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Blades in the Dark – Resenha

Eu já tinha ouvido falar de Blades algumas vezes antes do convite da Buró para montarmos uma mesa na nossa Twitch. Apareceu em várias listas com nomes como “Grandes RPGs que não são D&D” ou coisa assim (aliás, não entendo a fascinação dos gringos com D&D, mas isso é papo pra outro artigo).

Mas o que faz de Blades in the Dark um jogo tão especial e diferente? Bom, é por isso que estamos aqui, não é mesmo?

Jogo de Ladinos

O mote de Blades in the Dark é a ladinagem. A trapaça. A enganação. O grupo deve criar seus personagens criminosos e também decidir aspectos essenciais do Bando que fazem parte. O Bando funciona quase como um meta-personagem, com ficha própria, interações com outros grupos da cidade, e coisas assim.

Canal de Doskvol com gondoleiros

E aí, quanto tempo você levou pra achar o ladino nessa imagem?

Cenário

O mundo de Blades in the Dark é incrivelmente detalhado e inspira muitos ganchos legais para histórias. Eu devorei o livro em quatro dias para criar a campanha da Twitch, e em pouco tempo já tinha tido mais ideias do que seria possível usar em uma campanha de quatro sessões.

O jogo se passa todo em uma única cidade, Doskvol, uma espécie de Londres industrial do final do Século XIX. Livros como Sherlock Holmes, Frankenstein, O Médico e o Monstro e até Do Inferno podem dar uma boa ideia do clima por lá.

Mas Doskvol também tem aspectos muito únicos. Um cataclisma destruiu o sol e lançou o mundo todo na escuridão. Praticamente todas as pessoas que morrem transformam-se em fantasmas, a menos que sua alma seja destruída. Electroplasma abastece a tecnologia da cidade e do mundo, mas precisa ser colhida caçando leviatãs colossais em alto mar. Some a isso toda uma tensão cultural, corrupção nas instituições, fantasmas, vampiros e uma dinâmica social que empurra os ricos mais pra cima e esmaga a população trabalhadora.

Duvido que ao ler o parágrafo acima você não teve uma ideiazinha sequer para seu próximo jogo.

Sistema

Além de um cenário sensacional, o sistema de regras é onde Blades realmente brilha. Criado como uma espécie de variação da Apocalypse Engine, o Forged in the Dark adiciona algumas camadas de complexidade voltadas especificamente para um jogo de ladinos trapaceiros

As ações são resolvidas com d6. Você geralmente rola mais de um, de acordo com seus valores na ficha, mas apenas o dado de valor mais alto conta. O jogador (e não o Mestre) decide qual perícia vai usar para cada ação. Cabe ao mestre decidir Posição (baseado nas circunstâncias e dificuldade geral) e Nível de Efeito.

O Estresse funciona como uma mistura de Pontos de Vida e Recursos para serem utilizados pelo jogador. Rolagens para evitar dano custam Estresse, mas você também pode utilizá-lo para melhorar outras rolagens. Blades tem uma sutileza genial para incentivar o trabalho em equipe usando uma mecânica simples: se esforçar para ter um dado a mais na rolagem custa dois pontos de estresse, enquanto ajudar um colega de bando custa apenas um.

Você também pode utilizar Estresse para fazer um Flashback, desde ter colocado uma armadilha no local até ter combinado algo com o guarda. Através dessa mecânica simples, você pode rolar todo um jogo de Heist sem horas e horas com os jogadores debruçados em mapas decidindo o que fazer. Você primeiro executa, depois planeja!

Aliás, vale lembrar que todo o sistema está disponível numa SRD gratuita em português.

Ruas escuras de Doskvol

Aliás, outro ponto positivíssimo desse jogo é a arte. Lindo demais!

Por Fim

Jogar Blades in the Dark é uma experiência bem legal. Leva um tempo para se adaptar a todas as características únicas do jogo. Inclusive, nossa campanha na Twitch teve muitos elementos de um jogo mais tradicional, com cenas de planejamento e tudo – algo que o próprio livro desencoraja. O resultado, porém, é muito recompensador. Uma experiência que você dificilmente terá com qualquer outro jogo.

O jogo foi financiado pelo Catarse, mas se você perdeu, ainda pode garantir o seu no Late Pledge. Além do Blades, outros dois jogos-irmãos estão sendo lançados juntos, Band of Blades e Scum and Villany.

Aproveite e confira também o texto da Bell sobre RPG e o Setembro Amarelo.

Bom jogo a todos!

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