Symbaroum – Resenha

Symbaroum é o nome do novo jogo de RPG que chegará em versão brasileira pela Tria Editora. Originalmente lançado na Suécia, ganhando depois uma versão americana e agora enfim chegando ao Brasil, Symbaroum traz um sistema que é ao mesmo tempo familiar e novo, assim como um cenário que parece familiar em vários pontos, e totalmente inédito em vários outros.

Symbaroum – O Jogo

Criado originalmente por Mattias Johnsson Haake e Mattias Lilja e lançado na Suíça em 2016 pela Free League Publishing, o jogo traz um mundo de fantasia medieval sombria, com nuances mais realistas que os típicos cenários aventureiros.

Com relativo sucesso na Europa, ganhou uma tradução para os Estados Unidos, o que fez o sucesso do jogo ser ainda maior, e o colocando em papel de destaque no mundo dos RPGs.

A Versão Brasileira

Com tradução de Bruno Mares e Calvin Semião, diagramação de Renê Ricardo e revisão de Carlos Vloet, a Tria Editora traz uma novíssima edição toda retrabalhada e com altíssima qualidade gráfica. Embora o jogo tenha recebido um financiamento coletivo anterior pela Pensamento Coletivo, o trabalho feito pela Tria Editora aqui começou do 0 e não tem relação nenhuma com esse projeto anterior.

O Módulo Básico do jogo tem a previsão de lançamento para Agosto de 2023. Sua pré-venda está aberta no site da Tria Editora, disponível tanto em versão física quanto em versão digital PDF, e também com um mapa em tecido Oxford com 60 x 75cm. Adquira o seu clicando AQUI.

Symbaroum – Resenha

Bom, mas então, o que podemos encontrar nesse livro? Symbaroum  é dividido em 4 grandes núcleos, que por sua vez se dividem em capítulos menores. Para não ficar extenso demais, vamos nos ater à resenha das divisões maiores e o seu conteúdo.

Livro 1: O Mundo de Symbaroum

Todo jogo de RPG tem seu cenário, com suas tramas cheias de profundidade, disputas políticas, divindades, grandes inimigos que ameaçam o mundo e tudo mais. Brilhantemente, o livro já começa te inserindo nesse mundo, e explicando detalhadamente do que se trata o jogo.

Ao longo de seus seis capítulos, somos apresentados ao mundo fantástico que serve de palco para Symbaroum (e aqui eu pretendo não dar muitos spoilers sobre isso, pois é um material muito legal), suas regiões principais, os pontos mais importantes da história até o momento do jogo, as raças e divisões políticas e muito mais.

Um livro inteiro dedicado à lore, geografias, mapas e descrições que não deixará nem o mais detalhista dos jogadores decepcionado, com certeza!

Livro 2: Guia do Jogador

O segundo livro é o material de regras para jogadores propriamente dito. Ao longo de seus dez capítulos, todo o material necessário para a criação de personagens está disponível! Da escolha do nome ais menores detalhes e peculiaridades possíveis para as personagens, tudo está muito bem descrito e, acima de tudo, ilustrado!

Explicação sobre os atributos e habilidades, além das listas e tabelas de magias e equipamentos, tudo que os jogadores precisam para se aventurar em Symbaroum está aqui!

Livro 3: Guia do Mestre de Jogo

E se os jogadores tem um livro só seu, claro que não seria diferente para aqueles que desejam se aventurar mestrando ou narrando Symbaroum, e é nesse capítulo que está todo esse material.

Com um total de seis capítulos, o livro traz o grosso das regras e mecânicas do jogo, suas propostas de resolução de conflitos, além de material sobre como criar e conduzir histórias em Symbaroum.

Esse livro também conta com um capítulo bestiário que traz algumas ameaças já prontas para uso. Um trabalho completo que vai deixar confortável para narrar até aquela pessoa que nunca teve contato com RPG na vida antes!

Aventura: A Terra Prometida

A cereja do bolo desse jogo, certamente, é o adendo de uma aventura totalmente pronta e desenhadinha pra você imergir e entender muito mais como funcionam o mundo e as mecânicas de Symbaroum, e é um material perfeito para quem nunca jogou RPG ou deseja se aventurar em um novo sistema/cenário.

Essa aventura te pega pela mão e te conduz pelos meandros do livro, finalizando de forma a deixar tudo muito bem explicado e a mesa toda preparada para aventuras ainda mais elaboradas e de alto nível.

Minha Opinião Pessoal

Agora vem aquele momento de falar o que eu, particularmente, achei do material e de tudo mais.

Bom, confesso que a primeira reação foi aquela velha e boa torcida de nariz e o pensamento preconceituoso de “ah, lá vem mais um clone genérico de D20 com fantasia medieval” (e sim, me julguem, mas eu já peguei ranço de D&D e semelhantes kkkkkkkkk). Reação essa que foi posta bem de lado já dando uma boa olhada em todo o material (apenas olhar, sem ler).

O livro é ricamente ilustrado, e praticamente todas as páginas do livro tem algum tipo de ilustração. Seja uma textura estilizada, um fundo de cor diferente ou uma imagem de página completa, o trabalho artístico desse livro é praticamente surreal de tão bem-feito e bonito!

Começando a ler, fiquei realmente satisfeito de começar pela explanação completa do cenário, sua história, seus mapas e suas figuras importantes. Isso me fez entender melhor a proposta do jogo, e quando cheguei na parte das regras, o preconceito já tinha vindo todo por terra e eu estava realmente curioso pra saber como eles fariam essa mecânica funcionar de fato!

O fato o jogo usar o tradicional conjunto de dados do D20 System com base (os tradicionais d4, d6, d8, d10, d12 e d20), a mecânica de jogo vai bem além disso, e uma uma metodologia bem única pra resolução de conflitos. O fato de você ter de tirar um número MENOR que o valor de desafio, por sí só, já quebra quase toda a dinâmica estabelecida pelos sistemas que se baseiam no D20 (o que eu, particularmente, achei sensacional).

Não bastasse tudo isso, o visual medieval gótico do jogo lembra um pouco o teor de obras que misturam a fantasia em um mundo que se baseia mais no realismo, como Game of Thrones: os elementos fantásticos estão lá, mas os eventos mundanos ainda são os mais importantes.

A estética diferenciada, a mecânica inovadora e o trabalho de tradução impecável da Tria Editora tornaram esse jogo, pra mim, um must buy absoluto.

 

Mas não deixe de continuar acompanhando aqui o MRPG! Afinal de contas eu não parei aqui, e tem muita coisa bacana ainda esse ano por vir! Teremos Mar de Mortos em sua terceira temporada, juntamente com Sombras do Passado, nossa mesa de Império de Jade com Marcela Alban e Bernardo Stamato! Tem os textos da Liga das Trevas, os materiais da Teikoku Toshokan, os perigos da Área de Tormenta e muito mais!

 

É Possível se Divertir Offline? – Off-Topic #43

Saudações, Rpgista!!! Como andam suas jogatinas na era do stream, das conexões online e de todo um estilo de vida conectado? Ainda existe espaço na sua vida para se divertir offline também?

O Mundo Online

Diversão offline 2023

Hoje é possível afirmar que, de fato, vivemos em um mundo completamente conectado e tecnológico. Claro que a tecnologia já estava aqui ao nosso lado e já fazia parte de nossas vidas, no entanto, esse período pós-pandemia mais do que nunca deixa bem evidenciado o quanto mudamos o nosso mundo e nossas rotinas por conta das novas tecnologias.

Hoje o trabalho home-office, as reuniões online, as conexões digitais são muito fortes e essenciais à vida e ao funcionamento do mundo como um todo. E com isso, até mesmo as formas de se divertir ganharam um novo escopo! Nos adaptamos às redes sociais, streamings e até mesmo às lives de artistas para fazer valer nossa diversão!

Cinema, música, literatura, TV… todas essas formas de transmissão de artes e culturas, de uma forma ou de outra, acabaram se adaptando à nova era digital, ganhando novas abordagens, novas formas de se espalhar e consequentemente um novo e sedento público!

Claro, isso não é sinônimo de matar ou aniquilar as outras formas de dispersão da arte e da cultura, mas deixa bem claro qual vai ser a tendência de consumo a ser seguida, e, em se tratando de uma cultura capitalista como a que vivemos, isso de fato é algo preocupante à longo prazo.

Diversão Offline

Na Mesa MRPG

Mas, considerando o quanto a tecnologia está ao nosso lado, fazendo parte do nosso cotidiano e mudando drasticamente nossa forma de interagir com o mundo e com as pessoas, ainda é possível ter uma diversão offline, junto com turma ou família, sem precisar de tecnologia ou conexões?

Pois bem, o DOFF2023 veio justamente para tirar essas dúvidas da minha cabeça, e de fato me deixar não somente feliz, como muito esperançoso com tudo que há por vir aí!

Como já sabe, eu sou um dinossauro nesse cenário, e já faço parte do time dos “velhinhos” no RPG, da época onde pra se jogar dependíamos de fato de ter material físico, e acima de tudo, presença das pessoas! E qual não foi minha surpresa após mais de 10 anos pode jogar novamente uma mesa presencial, com pessoas que até então nunca antes tinha visto na minha vida?

Narrar uma mesa no estande da Jambô no DOFF foi algo simplesmente surreal! E mais ainda considerando que a mesa que tive o grande privilégio de narrar era bem inclusiva em vários sentidos! Foram apenas quatro pessoas jogando, mas esse pequeno núcleo representou muita coisa importante pra mim (e para outras pessoas também, certamente).

Mas claro que não somente o RPG é importante! Fui muito bacana conhecer uma caralhada de novos jogos de mesa, e alguns com propostas muito inventivas e inovadoras, além é claro de ver vários clássicos ganhando novas roupagens ou novas formas de jogar!

Offline x Online

Claro que existem inúmeras formas de se divertir tanto online quanto offline, e há sim muitas diferenças entre um e outro. Longe de mim querer definir o que é bom ou ruim, qual é melhor ou pior, poque isso de fato vai muito da sua subjetividade ao se divertir com a proposta que se segue!

Seja você uma pessoa mais online ou offline, ou ainda uma pessoa que consegue de fato se divertir com ambos s aspectos, o que importa é justamente não deixar a diversão acabar!

Por mais legal que seja poder se comunicar e se divertir com qualquer pessoa no mundo de forma online, é muito legal também poder tirar um tempinho para se encontrar de forma real com as pessoas, participar de eventos, interagir e dinamizar!

Enquanto seres humanos, somos criaturas extremamente sociais, e que dependemos muito dessas interações sociais para nos construirmos e nos moldarmos, absorver e passar experiências e muito mais!

Seja online, offline, ou até mesmo de forma solitária (não vamos deixar os livros-jogos de fora dessa, né?) o importante é se divertir e nunca deixar essa diversão morrer!

 

Mas não deixe de continuar acompanhando aqui o MRPG! Afinal de contas eu não parei aqui, e tem muita coisa bacana ainda esse ano por vir! Teremos Mar de Mortos em sua terceira temporada, juntamente com Sombras do Passado, nossa mesa de Império de Jade com Marcela Alban e Bernardo Stamato! Tem os textos da Liga das Trevas, os materiais da Teikoku Toshokan, os perigos da Área de Tormenta e muito mais!

Então é isso aí, conto com você em 2023, para que seja um ano cheio de começos e recomeços par todos nós!

 

Atividade Paranormal (A Saga) – Quimera de Aventuras

Atividade Paranormal é uma franquia de filmes que chegou aos cinemas em 2007, e de lá pra cá vem cativando ódios e amores a cada lançamento!

Mantendo sua proposta original de orçamento baixo e estilo “found footage” de filmografia, essa franquia na verdade esconde muitas pérolas inestimáveis e que rendem ótimos ganchos para RPGs de horror, terror ou com ares sobrenaturais!

Atividade Paranormal – A Franquia

Criado por Oren Peli, Atividade Paranormal chegou aos cinemas em 2007 contando a história do casal Micah e Kate, atormentados por um demônio, e que acompanham todo o processo através de câmeras e sistemas de segurança. O filme foi um enorme sucesso, e um marco no gênero found footage, que já havia largamente ganhado espaço com A Bruxa de Blair anos antes, mas carecia de uma nova obra.

Claro que tanto sucesso fez o dinheiro chegar, e dinheiro chegando faz os estúdios querem cada vez mais obras nesse sentido, e assim Atividade Paranormal se tornou uma das mais famosas (não necessariamente melhores) franquias de terror do cinema. No total a franquia conta hoje com 7 filmes sequenciais e mais um spin-off, o Atividade Paranormal: Tóquio.

Atividade Paranormal – Sinopses

Atividade Paranormal (2007) – Micah e Kate começam a gravar seu cotidiano em busca de respostas sobre um mal que os assombra, descobrindo posteriormente se tratar de uma entidade demoníaca no encalço de Kate.

Atividade Paranormal 2 (2010) – Kristi, a irmã de Kate, possui uma família linda e tudo ia muito bem, até que, bem próximo às datas dos eventos do primeiro filme, a família de Kristi também começa a ser importunada por uma entidade demoníaca, que parece estar atrás do filhe de Kristi, o Hunter.

Atividade Paranormal: Tóquio (2010) – Haruka Yamano volta de um período de férias nos Estados Unidos (onde fez amizade com Kate) após um acidente de carro que lhe quebrou ambas as pernas. Morando com seu irmão mais novo Koichi, ambos começam a ser atormentados por uma estranha presença maligna.

Atividade Paranormal 3 (2011) – Indo até o passado dessa vez, acompanhamos a história das irmãs Kate e Kristi quando ainda crianças, e descobrimos que nessa época era Kristi quem era assediada por um demônio, que as crianças chamam de Tobby.

Atividade Paranormal 4 (2012) – 5 anos se passaram desde a morte de Micah, Kristi e sua família, e do desaparecimento de Hunter e Kate, que agora vivem em um subúrbio ao lado de uma outra família, que passa a ser importunada pelo amigo imaginário de Hunter, o Tobby.

Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal (2013) – Jesse é um jovem estudante latino residente nos Estados Unidos, que acaba de se formar e completar 18 anos. Com isso, estranhos fenômenos começam a ocorrer com ele, que acaba descobrindo ser um dos Marcados pela Ordem das Parteiras para atuar como um de seus soldados na guerra que está por vir.

Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma (2015) – Uma família se muda para uma nova casa, onde descobrem uma série de fitas antigas de Kate e Kristi, ao mesmo tempo que sua filha começa a fazer amizade com Tobby. Encontrando uma misteriosa câmera capaz de filmar espíritos, a família busca desesperadamente uma forma de salvar sua filha.

Atividade Paranormal: Ente Próximo (2023) – Um documentarista acompanha a jovem Margot até uma comunidade Amish na esperança de conseguir informações sobre a família dela. Após uma série de acontecimentos estranhos, ela logo percebe que este povo isolado pode estar escondendo algo sinistro.

Minha Opinião Pessoal (contém spoilers)

Eu, particularmente, sou grande entusiasta do cinema de terror, horror e das trasheiras que acabam saindo disso. Eu realmente me divirto muito mais com bagaceiras de baixo orçamento que com as grandes mega-produções bilionárias e toladas dos efeitos. Então sim, me divirto, e muito, com essa saga.

Atividade Paranormal passa muito longe de ser uma boa franquia, e perde sua essência muito facilmente. É mais fácil olhar para a franquia como uma “imensa série de episódios gigantes” (como se cada filme equivalesse a um mega episódio de GoT por exemplo) ao invés de uma franquia de filmes, porque eles nao funcionam muito bem isoladamente.

O mistério levantado na franquia, como a origem de Tobby (e que tipo de demônio ele realmente é), a Ordem das Parteiras, seus membros, a questão das viagens no tempo e dimensionais e muito mais, parecem estar ali mal explicadas propositalmente para nos levar a imaginar e completar o resto com nossas imaginações.

Claro que pra nós, entusiastas do RPG, isso é um prato cheio e um convite a irmos além, expandir o universo criado, os conceitos estabelecidos e desenvolver mais histórias nesse universo misterioso! Porém, apara quem busca uma experiência mais pipoquinha e quer apenas ver uma boa história e tomar alguns bons sustos, pode acabar se decepcionando um pouco.

Mas realmente recomendo a dar uma chance para a franquia. Se não para todos os filmes, pelo menos para o primeiro e os três últimos, que mudam um pouco a fórmula e trazem alguma novidade interessante ao gênero.

Quimera de Aventuras

Nesta sessão a franquia entra na Quimera e colocamos algumas ideias de uso para aventuras de RPG.

Entretanto fique ciente que para isto, teremos que dar alguns spoilers da obra. Leia por sua conta em risco.

Atividades Paranormais

Uma história básica de assombração e terror: uma entidade demoníaca ou fantasma assombra uma das pessoas da mesa, ou à mesa toda, ou o local onde a história da mesa se passa. Por se tratarem de pessoas comuns (ou investigadores do oculto), o perigo é ainda maior: como lidar com uma ameaça que não se pode ver? Como juntar provas para conseguir ajuda? E que tipo de ajuda pode vir a ser útil nesse caso?

As Parteiras

Uma antiga ordem demonologista de antes da idade média, conhecida como As Parteiras, tem a missão de dar vida e corpo físico a demônios e entidades do inferno. Para tanto, essa ordem se mistura na sociedade tradicional, e age raptando crianças, matando famílias, corrompendo boas pessoas e muito mais. A mesa pode tanto ser parte da ordem, como vitimas dela.

Marcados Pelo Demônio

Ao atingir a idade de 18 anos (6+6+6) a pessoa passa a desenvolver algumas habilidades sobre-humanas, e ter algumas percepções extra-sensoriais. Quanto mais faz uso desses poderes, mais ligada ao demônio a pessoa vai se tornando, até o ponto em que passa a pertencer totalmente ao inferno e perde o controle sobre seu corpo e sua alma. Como ajudar a resgatar essa pessoa? Ou como sobreviver à ela após ela se tornar completamente corrompida?

Dimensão Paranormal

É estabelecido que, entre dois pontos corrompidos, é possível realizar uma viagem dimensional ou tempora através dos rituais corretos. Esses rituais são complexos, levam algum tempo, e só podem ser feitos entre pontos fixos do tempo ou do espaço. Isso pode afetar diretamente a mesa como sendo vítimas do ritual, ou tendo de explorar essas brechas para lutar por suas vidas.

Passado Sombrio

Uma ou mais das pessoas da mesa não faz ideia de sua origem correta, sendo uam criança adotada. Agora, já mais velha, essa pessoa recebe indícios de qual pode ter sido sua verdadeira origem, e parte em viagem em busca de respostas. Entretanto, as respostas encontradas podem ser mortais!

Nesta sessão a franquia entra na Quimera e colocamos algumas ideias de uso para aventuras de RPG.

Entretanto fique ciente que para isto, teremos que dar alguns spoilers da obra. Leia por sua conta em risco.


É isso, espero que vocês tenham gostado e que tenham ficado interessados pela HQ. Olá, garoto do espaço! é uma das obras de quadrinhos mais significativas e inclusivas que já tive o prazer de ler! Continue acompanhando a Quimera de Aventuras para não perder as próximas!


Texto: Eduardo Filhote

Capa: Juaum ArtWork

Existe RPG Ruim de Fato? – Off-Topic #43

Saudações, Rpgistas! Hoje me deparei com um questionamento que me fez deveras pensativo, lá no grupo Taverna do Anão Tagarela, do WhatsApp: será que existe RPG ruim de fato? Claro que a questão em sí não foi essa, mas o questionamento que me gerou sim!

O Contexto

Primeiramente, vamos ao contexto das coisas. O grupo Taverna do Anão Tagarela é um grupo aberto do MRPG no WhatsApp, e lá estão tanto as pessoas que fazem parte da equipe, quanto pessoas que apenas consomem e até pessoas que trabalham em editoras e produzem material relacionado à RPG.

Por ser um grupo tão aberto e plural, é óbvio que apareçam os mais diversos e variados assuntos, bem como as mais diversas e variadas opiniões sobre tudo, principalmente RPG. E eis que, hoje, ao acordar e dar uma “sapiada” pelo grupo, vejo a seguinte mensagem: “Fico impressionado que vcs estão valorizando os produtos ruins da Jambô e dando nenhuma atenção aos jogos da Geen Ronin como o GOT RPG e o Dragon Age.” (a mensagem está tal qual no grupo).

Essa afirmação me fez pensar. E pensar muito, diga-se de passagem. Afinal, o que significa um “material ruim” em se tratando de RPG? E esse material, para ser afirmado como ruim, é ruim para quem? Baseado em quê? Comparado com quais parâmetros?

E indo mais fundo nas reflexões, me via perguntando, de fato: “com tantas variáveis a se considerar, será que existe de fato um RPG ruim?”. E aí, então, resolvi trazer esse debate aqui para conversarmos sobre isso!

O Bom e o Ruim

Acho que o primeiro debate significativo quanto a esse tema, seja, sem dúvidas, a questão sobre o que é bom ou ruim. Assim como existem vários tipos de players (advogado de regras, ator de teatro, estrategista, combeiro…) existem também inúmeras variáveis quanto à RPGs à disposição no mercado.

Temas, mecânicas, propostas, tamanhos, origens, preços… são tantas variáveis a se considerar, e para uma pluralidade tão grande de público, que de fato, pra mim, é impossível definir um padrão geral de qualidade para afirmar ser bom ou ruim. Nem mesmo o fator diversão eu posso usar, pois o que não é divertido pra mim pode ser o ápice da diversão pra toda uma turma em algum lugar por aí!

Diante desse ponto, não vejo a necessidade de debatermos muito o “bom” ou o “ruim” num jogo de RPG, porque estaríamos lidando com a subjetividade da situação, e não com a questão em si.

Questão de Gosto

Partindo desse pressuposto, tudo se torna então questão de gosto. Há quem goste de um lado, quem goste de outro, mesmo quem goste de todos e quem nem goste de RPG na verdade.

Um grande problema que enfrentamos, e isso desde os primórdios do RPG e praticamente em qualquer hobbie que possamos pensar, é a na incapacidade de aceitar que o coleguinha pode gostar e, pasmem, se divertir com algo que não gostamos.

Seja música, livro, quadrinho, game, whatever! Sempre temos a inclinação a não aceitar que algo que não gostamos seja agradável a outras pessoas. E vide que a frase gatilho disso diz muito mesmo sobre isso! Afinal é até “complicado de entender” que algo que a pessoa não gosta simplesmente tenha espaço, e mais ainda, pessoas que realmente gostem!

Se tratando de gosto, não é justo condenar um sistema, jogo ou cenário por conta da régua do seu umbigo que te impede de aceitar que outras pessoas possam se divertir, né?

Não Somos Obrigados

A grande verdade nesse assunto, e o ponto que quero chegar é: ninguém é obrigado a nada! Nem mesmo a jogar ipsi literis como o jogo sugere que seja. Você é livre para investir no que quiser, consumir o que quiser, e mais, consumir e jogar da forma que quiser!

O que você, rpgista, precisa entender, absorver e colocar em prática é que: a régua do seu umbigo não determina nada para outras pessoas! Se você não gosta de um sistema, editora, jogo, empresa, autor, escritor, site ou o que for, simplesmente ignore e foque naquilo que gosta!

Em vez de gastar tempo falando mal e destilando ódio sobre o que não gosta, vá lá produzir sobre o que gosta, falar bem, buscar novo conteúdo e tudo mais!

Existe muito mercado, muito material, e infinitas possibilidades para se divertir e ficar feliz! Não precisa ir justamente criticar ou boicotar a diversão dos coleguinhas!

Mas não deixe de continuar acompanhando aqui o MRPG! Afinal de contas eu não parei aqui, e tem muita coisa bacana ainda esse ano por vir! Teremos Mar de Mortos em sua terceira temporada, juntamente com Sombras do Passado, nossa mesa de Império de Jade com Marcela Alban e Bernardo Stamato! Tem os textos da Liga das Trevas, os materiais da Teikoku Toshokan, os perigos da Área de Tormenta e muito mais!

Então é isso aí, conto com você em 2023, para que seja um ano cheio de começos e recomeços par todos nós!

 

As Três Sepulturas – Quimera de Aventuras

As Três Sepulturas, da Jambô Editora, é um quadrinho inspirado em obras internacionais, mas com o puro DNA brasileiro em suas páginas!

Já conhece essa obra? Já ouviu falar? Quer saber o que ela poderia ter em comum com o RPG? Então bora para a Quimera de Aventuras para falar sobre essa obra!

As Três Sepulturas

Escrita por Fábio Yabu e contando com os desenhos de Fred Rubim, As Três Sepulturas é uma obra original brasileira, publicada e distribuída pela Jambô Editora, e inspirada nas obras escrito H. P. Lovecraft.
A obra se inspira, principalmente, nas histórias A tumba (1917), O Depoimento de Randolph Carter (1919) e O Cão de Caça (1922). Mas além disso, há também muita inspiração da obra Contra Cthulhu escrita por Leonel Caldela e incorporada ap Nerdcast RPG.

A HQ tem 110 páginas, prefácio de Fábio Yabu, colorida.

Sinopse

Simon Porter é um Detetive da Polícia de Kingsport. É um homem durão, truculento, de maus hábitos e algumas atitudes condenáveis. A situação pra ele complica quando um misterioso caso envolvendo um ladrão de túmulos o faz recorrer à ajuda de Wolfgang Hunter, um consultor independente da polícia que é um exímio detetive.

Juntos, a dupla começa a investigar o crime, o que os leva a uma misteriosa e intrincada trama que envolve um misterioso grupo de cultistas e até mesmo antigos rituais sobrenaturais!

Os Autores

Fred Rubim é quadrinista, ilustrador e designer gráfico formado pela Universidade Federal de Santa Maria. Rubim foi vencedor do Troféu HQ Mix em 2021 pela obra A Todo Vapor!. Entre seus rabalhos estão os álbuns em quadrinhos Os Sussurros do Caos Rastejante, Coração do Cão Negro, O Matrimônio do Céu & Inferno, Le Chevalier e O Horror de Dunwich.

Fábio Yabu foi quatro vezes vencedor do Troféu HQ Mix. Começou sua carreira em 1997, com a criação de Combo Rangers. Um dos primeiros quadrinhos on-line do mundo, o título marcou uma geração e é publicado até hoje. Em 2020, escreveu o quadrinho O Fantástico Jaspion, continuação do sucesso da TV dos anos 80, que se tornou best-seller nacional. Na literatura, escreveu sucessos como A Última Princesa, O Livro dos Vilões, Independência ou Mortos e Branca dos Mortos e os Sete Zumbis. Pela Jambô/Nerdbooks, lançou a adaptação em HQ do NerdcastRPG Cthulhu: Os Sussurros do Caos Rastejante.

 

Minha Opinião Pessoal (contém spoilers)

Eu não sou um fã de Lovecraft. Na verdade, quanto mais conheci sobre o autor, mais comecei a pegar ranço dele. Mas me encontro muito nas palavras do Leonel Caldela quando o assunto é esse:

“Lovecraft era um *** dum racista de ***. Xenófobo. Nunca conheceu nada além de sua cidade natal, carregava suas histórias com esteriótipos e preconceitos contra negros e imigrantes. Eu não o teria como amigo. Definitivamente não o tenho como um escritor favorito. Mas o fato é que Lovecraft criou algo importante, inspirou outros autores como Neil Gaiman, Stephen King, diretores como Guilhermo Del Toro e, claro, o Nerdcast RPG. Eu acho que a nossa função como escritores é nos apropriarmos de sua obra e torná-la maior, mais inclusiva, mais reflexiva, sem jamais repetir seus estereótipos.”

Essa fala resume muito a minha opinião sobre Lovecraft, o que faz com que essa obra seja ainda mais peculiar!

Cada quadro, cada diálogo, cada elemento estrategicamente inserido nas páginas, nos conduz a um caminho que é difícil ignorar ou deixar de lado: o caminho da curiosidade! Queria de fato saber pra onde a história ia, o que aconteceria com os personagens e o que de fato estava acontecendo no lugar!

O roteiro de Fábio Yabu é genial, brilhante e um prato cheio de referências e easter-eggs para os “caçadores de piolhos” de plantão! Já as artes do Fred Rubim, num primeiro momento, me pareceram preguiçosas e vazias, com aquele constante tom de cinza e sombras em um cenário minimalista e de poucos detalhes, mas essa impressão se foi com menos de 10 páginas, e a arte passou não apenas a ser agradável, como essencial para o desembolar da história!

E acredito que seja essa junção de roteiro e arte que faça uma obra tão genial, e fico muito feliz de ver que o resultado da dupla brasileira em muito excede a qualidade do material criado pelo autor que os inspirou!

Quimera de Aventuras

Nesta sessão a HQ entra na Quimera e colocamos algumas ideias de uso para aventuras de RPG.

Entretanto fique ciente que para isto, teremos que dar alguns spoilers da obra. Leia por sua conta em risco.

Contos do Ladrão de Corpos

Uma misteriosa onda de crimes envolvendo o roubo de corpos começa a assolar a região. Os criminosos passam de cidade em cidade roubando túmulos e algumas vezes até mesmo os cadáveres.

A mesa pode estar do lado da gangue dos ladrões de corpos, ou do lado dos investigadores. Ou mesmo uma montagem do estilo “gato e rato” com parte da mesa sendo da gangue e parte sendo investigadores.

O motivo dos roubos dos corpos está relacionado a um misterioso culto de objetivos desconhecidos pela mesa.

O Cão do Inferno

Inúmeros cadáveres começam a aparecer pela cidade. Todas as investigações e pistas encontradas até agora indicam a presença de algum tipo de animal, porém a ciência não tem catalogado nenhuma espécie de animal capaz de cometer tais crimes.

Jogando como possíveis vítimas ou investigadores, a mesa precisa investigar a origem dos ataques, qual a criatura os comete e suas motivações.

A criatura é um ser inominável que na melhor das descrições poderia caber como um “cão alado do inferno”.

O Culto aos Antigos

Uma secreta ordem de cultistas em busca dos Deuses Antigos está praticando uma série de crimes para cumprir um ritual.

Furtos, assassinatos, roubos de corpos, manipulação de notícias, sequestros… a lista de crimes é incrível, e o tamanho de seu alcance é surreal.

De alguma forma, a mesa se vê envolvida com os cultistas (como vítimas, membros ou parte da investigação) e precisa não apenas sobreviver, como impedir seu ritual.

O ritual dos cultistas tem como objetivo abrir uma passagem entre nosso mundo e o outro que permita a chegada dos Antigos ao nosso mundo.


É isso, espero que vocês tenham gostado e que tenham ficado interessados pela HQ. Olá, garoto do espaço! é uma das obras de quadrinhos mais significativas e inclusivas que já tive o prazer de ler! Continue acompanhando a Quimera de Aventuras para não perder as próximas!


Texto: Eduardo Filhote

Capa: Juaum ArtWork

Bleeding, RPG e a Moralidade – Off-Topic #40

Saudações, Rpgista do meu kokorô! Aqui nessa coluna já falamos sobre Bleeding, sobre o RPG como ferramenta em várias instâncias, e até mesmo em algumas formas como o RPG pode ir além de seus elementos de jogo para lidar com temas como preconceito, inclusão, diversidade, política e muito mais. Porém, contudo, entretanto e toda via, chegou a hora de falarmos um pouco sobre o RPG e a moralidade!

Moral e Moralidade

Muitas vezes ao falarmos sobre Moral, acabamos nos confundindo um pouco com a moralidade. Embora as duas sejam muito parecidas, ainda sim possuem diferenças o suficiente para serem duas coisas bem distintas.

A moral é geralmente usada para se referir a um conjunto de regras ou princípios que orientam o comportamento humano em relação ao que é considerado certo ou errado, bom ou mau, justo ou injusto. É muito utilizada e aplicada a uma ação específica, a um indivíduo ou a uma sociedade em geral. Por exemplo, “é imoral roubar”.

Já a moralidade é um termo mais amplo que se refere ao conjunto de valores, princípios e normas que guiam o comportamento humano em relação ao que é considerado correto ou incorreto, bom ou mau, justo ou injusto. A moralidade pode ser considerada como um sistema completo de crenças e valores que influenciam as escolhas e ações das pessoas em suas interações com outras pessoas e com o mundo em geral.

Em resumo, a moralidade é um conceito mais amplo e abrangente que engloba a moral, que é mais específica e se concentra nas regras ou princípios que orientam o comportamento humano.

Portanto, discutimos o “moral” numa menor escala ou aplicação, enquanto “moralidade” se refere a uma macro esfera ou amplo aspecto. Nesse caso, quando discutimos o RPG, podemos ter uma melhor argumentação quanto a Moralidade que a Moral!

RPG e a Moralidade

Não podemos deixar de relacionar o RPG como um jogo, visto que o próprio nome o chama de jogo. Seja de tabuleiro, de mesa, de interpretação ou eletrônico de video-games, os jogos voltaram (infelizmente) à falsa relação com crimes hediondos, comportamentos violentos e influencias negativas aos comportamentos humanos.

O grande ponto é: sabemos que o RPG ou qualquer outra espécie de jogo, por si só, é incapaz em sua natureza de moldar ou transformar o caráter ou a vida de alguém. O conjunto de fatores e pontos para que uma mudança psicossocial possa ocorrer é muito maior que “o jogo me fez fazer isso” ou “o jogo me deixou assim”. Esse argumento é simplesmente inválido.

Mas fica o questionamento: será que os jogos podem estar 0% relacionados a qualquer ocorrência dessas também? E fica aqui a reflexão do ponto de vista já dito acima: nenhuma espécie de jogo é responsável por mudar o comportamento ou pensamento de alguém por si só.

Sabemos que as doenças psicológicas e psíquicas existem, estão entre nós, e muitas vezes são quase não inidentificáveis. E mesmo muitas daquelas identificáveis em nada mudam a vida das pessoas (principalmente para as tornar psicopatas). Mas e casos mais graves?

Será que uma pessoa com pré-disposição à ser influenciada (ou que tenha problemas em lidar com a realidade e suas alucinações) estaria livre dos efeitos de Bleeding que existem no RPG? Sim, devemos levar em consideração que interpretar personagens (e interagir com a interpretação de outras pessoas) pode ser um tanto confuso para pessoas psicologicamente mais suscetíveis à influências ou com dificuldades de discernir o real e o imaginário.

Claro, isso é um caso específico, e somente ocorre com pessoas que já tenham essa pré-disposição (e aí até mesmo um desenho educativo pode ser uma influência torta às vezes).

Mas… de quem é a culpa?

Nesses casos, é complexo dizer. Mas certamente não é dos jogos, e nem do RPG isoladamente. Uma série de fatores devem se acumular com o tempo para que a pessoa chegue ao ponto de explodir.

Na grande maioria dos casos em que as pessoas tomam atitudes violentas e extremas mudando drasticamente de comportamento para isso, tem como base uma vida calcada em bullying, abandono, sofrimento psicológico e traumas não resolvidos.

Todos esses fatores tornam a pessoa altamente influenciável e com dificuldades de lidar com a realidade tal qual é, e a realidade que gostaria de enxergar.

O que podemos fazer, enquanto entusiastas, amantes do hobbie, pessoas que jogam ou que produzem e trabalham com RPG, é novamente fazer o trabalho de explanação, educação e desmistificação das falácias sobre isso, e ficarmos de olho para enxergarmos possíveis sinais! Claro, fazendo também nossas partes para acabar com o bullying e preconceitos que já nem deveriam existir mais.


Mas não deixe de continuar acompanhando aqui o MRPG! Afinal de contas eu não parei aqui, e tem muita coisa bacana ainda esse por vir! Teremos Mar de Mortos em sua terceira temporada, juntamente com Sombras do Passado, nossa mesa de Império de Jade com Marcela Alban e Bernardo Stamato! Tem os textos da Liga das Trevas, os materiais da Teikoku Toshokan, os perigos da Área de Tormenta e muito mais!

Então é isso aí, conto com você em 2023, para que seja um ano cheio de começos e recomeços par todos nós!

Maturidade Significa Sabedoria? – Off-Topic #41

Saudações, Rpgista! Você acha que a maturidade e o acúmulo de anos vividos na Terra torna uma pessoa mais sábia? É possível mensurar a sabedoria de alguém baseado em quanta idade uma pessoa tem? E se colocarmos isso dentro dos jogos e mesas, quer dizer que quanto mais “tempo jogando”, mais sábia é aquela pessoa no sistema? Boa papear um pouquinho sobre isso?

O Que é Sabedoria?

Conhecer muito não significa ter Sabedoria

A Sabedoria é comumente aceita como o acúmulo de conhecimento aplicado de forma prática à existência de uma pessoa, por assim dizer. Mais que simplesmente saber, a sabedoria consiste em ser capaz de entender e aplicar esse conhecimento de forma útil, prática, significativa e funcional.

 

Por exemplo, conhecer leis não torna uma pessoa que segue e faz uso das leis, porém uma pessoa com sabedoria sobre leis consegue não apenas viver de forma a não infringi-las,

como também consegue fazer uso e aplicação das mesmas para que não seja enganada ou trapaceada.

 

Claro que tempo de vida fornece maior possibilidade de acúmulo de conhecimentos, o que gera Inteligência. Mas converter essa inteligência em sabedoria requer um pouco mais de dedicação, esforço e trabalho.

E A Maturidade?

Mesmo os magos mais sábios, ainda buscam por mais sabedoria

Maturidade é a nossa capacidade de conseguirmos, por nós mesmos, aplicar conhecimentos, sabedorias, inteligências e muito mais para lidar com as questões de inúmeras esferas diferentes.

Com muita frequência dizemos que crianças são imaturas por não serem capazes de aceitar ou compreender determinadas situações, e agindo de forma enérgica e com revolta na tentativa de conseguir o que se deseja (e convenhamos, parece muito a atitude de boa parte da galera velha por aí, ne?).

Maturidade está muito atrelado à Sabedoria, mas está muito distante do acúmulo de idade, novamente. Maturidade não tem relação com quantos anos ou tempo de vida temos, visto que há crianças muito maduras e idosos muito imaturos.

Mas… E O RPG?

Bom, esqueça o D2o System e os atributos de Inteligência e Sabedoria (embora sejam um claro exemplo da diferença que ambos possam ter) e vamos falar sobre conduta e comportamento.

Uma pessoa verdadeiramente madura no cenário rpgístico não necessariamente significa que começou a jogar desde antes da sigla se tornar famosa. E uma pessoa sábia tem zero relação com aquela que leu praticamente todos os livros já escritos (mesmo que por vias mais turvas).

A maturidade de uma pessoa rpgista, pelo menos na minha opinião, consiste mais em como ela se porta com pessoas que estão chegando agora ao ramo, pessoas que sejam neuro-atípicas com interesse em jogar, pessoas que só querem jogar de forma ocasional, ou mesmo pessoas de “minorias” como mulheres e LGBTQIAP+.

Sabedoria pra mim já vem quando a pessoa é capaz de fazer uso de tudo que aprendeu com o RPG, seja jogando ou narrando, para fazer algo de útil e produtivo em sua vida. Claro, um ótimo exemplo são as pessoas que se dedicam a escrever, desenhar, gravar, editar e muito mais qualquer material de RPG (porque, afinal de contas, não deixa de ser um produto de mercado). Mas é igualmente válido para pessoas que simplesmente fazem uso disso para melhorarem em suas relações interpessoais, trabalhistas, pessoais e muito mais.

RPG está muito atrelado à arte (literatura, pintura, dramaturgia…) e a arte está muito ligada à tudo que existe no mundo, em suas mais variadas esferas, e de formas muito diferentes!

E O Que Eu Aprendi?

Bom, posso dizer que o RPG me ajudou muito nesses pontos, tanto para amadurecer como pessoa, como aprimorar e converter conhecimento em sabedoria.

Seja me aprofundando em temas como o Bleeding, suas repercussões e influências tanto dentro quanto fora do jogo (que diga-se de passagem rendeu até uma participação em forma de palestra para a RPGCON desse ano) ou mesmo simplesmente me permitindo ter contato com pessoas e quebrando alguns estigmas sociais.

O RPG também me ajudou a me tornar mais comprometido, dedicado, focado e até mesmo criativo!

Claro, quem me conhece um pouco mais profundamente, sabe que também foi uma ajuda imensurável em lidar com as questões referentes à depressão e ansiedade!

Claro, isso não significa que eu seja (ou me considere) sábio ou maduro, ou mesmo mais sábio ou maduro que você que está lendo! A grande questão é que parte do processo do amadurecimento e da sabedoria consiste justamente em reconhecer que a jornada precisa ser percorrida, que é necessário vivenciar a experiência, e aceitar com humildade toda a contribuição que cada pessoa com a qual cruzarmos caminho pode nos ajudar!


Mas não deixe de continuar acompanhando aqui o MRPG! Afinal de contas eu não parei aqui, e tem muita coisa bacana ainda esse por vir! Teremos Mar de Mortos em sua terceira temporada, juntamente com Sombras do Passado, nossa mesa de Império de Jade com Marcela Alban e Bernardo Stamato! Tem os textos da Liga das Trevas, os materiais da Teikoku Toshokan, os perigos da Área de Tormenta e muito mais!

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Olá, garoto do espaço! – Quimera de Aventuras

Olá, garoto do espaço! é uma HQ fantástica do Estúdio MPUP, que eu tive o grande prazer de conhecer no evento Nerd Experience que rolou agora em Março aqui em Belo Horizonte! Gostei tanto que não poderia deixar de trazer essa obra prima pra vocês!

Olá, garoto do espaço! 

Cláudio é um jovem garoto de algum lugar do interior do Brasil. Certo dia, quando voltava para casa, ouve um estranho barulho com um clarão, e resolve investigar. É quando encontra então um misterioso garoto vindo do espaço.

Esse misterioso garoto cria um forte vínculo com Cláudio, e juntos ambos aprendem sobre amizade, amor, família e como a felicidade pode estar em pequenos detalhes.

Estúdio MPUP

“Meu Pequeno Universo Particular” ou MPUP é o nome da editora responsável por Olá, garoto do espaço!, que lançou o quadrinho no selo Boy’s Love em volume único. O MPUP é um estúdio de artes e quadrinhos LGBTQIA+ , celebrando a diversidade.

Os desenhos são de André Inácio, com roteiro de Perséfone Tenou.

Minha Opinião Pessoal (contém spoilers)

Olá, garoto do espaço! é aquele tipo de obra totalmente fora da curva!

Com uma arte lindíssima do André Inácio, e um roteiro tão fofo da Perséfone Tenou, a obra é um convite às boas memórias da infância, aos tempos mágicos das descobertas e novidades, e acima de tudo, àquela época de nossas vidas onde o surreal é parte do cotidiano imaginário e fértil da infância.

Cláudio é um garoto comum, como quase todo garoto dessa idade. Tem um relacionamento complicado com sua madrasta (explicado na HQ) e desenvolve com o garoto do espaço uma amizade tão singela que culmina no despertar do amor e da primeira paixão.

As aventuras dos dois garotos, mesmo que curta, lembra muito a minha infância, sempre tentando estar perto dos amigos nas férias, e tentando entender aquele turbilhão de sentimentos que repentinamente se despertavam.

E particularmente não gostei tanto da conclusão da história, embora entenda 100% a intenção da proposta, e de fato é o que “acontece” nas nossas vidas (principalmente aqueles crushs ainda dentro do armário). Mas a obra é incrível, fantástica, e acima de tudo, muito necessária nos tempos contemporâneos.

Quimera de Aventuras

Nesta sessão a HQ entra na Quimera e colocamos algumas ideias de uso para aventuras de RPG.

Entretanto fique ciente que para isto, teremos que dar alguns spoilers da obra. Leia por sua conta em risco.

O garoto do espaço

Um misterioso garoto chega do espaço na Terra, e precisa encontrar uma maneira de voltar para casa. Os reparos de sua nave podem ser feitos com materiais comuns da Terra, e levaria alguns dias de trabalho para a conclusão.

Nesse meio tempo, a mesa precisa ajudar o garoto do espaço a recuperar sua nave para poder voltar pra casa, ao mesmo tempo que ajudam o garoto a entender o novo mundo em que se encontra.

Empatia Elevada

Uma característica muito especial do garoto do espaço é sua conexão empática com as pessoas, e sua capacidade de manipular lembranças e ler seus sentimentos.

Com essas habilidades ao seu lado, a mesa precisa aprender a lidar com os conflitos de seus personagens, ao mesmo tempo que precisam aprender a lidar com os sentimentos e emoções de outras pessoas ao seu redor.

Explorando uma temática mais social e interpretativa, o foco aqui seria o aprofundamento em relação aos sentimentos e como a mesa lida com isso.

A Descoberta do Amor

O amor começa a aflorar em um (ou mais) dos personagens da mesa. Como lidar com esses sentimentos? Como entender o que se passa?

Esse tipo de narrativa também tem um foco maior em interpretação e Bleeding, sendo uma boa ponte para abordar relacionamentos interpessoais, familiares e amorosos. Muito válido também para explorar e entender dramas LGBTQIA+ que possam surgir na mesa.


É isso, espero que vocês tenham gostado e que tenham ficado interessados pela HQ. Olá, garoto do espaço! é uma das obras de quadrinhos mais significativas e inclusivas que já tive o prazer de ler! Continue acompanhando a Quimera de Aventuras para não perder as próximas!


Texto: Eduardo Filhote

Capa: Juaum ArtWork

A Experiência de se Surpreender – Off-Topic #40

Saudações, Rpgista! Você já se surpreendeu com alguma novidade, personagem, sistema inesperado, resultado dos dados ou qualquer coisa envolvendo RPG? Ou talvez na sua própria vida particular? Como foi essa experiência de se permitir ter a surpresa do inesperado? Bora bater um papo sobre isso!

O Que Significa se Supreender?

Nem toda supresa é positiva…

Surpreender-se significa ser pego de surpresa por experiências, situações ou eventos que você são esperados ou antecipados. É quando algo inesperado, talvez até mesmo extraordinário, acontece e você é levado por uma emoção de choque, admiração ou fascínio.

Isso acontece nas mais variadas áreas da nossa existência, como na carreira, nas relações pessoais, na saúde, na vida familiar, e até mesmo nas nossas mesas de RPG. Receber uma promoção no trabalho ou uma oportunidade inesperada, conhecer alguém que se torna uma grande amizade ou encontrar um amor verdadeiro quando menos se espera, superar uma doença ou desafio físico, um bom filme, série ou anime/desenho, podem ser formas de surpreender-se com a vida.

Às vezes, as surpresas podem não ser positivas, e podem incluir eventos trágicos, como perder um pessoa querida ou enfrentar uma grande adversidade. No entanto, mesmo nessas situações, a surpresa pode trazer uma nova perspectiva sobre a vida e sobre como vemos a nós mesmos, levando a um crescimento pessoal e uma maior apreciação pelas coisas boas que ainda existem.

Surpreender-se significa estar aberto a novas experiências e possibilidades, ter a capacidade de encontrar beleza e significado nas surpresas que a vida nos traz, sejam elas positivas ou negativas. É uma forma de abraçar a vida de forma mais plena e com maior gratidão.

E Sobre RPGs?

Se surpreender com RPG é quase uma obrigação!

Os RPGs têm a capacidade de surpreender e cativar de maneiras inesperadas (o que por si só já é surpreendente, né?). Isso acontece porque, ao contrário de outros gêneros de jogos, no RPG as pessoas são convidadas a se colocar no lugar de seus personagens e agir como eles, tomar decisões por eles e assim vai!

Essa imersão pode levar a experiências surpreendentes e emocionantes. À medida que as pessoas exploram um mundo imaginário, elas podem descobrir segredos ocultos, lutar contra inimigos poderosos, desvendar mistérios e até mesmo tomar decisões que afetam diretamente o enredo do jogo.

Uma das coisas mais surpreendentes sobre os jogos de RPG é a maneira como eles podem afetar emocionalmente as pessoas que o jogam (e sim, isso é muito positivo). À medida que as pessoas se envolvem com seus personagens e começam a se importar com eles, as escolhas que elas fazem podem se tornar significativas e pessoais. Quando um personagem favorito é morto ou uma escolha ruim tem consequências devastadoras, as pessoas podem sentir uma verdadeira tristeza e até mesmo arrependimento. Esse efeito, chamado de Bleeding, é um dos primeiros temas que eu abordei aqui no MRPG, lembra?

Outro aspecto surpreendente dos jogos de RPG é a forma como eles podem desafiar as expectativas de quem joga. Em um mundo onde muitos jogos seguem fórmulas previsíveis, os jogos de RPG podem oferecer enredos complexos e personagens multifacetados. À medida que as pessoas interagem com os personagens do jogo, podem ser surpreendidas por reviravoltas na trama ou por personagens que não são o que parecem.

Além disso, muitos jogos de RPG oferecem um alto grau de liberdade para quem joga, que podem escolher seu próprio caminho através do jogo e tomar decisões que afetam a história de maneiras imprevisíveis. Isso pode levar a múltiplos finais e uma sensação de que cada jogo é único.

Uma Experiência Pessoal

E claro, não poderia deixar de mencionar o quanto eu me surpreendi, e ainda me surpreendo, com o que acontece nas mesas (e bastidores) do MRPG! Sejam nas lives, nos personagens de quem joga, nas tramas bem amarradas e narradas ou até em experiências que, em todos esses anos jogando, nunca antes tinha vivido!

O RPG é um dos poucos gêneros de jogo que te permitem de fato se surpreender a cada dia, a cada novo jogo, a cada nova amizade e novos momentos compartilhados! São tantas experiências únicas e maravilhosas, que é difícil extrair apenas uma parte ou citar algumas e deixar outras tantas de fora!

Claro, houve também o que me surpreendeu de forma negativa e ruim, mas na soma total de tudo, posso afirmar que, em se tratando de RPG, pude me surpreender mais de forma positiva que negativa, e isso é um fato!

Mas e para você? O que te surpreende ou surpreendeu a ponto de marcar sua vida? Deixa aqui nos comentários, siga as outras colunas do MRPG e nunca deixe de se surpreender!


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Itens Mágicos em Tormenta20 e A Lenda de Ghanor RPG

Itens mágicos são uma das coisas mais icônicas do RPG, são almejados por jogadores, desde os iniciantes que querem um item poderoso em suas mãos, até os veteranos, que querem mais versatilidade em seus personagens. Há diversas abordagens diferentes aos itens mágicos, desde sistemas onde eles fazem coisas simples, como adicionar +1 em testes de ataque e rolagens de dano, até outros sistemas em que eles têm efeitos malucos, como uma bolsa em que cabem mais coisas do que você pode carregar normalmente.

Um diferencial dos itens mágicos de Tormenta20 em relação aos demais sistemas, é a dificuldade de se acessar esses itens, pelo menos em teoria. As regras de Tormenta20 estabelecem que tanto a manufatura quanto a posse de um item mágico seja algo que demanda bastante tempo e recurso dos jogadores.

Neste post, vou explicar quais são os tipos de Itens Mágicos em Tormenta20 e A Lenda de Ghanor RPG, como funcionam e dicas de como introduzi-los em suas campanhas.

O que são itens mágicos?

Apesar de Tormenta20 e A Lenda de Ghanor RPG serem jogos compatíveis e com regras muitos próximas um do outro, itens mágicos funcionam de maneiras próprias em cada um dos sistemas. Aqui irei focar apenas em itens mágicos permanentes, talvez futuramente eu aborde itens mágicos de uso único, como Poções e Pergaminhos, que funcionam de maneira igual nos dois jogos.

Em Tormenta20, os itens mágicos são um pouco mais comuns, e são divididos em dois tipos diferentes: itens encantados e itens específicos.

Itens encantados são itens mágicos sem nome próprio, muitas vezes personalizados, que são itens mundanos com características mágicas que adicionam bônus maiores que as modificações, que podemos abordar em um futuro próximo.

Um jogador poderia, por exemplo, fabricar uma Espada Longa magnífica veloz, que teria as mesmas características de uma espada longa comum, porém com um bônus de +4 em testes de ataque e rolagens de dano. Além disso, a arma concede ao portador o poder Ataque Extra, do Guerreiro, para ataques que a utilizem, permitindo que o jogador gaste 2 PM após uma ação agredir para fazer um ataque adicional com
ela (Ou 1 PM, caso o jogador já seja um Guerreiro que já tenha Ataque Extra).

Porém, a capacidade de se fabricar um item mágico é limitada à classe Inventor, e mesmo eles precisam ser de patamares mais altos para serem capazes de produzir este tipo de item. Um personagem precisa de pelo menos 9 níveis na classe Inventor para começar a fabricar itens mágicos. Outro detalhe é que os itens mágicos são limitados a apenas três encantos, e fabricá-los sacrifica a mana do fabricante, então para que um Inventor faça um item mágico, ele deve ficar sem 1 PM por encanto que o item possui, tornando a fabricação de um item mágico não apenas algo penoso financeiramente, mas um recurso essencial é utilizado.

Itens específicos funcionam diferente, são especiais, normalmente mais poderosos que um item fabricado apenas com encantos e possuem nomes que indicam sua funcionalidade. Um dos exemplos é a Azagaia dos Relâmpagos.

A Azagaia dos Relâmpagos é uma arma mágica que, quando arremessada, se transforma em um Relâmpago que causa 8d6 pontos de dano elétrico em todos os alvos em uma linha com alcance médio, e então retorna a sua mão no fim do turno.

Mesmo os itens específicos, normalmente são itens com encantos, mas que tem uma habilidade adicional junto a eles. No exemplo acima a Azagaia dos Relâmpagos tem todas as características de uma Azagaia, até o momento que é arremessada.

Um outro item, a Besta Explosiva, tem em sua descrição na página 337 de Tormenta20 Jogo do Ano, que ela é uma besta pesada formidável. Além da habilidade adicional, ela tem todas as características de uma besta pesada, e concede +2 em testes de ataque e rolagens de dano da arma.

Por outro lado, em A Lenda de Ghanor RPG, itens mágicos são apenas itens específicos. Também são divididos entre itens menores, médios e maiores, mas diferente de sua contraparte artoniana, em que toda arma e armadura mágica específica é um item mágico maior, em A Lenda de Ghanor RPG algumas armas são consideradas itens menores e médios. A própria Azagaia dos Relâmpagos e a Besta Explosiva, usados como exemplo anterior, são itens mágicos maiores em Tormenta20, mas são tratados de maneira diferente em A Lenda de Ghanor RPG. A Azagaia dos Relâmpagos em Ghanor é um item mágico menor e a Besta Explosiva é um item mágico maior. Os dois têm as mesmas características em ambos os jogos, com exceção da Besta Explosiva que não tem o bônus em testes de ataque e rolagens de dano vindos do encanto formidável, porque esse encanto não existe no jogo.

Não é possível fazer um item mágico personalizado em A Lenda de Ghanor RPG, as regras não abrem espaço para se fabricar itens encantados ou itens específicos, mas jogadores que quiserem adicionar um sabor mágico aos seus equipamentos tem uma saída. Na página 93 de A Lenda de Ghanor RPG há o poder Ouvir o Arcanium. Esse poder, que permite a um personagem com Sabedoria 2 e o poder Mestre Armeiro ou Mestre Artesão a capacidade de fabricar um item superior que contém uma magia. Assim podemos dizer que o único tipo de Encanto que há em A Lenda de Ghanor RPG é o encanto Conjuradora, que guarda uma magia dentro de um item, permitindo que quem esteja utilizando o item possa lançar a magia presente dentro do item.

Como se encontrar itens mágicos?

As diferenças de mecânica entre os dois jogos não é algo acidental. As regras refletem o funcionamento dos cenários em que são baseados.

Em Arton, o cenário de Tormenta20, existem mais opções para quem quer fabricar itens mágicos e seus poderes vem de quem os produz, normalmente aventureiros aposentados que construíram aquilo como uma obra-prima ou armeiros experientes que resolveram construir algo de grande valor são as origens destes itens mágicos fabricados. Assim, encontrar ou comprar um destes itens ainda é um acontecimento raro, e certamente caro.

Na descrição de cidades na página 271 do Tormenta20 Jogo do Ano, em que estão os tipos de comunidades, a única referência que se faz a venda de itens mágicos é em metrópoles, onde são encontrados itens mágicos em leilões por preços até maiores do que os presentes no livro.

Em Ghanor, os itens mágicos não são feitos a partir da essência de seus fabricantes, mas do legado que as armas carregam. Por mais que também possam ser encontrados em leilões em metrópoles, é nítida a maior escassez de itens mágicos no cenário de Ghanor comparado a Arton. Ghanor é um cenário mais focado em
combates de exércitos e batalha diplomática, um item mágico pode ser o principal motivo de um nobre ter um feudo completamente protegido, ou a herança que se passa de geração em geração de uma família que tem apenas aquele item como objeto de valor da família.

Como usar itens mágicos na sua mesa?

A origem do vilão que coleciona itens mágicos

Por mais que os dois livros enxerguem itens mágicos de maneiras diferentes, os livros conversarem entre si levanta a questão de como o mestre deve utilizar estes itens tão poderosos em sua mesa.

E a resposta correta é: a maneira que se encaixar melhor para a sua campanha.

Nem todas as mesas do sistema Tormenta20 se passam em Arton ou em Ghanor. Muitos mestres criam cenários próprios, em que talvez os itens mágicos sejam algo mais abundante ou mais escasso.

Algo que os dois livros concordam, porém, é que itens mágicos são recompensas do esforço dos aventureiros em suas missões. Um item mágico obtido “de graça” é algo que facilmente se torna banal, e, portanto, perde o valor.

Mas um item mágico recebido após uma missão sofrida para recuperar ele das mãos de um vilão no topo de uma montanha, ou encontrado depois de andares e mais andares de masmorra, após um desafio complexo que exigiu o máximo dos jogadores, traz mais valor ao item.

Assim como em Ghanor os itens mágicos trazem um legado por trás da mecânica deles, os itens mágicos das campanhas no sistema Tormenta20 devem ser uma recompensa ao legado de ações dos jogadores.

Talvez seja interessante um charlatão em um vilarejo próximo a uma cidade dizer que vende itens mágicos, mas que na verdade são versões falsificadas e, ao ser pressionado, ele revela que conhece o verdadeiro paradeiro do item.

Talvez, em um leilão em uma grande cidade, nobres estejam fazendo de tudo para arrematar um item mágico, e os aventureiros são contratados para conseguir aquele item. Itens Mágicos são, além de artifícios mecânicos, ganchos de aventura. O tesouro final após um desafio sofrível. Banalizar a conquista de um item mágico tira todo o seu fascínio, a aura de mistério e de objeto grandioso. Transforma a magia que o faz especial em algo rotineiro e casual.

Sugestões de Ganchos de Aventura

Uma sugestão que eu considero interessante, é utilizar como base para se entregar um item mágico para os jogadores é adicionar uma missão secundária a campanha principal que envolve recuperar ou obter um item mágico quando eles alcançarem o patamar de nível em que itens mágicos costumam aparecer mais.
O patamar ideal para isto seria próximo ao fim do Veterano. Entre os níveis 9 e 10, neste nível, os inventores já podem fabricar seus próprios itens mágicos e eles já podem ser encontrados (com dificuldade) em rolagens de tesouro.

Ao introduzir itens mágicos na sua campanha, até mesmo a própria visão de realidade dos personagens dos jogadores muda. Incentive seus jogadores a interpretar como esses personagens, que estão acostumados com itens mundanos ou no máximo aprimorados, se sentem próximos ou utilizando objetos de poder acima do que eles normalmente têm. Até esse momento, a ferramenta era isto, uma ferramenta na mão dos personagens, mas o que esses aventureiros sentem quando um objeto mais poderoso que o normal se apresenta a eles, algo que não respeita as leis comuns? Vou indicar alguns ganchos de aventura possíveis com itens específicos e itens mais personalizados.

O Rei dos Relâmpagos

Há boatos que tempestades tem ocorrido mesmo quando não se há chuva, isso tem impedido que mercadores naveguem para vender sua mercadores para outros lugares, todos que tentam sair para descobrir o que acontece, tem seus barcos destruídos pelos trovões espontâneos, e os aventureiros são contratados para descobrir o que tem acontecido com os barcos que tentam navegar.

Os aventureiros descobrem que os barcos estão sendo atacados por um Capitão Pirata que se chama de Capitão Trovoada, o Rei dos Relâmpagos. Ele é uma criatura completamente caricata, mas ele tem em suas mãos uma Azagaia dos Relâmpagos, que o torna definitivamente um adversário perigoso. Os aventureiros devem perseguir o Capitão Trovoada em alto mar e recuperarem a Azagaia dos Relâmpagos para que os mercadores possam voltar a vender seus itens em paz.

Capitão Trovoada ND 9

O Capitão Trovoada antes era conhecido pelo nomes comum de “Jonas”. Jonas, um dia, tropeçou em um caranguejo no meio da praia, e viu um sinal de escavação debaixo do caranguejo. Depois de cavar, encontrou um báu que tinha uma Azagaia simples, com uma marca de raio nela. Quando jogou ela fora, quase ficou surdo ao ouvir o som do relâmpago em que a Azagaia se transformou, e então, sua vida mudou.
Jonas mudou seu nome para Capitão Trovoada, utilizando de medo, arrumou uma tripulação e impediu que mercadores aos arredores vendam e transportem seus produtos sem pagar imposto a ele.

Capitão Trovoada é um homem comum, com uma ferramenta muito maior do que ele, se não fosse a Azagaia dos Relâmpagos na mão, provavelmente Jonas seria apenas um homem patético. O que aconteceria se a Azagaia fosse tirada dele?

Humanoide (humano), Médio
Iniciativa +13, Percepção +14
Defesa 31, Fort +13, Ref +24, Von +9
Pontos de Vida: 367
Deslocamento: 12m (10q)
Corpo a Corpo: Espada Longa +20 (2d6+19, 19)
A Distância: Azagaia +26 (2d6+24) e Azagaia dos Relâmpagos (Veja Abaixo)

Azagaia dos Relâmpagos (Padrão) – O Capitão Trovoada tem um item mágico que lhe concedeu sua alcunha: a Azagaia dos Relâmpagos, esse item parece uma azagaia comum para olhos não treinados, mas um teste de Misticismo, Óficio (Armeiro) ou outros óficios relacionados para Identificar Item, revelam a verdadeira natureza do item. O Capitão Trovoada pode usar uma ação padrão para arremessar a Azagaia dos Relâmpagos e ela vira um Relâmpago. Causando 8d6+2 pontos de dano eletrico em todos os alvos em uma linha em alcance médio. Um teste de Reflexos CD 28 diminui o dano pela metade. Ao fim do trajeto, o relâmpago volta a ser uma azagaia e volta para a mão do Capitão Trovoada no fim do turno.

Capitão dos Relâmpagos – Quando arremessa a Azagaia dos Relâmpagos, se o primeiro alvo falhar no teste de Reflexos, o Capitão Trovoada pode redirecionar a Azagaia para outra direção, a Azagaia percorre toda direção até o fim do seu deslocamento e depois retorna para a mão do Capitão Trovoada normalmente. O Capitão Trovoada só pode redirecionar a Azagaia uma vez por arremesso.

Reflexo Relâmpago – Quando o Capitão Trovoada faz um teste de Acrobacia para se equilibrar ou um teste de Reflexos para receber metade do dano de um efeito, ele joga dois dados e escolhe o melhor resultado.

Covardia – Enquanto está com a Azagaia dos Relâmpagos, O Capitão Trovoada é um homem corajoso e destemido. Porém sem ela, ele se torna um homem covarde e fraco. Caso o Capitão Trovoada seja desarmado ou a Azagaia dos Relâmpagos seja destruída, o Capitão Trovoada fica apavorado e perde as habilidades Azagaia dos Relâmpagos, Capitão dos Relâmpagos e Reflexo Relâmpago.

For 2 Des 5 Con 3 Int 1 Sab 0 Car -2
Perícias – Intimidação +16, Acrobacia +20, Atletismo +17, Pilotagem +19, Intuição +15
Equipamento – Azagaia dos Relâmpagos, espada longa certeira cruel, couro batido ajustado polido
Tesouro – Normal

Machado Defeituoso

Ao chegarem em um vilarejo, os aventureiros encontram um ferreiro completamente irritado com uma de suas armas. Ele apresenta um machado de batalha, que à primeira vista parece comum, até que o ferreiro mostra o detalhe; O machado não tem fio! Por mais que ele afie o machado, ele não consegue perfurar madeira, apenas causa cortes superficiais, e então ele pede auxílio dos aventureiros para que ajudem ele a descobrir o que há de errado com seu machado.

Caso os aventureiros perguntem para o ferreiro, ele construiu o machado em um dia muito atípico, em que estava frustrado. Sua filha estava virando uma mulher e quer começar a cortar lenha para trazer retorno a família, acontece que este machado é um presente de aniversário para ela e por isso tem que ser perfeito. Caso os aventureiros sugiram fazer outro machado, ele irá negar, dizendo que já trabalhou com tanto esmero naquele machado que precisava ser aquele. Jogadores com Ofício (Armeiro) que passem em uma CD 25 vão notar que há algo diferente e mágico no machado. Se perguntarem ao ferreiro, ele dirá que nunca lançou uma magia sequer. Um segundo teste bem-sucedido ou um teste de Misticismo CD 25 fará os jogadores notarem que, de fato, o machado é mágico. Se trata de um machado de batalha piedoso, caso os jogadores fiquem confusos quanto a como aquele machado foi feito em um vilarejo qualquer no meio do nada, permita que conjecturem, porém testes de perícias baseadas em Inteligência (como Nobreza, Conhecimento e o próprio Ofício) permite que os jogadores cheguem a conclusão que o item foi feito de uma maneira completamente atípica; Foi um item mágico criado de maneira espontânea, pela simples vontade de um pai de proteger sua filha de se machucar gravemente.

Os jogadores podem decidir o curso de ação que desejam fazer com o machado, mas caso contem para o armeiro, ele dirá que não entende como pode ter construído algo assim, mas se é algo de valor, ele cobrará 1/3 do preço comum do machado (T$ 6000). Ele não sabe quanto vale aquele objeto, e os jogadores podem simplesmente pagar o valor oferecido, o valor justo, ou resolver de outra maneira.

Campeão dos Campeões

Um novo torneio nas arenas começou! Seja por iniciativa própria, ou contratados por um nobre figurão, vão até esse torneio para participar. Além dos desafiantes inusitados, a recompensa do torneio não é algo comum, parece até mesmo algo mágico. Mas todos os lutadores estão sedentos pelo prêmio e estão dispostos a qualquer coisa para conquistar o prêmio final, o cinto do campeão.

Faça um torneio de mata-mata (literalmente ou não) caso seus jogadores se interessem a participar, ou coloque outra recompensa importante para o grupo além do cinto do campeão para os jogadores. E adversários que jogam sujo, que joguem areia nos olhos dos outros, que descumpram alguma regra pré-estabelecida na Arena ou que simplesmente utilizem meios escusos para terem vantagem na arena.

Esses combates podem ser tanto Perigos Complexos quanto duelos entre os jogadores e um desafio. Fique à vontade para definir o que achar melhor para isto.

No fim, o importante é que valorizemos as conquistas dos jogadores. Um item mágico não deve ser apenas um objeto mecânico para colaborar com um combo, mas um artifício de roteiro para marcar as conquistas dos jogadores.

Caso queira começar a introduzir itens mágicos na sua campanha, independente do jogo, as páginas que falam sobre esses equipamentos estão nas páginas 333 de Tormenta20 Jogo do Ano e na página 277 de A Lenda de Ghanor RPG.


Por último, mas não menos importante, se você gosta do que apresentamos no MRPG, não se esqueça de apoiar pelo PadrimPicPayPIX ou também no Catarse!

Assim, seja um Patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos como participar de mesas especiais em One Shots, de grupos ultrassecretos e da Vila de MRPG.

Além disso, o MRPG tem uma revista! Conheça e apoie pelo link: Revista Aetherica.

Se liga na Área de Tormenta, o espaço especial dedicado apenas à Tormenta20 e o que remete a ele! E acompanhe também as outras sessões, por favor!

Texto: Gustavo “AutoPeel” Estrela

Revisão: Edu Filhote

Arte da Capa: Juaum Artwork

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