Projeto Ágato: Modernidade Ágata

Olá, pessoal! Ágato é o nosso cenário oficial de super-herois para o sistema 3D&T e continuamos aqui o histórico de nosso cenário com a Modernidade Ágata! Não deixe de ver todos os nossos artigos na página da Tokyo Defender!


Modernidade Ágata: Novos Pontos de Vista

Ao final da Idade Média, a hegemonia ideológica da Igreja sobre o mundo ocidental foi se esvaindo através do contato com novos povos, os interesses comerciais que demandavam tolerância e as rotas comerciais por terra ou por mar que apresentavam novas terras com seus próprios segredos e pistas sobre a natureza dos ágatos – muitos ainda procuravam inocentemente a nação monstruosa de Fyrtanfen, sem nunca encontrarem um mínimo indício da existência de tal reinado; entretanto, a existência da lendária Montanha da Lua dos mitos africanos se revelou no maior ágato já visto e descrito por uma pessoa, colossal a ponto de ser confundido com uma grande montanha pelos nativos africanos. Nesta época a pirataria se popularizou e diversos ágatos expandiram sua fama para diversos pontos do globo – o holandês Cavaleiro de Capricórnios foi um famoso pirata e salteador da época, aterrorizando vilarejos dos Países Baixos e feitorias na costa ocidental africana.

Nesta época, as artes renasceram na Europa, dando fama a Sir Richard Everstone, galês que escreveu diversos romances levados ao teatro, quase todos eles envolvendo ágatos em situações românticas e políticas, em fortes críticas sociais. Um de seus trabalhos mais destacados foi O Anel de Shokereth, que narrava as aventuras de um Separatio Sanguilamorum chamado Caliban. A peça fez tanto sucesso na Europa e suas colônias nas Américas que o termo “caliban” passou a ser utilizado para descrever ágatos com aparências assustadoras ou repugnantes aos olhos dos outros. Mesmo usado pejorativamente, uma dama da nobreza espanhola chamada Fidalga-Mariposa assumiu-se como caliban e passou a utilizar seus estilistas e alfaiates para trajes suntuosos e alegóricos para demonstrar seu poder político e também no crescente mercado da moda nobre e burguesa. Este teatro, ainda voltado às classes altas europeias, proibia que calibans ou ágatos com poderes muito aparentes atuassem, exigindo que atores comuns utilizassem apetrechos que simulassem a aparência caliban ou superpoderes, de modo que a arte de simular calibans foi cunhada como Critterskin, ou “pele de criatura”.

As missões europeias de conversão dos povos nativos das novas terras descobertas enfrentaram muita resistência e conflitos armados, com grandes baixas a todos os lados. Dois grandes mártires são lembrados pelos ágatos como defensores da igualdade: o asteca Vagalume das Estrelas, morto durante as chacinas de limpeza étnica empreendidas pelos espanhóis no México; e o aborígine australiano Corvo Negro, um líder Oneironauta morto nas batalhas de resistência à expansão britânica na região. Porém, percebeu-se nos aborígines uma visão privilegiada dos ágatos e das forças metafísicas que dão poderes a eles, embora mito e realidade emaranhados nos contos folclóricos dificultassem a separação dos fatos em meio a tanta fantasia. Ainda na Austrália, o caliban Costelas de Serpente tornou-se lendário e uma figura patronal dos calibans por ter criado a arte marcial Arungga, desenvolvida especificamente para calibans com características muito grotescas, como a falta ou excesso de membros, tamanhos e formatos de corpo muito diferentes etc. O Arungga se disseminou rapidamente entre calibans de todo o mundo, sendo realizado em locais isolados dos não-calibans, e cujos praticantes passaram a ser conhecidos como Arunggari.

Três obras foram imensamente importantes para o futuro dos ágatos, cada uma de uma localidade muito diferente em questões culturais. No Império Otomano, Abd al-Ilaah escreveu o Saheefah al-Qarin, ou o Pergaminho dos Qarins, explicando o papel dos Qarins como gênios a serviço de Alá e entregadores de poderes aos janns, como os ágatos foram chamados pelos povos islâmicos – esta obra, junto com a compilação O Auromante do Califa, foram as duas obras árabes mais importantes a serem levadas ao Ocidente. Em Portugal, o jesuíta Alma Temente escreveu o Sermão da Escusa Nephalin, reclassificando os portadores de poderes como nephalins (descendentes dos bíblicos Gigantes, alvo do castigo divino e do isolamento entre os humanos) e como magnânimos (almas abençoadas com poderes sagrados para melhor servir a Deus) – este jesuíta levou seu Sermão ao Brasil, onde melhor disseminou suas ideias de base religiosa católica. Na Inglaterra, o duque William Webster, um sensitivo, escreveu o livro Comunicação com o Outro Lado, buscando provar que havia um mundo fantástico secreto sobreposto ao mundo real, de onde vinham os poderes dos ágatos. Logo, Webster passaria a realizar séances espirituais em que dizia invocar seres deste mundo fantástico, bem como convocava os mortos a se apresentarem aos vivos, espalhando pela Europa e Américas a moda das sessões esotéricas de invocação de fantasmas e seres fantásticos – incluindo o Sluagh, espectro de um ágato amaldiçoado vindo do reino dos mortos. Anos depois, o duque sensitivo foi desmascarado e revelado um charlatão que realizava suas sessões com a ajuda de um ágato desconhecido capaz de se desmaterializar e rematerializar a alguns metros de onde se desmaterializara. Mesmo após ser desmascarado, o folclore sobre o amaldiçoado e temido Sluagh gerou uma onda global de medo e preconceito contra ágatos com alguns poderes específicos que eram encarados como manifestações da morte cruel; surgiu também a lenda da Caoineag, a mãe de um caliban que morre no parto e se torna uma alma penada que hora traz a morte e maldições a quem interage com ela, hora ajuda pessoas perdidas a encontrarem um caminho seguro de volta para casa ou abrigo contra quaisquer ameaças.

Ainda nesta época, começam a surgir boatos sobre sociedades e clubes secretos que controlam as relações da nobreza e da classe comercial na Europa e nas Américas, entre elas a Ordem Secreta de Santa Eglé, que estaria supostamente agindo em benefício de todos os ágatos ocidentais, para que pudessem assumir posições de liderança em toda a Europa e Américas e assegurar o poder ágato sobre os meros humanos.

Obras históricas importantes da Modernidade Ágata

  • O Anel de Shokereth (País de Gales)
  • Saheefah al-Qarin (Império Otomano)
  • Sermão da Escusa Nephalin (Portugal)
  • O Auromante do Califa (França)
  • Comunicação com o Outro Lado (Inglaterra)

Figuras históricas importantes da Modernidade Ágata

  • Sir Richard Everstone
  • Montanha da Lua (Mwesi Mlima)
  • Vagalume das Estrelas (Citialli Tlemoyotl)
  • Fidalga-Mariposa (Hidalga Polilla)
  • Padre Sebastião da Luz, Alma Temente (Alma Temëte)
  • Costelas de Serpente (Walea Boóng-gua)
  • Pemultiki, Corvo Negro (Butu Wargon)
  • Kees De Vries, Cavaleiro de Capricórnios (Bokkenrijder)
  • Sir William Webster

Arte do post: Bruno Prosaiko

Égide da Tempestade – Parte Final – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Égide da Tempestade – Parte 9, nosso protagonista acreditou que estava em seu último dia de vida. No entanto, a revelação de um segredo o aguardava… Fique agora com Égide da Tempestade – Parte Final.

Égide da Tempestade – Parte Final

Dargon, sentou-se em uma pedra próxima enquanto aquele dia triste dava sinais plenos de vida. A luz divina pairava sobre ele como um acalento pelo líder, o tutor e um quase amigo que acabara de perder. A carta deixada foi lida com cautela. Mas o pequeno livro; claramente um diário; demandaria mais tempo.

A revelação 

“Dargon, nascido como Morog-Thar, filho de Turok-Thar, venho por meio desta carta deixar meus sinceros pedidos de desculpa, por ter mantido uma parcela de sua história guardada comigo. Fiz uma promessa a seu pai e para conseguir honrá-la precisei esquivar-me da dor que senti ao perceber que a verdade poderia ser libertadora para sua mente. Mas jamais para seu corpo e espírito. Para isso eu precisava esperar o momento certo, a oportunidade certa e graças a providência divina encontramo-nos com uma guerreira que segue códigos há muito esquecidos desta terra.

O custo para a liberdade de vários foi pequeno, apenas a vida de um velho moribundo, pertencente a uma época muito distante. Alguém que já não encontrava sentido com tantas mudanças que estavam por vir, claro que esse é apenas meu sarcasmo agindo, exceto o trecho de velho moribundo. A utilização de poções, elixires com ingredientes antigos e proibidos custou um alto preço. Mas precisava ser assim, afinal de contas a viagem de barco até o local onde estava e o retorno para esta terra eram necessários. Sempre acreditei que ao retornar poderia obter com meus antigos contatos meios para garantir que tivesse aquilo que seu pai tanto desejava. Porém um encontro inesperado foi o suficiente para conseguir isso. 

Quando participei dos combates em terras Tauricas seu pai conseguiu meu respeito. No entanto, os acordos oferecidos pela Autarquia garantiam que filhos de nobres deveriam passar por processos de educação no Império. Nunca contei a ninguém, mas seu pai salvou minha vida oferecendo a dele em troca. Durante seu último suspiro me fez jurar que eu o procuraria e o traria de volta para assumir a liderança da linhagem. 

Observando o Império começar a ruir, segui seus passos, sempre cauteloso em cobrir minha intenção com as necessidades imperiais inerentes a minha posição. Consegui enfim achá-lo. Mas ainda precisava garantir a parte legal, para manter sua sobrevivência. Isso eu obtive por meio de Mira, pois há muitas testemunhas que poderão confirmar nossas mortes. Você é apenas mais um Minotauro entre tantos que invadiram este local, terá passagem segura para voltar a sua terra. 

Fique tranquilo, Mira e eu trocamos informações importantes, dei a ela e ao superior dela algo que muito queriam e isso dá a você finalmente a liberdade que havia prometido a seu pai. A história é longa, minha vida tem vários percalços e aprendizados que gostaria de compartilhar e por isso peço que leia minhas memórias, mas antes de tudo, construa as suas. Me perdoe por não ter lhe confidenciado, mas era necessário e espero sinceramente que um dia entenda minhas escolhas.”

A transformação 

Dargon ficou confuso com aquilo que acabara de ler, pois já não havia mais Soren, para confrontar. Não desejou continuar a leitura, mesmo porque o diário demandaria tempo e cuidado. Guardou tudo e pôs-se a retornar. Avistou a distância os escombros do torrilhão, posto abaixo por tiros poderosos da bombarda. Havia sinais de luta, provavelmente uma luta épica, pois mesmo a distância pôde contar quarenta covas. Realmente, aquele Exarca parecia ter gravado agressivamente sua imagem na mente de muitos guerreiros naquele dia! 

Apesar de acreditar nas palavras escritas por Soren, não era tão inocente a ponto de confiar plenamente na horda que se espalhava por aquela terra. Analisou a armadura e ficou pensativo se ela poderia ser colocada em seu corpo, porém percebeu que havia uma certa ressonância emitida pelas inscrições mágicas dentro da armadura que de certa maneira tentavam sussurrar em sua mente palavras incompreensíveis. 

Ao começar a colocar a armadura parte por parte percebeu o motivo do Exarca nunca pedir apoio para colocá-la, pois fivelas amarravam-se sozinhas e placas sobrepostas em pontos distantes se posicionavam rapidamente. Era estranho ouvir o estalar do metal e a sensação de calor com a ampliação de toda estrutura defensiva que cobria seu corpo. Aquilo tinha vida e tinha como única meta proteger seu usuário. 

Dargon, tentou influenciar as alterações que ocorriam e realmente houve resposta. Preferiu um equipamento intimidatório, com tons acinzentados e com esporões projetados em manoplas, grevas e ombreiras. O elmo fechado se adaptou à curvatura do chifre e era completamente selado. Ao empunhar o escudo sentiu que da mesma maneira ele atendia às vontades do novo usuário.

Assim munido de arma, armadura e suprimentos Morog-Thar surgia entre as mazelas da guerra que ainda estava longe de terminar. Sua intenção não seria vingança, não seria conquista. Mas sim a busca por sua história e identidade. Morog não era servo e subserviente a ninguém e isto era uma experiência nova para ele. Poderia escolher seu rumo e sentia que as terras Tauricas seria uma parada necessária em sua longa jornada. O legado da Égide da Tempestade viveria enquanto ele respirasse…


Égide da Tempestade – Parte Final – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Douglas Quadros

Seja um Padrinho do Movimento RPG, e nos ajude a apresentá-lo a outras pessoas.

Na parte Final de Égide da Tempestade, será  revelado para nosso protagonista um grande segredo. Venha descobrir com ele o que o aguarda…

Brancalonia – Fantasia Spaghetti para Dungeons & Dragons

Você já ouviu falar em Spaghetti Western, Faroeste Espaguete/Macarrônico ou até em Bang-bang à italiana? Sabe? Aqueles filmes de Velho Oeste dos anos 60 e 70, com bastante ação, traição, troca de tiros e personagens “duvidosos”? Talvez você já tenha assistido a filmes como “Por um Punhado de Dólares” (1964), “Por uns Dólares a Mais” (1965) ou “Três Homens em Conflito” (1966), filmes que fazem parte da trilogia do “Homem Sem Nome”, estrelados por Clint Eastwood e dirigidos por Sergio Leone. Pois bem, imagine então jogar aventuras no estilo desses filmes, mas em um cenário medieval e usando o maior sistema do mundo! Essa é a ideia de Brancalonia, o primeiro cenário de Fantasia Spaghetti para D&D 5a Edição.

BRANCALONIA – THE SPAGHETTI FANTASY RPG da Acheron Books lançou seu financiamento coletivo em abril de 2020 e teve sua meta batida em menos de 30 minutos!!! Em menos de 24h, eles já estavam com 400% de financiamento e com 4 metas extras. Aqui no Brasil, esse material será trazido via pré-venda (e claro que vamos anunciar aqui quando for lançado) pela Retropunk Publicações, casa de outros RPGs como Savage Worlds, Rastro de Cthulhu, Hora de Aventura e Terra Devastada (que já teve campanha aqui no MRPG!).

Em Brancalonia, as aventuras acontecem em Talha, um reino marcado por muita politicagem, onde atualmente famílias ricas, príncipes sem dinheiro e antigos nobres tentam reivindicar o título de Rei para si. Aqui, nossos heróis não são nobres cavaleiros, magos estudiosos ou guerreiras honradas, mas sim vagabundos, vigaristas e vadios. Denominados como Canalhas, esses malandros se juntam em Bandos ou Companhias, aceitando trabalhos questionáveis em troca de um punhado de moedas de ouro.

Criando seu personagem

Para criação de personagem, o livro traz algumas raças e classes da 5a edição modificadas e que levam em consideração o cenário de baixa magia (Low Magic) de Brancalonia. Além disso, para manter o clima “maltrapilho” das aventuras, o livro recomenda jogar com personagens de níveis baixos – do 1 até o 6. 

O livro ainda traz opções de gerenciamento do Covil – a base de operações – e pedidos de Favores para outros grupos. Com isso, os Canalhas podem melhorar suas vidas com uma destilaria, uma forja, ou estábulo ou até mesmo pedir abrigo, resgate ou informação para outra Companhia (a um preço justo, é claro). Outra característica que não podia faltar são as Transgressões, Talha e Reputação, que envolvem os crimes cometidos, a recompensa pela cabeça do meliante e sua influência entre seus pares (Irmãos de Talha).

Para Terminar

O livro tem uma sessão com toda a história do Reino de Talha, uma sessão com aventuras e uma só com fichas de inimigos e npcs e, claro, a ficha do personagem. Então, fica aqui minha recomendação desse ótimo cenário, cheio de enganação e malandragem, no melhor estilo spaghetti medieval. Bora juntar o troco do bar ou o lucro do jogo do bicho para apoiar esse livro no Brasil? Fica somente uma dúvida: podemos usar aqueles D20s viciados e gastos que temos guardados?

Brancalonia – o Foroeste do Dungeons & Dragons

Autor: Germano Ribeiro
Revisão de: Isabel Comarella
Arstista da Capa: Douglas Quadros

Acompanhe mais resenhas e notícias da RetroPunk Publicações aqui mesmo.

Lembranças da Criação #01 – Demônio: A Queda

Durante toda a eternidade — ainda que, principalmente, nos tempos atuais —, muito se comentou sobre o fim deste mundo, não sobre o seu princípio. A razão para isto é tanto que, se me atentasse, daria um material por si só. Até mesmo eu, em meus quase 8 mil anos de não-existência, nunca me preocupei com isso. Tudo mudou há muito pouco tempo, durante minha estadia em Nova Orleans, na Luisiana.

A garota — de, aproximadamente, 27 ou 28 anos, pele clara e cabelo rosa —, era Mariah Wood, uma popular cantora do Bourbon Street Drinkery. Este áudio, que chega aos seus ouvidos após certo trabalho de minha parte, nada mais é do que a transcrição literal de seu relato. Compartilhe-o, se puder, entre os nossos. Os verdadeiros, não os Molochim! Diga-lhes que eu retornei e que, tal qual nosso antigo líder, arrebatarei esta sociedade rumo as sombras!

Chuva em Nova Orleans? Nenhuma novidade. Mesmo em meados de junho, com máximas de 33° durante o dia. Tal como é lógico concluir, isto me é irrelevante, de todo o modo. Estando sentado próximo à janela, com vista para o tradicional Bourbon Street — movimentado mesmo agora, às 3h de uma terça-feira —, entendo, facilmente, as razões que levam esta cidade a ser um ícone de poder para a Torre de Marfim. Estariam os dois, Gaius e sua progênie, Doran, satisfeitos com aquilo que suas ambições se tornaram?
De todo o modo, vamos aos fatos: estou prestes a encontrar um demônio!

Ouvi boatos sobre estas criaturinhas na Idade das Trevas, admito, durante minhas viagens pelo Leste Europeu. Mas conversar com um? Conhecer alguns de seus mais obscuros segredos? Nunca, jamais. Felizmente, cultivei excelentes contatos sobrenaturais, com o passar dos anos. Uma dica para você: faça-os também! Independente do preço ou do favor a se pagar.

Alguns minutos se passam e nada. Ela, de fato, está atrasada. De maneira sutil, olho ao redor do ambiente. São 7 mortais, fora a garçonete e o trio de músicos, no palco. Nenhum outro cainita. Sorrio, prepotentemente, ao pensar nestes últimos. A esta hora, certamente, situam-se ocupados com a pilha de corpos que deixei em Storyville. Gargalho. Lhe traz boas lembranças, Calbullarshi? Asseguro, não me encontrará.

Quantos, como você, enganei com isto? Decoração da Alma, se bem me lembro o nome do dom.
No instante em que me irrito com a demora, estando inquietante sobre a cadeira, uma fragrância familiar me golpeia, violentamente. J’adore Dior 1999, claro. Impossível de confundir. É quando vislumbro sua fonte, descendo da escada que dá acesso ao segundo andar do estabelecimento, vindo em minha direção. Estonteante de muitas e indescritíveis maneiras, ela me fascina de uma forma que somente uma, em tantas, conseguiu: aquilo que sempre sonhei e desejei…

Oh céus! Luto contra minha vontade, a cada passo dela. Desejo olhar, novamente, ao meu redor, para ver se todos, não somente eu, são atraídos por ela. Não consigo. Talvez por causa de seu cabelo: rosa e ondulado, belo e único por si só. Talvez por causa de sua pele: branca e pura, tal como a mais branda neve de inverno. Ou talvez por causa de seu gracioso cetim, preto e provocante, a destacar cada parte de seu corpo.

Não, nada disso. É a sua postura, a forma como ousa comportar-se! Como se todos, inclusive eu, estivessem em suas mãos, sujeitos aos seus encantos. Lembro-me dela, neste instante. Aquela pela qual me apaixonei. Aquela pela qual tolamente, segundo alguns, me sacrifiquei. Dou-me conta do que ocorre e reajo a isto, com minha experiência. O encanto sobrenatural de Mariah se quebra, coincidente a sua chegada a mesa.

— O local está ocupado, gatinho? — Ela pergunta, cinicamente, já ciente da resposta.

— Não. — Respondo. — Perfeitamente livre. — Levanto-me ao fim da sentença. Caminhando em sua direção, educadamente, puxo a cadeira para ela, a fim de garantir que fique confortável e à vontade. Ela me olha neste momento, com seus olhos verdes e claros. A fragrância J’adore Dior me atinge novamente.
Felizmente, porém, consigo resistir, uma vez mais, a este poder.

— Elegante e cavalheiro? Seu tipo é raro, gatinho. Mesmo aqui, na cidade mais sensual da América. — Diz, sentando-se.

— Sinto-me honrado em sua companhia, Forneus. Engraçado você comentar isso. Iria começar nossa conversa com coisa parecida: elegante, sensual e rara. — Digo, também me sentando.

— Elegante, cavalheiro e convencido? — Ela ri. — Vejo que fez o dever de casa, cria de Arikel. Fico contente. De verdade! Será a primeira conversa que terei, desde o meu retorno, em que comentários sobre minha real natureza serão dispensados. Confesso que me situo honrada também. Poucos são os que, educadamente, me contatam. Dos que o fazem, mais poucos são os de natureza sobrenatural.

— Nosso contato em comum me disso isso. — Digo. — Justamente por esta razão, não pensei que aceitaria o convite.

— E mesmo assim você o fez. Por quê?

— Fé.

Mariah sorri, sensualmente.

— O quanto sabe, realmente? — Ela pergunta.

— Pouco, se comparado a aquilo que você pode me revelar.

— E por onde devo começar?

— Do princípio. Literalmente. — Respondo.


Esta história foi escrita por Rafael Linhares que faz parte da Guilda Aliada Recanto das Trevas. O Recanto das Trevas é o maior servidor brasileiro do Discord dedicado a Mundo das Trevas. Lá você vai encontrar todo o suporte de narradores e jogadores para que todos tenham a melhor experiência em RPG.

Acesse o servidor clicando aqui!


Lembranças da Criação

Autor: Rafael Linhares.
Padronização: Douglas Quadros.
Artista da Capa: Raul Galli.

Para mais posts de Mundo das Trevas você pode acessar nossa página da Liga das Trevas, para isso é só clicar aqui!

Mouse Guard RPG – Resenha

Você confere abaixo a resenha do Mouse Guard RPG, publicado pela Editora Retropunk.

A resenha foi escrita por Felipe Kopp, um grande amigo, colega de aventuras que nunca aconteceram (piada interna) e um aficionado por videogames antigos!

Você é um homem ou um rato?

Ratos não eram os animais mais queridos na Idade Média. O fato de terem sido o principal vetor de contaminação da Peste Negra, doença que matou mais de 1/3 de toda a população na Europa, é só um indicativo de que o homem medievo não era lá muito fã desses bichinhos.

Mas e se pudéssemos pegar os elementos daquela época – castelos, cavaleiros, nobres, armaduras, espadas, escudos etc. – e colocar os ratos não como vilões, mas como protagonistas da história?

Quem curte quadrinhos, viu isso ser feito no premiado e já clássico Mouse Guard, de David Peterson, publicado entre 2006 e 2010 nos Estados Unidos.

Com um sistema de jogo desenvolvido por Luke Crane, autor do indie Burning Wheel, e conceito e arte do próprio David Peterson, dos quadrinhos, Mouse Guard RPG foi lançado originalmente em 2008. Chegou às terras tupiniquins a partir da 2ª edição em 2019 (lançada nos EUA em 2016), logo após um bem sucedido financiamento coletivo sob o selo da Retropunk Publicações.

O livro, em capa dura, colorido e ricamente ilustrado, tem 320 páginas em formato 21×20,5cm.

Aos que adquiriram o Box Set completo, receberam ainda:

  • um conjunto de 20 dados customizados e um saco de pano para guardá-los
  • quatro baralhos do jogador – contendo cartas de condições, ações e armas
  • um escudo do mestre
  • um bloco com planilhas do mestre
  • um bloco com fichas de personagens
  • um conjunto de fichas prontas, com personagens icônicos dos quadrinhos
  • um guia estendido dos Territórios, com ambientação mais detalhada
  • um livro com regras adicionais aventuras prontas
  • dois mapas, um em cartolina e outro em tecido.

Por fim, tudo isso dentro de uma caixa maravilhosa que, sem dúvida, é um dos itens mais bonitos da minha coleção.

Mouse Guard RPG – Box Set

Uma questão de honra

Em Mouse Guard RPG os jogadores interpretam ratos que fazem parte da Guarda, um grupo criado para fazer a proteção dos Territórios.

Mouse Guard RPG – A guarda

A Guarda possui uma rígida estrutura hierárquica, sob comando da Matriarca, uma anciã que coordena tudo com muita sabedoria.

Os personagens dos jogadores pertencem a uma mesma patrulha e são encarregados de cumprir diversas missões. Estas, por vezes vão desde escoltar alguém importante até demarcar com cheiro (isso mesmo!) as fronteiras do reino para manter os predadores longe.

Ao contrário de muitos RPGs, aqui não há classes, apenas cinco postos militares, com suas próprias vantagens e desvantagens: patas macias, guardião, guarda de patrulha, líder de patrulha e capitão da guarda.

Além disso, os jogadores são incentivados a escolher papeis diversos dentro da equipe, de maneira livre, para ajudar na caracterização do personagem.

Por exemplo, um pode ser o brutamontes durão, enquanto outro o inteligente cientista ou o bon-vivant cheio de lábia. Esse papel deve ser resumido em uma Crença, que é anotada na ficha e resume a personalidade e as motivações – quase – inabaláveis do seu rato.

Não há grande restrição para os papeis e crenças dos membros de uma patrulha, o que une a todos é apenas a dedicação e subserviência à Guarda e um impressionante senso de honra.

Além disso, há também um sistema de habilidades, perícias, conhecimentos e características, com os quais a maioria dos RPGistas já está acostumada.

Habilidades

Elas são cinco e possuem níveis de 1 a 6:

  • Natureza (rato) determina “o quão rato você é” e permite que você realize coisas, bem… de rato, tais como fugir, escalar, esconder-se e forragear;
  • Vontade e Saúde são suas habilidades de resistir às adversidades de maneira psicológica ou física, respectivamente;
  • Recursos representa o quão rico você é ou com que facilidade acessa bens materiais;
  • Círculos é a sua capacidade de contatar pessoas importantes para lhe ajudar ao longo da jornada.

Perícias

As perícias são 24 e todo jogador de RPG sabe como funcionam: sendo assim coloque alguns pontos em Rastrear, outros em Sobrevivência, em Cozinhar e – voilà! Assim você tem um conjunto de coisas em que seu personagem é melhor na hora de realizar uma tarefa. Os conhecimentos são, como o nome sugere, coisas que seu personagem conhece muito bem, como machados, espadas, meteorologia, a história da Guarda etc.

Características

Por fim, as Características funcionam como um sistema de features, adicionando vantagens e/ou desvantagens ao seu personagem, que pode ser teimoso, esperto, ágil, perdido… cada nível concede um dado adicional nos testes quando invocadas nas situações certas.

Contudo, há um grupo de características que não são assim tão comuns em jogos de RPG e que fazem toda a diferença em Mouse Guard.

Dando vida a narrativa

Além de informações como ano e local de nascimento, bem como cor do pelo e da capa, o jogador deve informar o nome dos pais, do seu mestre e do seu mentor, do seu principal inimigo e do seu melhor amigo. Acima de tudo, deve compartilhar um pouco da história dessas personagens com os demais membros do grupo, pois são elementos importantes durante a jogatina.

Desta forma, tanto o mestre como os jogadores podem – e devem! – usar essas informações para facilitar ou dificultar as coisas para os roedores durante uma aventura. Ter um bom amigo em Porto Sumac pode ser muito útil para conseguir um barco a fim de cruzar a baía até Darkwater e um mentor poderia prestar bons conselhos na hora de resolver um conflito.

Afinal, é muito mais complicado tomar decisões racionais sabendo que seus pais correm perigo em Appleloft ou ter que rastrear uma trilha que seu inimigo resolveu apagar apenas pelo prazer de atrasar a sua vida.

Dessa forma, na maioria das vezes, são essas características que decidirão os rumos da narrativa, mais do que uma rolagem de dados.

Enfim, podemos perceber ainda na construção dos personagens, Mouse Guard RPG traz alguns elementos tradicionais dos jogos de interpretação de papeis. Contudo o seu grande diferencial está nos aspectos narrativos e isso se reflete também no sistema do jogo. 

Um jogo de gato rato e rato

Por fim uma sessão de Mouse Guard RPG dura entre duas a quatro horas e uma campanha inteira, que passa por todas as quatro estações do ano (cada uma trazendo desafios diferentes) deve durar de seis a oito sessões.

Nada de novo no front.

Porém, o que talvez chame mais a atenção dos jogadores veteranos é que uma sessão conta com dois turnos, divididos em tempos iguais (1h/1h ou 2h/2h): um turno do mestre e um dos jogadores. Isso mesmo, “só” dois turnos!

Calma, vou explicar.

Como funciona

Em geral, um turno em um role-playing game tem duração de segundos e uma partida é constituída de centenas desses pequenos eventos. Aqui, as coisas funcionam de outro modo. 

No turno do mestre, os membros de uma patrulha recebem uma Missão, como já comentei antes. A partir dessa Missão, cada roedor deve anotar o seu próprio Objetivo.

Por exemplo, digamos que a Missão seja escoltar um mercador entre Elmoss e Copperwood que tem medo de atravessar a floresta sozinho. Os jogadores poderiam escolher objetivos como “levar o mercador e sua carga em segurança”, “descobrir por que o mercador tem tanto medo da floresta”, bem como “impedir que os patrulheiros morram no caminho”.

Feito isso, o mestre escolhe dois perigos que irão atrapalhar os objetivos dos aventureiros: clima (neve, tempestades, calor extremo…), natureza (rios, pântanos, montanhas…), animais (cobras, doninhas, insetos…) ou ratos (outros ratos que não fazem parte da Guarda, bandidos, mercenários, aldeões descontentes com impostos…).

Daí em diante, a partida ocorre normalmente.

A Narrativa compartilhada

O mestre narra os acontecimentos, os obstáculos, e os jogadores  tomam decisões, rolam seus d6, descrevem suas ações etc.

O que realmente importa aqui é construir, em conjunto, uma história marcante, profunda. Os jogadores serão recompensados não por terem superado os conflitos ilesos, mas, principalmente, por terem agido conforme as Crenças e Características do seu rato.

Nesse sentido, aquele que narrar como o seu personagem “ousado” colocou a Missão em risco ao não pensar duas vezes antes de puxar a espada quando havia alternativas mais diplomáticas será melhor recompensado do que aquele que simplesmente derrotou os inimigos em uma batalha.

Dessa forma, as recompensas incluem pontos extras para incrementar o personagem (já que não há sistema de progressão de níveis) ou testes adicionais para serem usados no turno do jogador.

Se o turno do mestre é o momento de todos agirem em conjunto para criarem uma boa história, o turno do jogador é o momento em que os jogadores poderão brilhar sozinhos.

Cada um recebe um tempo para narrar o que seu personagem fará depois de terminada a Missão, recuperando suas condições ou concluindo seu Objetivo, caso ainda não o tenha feito.

Retomando o exemplo que dei antes, digamos que o Objetivo de um dos ratos era “descobrir por que o mercador tem tanto medo da floresta”.

Entretanto, após escoltar o comerciante até Copperwood, as coisas não ficaram claras. Esse jogador poderá descrever que voltou à floresta para colher mais pistas. Ou então dizer que foi interrogar alguns viajantes que fazem aquela rota com mais frequência (uma boa hora para acionar seus contatos).

A quantidade de testes que ele poderá fazer para resolver os conflitos nesse instante irá depender muitíssimo das recompensas que ganhou por sua interpretação durante o turno do mestre.

Conclusão

Mouse Guard Roleplaying Game mistura o melhor de dois mundos.

Do mesmo modo que você tem um sistema dinâmico de pontos de habilidades, perícias e testes que pode agradar àqueles que gostam de contar com a sorte em uma boa rolagem de dados para resolver desafios, por outro, você tem um sistema de storytelling cooperativo.

Que, sobretudo, tem o objetivo de construir uma narrativa imersiva, profunda, cheia de conflitos pessoais, que premia os personagens que se sacrificam pela história, colocando suas vidas em risco e desafiando suas próprias crenças em prol da Guarda.

Afinal, em Mouse Guard, sacrificar-se é uma questão de honra, pois nem todo rato é um rato.

Onde encontrar o seu

Você encontra o livro de regras, bem como o escudo do mestre direto no site da Retropunk, clicando em um dos links abaixo.

Mouse Guard RPG – Escudo do Mestre
Mouse Guard RPG – Livro de regras

 

 

 


Compre seus livros utilizando nosso cupom de desconto de 10% na editora Retropunk

Por último, mas não menos importante, se você gosta do que apresentamos no MRPG não esqueça de apoiar pelo Padrim, pelo PicPay, pelo PIX e agora também no Catarse!

Sendo assim seja um patrono do Movimento RPG e tenha benefícios exclusivos, bem como participar da Vila de MRPG.

 


Autor: Felipe A. Kopp
Revisão e arte da capa: Diemis Kist

Projeto Ágato: Medievo Ágato

Olá, pessoal! Ágato é o nosso cenário oficial de super-herois para o sistema 3D&T e continuamos aqui o histórico de nosso cenário com o Medievo Ágato! Não deixe de ver todos os nossos artigos na página da Tokyo Defender!


Medievo Ágato: Dominação da Igreja

Com a queda do Império Romano, surgem os feudos e os reinos católicos e bárbaros na Europa. O ideal heroico torna-se muito importante para a unificação dos súditos e o alastramento da religião cristã. O Sentinela de Pedra torna-se então um grande símbolo de devoção e honra, por ter elaborado as bases das Escolas ocidentais de Super-Heroísmo e tendo sua vida narrada no épico Martírio do Sentinela de Pedra, da época em que ainda era um paladino da corte de Carlos Magno. Ainda no Império Franco, são estipuladas também as leis de obrigação dos ágatos aos não-ágatos no Lex Fragilis, utilizado até a atualidade para impedir ágatos de abusarem dos poderes contra os “frágeis” (seres humanos comuns).

O crescimento da crença cristã e as ameaças de grandes guerreiros ágatos das tribos bárbaras geraram a inimizade entre a Igreja e os ágatos em geral, lhes relegando na época a nomenclatura de sanguebruxos ou hexenbiests, ligando-os a forças demoníacas e adversas ao Cristianismo. A Igreja permitiu que ágatos bárbaros fossem utilizados como escravos feudais, igualados a animais ou criminosos; surgiu então a profissão de feitores de sanguebruxos, que compravam e vendiam ágatos. Um ágato também importante na época foi o Selvagem com Machado, ágato de aparência monstruosa escravizado pelo feitor de sanguebruxos Althalos. O Selvagem com Machado assassinou Althalos e libertou todos os outros ágatos monstruosos pertencentes a Althalos, liderando uma onda de ataques e saques em busca da libertação de todos os ágatos monstruosos tratados como propriedade feudal – por fim, foi assassinado por cavaleiros sob ordens da Inquisição.

A mesma Inquisição que ordenou o assassinato do Selvagem com Machado também elaborou um tratado de caça e tortura aos sanguebruxos chamado Malleus Sanguilamium. Apenas ágatos que se convertessem ao Cristianismo e aceitassem servir a Igreja interinamente (ou seja, aceitarem ser escravos feudais de membros da Igreja) perdiam o status pejorativo de sanguebruxos e passavam a ser chamados de magnânimos, como o Lamentador da Cruz, o Sentinela de Pedra e muitos outros ágatos foram considerados a partir de então. Quando a aparência do ágato era horrenda demais (como ocorreu com vários ágatos na época), a Igreja os isolava em habitações ermas, denominando-os Separatio Sanguilamorum, ou simplesmente Párias, sob a pena de morte caso reentrassem na civilização sem permissão prévia da Igreja. No Leste Europeu, surge um culto herético chamado Piotrismo, que considera a existência de Cristo não apenas como um humano abençoado, mas como um ágato abençoado, de forma que todo ágato possui em si parte da centelha divina e deve ser bem-visto como representante mais próximo do Reino dos Céus.

No Oriente Médio, o profeta Maomé funda o Islamismo e aceita os ágatos como humanos que adquirem poder através da negociação inconsciente com Qarins, gênios servos de Alá que abençoam e protegem seus servos. Qualquer ágato que considerasse seus poderes uma manifestação direta de Alá ou se considerassem anjos, demônios ou gênios (estes últimos, chamados de Abidjinn) estariam cometendo um pecado grave e sendo condenados à morte imediata. O Selo Sagrado foi o ágato mais próximo a Maomé e lembrado como um sahaba (companheiro próximo) do profeta, tendo inspirado muitos ágatos da região a se converterem ao Islã.

Logo, os conflitos entre o Cristianismo e o Islamismo se fortalecem e levam às Cruzadas europeias contra a região do Oriente Médio. O mais raro momento de paz da região, especificamente em Jerusalém, foi quando os ágatos Vampiro Remitido (judeu), Cavalo Celeste (italiota) e Cimitarra do Macaco (árabe) se dispuseram ao esforço conjunto de manutenção pacífica e respeitosa entre os povos. No norte da Europa, cruzados a mando da Igreja empreendem a famosa Batalha de Saule (em uma Cruzada do Norte contra lituanos e piotristas), em que morre a icônica Rainha das Serpentes, que em pouco tempo se torna a padroeira cristã dos ágatos e chamada a partir de então Santa Eglé. Em todos estes intercâmbios culturais, surgem boatos sobre um rei mítico da nação cristã Fyrtanfen (chamada também de Pântano Assustador) chamado Fendrel, cujo reino formado unicamente por ágatos de maioria monstruosa, localizado em algum ponto entre o Oriente Médio e a Ásia, sobre o local onde se localizava a bíblica Bashan.

Durante o Medievo Ágato são também escritos o Shugogamigatana (pelo ágato Prisioneiro Abandonado) e os Traités du Chevalière (pelo cavaleiro templário Geoffroy de Charnay), respectivamente as bases das Escolas Japonesa e Francesa de Super-Heroísmo.

Obras históricas importantes do Medievo Ágato

  • Le Martyre de Sentinelle en Pierre (Império Franco)
  • Lex Fragilis (Império Franco)
  • Malleus Sanguilamium (Espanha)
  • Shugogamigatana (Japão)
  • Carta de Fendrel, o Alado (origem desconhecida)
  • Traités du Chevalière (Sacro-Império)

Figuras históricas importantes do Medievo Ágato

  • Sentinela de Pedra (Sentinelle en Pierre)
  • Selvagem com Machado (Bartensalvang)
  • Bispo Piotr Bimorov
  • Selo Sagrado (Mühr-ü Şerif)
  • Santa Eglé, Rainha das Serpentes (Šventas Eglé, Žalčių Karalienė)
  • Vampiro Remitido (Sawlakh Motetz Dam)
  • Cavalo Celeste (Caelus Equum)
  • Cimitarra do Macaco (Qoph Handzhar)
  • Prisioneiro Abandonado (Momoku Shuujin)
  • Fendrel, o Alado (Fendrel Oleta)

Arte do post: Bruno Prosaiko

The Witcher RPG – É nóis que voa Bruxão

The Witcher RPG é um fenômeno da atualidade. Conta com 3 jogos para videogame, uma série com a primeira temporada lançada e a segunda estreará em breve. Em seguida em 2019 a Editora Devir realizou um financiamento coletivo muito bem sucedido, e lançou The Witcher RPG de mesa. Este livro, com mais de 300 páginas, não apenas apresenta o Continente, nome dado às terras habitadas pelo Bruxão, mas também oferece uma abordagem dinâmica e inusitada para a criação do seu personagem.

The Witcher RPG se passa após os eventos do segundo jogo de videogame, The Witcher – Assassin of the King. No entanto, The Witcher possui inúmeras linhas temporais. Mas não é necessário se prender a isso, já que sua aventura pode não ter ligação com a história principal dos jogos e nem com os personagens centrais da trama. Porém, se ainda assim quiser, existe uma lista no capítulo Guia do Mestre que te ajudará nisso.

Agora, para tornar seu jogo e/ou personagens mais representativos no mundo do Continente, você pode ler os livros de Andrzej Sapkowski, ele é o criador original da franquia e você pode adquiri-los clicando aqui! Os autores recomendam a leitura, mas você pode ler a versão resumida na seção Mundo que também está no livro.

O Mundo

” O RPG de The Witcher é ambientado em um mundo de fantasia sombria e adulta, onde finais felizes são raros, e as ações têm consequências geralmente rápidas e brutais”.

Seja como for que escolha seu caminho, você deve saber que este mundo está disposto a arruiná-lo.

O Continente surgiu do nada, em que poucas raças existiam sem conflitos. A Conjunção das Esferas afetou esse mundo. Dessa forma vários reinos diferentes colidiram uns com os outros, criando fendas das quais centenas de criaturas puderam atravessar. No entanto, junto com as criaturas vieram os monstros e a magia. 

Conforme essas diferentes raças interagiam entre si, acabaram por se tornarem inimigas. Os humanos conquistaram boa parte do Norte. E expulsaram os não-humanos. Sendo assim, extremamente racistas. Os anões, elfos e outras raças uniram-se em guerras. E o Continente desde então divide-se em humanos e outras raças. 

É aí que os Bruxos entram. Os humanos criaram os Bruxos para os defenderem dos monstros que assolavam as terras do Norte. Contudo, a eficácia extrema dos Bruxos voltou-se contra eles. Pois com a maioria dos monstros mortos os Bruxos viraram uma ameaça. Muitos deles foram mortos, e os que estão vivos não são bem vindos entre os humanos, nem entre os não-humanos. E para piorar, com poucos Bruxos, os monstros voltaram a surgir. 

Personagem Icônicos

O sistema desenvolveu uma ficha extensa para os personagens com variadas informações e complementos. O livro contém a ficha pronta de alguns personagens centrais, como o Geralt de Rivia e a Yennefer de Vengerberg.

Yennefer de Vengerberg e Geralt de Rivia no jogo The Witcher 3: Wild Hunt

O livro não deixa claro se são jogáveis ou não. Mas aconselho que não, deixe-os como aliados ou vilões, pode ser mais interessante e justo com o grupo.

Criando seu próprio personagem 

Tabelas, muitas delas. E para vários aspectos do personagem. Essas opções podem ser adquiridas por jogadas aleatórias. Bem como o/a Mestre pode deixar que o jogador escolha o caminho a ser seguindo

Raças 

Acima de tudo é necessário que saiba que a raça escolhida irá influenciar em vários momentos da aventura. Portanto o território em que estiver influencia na posição social do personagem, que pode ser tratado como um Igual, Tolerável, Temido e ou Odiado.

Caminho da vida

Em The Witcher RPG, sua família, território que viveu e infância são muito relevantes. Principalmente por supor que os jogadores compreendem que o sistema propõe uma postura madura e dedicada.

No caminho da vida você encontrará o território ao qual pertence, quem são seus pais, se estão vivos ou não. Além disso qual rumo eles podem ter tomado. Também a situação social, ou seja, se são aristocratas, mercadores, etc. 

Pelas tabelas decidem alguns detalhes que não costumamos pensar, como quem foram nossos amigos. E ainda que tipo de influência exerceram sobre nós. Geralmente estabelecemos se temos irmãos, mas em The Witcher, isso vai além, porque seu personagem pode ter irmãos com sentimentos variados por você, e com personalidades diferentes, e isso é decidido pelas jogadas aleatórias. Afinal a vida real também é um tanto aleatória. 

Os eventos da sua vida

Se é alguém com sorte ou azar. Tem muitos aliados ou inimigos. Pode ter vivido um grande amor ou esse romance ter virado uma grande tragédia. Depende também de jogadas, e possui vários desfechos interessantes. 

A sua profissão 

Aqui você descobrirá o que seu personagem faz para viver. 

Todavia, se sua raça for Bruxo, sua profissão é Bruxo. Existe um capítulo apenas para isso.

Dentre as profissões disponíveis você pode escolher ser um Bardo, Artesão, Criminoso, Doutor, Homem de armas, e Comerciante, para ser Mago ou Sacerdote você precisa ser humano ou elfo obrigatoriamente.

Suas estatísticas 

Estatísticas quantificam habilidades físicas e mentais. Além de informar no que seu personagem é bom ou ruim. 

Estatísticas: 

  • Inteligência: para raciocínio lógico;
  • Reflexos: para lutas e reações rápidas;
  • Destreza: para ataques a distância e coordenação; 
  • Velocidade: o quão rápido se movimenta; 
  • Empatia: para situações que envolvem emoções e interações sociais;
  • Criar: para usar máquinas e criar coisas;
  • Vontade: para testar força de vontade e habilidade mágica; 
  • Sorte: quantidade de pontos para ser usado a seu favor;

Estatísticas derivadas:

  • Vigor: pontos de estamina relacionados à profissão; 
  • Atordoamento: teste de resistência para não ficar atordoado; 
  • Correr: o quão rápido você se move em uma corrida;
  • Salto: quantos metros você pode saltar a partir de um ponto de partida.

Você define as estatísticas jogando 1d10 para cada uma. Ou o/a mestre pode te dar uma quantidade de pontos para decidir entre as estatísticas

Suas perícias 

The Witcher fornece um bom número de perícias que poderá ser usado de forma criativa para compor seu personagem. Então pelo seu pacote de perícias obtido pela profissão, você terá 44 pontos para dividir entre 11 perícias. Além disso terá mais perícias adquiridas, podem ser quantas quiser. Porém, o conhecimento nelas deve ser no mínimo 1.

Reputação

A reputação é algo de extrema importância em The Witcher. Ela pode salvar ou te prejudicar. E quem decide qual seu nível de reputação é o/a mestre.

Para saber se um novo personagem ouviu falar de você, ambos ou mais personagens deverão testar 1d10+Vontade+Nível de reputação. Considere que a reputação pode ser boa ou ruim, e isso é decidido pelo/a mestre conforme seu personagem age. 

Magia 

“A magia é uma arte profundamente perigosa, como também uma ciência muito bem fundamentada”

Os magos retiram a magia de uma energia chamada Caos Primal. Em The Witcher, essa força se apresenta como os elementos naturais: Água, Ar, Fogo, Terra.

Apenas algumas pessoas serão capazes de se tornarem magos completos. E o treinamento mais indicado é nas escolas de magias: Aretuza, Ban Ard, Gweision Haul.

No entanto os Sacerdotes e Druidas acreditam que seu potencial mágico vem do poder Divino. Dessa forma suas mágicas são muito mais advindas da fé do que do treinamento. 

Por outro lado os Bruxos usam o tipo mais fraco de magia, os Sinais. Porém são muito bem aplicados por eles.

Hexes

São maldições lançadas por Magos ou Sacerdotes. Mas é necessário tomar muito cuidado com esse tipo de energia.

Artesãos e Alquimistas 

Artesão

Nas suas campanhas e aventuras, sempre haverá batalhas, encontros, ou quedas por exemplo. E os equipamentos muitas vezes ficarão avariados. Nesse sentido ter um artesão no grupo é muito bem vindo. Afinal, é mais fácil juntar material para o colega de equipe realizar o conserto, ou até mesmo criar um item do zero, do que pagar uma fortuna para um artesão da cidade fazer.

O sistema de criação é bem simples:

  1. Determinar se você tem o diagrama certo;
  2. Determinar se você tem os componentes;
  3. Fazer o teste de criar.

Em Componentes para criação, você encontrará vários materiais e ingredientes 

Alquimista

E também é muito mais fácil você mesmo criar seus mutagênicos e poções para cura, sendo o alquimista.

Para soluções alquímicas o processo é igualmente simples:

  1. Determinar se você tem a fórmula necessária;
  2. Determinar se você tem os componentes;
  3. Fazer o teste de alquimia.

Como alquimista você poderá extrair as substâncias de vários materiais brutos. As substâncias são 

  • Vitiol;
  • Rebis;
  • Azufre;
  • Hydragenum;;
  • Cinabrina;
  • Sol;
  • Caelun;
  • Felgur.

O livro disponibiliza muitas fórmulas para criações e poções, elixires e afins. 

Combate

O combate se apresenta de forma única. Porrada, habilidade com arco, ser um exímio espadachim, é legal. Mas se você não for bom no combate tradicional você pode ter um combate verbal. Além claro, do uso de magias em combate ser plenamente possível. 

Guia do Mestre 

Neste capítulo tudo que é relatado é relevante. Não apenas para mestrar em The Witcher, mas em qualquer jogo, reservado às situações específicas do próprio sistema. A tarefa de mestrar nesse mundo não é simples nem fácil, mas o livro dá ao narrador diretrizes pertinentes e de qualidade. 

Logo depois, podemos conferir no Bestiário que os monstros não são nada amigáveis, e não podem ser subestimados. 

Além disso, o livro contém uma aventura, que pode ser usada como introdutório para o sistema no seu grupo. 

Aproveite e leia também a matéria sobre a nossa Campanha de agasalho, onde você pratica um ato de amor ao próximo e concorrer a um livro.


Gostou do Livro? Você pode compra-lo e ainda ajudar o Movimento RPG se adquiri-lo através deste link! Então compra ai e depois já aproveita e comenta sobre suas aventuras!

 


The Witcher RPG – É nóis que voa Bruxão

Autor: Isabel Comarella
Revisão de: Gustavo “Demon” e Douglas Quadros
Artista da capa: Douglas Quadros

Totens – Conceitos de Lobisomem: o Apocalipse

Totens, poderosas entidades espirituais que guiam Garous e outros seres metamórficos pelo Mundo das Trevas.

Servindo como aliados, mentores, tutores, guias e patronos, os Totens são parte fundamental e importante do mundo de Lobisomem o Apocalipse, e são um charme à parte!

Uma excelente fonte de ideias para narrativas profundas, ou mesmo para tons mais cinzas.

TOTENS

Existem Espíritos dos mais diversos níveis no jogo, como já falei antes lá no texto sobre Espíritos.

Apenas Incarnas (ou Espíritos menores diretamente submissos a eles) podem ser Totens.

Desde a criação dos Garous (e de outros seres metamórficos) que os Espíritos atuam como Patronos, aconselhando e unindo seus protegidos.

Agindo em conjunto e unindo poderes com aqueles que protegem, os Espíritos são capazes de pesar a balança de forma decisiva em inúmeras questões.

O julgamento dos espíritos, entretanto, não segue o mesmo código moral dos mundanos, sejam eles quem forem.

Visões cinzas e julgamentos neutros são muito comuns para os espíritos, principalmente Totens.

Receber as dádivas e bênçãos de um Totem também significa ter de seguir a seus dogmas e suas regras.

Não seguir a essas condutas implica em perder os benefícios do Totem.

TOTENS DE TRIBO

Um poderoso Espírito Incarna que cuida da tribo como um todo.

Embora não favoreçam especificamente a algum membro da tribo, são diretamente responsáveis pelos espíritos que ensinam os Dons de Tribo.

Vale mencionar que os Totens de Tribo são peça fundamental para entender os caminhos que a tribo segue nos assuntos políticos e sociais da Sociedade Garou.

Assim como quaisquer outros Totens, os de Tribo exigem uma certa conduta e certos padrões dos Garous que os seguem.

Totens de Tribo atuam apenas em assuntos que movimentarão a tribo como um todo.

 

TOTENS DE CAERN

São os Espíritos Incarna que protegem, guardam e moldam os Caerns.

Ao contrário dos outros Totens que andam livres, esses permanecem nos locais de seus respectivos Caerns, e são tão poderosos quanto os locais que habitam.

Totens de Caern atuarão sempre em prol do melhor para o Caern, independente das consequências para os Garou ou outros seres metamórficos.

 

TOTENS DE MATILHA

São os Totens que definem e moldam uma matilha.

Reconhecida e unida por um Totem, a Matilha se desenvolve moldada por essas bênçãos e com esses propósitos.

Mesmo sendo inferiores aos Incarna Superiores, os Totens de Matilha ainda são suficientemente poderosos para fazer frente a Incarnas e outros espíritos.

Em termos de regras, o Totem da Matilha terá nível de poder equivalente á soma de todos os pontos do Antecedente Totem de cada integrante da Matilha. Quanto mais pontos, mais poderoso.

Inúmeros Espíritos podem ser Totens de Matilha, mesmo representantes menores de Totens Tribais, como Avô Trovão ou Falcão.

 

TOTENS PESSOAIS

São como os de Matilhas, porém possuem um vínculo direto com o Garou em questão.

Por algum motivo, relacionado no background, o Espírito optou por ser o guia e guardião particular de um Garou.

O poder do Totem Pessoal é equivalente à quantidade de pontos do Antecedente Totem do personagem.

Um Totem Pessoal só pode ser adotado por um personagem sem Matilha, já que dois Totens não podem abençoar diretamente um Garou.

O Totem Pessoal e o Garou formam uma “matilha” entre si, tendo uma afinidade maior que pode ser mal vista aos olhos de outros Garous.

 

ANTECEDENTE TOTEM

O Antecedente Totem influencia diretamente nos poderes e características do Totem.

O valor do Antecedente é equivalente à soma do Antecedente de todos os membros da Matilha.

A soma total desses pontos é usada para dar mais poderes, vantagens e forças para o Espírito que servirá de Totem para a Matilha.

Um Garou que tiver um Totem Pessoal não pode usar seus pontos para favorecer o Totem da Matilha, nem mesmo integrar à Matilha de outro Totem.

 

E aí, gostou de saber um pouco mais sobre Totens? Já deu uma conferida no texto sobre a Disciplina Dominação que o Raul mandou? E o que tá achando dos artigos da Liga das Trevas? Espero que esteja gostando!

Então vou te fazer um convite especial pra acompanhar a Twitch do Movimento RPG porque hoje começa a campanha de Lobisomem que viu narrar lá: Mar de Mortos, uma história do Mundo das Trevas que se passa no Brasil!

Bora lá?

 

 

Projeto Ágato: Antiguidade Ágata

Olá, pessoal! Ágato é o nosso cenário oficial de super-herois para o sistema 3D&T e continuamos aqui o histórico de nosso cenário com a Antiguidade Ágata! Não deixe de ver todos os nossos artigos na página da Tokyo Defender!


Antiguidade Ágata: A Era Mítica

Quando as grandes civilizações da Idade Antiga começaram a estabelecer seus territórios e suas relações geopolíticas, começaram também a surgir os relatos sobre os seres de poderes e aparências diferentes do padrão humano, recebendo diversos nomes em cada cultura – deuses, semideuses, macrobioi, herois, anjos, demônios, gigantes, gibborim, nagavanshi etc. Seus mitos e contos folclóricos narravam os feitos de seres de grandes poderes, embora seja atualmente impossível discernir quem eram os ágatos e quem eram os simples humanos que ganharam poderes a partir das narrativas e não tinham reais poderes. Mesmo assim, o primeiro ágato a ser narrado foi provavelmente Enmerkar, chamado de Guardião do Reino dos Simurghs, conhecido nos mais antigos contos sumérios como o mítico rei que veio a conquistar o reino lendário de Aratta (em “Enmerkar e o Senhor de Aratta”). Outros reis-guerreiros ágatos incluem a Poderosa Sombra (o nome ágato do faraó Shoshenq I), o Destruidor (nome ágato do gigante bíblico Og de Bashan) e o Cego Furioso (Astrabakos, pai do mítico rei espartano Demarato). Já durante o declínio da Grécia antiga, surge a obra suprema que narra a saga do primeiro grupo de ágatos e não-ágatos que seguem preceitos semelhantes ao Super-Heroísmo contemporâneo: os Argonautas, liderados por Jasão.

Um ágato oriental de grandiosa importância foi Oferenda às Águas, conhecido por ter sido um sacerdote da Índia Védica e ter escrito o Upanishad chamado Ishta-Gita, que elaborava leis de equilíbrio social entre ágatos e não-ágatos. Outro ágato relevante ao estudo dos ágatos na época foi o Sátiro Samotrácio, escultor da Grécia Clássica e adepto do Culto Órfico, esculpia apenas ágatos com corpos inumanos. Já na Antiguidade surgem alguns tratados e estudos sobre a natureza mística dos ágatos e a relação deles com um plano espiritual inacessível até aos próprios ágatos; no Egito é criado o conto Disputa entre um Homem e seu Ba, narrando uma discussão entre um ágato que deseja a morte e uma consciência alternativa dentro de si mesmo tentando convencê-lo a voltar a abraçar a vida, enquanto Aristóteles escreve seu tratado Peri Psyche, analisando a condição espiritual dos ágatos e sua relação com as lendas dos deuses e herois e com as forças naturais e vitais do mundo.

No Império Romano, praticamente todas estas nações foram sendo conquistadas, uma a uma, e seus personagens míticos absorvidos pela cultura romana. Entretanto, dois ágatos tiveram participação crucial para movimentos sociais nos tempos posteriores, sendo o primeiro o gladiador Foice de Fogo (líder dácio dos ágatos romanos escravos, morto na Quarta Guerra Servil) e o santificado Lamentador da Cruz (discípulo coríntio de Jesus, considerado “apóstolo menor” e escritor do apócrifo Evangelho de Plorator Crucis).

Obras históricas importantes da época

  • Enmerkar e o Senhor de Aratta (sumério)
  • Disputa entre um Homem e seu Ba (Egito)
  • Ishta-Gita (Índia Védica)
  • Livro dos Gigantes (hebreus)
  • Macrobiomaquia (Grécia Arcaica)
  • Peri Psyche (Grécia Clássica)
  • Argonautika (Grécia Helenística)
  • Evangelho de Plorator Crucis (Roma)

Figuras históricas importantes da época

  • Enmerkar, Guardião do Reino dos Simurghs (Simurkshathrapavan)
  • Shoshenq I, Poderosa Sombra (Nakhte Khaibit)
  • Oferenda às Águas (Apé Zaoϑra)
  • Og de Bashan, o Destruidor (Abad Ogh ha-Bashan)
  • Astrabakos, Cego Furioso (Tiphlolyssadus)
  • Pyrrhikhos, Sátiro Samotrácio (Satyros Samothrakioi)
  • Foice de Fogo (Ignifalx)
  • Timeu, Lamentador da Cruz (Plorator Crucis)

Arte do post: Stéphane Beaumort

Égide da Tempestade – Parte 9 – Contos de Thull Zandull

Anteriormente em Égide da Tempestade – Parte 8, Soren sabendo que vencer uma batalha contra o exército que acompanhava Mira não seria possível, fez com ela um acordo, para que ele e Dargon possam morrer honradamente, e os outros homens se salvem. Fiquei agora com Égide da Tempestade – Parte 9.

Égide da Tempestade – Parte 9

Os legionários estavam confusos, mas ao mesmo tempo aliviados com as ordens recebidas para recuar. Havia uma miríade de agradecimentos, louvores e bênçãos dos aldeãos. Dargon ouvia palavras de apoio, daqueles que serviram por tanto tempo ao lado dele, muitos inclusive apontavam que a melhor opção seria a fuga, nenhum deles entregaria um líder tão competente, que por tantas vezes salvou-os daquilo que muitos apontariam como morte certa. Infelizmente, o centurião refutava as sugestões de salvação e agradecia veementemente todos que se aproximavam. O destino final seria encontrado apenas no dia seguinte, mas havia necessidade de organização para a partida imediata de legionários e aldeões. Já ao cair da noite, todos começaram a se organizar e deixar o torrilhão. Soren estava ao lado de Dargon nas últimas despedidas e assim que todos estavam distantes, puderam retornar para a pequena fortaleza solitária.

Soren sonda a vidade Dargon

Soren foi o primeiro a quebrar o silêncio:

-Sinto muito por não poder permitir sua salvação, mas os termos de Mira eram claros e para nós não havia muita opção.

Dargon retrucou calmamente:

-De maneira nenhuma estou incomodado com sua decisão. Conseguimos o melhor acordo possível em nossas condições. Fico apenas chateado por não ter tido a opção de visitar lugares dos quais apenas tive conhecimento por livros e histórias. Deixei a terra de minha raça, muito cedo, lembro-me pouco das feições, mas muito das dores do treinamento de redenção pelo qual passei.

-Se lembra de familiares? Ou de algo de seu passado nas terras distantes Taurinas?

-Na verdade não. Apenas soube que muitos filhos de membros importantes de outras raças eram entregues aos sacerdotes da Autarquia como uma maneira de selar acordos entre reinos hereges. Provavelmente meus pais deveriam pertencer a algum círculo importante ou serem nobres no reino Taurino, mas sobre isso nunca obtive muitas informações, sempre haviam barreiras sobre isso e depois de ser destacado para locais tão distantes eu simplesmente deixei de procurar algo a respeito.

Houve um breve silêncio. Soren pediu para que Dargon pegasse comida e vinho para continuarem a conversa no andar superior. Em uma pequena mesa no aposento do Exarca, ambos sentaram-se lado a lado e enquanto bebiam e comiam o que restava das provisões, contemplaram por alguns momentos o horizonte escuro, do qual apenas observavam e ouviam os movimentos e os efusivos cânticos do acampamento órquico.

-Sinto muito por ter perdido tanto tempo servindo nas legiões Dargon. Sempre achei triste ver membros de seu povo passando por cerimônias humilhantes de redenção. Eu servi no Estreito da Tempestade quando era mais jovem. Lutei contra seu povo e aprendi a conhecê-los depois de tantos anos. Lá entendi muitos valores que ainda carrego comigo e descobri que apesar de estarmos em lados opostos no campo de batalha, se nenhuma maneira eu poderia nutrir raiva daqueles que defendiam com tanto afinco seu lar. Depois de selado o acordo e de muitos como você serem indicados para educação religiosa e militar eu decidi me afastar e por isso fui indicado para atuar em províncias distantes.

Dargon começou a olhar o céu:

-Eu queria conhecer outras terras, queria viajar e aprender mais. Já superei meu passado, mas infelizmente nunca aceitei o futuro que me impuseram nas legiões. Conheci bons homens e pessoas terríveis, vi mais sofrimento do que muitos poderiam suportar. Queria ter tido algum poder de decisão sobre o curso de algumas situações, mas isso não faz mais diferença. Fico feliz por tê-lo conhecido, senhor. As histórias que compartilhou, suas experiências foram inspiradoras. Como disse, fui doutrinado nas trilhas da Fé e ainda mantenho minhas crenças em uma figura de poder muito diferente daqueles que me foram apresentados pela Autarquia. 

-Dargon, amanhã lutaremos com honra, mas hoje peço que procure por uma garrafa de vinho, pois essa que trouxe não será suficiente para aplacar minha sede nessa última ceia!

O centurião calmamente desceu e revirou o local procurando por mais alguma bebida, por sorte encontrou mais duas garrafas, ao subir percebeu que Soren preparava algo com a comida que sobrara. 

-Meu caro centurião, os temperos que ainda tinha e os segredos de um adorador de boa comida devem ser compartilhados!

Ambos se alimentaram e beberam. Continuaram falando sobre suas lembranças durante algumas horas e logo o sono se abateu sobre ambos. Dargon sentia sua cabeça rodar e estava incomodado, pois a quantidade de bebida que havia ingerido não seria suficiente para causar tais efeitos. À medida que se dirigia para uma cama sentia dormência completa em seu corpo e aos poucos começou a perder os sentidos. Havia agora uma agonia pelo que estava ocorrendo e sobre seu destino no dia seguinte…

O que havia acontecido? 

Os raios de Sol ardiam no rosto de Dargon, que aos poucos recobrava a consciência. Sua cabeça ainda doía, principalmente com a luz forte. Não entendia, por onde tanta luz adentrava o torrilhão, mas assim que os sentidos estabilizaram-se, viu-se deitado sobre a grama, em uma colina levemente distante do torrilhão. Suas mãos estavam acorrentadas, assim como suas pernas. Ao seu lado, um Orc que conhecia bem, o brutamontes caolho e musculoso que portava um machado grande de duas faces. Kagror.

-O que isso significa? Por quê não me matou? Onde está Soren?

As perguntas foram abafadas pelo som da bombarda e da agitação no campo de batalha. Naquela distância não conseguia ver os detalhes da luta, mas rapidamente sentiu um desespero ao ver o torrilhão ruir. A agitação o silenciou por pouco tempo, já que em minutos ouviam um som ecoando por toda planície, no qual Orcs e outras raças comemoravam a queda daquele bastião esquecido pelo tempo.

Dargon sentiu-se destruído, não entendia o que havia acontecido.

Kagror se aproximou dele e o libertou. Dargon, não reagiu, estava pasmo ainda.

-Minotauro, do outro lado deste monte há um bom cavalo com um estandarte que vai garantir sua segurança na viagem que quiser por essas terras do Norte. Tem comida e água por algum tempo. Boa sorte.

Kagror seguiu caminho contrário ao apontado para Dargon, afastando-se apressadamente, enquanto o Minotauro se levantava e seguia na direção apontada. Lá encontrou o cavalo e a armadura de Soren, seu escudo e arma. Pendurado na árvore, uma pequena corda com uma bolsa de couro. Ao abrir, encontrou um pequeno livro e uma carta. Havia um aperto em seu peito e então começou a ler a carta…

Continua…


Égide da Tempestade – Parte 9 – Contos de Thull Zandull

Autor: Thull Zandull
Revisão de: Isabel Comarella
Artista de Capa: Douglas Quadros

Seja um Padrinho do Movimento RPG, e nos ajude a apresentá-lo a outras pessoas.

Sair da versão mobile