colonos a se estabelecerem, Tamurel ficou sabendo que existia um predador nas redondezas que estava matando as ovelhas dos aldeões e se interessou.

Seguindo alguns rastros depois de uma investigação, ele conseguiu, junto ao samurai Botina, encontrar uma pequena alcateia de três lobos.

E ansioso por mostrar suas habilidades ao novo Daimyo, o aprendiz se prontificou a acabar com os lobos sozinho, avançando rapidamente na direção dos três.

No caminho, resolveu improvisar alguns movimentos e manobras, fazendo valer sua destreza e todo conhecimento que havia adquirido ao longo dos anos, porém ao cortar o ar em um movimento certeiro contra um dos lobos… .

A katana, antes segurada por suas ágeis mãos, com o suor do nervosismo, acabou escorregando e passando por cima da cabeça dos caninos, caindo em uma moita próxima.

E antes que pudesse pensar no que fazer para recuperá-la, os lobos o perseguem, enchendo-o de mordidas, e fazendo correr com toda sua experiência, na direção de Tamurel para ser salvo.

* = Falha Crítica ou 1 no dado.


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Samurai Aprendiz

Texto de: Ricardo Kruchinski.
Adaptação: Raquel Naiane.
Revisão: Douglas Quadros.
Arte de: Estúdio Tanuki.

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Últimos Instantes – Falhas Críticas #118

Todos estavam exaustos, e finalmente, a batalha chegava ao fim. Os recursos haviam sido totalmente gastos e todas as artimanhas usadas. O Grande Mago, inimigo dos aventureiros, estava por um fio e todos sabiam que aqueles eram os últimos instantes antes de decidir o lado vitorioso.

O Mago parecia ter uma última cartada, extremamente poderosa, e diante daquele horror de saber que estavam quase perdidos, os heróis confiaram suas esperanças a Tamurel, que ainda conseguia conjurar uma última magia antes do fim, e diante de todas as possibilidades restantes, ele percebeu que sua melhor chance seria apelar para seus raio elemental.

Tamurel se concentrou, balançou suas mãos com gestos suaves e sussurrou para que apenas os deuses pudessem ouvi-lo, e assim, lançou a magia… .

Desatento com seus movimentos, Tamurel não percebeu que seus braços estavam cansados e sua mira ruim, dessa forma, ao invés de lançar a Onda Criogênica na direção de seu inimigo, o velho acertou seu time, congelando-os e impedindo que eles agissem, levando todos para a morte certa.

* = Falha Crítica ou 1 no dado.


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Últimos Instantes

Texto de: Miguel Beholder.
Adaptação: Raquel Naiane.
Revisão: Douglas Quadros.
Arte de: Estúdio Tanuki.

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Orfanato Abandonado – Falhas Críticas #117

Jogando Ordem Paranormal, o grupo estava investigando um orfanato abandonado, tentando encontrar sinais que indicassem a Membrana estar frágil, ou a presença de monstros.

O tempo estava correndo, até que começaram indícios sutis de que havia atividade paranormal ali, como a temperatura ficando mais baixa e as sombras se alongando, até que Botina fica estagnado, de olhos arregalados e apontando para um canto vazio qualquer.

– O que está apontando? – pergunta Barbara, já impaciente.

– Um… um monstro… terrível… – a voz de Botina vacila.

Bárbara e Tamurel trocam olhares confusos, tentando entender a situação, mas sem avistar qualquer rastro de criatura. Então, Botina é tirado do chão e começa a estremecer no ar, como se estivesse sendo estrangulado por algo que não se pode ver.

O mestre pede para os jogadores rolarem iniciativa, e Tamurel inicia. Rapidamente, coloca seus conhecimentos a prova para tentar descobrir se além de invisível, a criatura também é incorpórea e… .

Sem fazer ideia de como enfrentar o monstro e desesperado vendo o amigo perder as forças, Tamurel conjura um raio de suas mãos e lança na direção que imagina estar a criatura… acertando em cheio Botina, fritando ele com o poder elétrico.

Botina apenas consegue balbuciar antes de perder a consciência:

– Ele não sente… mas eu senti…

* = Falha Crítica ou 1 no dado.


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Falha Crítica inspirada na seguinte sessão:


Orfanato Abandonado

Texto de: Mateus Herpich.
Adaptação: Raquel Naiane.
Revisão: Douglas Quadros.
Arte de: Estúdio Tanuki.

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Espada Lendária – Falhas Críticas #116

Em uma conversa de bar Botina ouviu, de um bêbado animado qualquer, uma história que lhe chamou a atenção. O velho contava de uma lenda sobre uma espada lendária que poderia cortar como se fosse papel qualquer criatura existente, e fascinado com a ideia, decidiu procurar pela arma.

Primeiro buscou informações. Para isso encontrou-se com gurus, monges, magos e até um feiticeiro louco que o transformou em galinha. Foi ali que descobriu que a espada era forjada, e não era real. Mas isso não o parou, apenas o instigou a continuar sua jornada.

Continuou buscando incansavelmente o que viria a ser seu maior sonho, negociando, flertando e brincando com o destino em busca de construir algo que nem existia ainda.

Depois de meses, finalmente encontrou a lista de coisas que precisaria para forjar o tão precioso item. Ingredientes muito raros, e alguns ele somente havia escutado falar em histórias antigas o bastante para serem mentiras. Mesmo assim, ele não desistiu.

Subiu montanhas, nadou em mares profundos e correu em florestas escuras. Colheu frutos, frutas, cogumelos e rações de lugares que jamais imaginou pisar. Lutou contra criaturas que quase tiraram sua vida, e acabou parando em Planos que nunca pensou que estaria.

E após muito tempo, com a lista completa e muita experiência de vida, ele levou tudo ao mais sábio dos anões, para que a espada fosse forjada.

Levou algumas semanas para ficar pronta, mas quando ele a viu e a segurou em suas mãos, Botina sabia que havia valido a pena, e aguardou pelo momento que poderia usa-la.

Mas o tempo passou, e agora sem um propósito para sair, ficava pela cidade que não tinha inimigos a enfrentar e por isso, não conseguia usar sua arma poderosa. Cansado de esperar, Botina pensou um pouco e pagou para que um grupo de homens fingisse atacar a cidade para que ele pudesse aparecer para ser o grande herói.

Com tudo arquitetado, chegou o grande dia, e extremamente animado partiu para cima daqueles que seriam seus ‘inimigos’, porém num jogo de má sorte… .

Botina viu, em suas mãos, aquela que seria seu maior tesouro, quebrar ao meio, mostrando que sua jornada havia valido mais a pena que o item lendário, que provavelmente foi inventado pelo bêbado no bar.

* = Falha Crítica ou 1 no dado.


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Espada Lendária

Texto de: Lury Kroff.
Adaptação: Raquel Naiane.
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Tudo Sob Controle – Falhas Críticas #115

O time estava explorando uma ruína antiga seguindo pistas de atividades sobrenaturais nas proximidades e o grupo tinha tudo sob controle. Porém, em um descuido, Tamurel estava distraído estudando alguns sigilos enquanto uma enorme criatura seguia em sua direção pelas costas.

A Dama de Sangue, um monstro gigante do elemento Sangue, usando tentáculos nojentos que terminavam em flores delicadas que não condiziam com o resto do corpo, continha uma boca enorme que cada vez mais se aproximava dando dentadas no ar, pronta para iniciar sua investida.

Bárbara, vendo a situação ao longe, correu na direção do amigo para impedir que fosse pego de surpresa, totalmente desesperada e numa fúria não pensada.

Com essa ação impulsiva, o mestre pediu para que a jogadora fizesse um teste de habilidade… .

A bárbara conseguiu, no último instante, jogar Tamurel no chão para longe do perigo, no entanto, antes de ficar tranquila e se preparar para o combate, ela encara seu amigo ainda caído, que olhava para seus calcanhares com uma expressão de terror.

Lentamente, ela engole em seco enquanto desce o olhar para seus pés, apenas a tempo de perceber o motivo daquele horror antes de ser puxada para a boca da Dama de Sangue por tentáculos envoltos em seus calcanhares.

* = Falha Crítica ou 1 no dado.


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Tudo Sob Controle

Texto de: Miguel Beholder.
Adaptação: Raquel Naiane.
Revisão: Douglas Quadros.
Arte de: Estúdio Tanuki.

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