Religião e RPG – Aprendiz de Mestre

Religião e RPG. Tema polêmico, ou nem tanto? Pegue o símbolo religioso de proteção de sua preferência, e vamos atravessar este terreno. Que os Deuses nos protejam, e que Crom conte os mortos! Venha, Aprendiz de Mestre!

RPG – O jogo do demônio?

Por incrível que pareça, os jogos de RPG já foram perseguidos e chamados de “jogo do demônio”. Aqui mesmo no Brasil, inclusive. O que me lembra de te dizer: cuidado com temas sensíveis. Morte de personagens, e manter sessões saudáveis, são muito importantes.

Há diversos relatos de jogadores e mestres que tiveram livros e revistas jogados no lixo por parentes preocupados em salvar suas almas. Isto NÃO é lenda urbana.

Mas como um simples jogo de faz-de-conta pode ser culpado de algo?

  1. Há relatos de crimes realizados por jogadores de videogame e de RPG. Assim como também haja certo preconceito religioso com comida bahiana – (esse caruru, vatapá ou acarajé é de preceito?) aqui na Bahia, o nosso hobby, também é. 
  2. Como os RPGs com frequência utilizam “deuses fictícios”, “magias divinas”, e ilustrações com monstros e combates, leigos tendem a associar com heresia, ou coisa pior.
  3. Em nome da imersão, as vezes um ou outro grupo vai longe demais na interpretação, assustando pessoas que não sabem do que se trata aquela movimentação de fantasias, foices, caveiras, etc.Grimório e pentagrama

Religião e RPG então não se misturam?

Não vamos tão longe, caro acólito. Para começar, devemos tomar cuidado com os próprios jogadores, na “sessão zero”, com temas que podem causar gatilhos emocionais. Perguntar se alguém se ofende com temas religiosos, ou “pesados”.

Eu mesmo sou 100% ateu, (até já pensei fazer camisetas com essa frase), mas não digo blasfêmias, porque é absolutamente desnecessário ofender a fé de outras pessoas.

Com isso, você pode ser judeu, cristão, islâmico, espírita, do candomblé, ou qualquer outra religião, que vou te tratar com o mesmo respeito, e obviamente respeitar a sua fé, seja ela qual for. Ainda mais morando na Bahia. (Sincretismo religioso aqui é que não falta. Na mesma página do jornal você pode achar o horóscopo e a missa a ser celebrada no dia).

Meu avô era católico, e visitava feiticeiras, em busca de proteção de mesa branca. E estava tudo certo.

O outro ponto, é atenção a onde você estará jogando. Se você estiver numa luderia, ou num evento de RPG, tá tranquilo. Mas NÃO precisa ir numa igreja fantasiado de zumbi pra depois ir numa LARP de vampiro, por exemplo. Vai que tentam te exorcizar…

Posso explorar religião e RPG numa sessão? Há exemplos disso?

Certamente, com os devidos cuidados acima, e lembrando que tem hora e lugar pra tudo. Não vai tentar evangelizar seus jogadores, que provavelmente não foi pra isso que vieram ali.

Mas muitos jogos têm um panteão de deuses fictícios, e muito ligados ao mundo de jogo. Também, jogos que fazem referências a cultos malignos como vilões como o “in to the madness” ,  da Editora Nozes Game Studios, , o “herança de Cthullu, da Editora 101 games, ou mesmo a um tribunal com a trindade cristã, em Mares do Sertão RPG, da Caju Art Studio.

E ainda há as classes de personagens mais ligadas a alguma divindade, como clérigos em diversos jogos de fantasia medieval. Ou casos como “Lobisomem, o Apocalipse” em que mundo espiritual e espíritos totens são frequentes referências e mesmo plots para aventuras.

E como anda a sua fé no RPG?

Brincadeiras respeitosas a parte, fé e religião são parte da história da humanidade há muito tempo, e extremamente importantes até hoje. Eu penso seriamente numa aventura com uma religião matriarcal (repare que a maioria das religiões são patriarcais), tomando os devidos cuidados, ou mesmo uma crítica ao sistema de castas da Índia (não é bem uma religião, mas é um tabu).

Apesar de manter minha fé no ateísmo, como diz a música “andar com fé eu vou, que fé não costuma falhar…”

Se preferir nos ouvir falando sobre este tema, olha o podcast do dicas de RPG.

Até breve, irmãos e irmãs. Oremos, “misinfi” (pense num pai-de-santo falando, que vai fazer mais sentido.)


 

 

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Como Motivar Seus Jogadores: Backstory – Aprendiz de Mestre

A campanha foi idealizada. Seus jogadores escolheram suas funções. Mas, acima de tudo, existe algo tão importante quanto as obrigações de cada personagem: a sua história. Não falamos somente sobre backstory, mas também sobre o presente e o que os personagens esperam que está os aguardando no futuro, com base em tudo o que lhe aconteceu.

Um dos fatos mais importantes que devemos pensar quando se fala sobre criar uma história na forma de RPG é que você, mestre, não é o único criador dessa obra. Seus jogadores também fazem parte disso. Sem seus protagonistas, não há como se criar uma história, não nesse formato. Então, para que isso possa acontecer, é necessário trazê-los para esse mesmo campo que você está e não pensar neles como algo diferente. Você está realizando uma campanha, não narrando um livro.N

Isso vale até mesmo para campanhas pré-prontas, afinal de contas você sempre precisará saber contornar o que seus protagonistas farão. Você não pode fazê-los agir da maneira que você quer, mas pode fazê-los se investirem o suficiente para ir atrás do que você preparou.

 

  • Faça perguntas sobre os personagens

É o básico? Sim, nós sabemos. 

Mas as perguntas vão muito além de “o que seu personagem faz? Como ele vivia?” Estimule seus jogadores com perguntas que fazem eles terem seu interesse desperto e saiba também utilizar a lábia. Seu jogador pode se sentir mais motivado a acrescentar sobre a história e o motivará durante a interpretação se ele entender bem como, por exemplo, seu personagem sentia durante os acontecimentos passados. Não tenha medo de perguntar sobre seus segredos, seus piores pesadelos, o que ele sente quando lembra de algo.

 

  • Invista em dinâmicas

Seja com memes, ideias de interações passadas,  formas de identificação entre os personagens ou até o “músicas de x album como os personagens de Y”, tudo é válido para motivar seus jogadores a estarem mais envolvidos. 

Dinâmicas como essas desenvolvem não somente uma apresentação de backstory e lore, mas também ajudam com as interpretações dos personagens e na forma a entender seus sentimentos. Além disso, essas interações fazem com que os jogadores fiquem motivados e animados para falar sobre seus personagens — ou até a fazer aquele pequeno suspense para dar um gostinho de quero mais.

 

  • Saiba deixar easter eggs

Tem um ladrão perigoso na party que é procurado em algumas cidades? Durante o caminho no novo local, coloque cartazes de procura do personagem e arranque um sorriso do seu jogador.

São pequenas ações como essa que motivam os jogadores a não só ficarem mais investidos em suas mesas como também fazem com que eles sintam que seu tempo dedicado a pensar em uma lore tenha valido a pena.

 

  • Motive eles a estarem juntos

Não há como continuar uma história sem que os jogadores e os personagens tenham vontade de continuar o que eles desejam fazer. Isso não significa que eles precisam estar unidos ou serem amigos, muito pelo contrário! Existem muitos grupos que não necessariamente se amam, mas ainda sim trabalham juntos. Porque eles possuem objetivos em comum, eles sentem que precisam fazer algo sobre isso para alcançar o que desejam. Dinheiro, vingança, poder. 

Saiba manejar o ouro — as histórias — oferecidas, que estão na palma da sua mão, e então você conseguirá realizar seu trabalho com maestria.

  • Sempre esteja a par dos feedbacks dos seus jogadores

Faça da sua mesa um lugar seguro. Motive seus jogadores a deixar feedbacks e os ouça sempre. A comunicação é uma ferramenta chave para que a sua campanha ande e que seus jogadores continuem motivados a jogar com o mesmo entusiasmo do início. Pergunte sobre o que acharam, o que pode mudar, o que eles gostariam que as pessoas pudessem saber aos poucos. Toda comunicação é fundamentalmente necessária.


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Dicas para Narração e Oratória – Aprendiz de Mestre

Desde os princípios da Roma, foi desejado pelos romanos as melhores formas de expressar em meio ao seu público, conquistando os ouvintes. Assim, esse desejo fez com que se desenvolvessem técnicas para a oratória, algo que, segundo Zélia Cardoso, uma importante docente do meio dos estudos latinos, transformou o ato da eloquência em uma arte.

E você, Aprendiz de Mestre, pode estar se perguntando o motivo pelo qual estamos falando sobre isso. Eu posso te responder: a prática da oratória está muito presente na sua vida. Desde apresentações de trabalhos até mesmo quando você procura convencer alguém, ou o que mais nos interessa agora: na mestragem do RPG.

Mestrar RPG requer que você tenha um bom condicionamento da sua oratória e, para isso, trazemos algumas dicas para você realizar bem as seguintes estruturas do discurso pelos olhos da prática da oratória:

 

Invenção: conteúdo que será expresso.

Disposição: ordenação, o que vem antes ou depois no discurso.

Elocução: linguagem e estilo da fala.

Memória: ter em sua mente o que será falado.

Pronunciação: recursos de voz e gestual para reforçar os efeitos da sua narração.

 

I. Saiba bem o que você está narrando

Primeiramente, compreenda as cenas que você irá narrar, desde as questões visuais – como o quão grande pode ser o local, quantas pessoas estão, as iluminações, etc. – até questões contextuais. Lembre-se: ninguém irá ser festivo numa delegacia, nem sério numa boate. 

Saber o que você irá narrar não se trata somente de entender o que pode ou não pode acontecer. Como um mestre, você precisa não só trazer o conhecimento necessário do cenário, mas também precisa trazer a ambientação, o clima, para fazer com que tudo fique ainda mais imersivo.

“O que isso tem a ver com a oratória?”

Simples.

Você precisa convencer os seus players a confiarem nas suas palavras, a sentirem firmeza com o que você fala. Você tem o panorama maior dos cenários em comparação a eles, então é necessário que você tenha conhecimento do local e das possibilidades para que eles possam explorar e avançar a história.

Como dito antes, isso não é resumido à questões de estética, memória e objetividade, mas também de subjetividade, das sensações, da ambientação. É preciso saber como manejar as palavras e a sua entonação para criar uma ambientação ainda mais imersiva para as cenas, de forma que os jogadores se sintam na pele dos seus personagens. 

Saber equilibrar esses pilares do objetivo x subjetivo na eloquência ajuda a tornar sua oratória não robótica e muito mais interessante.

 

II. Consuma conteúdos

Leia livros, assista filmes, acompanhe outras campanhas. Tudo é necessário para que você aumente seu vocabulário. Uma boa oratória também é guiada não somente pela confiança, mas também pela facilidade com as palavras. E é claro que você não precisa se tornar um dicionário erudito, mas é importante que você saiba manejar suas narrações com tudo o que tem disponível ao seu redor. Isso ajuda também na criação da ambientação da sua narração.

 

III. Saiba utilizar as coisas ao seu favor

Você não é o único a contar essa história, seus jogadores também fazem parte dessa trama. Isso significa que você precisa aprender a não deixar os players sem liberdade, porque eles são também a parte principal de toda a obra. Mesmo que o que eles estão fazendo foge dos seus planos, aproveite disso para incrementar a história. Aprenda que nem tudo vai ir conforme seus planos, mas que isso não significa que tudo acabou.

 

IV. E o mais importante de tudo:

Evite comparações. É importante o consumo de outros narradores para fins de experiência e análise, mas nunca se compare a outro narrador. Você não é como nenhum outro mestre e não se force a ser igual a eles. A narração é uma prática da sua própria fala, uma maneira de que você consiga discursar para outras pessoas de forma clara, breve e verossímil. Dessa forma, você não precisa imitar narradores, você somente precisa ver como os narradores veteranos evoluíram e aprenderam a manejar sua oratória. Então lembre-se: você não precisa ser igual a nenhum outro mestre.


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