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RPG e o Machismo

Primordialmente, os jogos de interpretação de personagens, ou RPG (Role-Playing Games), têm desempenhado um papel crucial na cultura geek e nerd, oferecendo uma plataforma para a imaginação, criatividade e socialização. Contudo, como muitos outros espaços, a comunidade do RPG não está isenta de problemas relacionados ao machismo. O que eu vou tratar aqui é de um problema estrutural que concerne especialmente as mulheres, mas do ponto de vista de um homem. Certamente as mulheres jogadoras podem identificar outras problemáticas que para mim, como homem, passem desapercebidas. O que pretendo aqui é fomentar a discussão a partir daquilo que eu, como homem, percebo. Esse não é o meu lugar de fala, mas gostaria de abrir o debate na posição de alguém que se sente incomodado com isso.

Este texto explora as questões de machismo presentes no mundo do RPG e propõe soluções para tornar essa comunidade mais segura e inclusiva para todos. Vale ressaltar, entretanto, que há uma evolução gradativa porém clara em curso. Passamos da fase das retratações exageradamente sexualizadas de mulheres ilustradas nos livros de jogo. Cada vez mais mulheres estão jogando,  de tal sorte que se antes haviam várias barreiras para isso acontecer, hoje essas barreiras estão sendo rompidas. O RPG é para todos.

Representação de Personagens:

Um dos desafios mais evidentes no RPG é a representação de personagens. Muitas vezes, as mulheres são sub-representadas ou retratadas de maneira estereotipada, reforçando padrões prejudiciais. Esse talvez tenha sido o maior dos problemas, especialmente quando era parte dos próprios livros de regra, com ilustrações extremamente machistas.

Assédio e Discriminação:

Jogadoras frequentemente enfrentam assédio e discriminação dentro e fora da mesa de jogo. Isso pode incluir comentários inapropriados, olhares invasivos e a suposição de que não são “verdadeiras” jogadoras. Acredito que estamos evoluindo nesse sentido, mas é preciso manter essa evolução até que isso seja extinto em nosso meio.

A Dominância Masculina nas Mesas de Jogo:

A predominância de jogadores homens nas mesas de RPG cria um ambiente em que as vozes e perspectivas das mulheres são frequentemente marginalizadas. Talvez pelo próprio formato editorial na virada dos anos 2000, esse fosse um caso facilmente perceptível. Hoje isso está mudando, e cada vez mais mulheres trazem suas vozes e perspectivas para enriquecer nosso jogo.

Soluções para Tornar a Comunidade de RPG Mais Inclusiva

Educação e Conscientização

A educação é a base para a mudança. Promover a conscientização sobre o machismo no RPG é essencial. Eu percebo um movimento nesse sentido já a partir das publicações atuais, e na presença cada vez mais ativa das mulheres na comunidade. Abrir esse espaço, cada vez mais, é sinal de amadurecimento e enriquecimento da comunidade de jogadores e criadores de conteúdo.

Representação Diversificada:

Autores de jogos e mestres devem se esforçar para criar personagens femininas bem desenvolvidas e complexas. Além disso, os jogadores podem trabalhar juntos para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas durante o jogo.

Políticas de Tolerância Zero:

Comunidades e grupos de jogadores devem estabelecer e fazer cumprir políticas de tolerância zero para assédio e discriminação. Isso envolve denunciar e agir contra comportamentos inadequados.

Apoio a Jogadoras:

Fomentar um ambiente de apoio e solidariedade é crucial. As jogadoras devem ser encorajadas a compartilhar suas experiências e serem apoiadas por outros membros da comunidade.

Inclusão nas Campanhas de RPG:

Incentivar a inclusão de personagens femininas como protagonistas e líderes nas campanhas de RPG ajuda a desafiar estereótipos de gênero e a promover igualdade.

Mestres e Jogadores como Modelos de Comportamento:

Mestres e jogadores experientes devem desempenhar um papel fundamental na criação de um ambiente inclusivo, modelando comportamentos respeitosos e não machistas.

Promover Diversidade nos Criadores de Conteúdo:

Apoiar e incentivar criadoras de jogos, autoras e ilustradoras a participarem ativamente na criação de conteúdo para RPG pode resultar em narrativas mais diversas e inclusivas.

Conclusão

O machismo é um problema presente no mundo do RPG, bem como em toda a estrutura da nossa sociedade, mas a mudança é possível. Em suma, a comunidade de RPG tem o potencial de se tornar mais segura e inclusiva para todos os jogadores, independentemente de seu gênero. Inegavelmente, a educação, representação diversificada, políticas de tolerância zero e apoio mútuo são algumas das chaves para alcançar esse objetivo. Ao trabalhar juntos, os jogadores de RPG podem construir uma comunidade onde a imaginação e a criatividade floresçam para todos, livre de preconceitos e discriminação de gênero.

Para mais artigos do autor, clique no links:

RPG tratado como cultura. É Cultura? – Nós acreditamos que SIM!

Mais artigos no Movimento, na mesma pegada, no texto excelente de Eduardo Filhote:
Rpg é espaço para militância?

Sobre o mesmo assunto, machismo e rpg, sugiro a leitura do artigo da Nina hobbit:
Sobre machismo no rpg e lugares seguros para mulheres rpgistas

E por fim, como adaptar temáticas do filme Barbie para sua mesa, texto primoroso de Isabel Comarella: Barbie – Quimera de Aventuras

 

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