Anteriormente na Missão Artêmis 03, a Capitã Duke tinha um plano para adentrar na nave Héstia reduzindo os riscos para seus tripulantes. Mas na própria Artêmis ainda tem muita coisa para ser feita. Fique agora com a Missão Artêmis Parte 04.
Havia alguns dias que a agitação tinha se instaurado na Artêmis. Desde o sinal de emergência recebido da Héstia, todos mobilizaram-se para atender as ordens da capitã, sempre zelosa em manter não só a segurança da missão como também de atender rapidamente a quaisquer revezes que pudessem se abater sobre a nave. Tal processo, impelia a capitã a sempre projetar cenários variados de calamidades e, portanto, cabia a nave estar preparada para a resposta adequada. Não havia reclamações, pois todos sabiam que a condição na qual estavam não podia permitir impetuosos, incautos e irresponsáveis. A equipe e a missão sempre foram, são e serão a prioridade para aqueles que escolheram está vida.
Perdido em pensamentos e divagando sobre o movimento não usual, o Doutor Albert Conley pensava o que gravaria naquele dia. Era rotina dentro das missões as gravações de diários digitais que depois eram cuidadosamente analisados pelo sistema Icaro e pelo médico Chase Johnston e Psicólogo Ethan Mack que por sua vez mantinham o controle das condições da tripulação. Conley achava aquela tarefa repetitiva e cansativa, mas especialmente naquele dia se deparou com uma sensação estranha, lembrando-se de seu casamento e dos desafios que sondaram sua paternidade. Refletia sobre a possibilidade de sua condição como bisavô e as tantas lembranças não vividas que poderiam ter sido deixadas para trás. Tal fato não era usual, pois ele sempre foi um homem de mente afiada e de grande determinação, porém o exercício de projetar possibilidades o incomodava muito. Talvez o estudo dos dados estruturais das missões estivesse afetando seu discernimento.
Os níveis de segurança das naves eram divididos em S, A e B. Cada nível relacionado ao tamanho da nave, sua tripulação e seus objetivos. O usual eram as categorias A e B serem adotadas pela Iniciativa Cosmos, nomenclaturas para sistemas que tinham poucas diferenças práticas, porém as naves classificadas como S, sempre continham mentes brilhantes, aparatos de ponta ou em fase final de testes, com alto grau de sigilo. A Héstia com a qual lidavam se encaixava exatamente nessa faixa. Uma nave fora do padrão para missões dessa série. O número de recursões e sistemas que deveriam garantir o sucesso eram variadas e Conley, um senhor cético e científico, refletia pela primeira vez que a confiabilidade nos sistemas que os guiavam era quase um exercício de fé pura e simples. Sua função era manter a tecnologia viva ou será que sua função era manter a fé viva nos sistemas que invariavelmente um dia fariam daquela nave uma tumba estelar? Uma ode aos cosmonavegadores que exploraram o espaço. Uma oferenda depositada no altar da Humanidade.
A ansiedade chegou lentamente, mas parecia ter gostado do que encontrara. Nesse momento Icaro cumprimentou-o pela imagem holograficamente projetada à sua frente. Um breve susto, fez com que o Doutor Conley voltasse a si reclamando da intromissão. Icaro, foi objetivo em sua preocupação relacionada ao monitoramento da atividade neural durante a rotina de gravações, tendo em vista que a mesma demonstrava oscilações com alto nível de ansiedade. Questionou o doutor sobre a necessidade de atenção médica e em seguida apresentou relatórios que demandavam atenção. Conley percebeu que havia trabalho a ser feito, reposição de algumas peças e configurações necessárias comuns a todo processo de substituição. Porém, enquanto analisava os dados se deu conta da observação sobre o monitoramento cuidadoso da Icaro e questionou a situação. Todo sistema de inteligência artificial estava atrelado aos protocolos de manutenção estrutural com análises limitadas de outras esferas. A análise das gravações fazia sentido, pois a garantia de sucesso da missão estava relacionada a manutenção do recurso humano à bordo, mas tal cuidado cabia prioritariamente aos profissionais da saúde que faziam parte da tripulação.
Conley imediatamente inseriu códigos de segurança e fez uma análise do sistema questionando a avaliação que Icaro havia feito.
“Doutor Conley, seu código foi revogado no exato momento em que o nível de segurança Omega foi estabelecido. Os sistemas de monitoramento compreendem todos os integrantes da missão, com coleta de dados cuidadosos de todos os membros à bordo. Suas condições física e psicológica devem ser analisados e cabe a este sistema reger e aplicar os protocolos devidos às circunstâncias não usuais da missão recebida pela capitã deste Cruzador intergaláctico – Artêmis 13 “
Nesse exato momento, Conley se deu conta que a preocupação havia ganho maior proporção, pois naquele contexto em que estavam, sua fé residia na tecnologia e quem controlava a tecnologia não eram mais mãos Humanas, mas sim um Deus Artificial que manteria seus olhos e vontade fixos sobre os membros da missão…
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Quem está no controle da Cosmonave – Parte 04 – Missão Artêmis
Autor: Jefferson de Campos.
Revisão de: Isabel Comarella.
Montagem da capa: Douglas Quadros.
Montagem da capa: Iury Kroff.