Fuga de Lenorienn Parte 01 é a primeira parte do segundo capítulo do romance “fan made” A Quinta Estação, por Oghan e publicado no site do Movimento RPG. Para acompanhar a série completa, entre neste link. Caso você goste desta história compre as obras do autor clicando aqui clicando aqui! Caso você não tenha lido a primeira parte do conto, clique aqui!
Sinopse
O Exército do Reinado triunfou! Liderados por Sir Orion Drake, a coalisão de soldados, heróis e mercenários venceu onde era impossível vencer. Mas, nem só a Tormenta é uma ameaça para este mundo: A Aliança Negra, o Império de Tapista e muitos outros problemas precisam de heróis para enfrentá-los.
Nesta época de transformações, surge a Confraria dos Redentores, uma companhia mercenária especializada em proteger os mais fracos e impedir que o mal se espalhe.
Nesta nova parte da história, acompanhamos a luta de uma família élfica fugindo da ameaça da Aliança Negra.
Sobre o autor
Oghan é escritor de afrofuturismo e primeiro autor de steapunk do Brasil com seu romance O Baronato de Shoah, foi vencedor do Wattys 2018, e é autor de Os Oradores dos Sonhos, além de publicado na Revista Nigeriana Omenana Magazine e na MV Media nos Estados Unidos; também tem seu nome gravado no legado de Arton através de um conto em Crônicas de Tormenta volume 2 e seu sonho é escrever o primeiro romance focado na Grande Savana.
Fuga de Lenórienn Parte 01
Em outro lugar.
Em outro tempo.
— E, por último, eu acuso Tealandrane de causar pânico desnecessário em nossa comunidade — a voz de Marlevaur ecoou pelo salão da justiça, onde o julgamento era feito.
O elfo que conduzia o julgamento de um de seus melhores amigos vestia uma túnica negra com detalhes em dourado e vermelho que pouco combinava com a típica delicadeza de seu povo. A severidade no olhar beirava a fúria e conforme ele denunciava os crimes de Tealandrane, ficava mais óbvio que não havia crime, mas medo do acusado.
Taelandrane, ou simplesmente Tae, não conseguia culpar os irmãos. Lenórienn, seu reino, era atacado constantemente pela Aliança Negra, a coalizão de goblins, orcs, bugbears, hobgoblins e liderada por Thwor Ironfist, que segundo a lenda era o emissário de Ragnar, o deus da morte.
Isolados das nações por um arrogante tratado de paz, Lenórienn só descobriu que o continente havia caído nas mãos das criaturas quando já era tarde demais. Os elfos resistiam, desacreditando nas habilidades de seus inimigos e fazendo pouco caso das histórias. Batedores tinham sido enviados aos reinos humanos, mas nenhum retornara; os sacerdotes tinham invocado entidades para dar-lhes pistas do que fazer, mas as forças ancestrais não respondiam suas perguntas. Até mesmo grandes figuras tinham intervido na situação, como o sacerdote Razlen Greenleaf, mas nada convenceria os elfos que eles corriam um risco.
Até que o golpe final foi dado, a princesa Tanya foi sequestrada por Thwor Ironfist de dentro do palácio do regente Khilanas e ofertada à Aliança Negra. Isto havia derrubado o moral dos elfos e só os mais velhos continuavam com sua insistência em se manterem isolados.
Todos, exceto Taelandrane, que enviara cartas a seus amigos de outros reinos e pedira sua ajuda para sair da cidade. Sem respostas, organizara uma pequena rebelião dentro do palácio, que ficou conhecida como Inconfidência Élfica, mas não teve sucesso por que uma parte de seu grupo o entregou às autoridades por medo ou receio de desagradar a deusa.
— Thwor Ironfist vai atacar de novo e nós estamos despreparados… — Taelandrane fez um gesto abarcando o salão inteiro, assustando os guardas ao ponto de eles sacarem as espadas — Não digam que não estão com medos, nós podemos sentir nas ruas, nas árvores e até no ar o quanto esta nação treme perante o novo inimigo.
— Você blasfema contra nosso estilo de vida, Taelandrane, precisa colocar a cabeça no lugar — Qyne, um dos elfos do conselho, retrucou em voz baixa — Nossa cultura é muito mais forte do que sua fé abalada pode entender.
— Enquanto discutíamos sobre as árvores que plantaríamos nas fronteiras a Aliança Negra sequestrava a princesa — Taelandrane fechou os punhos de raiva e a magia escapou por seus olhos em uma onda vermelha e azul incandescente. O mago era conhecido por seu aspecto selvagem e impulsio, boa parte dos presentes sabia que ele estava ali por uma questão de boa vontade e poderia vencer os guardas sem esforço algum. Isto e sua postura resoluta em fazer valer sua opinião eram o pouco que lhe garantiam a confiança e respeito de seus pares.
— Chega! — Marlevaur ergueu a voz, irritado — Nós ouvimos seus planos e buscamos pistas na floresta, só encontramos alguns humanos e suas histórias absurdas de máquinas de guerra capazes de explodir castelos.
Um riso geral escapou dos elfos, mas havia um leve toque de apreensão nele.
— Só a ideia de que um bando de goblinóides seria capaz de nos derrotar já deveria ser considerada crime obsceno. — Qyne, o sacerdote-mestre, emendou — Você profana o nome da deusa com sua desconfiança, Taelandrane.
— Onde ela está, senão envolta com seus súditos apreciando a si mesa, ao invés de protegendo os batedores que estão sumindo na floresta? — Taelandrane dispersou a magia ao seu redor e percebeu que havia ido longe demais.
— Este julgamento acabou — Qyne se levantou do trono de juiz — Ezrataelandrane, o júri declara a ação procedente e considera o réu culpado de menosprezar a cultura élfica milenar e ignorar a honra de seus antepassados, humilhando e ridicularizando nossa fé e nação.
— O que? — Tae quase engasgou.
— Sendo assim, considerado por unanimidade um instrumento voluntário do inimigo estrangeiro. — Qyne bateu o martelo — Caso encerrado.
Fuga de Lenorienn Parte 01
Autor: Oghan N’Thanda.
Revisor: Isabel Comarella.
Adaptação do Post: Douglas Quadros.
Ilustrador da Capa: Theo S. Martins.